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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sínodo sobre a Família: caminhar juntos para discernir.


 
O Sínodo dos Bispos concluiu no passado fim de semana, nos dias 24 e 25 de outubro, os seus trabalhos sobre “a vocação e a missão da Família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Recordamos neste “Sal da Terra, Luz do Mundo” o essencial da informação produzida e publicada nesses dias.
Esta foi a última semana do Sínodo sobre a Família. Os derradeiros momentos desta importante reunião dos bispos foram vividos no Vaticano em busca de caminhos pastorais para afirmar a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo.
Relatório Final: consenso e discernimento espiritual
No sábado dia 24 foi votado e publicado o Relatório Final do Sínodo dos Bispos sobre a Família, um documento de 94 pontos que, após 2 anos de intenso debate e participação das comunidades, teve todos os pontos aprovados com maioria qualificada. Em particular, os parágrafos dedicados às situações familiares difíceis foram aprovados no limite dos dois terços dos votos expressos.
No número 84 os padres sinodais propõem uma maior integração dos divorciados recasados nas comunidades cristãs, sublinhando que a sua participação pode ser ao nível dos diversos serviços eclesiais. A esta situação específica dos casais em segunda união o número 86 do relatório final faz referência a um percurso de acompanhamento e de discernimento espiritual com um sacerdote.
Luz na escuridão do mundo – é assim que o Relatório Final do Sínodo define a família, num texto que se apresenta com uma atitude positiva e acolhedora, onde é reafirmada a doutrina da indissolubilidade matrimonial. Contudo, para as situações de maior complexidade familiar é recomendado o discernimentos dos Pastores e uma análise em que a ‘misericórdia’ não seja negada a ninguém.
Valorização da mulher, acolhimento de pessoas homossexuais, tutela das crianças, defesa da vida, idosos, pessoas com necessidade especiais, preparação para o matrimônio e acompanhamento dos casais e famílias são alguns dos temas abordados pelo Relatório Final do Sínodo dos Bispos sobre a Família.
Para um primeiro comentário a este Relatório do Sínodo ouvimos a opinião de Antônio Marujo jornalista português, especialista em assuntos religiosos, um dos principais animadores do blogue ‘Religionline’ e presente em Roma em serviço para o jornal ‘Diário de Notícias’ que referiu que se abre agora um caminho a percorrer com o Povo de Deus.
O caminho a percorrer com o Povo de Deus no âmbito da família tem agora um impulso maior para a procura de caminhos de reconciliação, exame de consciência e, como nos propõe a linguagem sinodal: caminhos de “discernimento espiritual”.
Em declarações à Agência Ecclesia o Cardeal Raymundo Damasceno de Assis, arcebispo da Aparecida no Brasil e presidente delegado deste Sínodo sobre a Família, falou sobre a importância do “discernimento espiritual” afirmando mesmo que esse “caminho de discernimento” proposto aos divorciados recasados poderá levar, em casos pontuais, à admissão dos mesmos à Confissão e à Comunhão.
Mensagem do Papa: para continuar a “caminhar juntos”
Entretanto, importante momento deste final de Sínodo foi a intervenção do Papa Francisco com uma mensagem em que realçou a importância de defender o homem e não as ideias, defender o espírito e não a letra da doutrina.
Após os vários agradecimentos a todos os que contribuíram para um percurso sinodal de intenso ritmo de trabalho o Papa Francisco disse ter-se interrogado sobre o que “há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?”
Muitas as respostas encontradas pelo Santo Padre para completar o significado do Sínodo: a importância do matrimônio, escutar as vozes das famílias e dos pastores, olhar e ler a realidade, testemunhar o Evangelho como fonte viva de novidade eterna, afirmar a Igreja como sendo dos pobres e dos pecadores e abrir horizontes para difundir a liberdade dos Filhos de Deus.
Em particular, o Papa Francisco considerou que a experiência do Sínodo fez compreender melhor que defender a doutrina é defender o seu espírito e o homem em vez de ideias:
“A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão.”
Francisco recordou Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI e no final do seu intenso discurso afirmou que “para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!”
Caminhar juntos para discernir é a fase seguinte de um processo pós-sinodal que procura lançar uma nova abordagem pastoral para as famílias, o jornalista Antônio Marujo, aponta dois temas que necessitam de uma ação concreta da Igreja: a violência doméstica e o acompanhamento pastoral dos casais.

Entenda o que significa o Relatório Final do Sínodo sobre a Família.

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O relatório final da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família foi aprovado no sábado, 24 de outubro. O texto é composto por 94 parágrafos e pode ser lido na versão final em italiano.Durante quase vinte dias reunidos, os padres sinodais refletiram sobre "A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo". O sacerdote, padre Rafael Fornasier, explica que o texto ainda não é normativo, sendo necessário "redobrar a prudência no que concerne as interpretações do texto publicado".
Confira a íntegra da reflexão:
O Relatório Final do Sínodo sobre a família já é um documento de orientação para toda a Igreja?
No que concerne a situação de alguns de nossos irmãos e irmãs divorciados recasados, com quem caminhamos e conversamos pelo Brasil afora, é necessário redobrar a prudência no que concerne as interpretações do texto publicado, pois o texto sequer menciona o acesso à Eucaristia e ao Sacramento da Confissão
O Papa Francisco, em seu discurso de conclusão do Sínodo dos Bispos sobre "A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo" afirmou que "certamente não significa que esgotamos todos os temas inerentes à família" e que não "encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família" na atualidade, mas que, com coragem, dedicação e sem medo de afrontar os desafios postos às famílias e na família, "procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança", sem cair em repetições simplistas.
Com efeito, o Relatório Final do Sínodo foi entregue ao Papa Francisco, como reza o Artigo 41 do Regulamento do Sínodo dos Bispos (Ordo Synodi Episcoporum). Segundo as explicações do próprio regulamento, não há uma regra estabelecida de antemão sobre a elaboração de um documento final do Sínodo. Fato é que, após várias assembleias sinodais, os últimos papas publicaram um documento retomando ou levando em conta o fruto do trabalho do Sínodo. Haja vista que os bispos, ao entregar o Relatório Final da assembleia, fizeram um pedido ao papa para que ele publicasse um documento, é de se esperar que isso aconteça nos próximos meses.
Assim sendo, o texto que foi publicado no fim de semana passado não é um documento normativo nem definitivo. Virá a sê-lo se o papa assim o quiser. Mas poderá também passar por modificações por parte do papa. Por isso, é temerário já agora tirar orientações bem precisas em nível prático para a ação pastoral da Igreja, embora não nos seja impedido de começar – ou continuar – a refletir sobre isso.
No que concerne a situação de alguns de nossos irmãos e irmãs divorciados recasados, com quem caminhamos e conversamos pelo Brasil afora, é necessário redobrar a prudência no que concerne as interpretações do texto publicado, pois o texto sequer menciona o acesso à Eucaristia e ao Sacramento da Confissão.
O título no qual se aborda o assunto fala de "discernimento e integração", deixando, propositadamente, a questão aberta e a ser cada vez mais discernida, com misericórdia e verdade, não só pelas pessoas implicadas, mas também por toda comunidade eclesial, inclusive levando em conta aspectos culturais, como também mencionado pelo Papa Francisco no seu discurso final. A respeito do acesso à Eucaristia, alguns comentários observaram que o texto não diz nem que "sim" nem que "não". Isso também é válido para aquelas formas de impedimentos hoje existentes na prática eclesial. Tal responta obliqua e não direta do texto faz-nos voltar ao que o papa disse no discurso final, ou seja, de que o sínodo não ofereceu soluções exaustivas a todas as situações complexas, pois estas são múltiplas e variadas. Anunciar aos quatro cantos um acesso ao Sacramento da Eucaristia para todos os que se encontram nesta situação, não somente vai além do que afirma o texto conclusivo do sínodo – repitamo-lo: ainda não normativo nem definitivo – mas também não respeita a complexidade da história de vidas envolvidas num divórcio e suas consequências temporais, que, quer se queira ou não, toca a noção de comunhão no sentido mais amplo (comunhão eclesial, eucarística, mas também conjugal e familiar), que pode ter sido, em certos casos, gravemente rompida.
Ainda que o Papa Francisco venha a decidir sobre essa questão, a proposta, segundo as sugestões dos bispos representares de todas as partes do mundo, não será a panaceia para dar fim aos problemas dos divorciados recasados, mas será aplicada caso a caso, como sugerido pelo Cardeal W. Kasper desde o início dessa discussão – o que não deixará de suscitar dificuldades e incompreensões em nossas comunidades, diga-se de passagem...
Deixando de lado todas essas especulações – que interessam muito aos meios de comunicação desinteressados da vida real das pessoas! – o importante é não reduzir toda a riqueza dos trabalhos do sínodo nestes dois últimos anos ao "pode ou não pode", pois o acompanhamento que visa não só a integração de diversas situações, mas também a preparação ao matrimônio, através da transmissão do Evangelho da família, a vida pós-matrimonial, a transmissão e educação dos filhos, a formação para a missão eclesial e social da família, requer conversão pastoral e pessoal, de todos nós, disponibilidade de tempo para a escuta e o serviço, coragem e ousadia para intervir, também com misericórdia, junto às famílias quando são assoladas por mentiras em relação à essência do amor, da liberdade, da fidelidade, da responsabilidade, da abertura à vida para se tentar evitar e superar as crises, e assim permitir que a família continue sendo o maior tesouro da humanidade!
CNPF com Zenit.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Sínodo. Mensagem do Papa: defender o homem e não ideias.



Concluíram-se os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Família. Importante momento deste final de Sínodo foi a intervenção do Papa Francisco com uma mensagem em que realçou a importância de defender o homem e não as ideias, defender o espírito e não a letra da doutrina.
Após os vários agradecimentos a todos os que contribuíram para um percurso sinodal de intenso ritmo de trabalho o Papa Francisco disse ter-se interrogado sobre o que “há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?”
Muitas as respostas encontradas pelo Santo Padre para completar o significado do Sínodo: a importância do matrimónio, escutar as vozes das famílias e dos pastores, olhar e ler a realidade, testemunhar o Evangelho como fonte viva de novidade eterna, afirmar a Igreja como sendo dos pobres e dos pecadores e abrir horizontes para difundir a liberdade dos Filhos de Deus.
Em particular, o Papa Francisco considerou que a experiência do Sínodo fez compreender melhor que defender a doutrina é defender o seu espírito e o homem em vez de ideias:
“A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão.”
Francisco recordou Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI e no final do seu intenso discurso afirmou que “para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!”

Uma análise, em acróstico, da palavra «família» ajuda-nos a resumir a missão da Igreja na sua tarefa de: Formar as novas gerações para viverem seriamente o amor, não como pretensão individualista baseada apenas no prazer e no «usa e joga fora», mas para acreditarem novamente no amor autêntico, fecundo e perpétuo, como o único caminho para sair de si mesmo, para se abrir ao outro, para sair da solidão, para viver a vontade de Deus, para se realizar plenamente, para compreender que o matrimónio é o «espaço onde se manifesta o amor divino, para defender a sacralidade da vida, de toda a vida, para defender a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente» (Homilia na Missa de Abertura do Sínodo, 4 de Outubro de 2015) e para valorizar os cursos pré-matrimoniais como oportunidade de aprofundar o sentido cristão do sacramento do Matrimónio; Aviar-se ao encontro dos outros, porque uma Igreja fechada em si mesma é uma Igreja morta; uma Igreja que não sai do seu aprisco para procurar, acolher e conduzir todos a Cristo é uma Igreja que atraiçoa a sua missão e vocação; Manifestar e estender a misericórdia de Deus às famílias necessitadas, às pessoas abandonadas, aos idosos negligenciados, aos filhos feridos pela separação dos pais, às famílias pobres que lutam para sobreviver, aos pecadores que batem às nossas portas e àqueles que se mantêm longe, aos deficientes e a todos aqueles que se sentem feridos na alma e no corpo e aos casais dilacerados pela dor, a doença, a morte ou a perseguição; Iluminar as consciências, frequentemente rodeadas por dinâmicas nocivas e subtis que procuram até pôr-se no lugar de Deus criador: tais dinâmicas devem ser desmascaradas e combatidas no pleno respeito pela dignidade de cada pessoa; ganhar e reconstruir com humildade a confiança na Igreja, seriamente diminuída por causa da conduta e dos pecados dos seus próprios filhos; infelizmente, o contra testemunho e os escândalos cometidos dentro da Igreja por alguns clérigos afectaram a sua credibilidade e obscureceram o fulgor da sua mensagem salvífica; Labutar intensamente por apoiar e incentivar as famílias sãs, as famílias fiéis, as famílias numerosas que continuam, não obstante as suas fadigas diárias, a dar um grande testemunho de fidelidade aos ensinamentos da Igreja e aos mandamentos do Senhor; Idear uma pastoral familiar renovada, que esteja baseada no Evangelho e respeite as diferenças culturais; uma pastoral capaz de transmitir a Boa Nova com linguagem atraente e jubilosa e tirar do coração dos jovens o medo de assumir compromissos definitivos; uma pastoral que preste uma atenção particular aos filhos que são as verdadeiras vítimas das lacerações familiares; uma pastoral inovadora que implemente uma preparação adequada para o sacramento do Matrimónio e ponha termo a costumes vigentes que muitas vezes se preocupam mais com a aparência duma formalidade do que com a educação para um compromisso que dure a vida inteira; Amar incondicionalmente todas as famílias e, de modo particular, aquelas que atravessam um período de dificuldade: nenhuma família deve sentir-se sozinha ou excluída do amor e do abraço da Igreja; o verdadeiro escândalo é o medo de amar e de manifestar concretamente este amor.

Sínodo da Família. Papa Francisco concluiu os trabalhos.


Papa Francisco concluiu as sessões de trabalho do Sínodo da Família
Papa Francisco concluiu as sessões de trabalho do Sínodo da Família. Foto: L'Osservatore Romano
O Papa Francisco concluiu as sessões de trabalho do Sínodo da Família com um discurso no qual manifestou que "o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas".
Em sua intervenção, sublinhou de novo a indissolubilidade do matrimônio e disse que encerrar o Sínodo significa verdadeiramente "'caminhar juntos' para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus".
O Sínodo da Família – que teve duração de três semanas – concluiu na tarde de sábado, 24, com a votação dos padres sinodais ao documento ou Relatório final e com o discurso do Papa Francisco.
O Santo Padre se perguntou: "Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?". Em sua resposta afirmou que tratou que iluminar "com a luz do Evangelho, da Tradição e da história bimilenar da Igreja" os temas inerentes à família.
"Seguramente não significa que encontrámos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinámo-las cuidadosamente, abordámo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia".
Matrimônio homem-mulher indissolúvel
O Papa também explicou que isso significa "que solicitamos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimónio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana".
"Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família".
"Significa que procuramos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade".
Mas também "que testemunhamos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem 'doutriná-lo' como pedras mortas para as jogar contra os outros".
Ataques ideológicos
O Pontífice abordou a diferença de culturas dos padres sinodais e sublinhou que "vimos também que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase como um escândalo, para o bispo de outro continente".
"Na realidade – indicou – as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado".
O Bispo de Roma manifestou que "o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas".
Um dos temas pressente nestas semanas de reuniões foi o da misericórdia e da bondade de Deus, que o Sínodo "tratou de abraçar".
"Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, a importância das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia".
"Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esforços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores".
O Papa também assinalou que "o primeiro dever da Igreja não aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor".
Depois de recordar algumas palavras do Beato Pablo VI, de São João Paulo II e de Bento XVI relacionado com este ponto, sublinhou que nestes dias de reuniões "muitos de nós experimentaram a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sínodo".
"Para todos nós, a palavra 'família' já não soa como antes do Sínodo, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal".
O Papa finalizou sua intervenção explicando que "para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a 'caminhar juntos' para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus".
Antes do discurso do Pontífice, o Cardeal Raymundo Damasceno, Arcebispo da Aparecida (Brasil) realizou uma breve intervenção como Presidente Delegado. Em seguida, foi feita outra breve intervenção do Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário Geral do Sínodo.

Visita Missionária - Paróquia Santissíma Trindade - José Walter - Região N. S. COnceição.

Realizado dia 26.10.2015, formação sobre a Visita Missionária - Paróquia Santíssima Trindade - José Walter - Região N. S. Conceição.



Em mensagem, papa Francisco diz que Sínodo deve continuar nas dioceses.

“Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a ‘caminhar juntos’ para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!”, disse o papa Francisco, em mensagem por ocasião do encerramento da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família. De 04 a 25 de outubro, 265 membros votantes participaram da Assembleia que refletiu sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
O papa agradeceu aos diversos colaborares do Sínodo que trabalham para o êxito das atividades. “Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa ativa e frutuosa participação. Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!”, expressou Francisco.
Confira íntegra da mensagem:
Amadas Beatitudes, Eminências, Excelências, Queridos irmãos e irmãs!
Quero, antes de mais, agradecer ao Senhor por ter guiado o nosso caminho sinodal nestes anos através do Espírito Santo, que nunca deixa faltar à Igreja o seu apoio.
Agradeço de todo o coração ao Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo, a D. Fabio Fabene, Subsecretário e, juntamente com eles, agradeço ao Relator, o Cardeal Peter Erdö, e ao Secretário Especial, D. Bruno Forte, aos presidentes delegados, aos secretários, consultores, tradutores e todos aqueles que trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja: um cordial obrigado!
Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa ativa e frutuosa participação.
Agradeço ainda a todas as pessoas que se empenharam, de forma anônima e em silêncio, prestando a sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo.
Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!
Enquanto acompanhava os trabalhos do Sínodo, pus-me esta pergunta: Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?
Certamente não significa que esgotámos todos os temas inerentes à família, mas que procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança, sem cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse.
Seguramente não significa que encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinamo-las cuidadosamente, abordamo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia.
Significa que solicitamos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimônio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana.
Significa que escutamos e fizemos escutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a Roma carregando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os desafios das famílias do mundo inteiro.
Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família.
Significa que procurámos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade.
Significa que testemunhámos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem «endoutriná-lo» como pedras mortas para as jogar contra os outros.
Significa também que espoliámos os corações fechados que, frequentemente, se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.
Significa que afirmámos que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos, ou melhor dos justos e dos santos quando se sentem pobres e pecadores.
Significa que procurámos abrir os horizontes para superar toda a hermenêutica conspiradora ou perspectiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível.
No caminho deste Sínodo, as diferentes opiniões que se expressaram livremente – e às vezes, infelizmente, com métodos não inteiramente benévolos – enriqueceram e animaram certamente o diálogo, proporcionando a imagem viva duma Igreja que não usa «impressos prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar os corações ressequidos.1
E vimos também – sem entrar nas questões dogmáticas, bem definidas pelo Magistério da Igreja – que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase um escândalo, para o bispo doutro continente; aquilo que se considera violação de um direito numa sociedade, pode ser preceito óbvio e intocável noutra; aquilo que para alguns é liberdade de consciência, para outros pode ser só confusão. Na realidade, as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado.2 O Sínodo de 1985, que comemorava o vigésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, falou da inculturação como da «íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a integração no cristianismo e a encarnação do cristianismo nas várias culturas humanas».3 A inculturação não debilita os valores verdadeiros, mas demonstra a sua verdadeira força e a sua autenticidade, já que eles adaptam-se sem se alterar, antes transformam pacífica e gradualmente as várias culturas.
Vimos, inclusive através da riqueza da nossa diversidade, que o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas.
E, sem nunca cair no perigo do relativismo ou de demonizar os outros, procuramos abraçar plena e corajosamente a bondade e a misericórdia de Deus, que ultrapassa os nossos cálculos humanos e nada mais quer senão que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2, 4), para integrar e viver este Sínodo no contexto do Ano Extraordinário da Misericórdia que a Igreja está chamada a viver.
Amados irmãos!
A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia (cf. Rm 3, 21-30; Sal 129/130; Lc 11, 37-54). Significa vencer as tentações constantes do irmão mais velho (cf. Lc 15, 25-32) e dos trabalhadores invejosos (cf. Mt 20, 1-16). Antes, significa valorizar ainda mais as leis e os mandamentos, criados para o homem e não vice-versa (cf. Mc 2, 27).
Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esforços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5, 6).
O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor (cf. Jo 12, 44-50).
Do Beato Paulo VI temos estas palavras estupendas: «Por conseguinte podemos pensar que cada um dos nossos pecados ou fugas de Deus acende n’Ele uma chama de amor mais intenso, um desejo de nos reaver e inserir de novo no seu plano de salvação (...). Deus, em Cristo, revela-Se infinitamente bom (...). Deus é bom. E não apenas em Si mesmo; Deus – dizemo-lo chorando – é bom para nós. Ele nos ama, procura, pensa, conhece, inspira e espera… Ele – se tal se pode dizer – será feliz no dia em que regressarmos e Lhe dissermos: Senhor, na vossa bondade, perdoai-me. Vemos, assim, o nosso arrependimento tornar-se a alegria de Deus».5
Por sua vez São João Paulo II afirmava que «a Igreja vive uma vida autêntica, quando professa e proclama a misericórdia, (...) e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador das quais ela é depositária e dispensadora».6
Também o Papa Bento XVI disse: «Na realidade, a misericórdia é o núcleo da mensagem evangélica, é o próprio nome de Deus (...). Tudo o que a Igreja diz e realiza, manifesta a misericórdia que Deus sente pelo homem, portanto, por nós. Quando a Igreja deve reafirmar uma verdade menosprezada, ou um bem traído, fá-lo sempre estimulada pelo amor misericordioso, para que os homens tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10)».7
Sob esta luz e graça, neste tempo de graça que a Igreja viveu dialogando e discutindo sobre a família, sentimo-nos enriquecidos mutuamente; e muitos de nós experimentaram a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sínodo. Para todos nós, a palavra «família» já não soa como antes, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal.8
Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a 'caminhar juntos" para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!
Obrigado! 
CNBB

Relatório do Sínodo recebe últimos ajustes.

O papa Francisco iniciou as atividades desta quinta-feira, 22, celebrando missa na capela da Casa Santa Marta.  Há dois dias do encerramento da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, no Vaticano, ele recordou que a conversão, para o cristão, “é uma tarefa, é um trabalho de todos os dias”.
Francisco disse ainda que “o esforço do cristão é propenso a abrir a porta do coração ao Espírito Santo”. Após a missa, o papa seguiu para os trabalhos do Sínodo dos Bispos. Os padre sinodais permanecem livres pela manhã. À tarde, em plenário, haverá apresentação do relatório final, produzido a partir das reflexões dos grupos.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer, comentou que essa etapa do Sínodo busca recolher os resultados das reflexões sobre a vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo.
 “Hoje à tarde, será apresentado o relatório elaborado pela Comissão de Redação, a partir de todas as contribuições recebidas em plenário e nos círculos menores. Depois, teremos ainda a sexta-feira para mais um momento de reflexão em plenário sobre o próprio relatório, antes que se parta para a votação ponto por ponto no sábado”, explicou dom Odilo.
Reflexões pastorais
Sobre as expectativas em relação aos encaminhamentos pastorais dos divorciados recados, o cardeal pontua que houve intensas contribuições do plenário. “Foi motivo de reflexão sobretudo na terceira parte do Instrumento de Trabalho, na linha pastoral, não na linha doutrinal. Quer dizer, primeiramente fica descartada a possibilidade de pensar que a Igreja vai aprovar o divórcio. Já foi feito o motu proprio sobre a agilização dos processos de reconhecimento da nulidade matrimonial, mas isto vai na linha da nulidade, não da anulação, ou seja, do divórcio. Onde houver a possibilidade de reconhecer a nulidade, então haverá também a possibilidade de um casamento verdadeiro”, comentou o arcebispo.

domingo, 25 de outubro de 2015

Na catequese, papa Francisco fala da fidelidade na vida em família.

O amor e a fidelidade no casamento foram temas abordados pelo papa Francisco, na audiência geral, da quarta-feira, 21, de outubro. Mais de 30 mil peregrinos acompanharam a catequese, na Praça de São Paulo, nos dias que antecedem o encerramento do Sínodos dos Bispos sobre a Família.
O papa recordou que a família tem o  “compromisso de acolher e educar os filhos; cuidar dos pais idosos, proteger e acudir os membros mais frágeis da família, ajudar-se mutuamente para realizar suas qualidades e aceitar seus limites. Uma família que se fecha em si mesma é uma contradição, uma mortificação da promessa que a fez nascer e a faz viver".
Confira a íntegra da mensagem:

                                 "Sem liberdade não há amor, sem liberdade não há matrimônio", disse Francisco 

CATEQUESE

Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Na reflexão passada, refletimos sobre as promessas importantes que os pais fazem às crianças, desde quando elas são pensadas no amor e concebidas no ventre.
 Podemos acrescentar que, olhando mais de perto, toda a realidade familiar é fundada sobre a promessa – pensar bem nisso: a identidade familiar é fundada sobre promessas – pode-se dizer que a família vive da promessa de amor e de fidelidade que o homem e a mulher fazem um ao outro. Essa comporta o empenho de acolher e educar os filhos; mas inclui também o cuidado com os pais idosos, em proteger e socorrer os membros mais frágeis da família, em ajudar-se de perto para realizar as próprias qualidades e aceitar os próprios limites. E a promessa conjugal se alarga a partilhar as alegrias e os sofrimentos de todos os pais, as mães, as crianças, com generosa abertura nos confrontos da convivência humana e do bem comum. Uma família que se fecha em si mesma é como uma contradição, uma mortificação da promessa que a fez nascer e a faz viver. Não esquecer nunca: a identidade da família é sempre uma promessa que se alarga e se alarga a toda a família e também a toda a humanidade.
Nos nossos dias, a honra da fidelidade à promessa da vida familiar parece muito enfraquecida. Por um lado, porque um mal entendido direito de buscar a própria satisfação, a todo custo em qualquer relação, é exaltado como um princípio não negociável de liberdade. Por outro lado, porque se confia exclusivamente à constrição da lei os vínculos da vida de relação e do compromisso pelo bem comum. Mas, na verdade, ninguém quer ser amada só pelos próprios bens ou por obrigação. O amor, bem como a amizade, devem a sua força e a sua beleza justamente a este fato: que geram um laço sem tirar a liberdade. O amor é livre, a promessa da família é livre e essa é a beleza. Sem liberdade não há amizade, sem liberdade não há amor, sem liberdade não há matrimônio.
Portanto, liberdade e fidelidade não se opõem uma a outra, antes, se apoiam proximamente, seja nas relações interpessoais, seja naquelas sociais. De fato, pensemos nos danos que produzem, na civilização da comunicação global, a inflação de promessas não mantidas, em vários campos, e a indulgência pela infidelidade à palavra dada e aos compromissos firmados!
Sim, queridos irmãos e irmãs, a fidelidade é uma promessa de compromisso que se auto-realiza, crescendo na livre obediência à palavra dada. A fidelidade é uma confiança que “quer” ser realmente partilhada e uma esperança que “quer” ser cultivada junto. E falando de fidelidade, me vem em mente aquilo que os nossos idosos, os nossos avós nos contam: “Naquele tempo, quando se fazia um acordo, um aperto de mão bastava, porque havia a fidelidade às promessas”. E também isso, que é um fato social, tem origem na família, no aperto de mão do homem e da mulher para seguir adiante juntos, toda a vida.
A fidelidade às promessas é uma verdadeira obra-prima de humanidade! Se olhamos para a sua beleza corajosa, nós nos apaixonamos, mas se desprezamos a sua corajosa perseverança, estamos perdidos. Nenhuma relação de amor – nenhuma amizade, nenhuma forma de querer bem, nenhuma felicidade do bem comum – chega ao nível do nosso desejo e da nossa esperança se não chega a habitar esse milagre da alma. E digo “milagre” porque a força e a persuasão da fidelidade, apesar de tudo, não para de nos encantar e de nos maravilhar. A honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não podem ser compradas ou vendidas. Não podem ser constrangidas com a força, mas nem protegidas sem sacrifício.
Nenhuma outra escola pode ensinar a verdade do amor se a família não o faz. Nenhuma lei pode impor a beleza e a herança deste tesouro da dignidade humana se o laço pessoal entre amor e geração não a escreve na nossa carne.
Irmãos e irmãs, é necessário restituir honra social à fidelidade do amor: restituir honra social à fidelidade do amor! É necessário tirar da clandestinidade o cotidiano milagre de milhões de homens e mulheres que regeneram o seu fundamento familiar, do qual toda sociedade vive, sem ser capaz de garanti-lo de nenhum outro modo. Não por acaso, esse princípio da fidelidade à promessa do amor e da geração está escrito na criação de Deus como uma benção perene, à qual foi confiado o mundo.

Se São Paulo pode afirmar que no laço familiar é misteriosamente revelada uma verdade decisiva também pelo laço do Senhor e da Igreja, quer dizer que a própria Igreja encontra aqui uma benção para proteger e com a qual sempre aprender, antes mesmo de ensiná-la e discipliná-la. A nossa fidelidade à promessa é sempre mais confiada à graça e à misericórdia de Deus. O amor pela família humana, em tempos bons ou ruins, é um ponto da honra para a Igreja! Deus nos conceda estarmos à altura dessa promessa. E rezemos pelos padres do Sínodo: que o Senhor abençoe o trabalho deles, desenvolvido com fidelidade criativa, na confiança que Ele, em primeiro lugar, o Senhor – Ele em primeiro lugar – é fiel às suas promessas. Obrigado.
CNBB com informações e foto da Rádio Vaticano.

Visita Missionária na Paróiquia N. S. da Conceição - Pajuçara - Região Sagrada Família.

Realizado dia 25/10/2015, formação Visita Missionária na Paróquia N. S. da Conceição - Pajuçara - Região Sagrada Família.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pedir socorro.

Resultado de imagem para Dom Paulo Mendes PeixotoDom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba (MG)
A impressão reinante no país é de pedido de socorro. Parece que muita coisa está estrangulada, mal conduzida e sem direção. Basta observar como o povo está desorientado, sem esperança e se vendo como falido. Isso significa realidade de improdutividade, sem força para enfrentar os desafios da vida. É apenas no Brasil, ou o mundo todo caminha mergulhado na mesma situação?
A história registra uma sociedade que confiava mais em Deus e não se abatia diante dos impasses que iam surgindo. Isto é menos visível hoje e as preocupações estão muito concentradas na pessoa, no indivíduo, causando o individualismo dos últimos tempos, descartando a presença libertadora de Deus. Parece que ser cristão é ser desconectado com a mentalidade dominante.
O mundo não consegue entender que tipo de Messias é Jesus e não se deixa envolver pela prática da vida cristã. Chegam a dizer que a bíblia é manipuladora e tira a liberdade das pessoas. Até chamam a Igreja, desonestamente, de “quadrada”, que ficou na história, prestando um péssimo trabalho para a humanidade. Pelo menos o passado não era tão superficial como hoje.
Existe uma cegueira tirando das pessoas a capacidade de olhar positivamente para o mundo. Ficar centrado na ambição de fama e de domínio significa estar cego, estar incapaz de perceber que a realização humana não depende apenas do indivíduo. Não é fácil libertar-se das ideologias dominantes e triunfalistas.
A maldade do mundo cega a vida das pessoas. Por isto, em várias circunstâncias, é preciso mudar de mentalidade para conseguir enxergar as possibilidades que permitam a construção de uma realidade nova e sadia. É quase que como dar um grito de pedido de socorro, que passa pelas decisões coerentes e pessoais.
O grito de socorro é por liberdade e paz. Disto ninguém fica de fora, nem quem caminha totalmente protegido por seguranças, porque a questão não se limita ao âmbito físico e humano. A sociedade está carente de uma segurança sobrenatural, de apoio em Deus, que supera toda força ideológica de hoje.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

“Há um Deus que ama as crianças”, disse o papa na catequese.


catequese1410O papa Francisco dedicou a catequese de quarta-feira, 14, às crianças. Na reflexão, lembrou que a família deve ser espaço do acolhimento e cuidado, proximidade e atenção, confiança e esperança para os filhos.
"Um segundo milagre, uma segunda promessa: nós – pais e mães – nos doamos a ti para doar você a você mesmo! E este é amor, que traz uma faísca daquele de Deus! Mas vocês, pais e mães, têm essa faísca de Deus que dão aos seus filhos, vocês são instrumento do amor de Deus e isso é belo, belo, belo!", disse o papa.
Confira a íntegra da mensagem:
CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Boletim da Santa Sé
Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Hoje como as previsões do tempo estavam um pouco inseguras e se previa a chuva, esta audiência se faz ao mesmo tempo em dois lugares: nós aqui na praça e 700 doentes na Sala Paulo VI que seguem a audiência por telão. Todos estamos unidos e os saudamos com um aplauso.
A palavra de Jesus é forte hoje: "Ai do mundo por causa dos escândalos!". Jesus é realista e diz: "É inevitável que escândalos aconteçam, mas ai do homem pelo qual o escândalo vem". Gostaria de, antes de começar a catequese, em nome da Igreja, pedir perdão pelos escândalos que foram cometidos nos últimos tempos, seja em Roma ou no Vaticano, peço perdão.
Hoje vamos refletir sobre um tema muito importante: as promessas que fazemos às crianças. Não falo tanto das promessas que fazemos aqui e ali, durante o dia, para fazê-los felizes ou para estarem bem (talvez com qualquer truque inocente: te dou uma bala e promessas similares...) para levá-los a empenhar-se na escola ou para dissuadi-los a qualquer capricho. Falo de outras promessas, das promessas mais importantes, decisivas para suas expectativas nos confrontos da vida, para sua confiança nos confrontos dos seres humanos, para sua capacidade de conceber o nome de Deus como uma benção. São promessas que nós fazemos para eles.
Nós adultos estamos prontos a falar das crianças como de uma promessa da vida. Todos dizemos: as crianças são uma promessa da vida. E também somos fáceis de nos comovermos dizendo aos jovens que são o nosso futuro, é verdade. Mas me pergunto, às vezes, se somos tão sérios com o seu futuro, com o futuro das crianças e com o futuro dos jovens! Uma pergunta que devemos nos fazer muitas vezes é essa: quanto somos leais com as promessas que fazemos às crianças, fazendo-as vir ao nosso mundo? Nós fazemos com que elas venham ao mundo e essa é uma promessa, o que prometemos a elas?
Acolhimento e cuidado, proximidade e atenção, confiança e esperança, são promessas de base que se podem resumir em uma só: amor. Nós prometemos amor, isso é, amor que se exprime no acolhimento, no cuidado, na proximidade, na atenção, na confiança e na esperança, mas a grande promessa é o amor. Esse é o modo mais justo de acolher um ser humano que vem ao mundo e todos nós aprendemos isso, antes mesmo de sermos conscientes. Eu gosto tanto quando vejo os pais e as mães, quando passo entre vocês, trazendo a mim um menino, uma menina pequeninos e pergunto: "Quanto tempo tem? – "Três semanas, quatro semanas...peço a benção do Senhor". Também isso se chama amor. O amor é a promessa que o homem e a mulher fazem a cada filho: desde quando foi concebido no pensamento. As crianças vêm ao mundo e se espera de ter confirmada essa promessa: espertam-no de modo total, confiante, indefeso. Basta olhar para elas: em todas as etnias, em todas as culturas, em todas as condições de vida! Quando acontece o contrário, as crianças são feridas por um "escândalo", por um escândalo insuportável, tão mais grave, pois não têm os meios para decifrá-lo. Não podem entender o que acontece. Deus vigia sobre essa promessa, desde o primeiro instante. Lembram o que disse Jesus? Os Anjos das crianças refletem o olhar de Deus e Deus não perde nunca de vista as crianças (cfr Mt 18, 10). Ai daqueles que traem a sua confiança, ai! O seu confiante abandono à nossa promessa que nos empenha desde o primeiro instante, nos julga.
E gostaria de acrescentar outra coisa, com muito respeito por todos, mas também com muita franqueza. A confiança delas (das crianças) em Deus nunca deveria ser ferida, sobretudo quando acontece por motivo de uma certa presunção (mais ou menos inconsciente) de substituir a Ele. A terna e misteriosa relação de Deus com a alma das crianças não deveria nunca ser violada. É uma relação real, que Deus a quer e Deus a protege. A criança está pronta desde o nascimento para sentir-se amada por Deus, está pronta para isso. Não apenas é capaz de sentir que é amada por si mesma, um filho sente também que há um Deus que ama as crianças.
As crianças, recém-nascidas, começam a receber de presente, junto com a alimentação e os cuidados, a confirmação das qualidades espirituais do amor. Os atos de amor passam através do dom do nome pessoal, a partilha da linguagem, as intenções dos olhares, as iluminações dos sorrisos. Aprendem, assim, que a beleza do laço entre os seres humanos aponta à nossa alma, procura a nossa liberdade, aceita a diversidade do outro, reconhe-o e o respeita como interlocutor. Um segundo milagre, uma segunda promessa: nós – pais e mães – nos doamos a ti para doar você a você mesmo! E este é amor, que traz uma faísca daquele de Deus! Mas vocês, pais e mães, têm essa faísca de Deus que dão aos seus filhos, vocês são instrumento do amor de Deus e isso é belo, belo, belo!
Somente se olhamos as crianças com os olhos de Jesus podemos realmente entender em que sentido, defendendo a família, protegemos a humanidade! O ponto de vista das crianças é o ponto de vista do Filho de Deus. A própria Igreja, no Batismo, faz grandes promessas às crianças, com as quais empenha os pais e a comunidade cristã. A santa Mãe de Jesus – por meio da qual o Filho de Deus chegou a nós, amado e gerado como uma criança – torne a Igreja capaz de seguir o caminho da sua maternidade e da sua fé. E São José – homem justo, que acolheu e protegeu, honrando corajosamente, a benção e a promessa de Deus – nos torne todos capazes e dignos de hospedar Jesus em cada criança que Deus manda sobre a terra.
CNBB com informações e foto da Rádio Vaticano.

domingo, 18 de outubro de 2015

Visita Missionária - Paróquia São João Eudes - Região Nossa Senhora da Conceição.

Realizada dia 18/10/2015, Visita Missionária - Paróquia São João Eudes no Luciano Cavalcante - Região Nossa Senhora da Conceição. Representando a Comissão Arquidiocesana o Casal Fábio e Márcia.


sábado, 17 de outubro de 2015

Sínodo Sobre a Família

Click no link ao lado da imagem para visualizar as notícias na integra


1.Papa: prosseguir na sinodalidade escutando o Povo de Deus





2.Papa nos 50 anos do Sínodo: Igreja e Sínodo são sinônimos 





3.Sínodo: a intervenção dos delegados fraternos 






4.Solidariedade aos famintos se transforme em gestos concretos 





5.Os pais de Santa Terezinha entre os quatros novos santos da Igreja 





6.Sínodo: proposta comissão para os divorciados recasados

Vocação Missionária na família.

Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém do Pará

No domingo, no clima de valorização da família em que se realiza a Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco canoniza um casal extraordinário, Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. A família santa será posta em relevo, para que se realize a Palavra de Jesus: "Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,16). Ele era relojoeiro; ela rendeira: de origem burguesa, santos por eleição. Luís Martin (1823-1894) e Zélia Guérin (1831-1877). Ambos eram filhos de militares e foram educados num ambiente disciplinado, severo, muito rigoroso. Os dois receberam educação de cunho religioso em escolas católicas. Ao terminar os estudos, Luís orientou-se para a aprendizagem do ofício de relojoeiro, não obstante o exemplo do pai, conhecido oficial do exército napoleônico. Zélia ajudava a mãe na administração da loja de família. Depois, especializou-se no "ponto de Alençon" na escola que ensinava a tecer rendas. Em poucos anos os seus esforços foram premiados: abriu uma modesta fábrica para a produção de rendas e obteve discreto sucesso. Ambos nutrem desde a adolescência o desejo de entrar numa comunidade religiosa. Ele desejou ser admitido entre os Cônegos regulares de Santo Agostinho no Grande São Bernardo, nos Alpes suíços, mas não foi aceito porque não conhecia o latim. Também ela tenta entrar nas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, mas compreende que não é a sua estrada.
Durante três anos Luís viveu em Paris, hóspede de parentes, para aperfeiçoar a sua formação de relojoeiro. Insatisfeito com o clima que se respirava na capital, transferiu-se para Alençon, onde iniciou a sua atividade, conduzindo até à idade de trinta e dois anos um estilo de vida quase ascético. Entretanto, Zélia, com a receita da sua empresa, manteve a família paterna, vendendo rendas para a alta sociedade parisiense. O encontro entre os dois acontece em mil, oitocentos e cinquenta e oito, na ponte de São Leonardo em Alençon. Ao ver Luís, Zélia percebeu distintamente que ele seria o homem da sua vida.
Casaram-se após poucos meses de noivado e conduziram uma vida conjugal no seguimento do Evangelho, ritmada pela missa quotidiana, pela oração pessoal e comunitária, pela confissão frequente e participação na vida paroquial. Da sua união nascem nove filhos, quatro dos quais morreram prematuramente. Entre as cinco filhas que sobreviveram está Teresa, a futura santa, que nasceu em mil, oitocentos e setenta e três. As recordações da carmelita sobre os seus pais são uma fonte preciosa para compreender a sua santidade. A família Martin educou as suas filhas a tornar-se não só boas cristãs mas também honestas cidadãs. Zélia era da Terceira Ordem Franciscana e desde cedo, ensinou as suas filhas a oferecerem seus corações ao bom Deus e a simples aceitação das dificuldades diárias "para agradar a Jesus". Aos quarenta e cinco anos, Zélia recebe a terrível notícia de que tinha um tumor no seio. Viveu a doença com firme esperança cristã até à morte ocorrida em agosto de mil, oitocentos e setenta e sete. 
Com cinquenta e quatro anos, Luís teve que se ocupar sozinho da família. A primogênita tem dezessete anos e a última, Teresa, tem quatro anos e meio. Transferiu-se, então, para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia. Deste modo, as filhas receberam os cuidados da tia Celina. Entre os anos de mil, oitocentos e oitenta e dois e de mil, oitocentos e oitenta e sete, Luís acompanhou as três filhas ao Carmelo. O sacrifício maior para ele foi afastar-se de Teresa que entra para as carmelitas com apenas quinze anos, ocasião em que contou a uma das filhas a oração que fazia: "Meu Deus, eu estou muito feliz. Não é possível ir para o céu assim. Eu quero sofrer algo por ti". O trabalho mais admirável de Luis é como educador. E a aceitação da vontade de Deus para com as suas filhas e em sua própria aventura espiritual é um grande exemplo. Ele não coloca nenhum obstáculo para a vocação de suas filhas e a considera como uma graça muito especial concedida à sua família. Alguns anos depois, foi internado no sanatório de Caen e morreu aos vinte e nove de julho de mil, oitocentos e noventa e quatro, encontrando sua forma de oferecer tudo ao Senhor, inclusive no sofrimento (Cf. Notas biográficas dos novos santos, publicadas pela Santa Sé).
O terceiro domingo de outubro é o Dia Mundial das Missões e Dia da Infância Missionária, comemorações escolhidas porque no primeiro dia do mês corrente se celebra a Festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, Padroeira das Missões, vinda de um casal que viveu do próprio trabalho, um pai de família que assume o cuidado das filhas, depois da morte da esposa, em virtude de um câncer de mama. Ele mesmo teve arteriosclerose cerebral, que  o paralisou e impediu de falar. Uma filha santa, falecida aos vinte e quatro anos, santidade que foi dom de Deus, o Senhor que teve pressa! Apenas nove anos, tuberculose e caminho de infância espiritual, morte prematura! Todas as eventuais desculpas que podermos apresentar diante dos problemas de nossas famílias caem, como por encanto!
Família que se preze aprende a viver o cotidiano, sem pretender coisas altas demais. Dificuldades econômicas? Quem não as tem? Enfermidades? Fazem parte dos limites da natureza humana. Exigência de criatividade para manter o próprio lar? Continua válida a estrada para todos, pois aprendemos a nos virar! Crises do relacionamento, mais frequentes ainda, especialmente em nossos dias. Família santa reza unida, busca a luz do Evangelho, experimenta a graça do perdão recíproco, cultiva as alegrias cotidianas com serenidade.
A família já é missionária pelo fato de existir. O Sacramento do Matrimônio traz a graças da unidade, da fidelidade e da fecundidade e todas as forças necessárias para que edifique os outros, na missão social que lhe cabe. Pela superação contínua dos obstáculos, coragem para enfrentar as crises, educação dos filhos para os valores do Evangelho, a família planta presenças na Igreja e na Sociedade, pelo bem que seus membros podem fazer.
A família pode ser missionária quando o clima de oração e de participação na Igreja abre os corações de todos para as necessidades da Paróquia, ou quando os filhos aprendem a compartilhar os bens em benefício do esforço evangelizador da Igreja. Quando encontro crianças que saem de seus lugares na missa dominical para participarem com suas moedinhas da coleta das missões, programada para todas as celebrações do mundo inteiro, descubro a generosidade em ato, na educação para a partilha.
A Família, então, será ainda missionária quando o clima de vida cristã propiciar o surgimento de vocações para o serviço da Igreja. Por isso, pedimos que São Luís e Santa Zélia Martin rezem por nós!