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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A família no projeto de Deus.

A família no projeto de Deus / Arqrio
A 25ª edição do Curso dos Bispos, realizada entre os dias 25 e 29 de janeiro, no Centro de Estudos e Formação do Sumaré, no Rio Comprido, teve como tema central a “Família”. Cem bispos de todo o Brasil participaram de conferências que discutiram diferentes conteúdos do assunto. Dentre os palestrantes, esteve o professor de teologia pastoral do matrimônio e da família, do Pontifício Instituto João Paulo II, da Universidade Lateranense, de Roma, monsenhor Juan José Pérez Soba, que ministrou três palestras, com as seguintes abordagens: “A família no projeto de Deus”, “A fé que guia e vivifica a família” e “A educação na família: o fundamento de uma vida”.
Tratando do amor
Na primeira palestra, monsenhor Soba discorreu sobre o amor. Segundo ele, o amor é uma vocação humana. Mas também advertiu que essa questão é ainda pouco discutida na Igreja, citando um discurso feito pelo Papa Bento XVI em 2006. “Devemos nos atrever a pensar no amor. Somente o atrevimento característico da sabedoria nos impulsiona a tomar este caminho mais complexo de reflexão”.
“Evitar o caos causado por uniões firmadas em um amor débil se apresenta hoje como uma especial urgência. Somente a rocha do amor total e irrevogável entre um homem e uma mulher é capaz de fundar a construção de uma sociedade que seja como uma casa para todos os homens”, indicou.
Monsenhor Soba ainda afirmou que muitos sofrem de um “analfabetismo religioso”, no qual não sabem distinguir o verdadeiro significado dos sentimentos. Para fundamentar essa teoria, usou o conceito de ‘analfabetismo afetivo’, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Ele também acrescentou que a verdade e a liberdade são inerentes ao amor.
“‘Tu me amas?’ Assim se dirige Jesus Cristo a cada um de nós. É por meio de nossa resposta que Ele quer realizar a aliança definitiva de todo homem com Deus. Construindo, assim, uma autêntica família humana, para que possamos viver em fraternidade”, concluiu.
‘Se crê porque se caminha’
Para começar a segunda palestra, monsenhor Soba invocou a figura de Abraão, o “nosso pai na fé”. Ele sustentou que a fé tem uma característica particular: carrega em si o sentido de caminhada. O conferencista usou como referência a encíclica “Lumem Fidei”, do Papa Francisco.
“Esta afirmação poderia nos surpreender, pois temos o costume de reduzir a fé a um âmbito de afirmações teóricas que não tem a ver diretamente com o movimento humano. Do contrário, mediante a referência paradigmática de Abraão, tem-se a imagem de um caminho, que passa a significar a fé cristã. Esse é um aspecto intrínseco da fé: se crê porque se caminha”, explicou.
Para monsenhor Soba, a aliança de Deus com o homem faz referência à família, e acrescentou que a fé possui papel decisivo nessa união.
“A transmissão da promessa da aliança se realiza através do movimento das gerações de uma família. Jesus Cristo nos recorda uma qualificação do Deus vivo, que é o mesmo ‘Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de nossos pais’. Ele faz isso para assinalar uma aliança que segue a lógica familiar de difusão da fé entre as descendências”, apontou.
Compromisso familiar
Na terceira palestra, discutiu a dinâmica da formação familiar, sobretudo em como construí-la em uma fundação sólida e íntegra. Abordou também a questão da missão da família em um contexto social.
Ele sustentou a tese de que “no núcleo familiar se encontra a autêntica sabedoria humana” e que “através dessa inteligência é possível alcançar uma vida plena”. A educação moral de uma família serve, segundo ele, para “pôr as bases para que o homem possa, de verdade, construir uma vida feliz”.
Monsenhor Soba partiu do princípio de que se deve pôr em prática o que foi aprendido. “O verdadeiro discípulo tem que desenvolver em sua vida o ensinamento aprendido”. Para isso, ele se baseou na seguinte parábola: “Aquele que escuta minhas palavras e as põe em prática é semelhante ao homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha” (Mt 7, 24).
Também abordou a participação da família enquanto instituição na vida em sociedade. Ele lembrou que a difusão da fé cristã, no início do cristianismo, acontecia nas casas de famílias. “Isso nos indica a necessidade da convivência como um fim e um princípio de vida autenticamente humana, e ressaltou a construção de uma verdadeira comunhão entre as pessoas”.
O palestrante enfatizou que a principal influência da família na sociedade é “a experiência de um amor originário, não eletivo, mas doado”. O exemplo da família bem estruturada serve, para ele, como um auxílio às outras. “Eis aí a luz primordial em que os demais encontrarão o seu sustento”, concluiu.

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