Concluíram-se os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Família. Importante
momento deste final de Sínodo foi a intervenção do Papa Francisco com
uma mensagem em que realçou a importância de defender o homem e não as
ideias, defender o espírito e não a letra da doutrina.
Após os vários agradecimentos a todos os que contribuíram para um
percurso sinodal de intenso ritmo de trabalho o Papa Francisco disse
ter-se interrogado sobre o que “há-de significar, para a Igreja,
encerrar este Sínodo dedicado à família?”
Muitas as respostas encontradas pelo Santo Padre para completar o
significado do Sínodo: a importância do matrimónio, escutar as vozes das
famílias e dos pastores, olhar e ler a realidade, testemunhar o
Evangelho como fonte viva de novidade eterna, afirmar a Igreja como
sendo dos pobres e dos pecadores e abrir horizontes para difundir a
liberdade dos Filhos de Deus.
Em particular, o Papa Francisco considerou que a experiência do
Sínodo fez compreender melhor que defender a doutrina é defender o seu
espírito e o homem em vez de ideias:
“A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os
verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o
espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade
do amor de Deus e do seu perdão.”
Francisco recordou Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI e no final do
seu intenso discurso afirmou que “para a Igreja, encerrar o Sínodo
significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte
do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do
Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!”
Uma análise, em acróstico, da palavra «família» ajuda-nos a resumir
a missão da Igreja na sua tarefa de: Formar as novas gerações para
viverem seriamente o amor, não como pretensão individualista baseada
apenas no prazer e no «usa e joga fora», mas para acreditarem novamente
no amor autêntico, fecundo e perpétuo, como o único caminho para sair de
si mesmo, para se abrir ao outro, para sair da solidão, para viver a
vontade de Deus, para se realizar plenamente, para compreender que o
matrimónio é o «espaço onde se manifesta o amor divino, para defender a
sacralidade da vida, de toda a vida, para defender a unidade e a
indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da
capacidade que o homem tem de amar seriamente» (Homilia na Missa de
Abertura do Sínodo, 4 de Outubro de 2015) e para valorizar os cursos
pré-matrimoniais como oportunidade de aprofundar o sentido cristão do
sacramento do Matrimónio; Aviar-se ao encontro dos outros, porque uma
Igreja fechada em si mesma é uma Igreja morta; uma Igreja que não sai do
seu aprisco para procurar, acolher e conduzir todos a Cristo é uma
Igreja que atraiçoa a sua missão e vocação; Manifestar e estender a
misericórdia de Deus às famílias necessitadas, às pessoas abandonadas,
aos idosos negligenciados, aos filhos feridos pela separação dos pais,
às famílias pobres que lutam para sobreviver, aos pecadores que batem às
nossas portas e àqueles que se mantêm longe, aos deficientes e a todos
aqueles que se sentem feridos na alma e no corpo e aos casais
dilacerados pela dor, a doença, a morte ou a perseguição; Iluminar as
consciências, frequentemente rodeadas por dinâmicas nocivas e subtis que
procuram até pôr-se no lugar de Deus criador: tais dinâmicas devem ser
desmascaradas e combatidas no pleno respeito pela dignidade de cada
pessoa; ganhar e reconstruir com humildade a confiança na Igreja,
seriamente diminuída por causa da conduta e dos pecados dos seus
próprios filhos; infelizmente, o contra testemunho e os escândalos
cometidos dentro da Igreja por alguns clérigos afectaram a sua
credibilidade e obscureceram o fulgor da sua mensagem salvífica; Labutar
intensamente por apoiar e incentivar as famílias sãs, as famílias
fiéis, as famílias numerosas que continuam, não obstante as suas fadigas
diárias, a dar um grande testemunho de fidelidade aos ensinamentos da
Igreja e aos mandamentos do Senhor; Idear uma pastoral familiar
renovada, que esteja baseada no Evangelho e respeite as diferenças
culturais; uma pastoral capaz de transmitir a Boa Nova com linguagem
atraente e jubilosa e tirar do coração dos jovens o medo de assumir
compromissos definitivos; uma pastoral que preste uma atenção particular
aos filhos que são as verdadeiras vítimas das lacerações familiares;
uma pastoral inovadora que implemente uma preparação adequada para o
sacramento do Matrimónio e ponha termo a costumes vigentes que muitas
vezes se preocupam mais com a aparência duma formalidade do que com a
educação para um compromisso que dure a vida inteira; Amar
incondicionalmente todas as famílias e, de modo particular, aquelas que
atravessam um período de dificuldade: nenhuma família deve sentir-se
sozinha ou excluída do amor e do abraço da Igreja; o verdadeiro
escândalo é o medo de amar e de manifestar concretamente este amor.
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