“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, com as
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE) – 2015-2019, prossegue a
sua história de promoção da pastoral orgânica de conjunto no Brasil.
Desde o Plano de Emergência (1962), no clima do Concílio Ecumênico
Vaticano II, os Bispos têm tomado decisões colegiais a respeito da
evangelização em suas Igrejas particulares, apresentando-as sob a forma
de Planos e de Diretrizes. Na sua Assembleia Ordinária de 2014, a CNBB
decidiu dar continuidade às DGAE 2011-2015, atualizando-as à luz da
Exortação apostólica Evangelii Gaudium, sobre o anúncio do
Evangelho no mundo atual. A continuidade foi motivada pela necessidade
de dar prosseguimento ao processo de aplicação do Documento de
Aparecida, que é a principal referência das Diretrizes 2011-2015. O
renovado empenho missionário que a Conferência de Aparecida nos pede e o
amplo processo de “conversão pastoral” que ela propõe, estão em pleno
curso. Além disso, a revisão das DGAE à luz da Evangelii Gaudium mostrou-se
igualmente necessária. O Papa Francisco apresentou a sua Exortação
indicando caminhos para o percurso da a Igreja nos próximos anos1 e
convocou toda a Igreja a “avançar no caminho da conversão pastoral e
missionária”, a “não deixar as coisas como estão” e a se “constituir em
estado permanente de missão”.2 A recepção da Evangelii Gaudium pela
Igreja no Brasil reforça e aprofunda as grandes opções da Conferência
de Aparecida assumidas pela CNBB, em suas diretrizes para ação
evangelizadora. A celebração do quinquagésimo aniversário da conclusão
do Concílio Vaticano II (08.12.1965) e o Ano Santo Extraordinário da
Misericórdia (08.12.2015 a 20.11.2016) nos convidam a prosseguir no
caminho da renovação pastoral, no contexto de uma nova evangelização,
com novo ardor missionário e criatividade pastoral.
Com renovada consciência de que a evangelização continuamente parte
da contemplação de Jesus Cristo presente em sua Igreja e se desenvolve
em diálogo com os contextos em que se realiza, estas Diretrizes são
oferecidas a todas as Igrejas particulares do Brasil e demais organismos
eclesiais. Que elas possam contribuir para que a “alegria do Evangelho”
renove profundamente nossas comunidades e anime continuamente nosso
entusiasmo missionário.” (DGAEIB 2015-2019, 1-3)
Com esta apresentação inicial extraida das mesmas Diretrizes Gerais
da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas na Assembleia
Geral dos Bispos do Brasil (CNBB) para os anos 2015 a 2019, realizada em
Aparecida, junto ao Santuário de Nossa Senhora, nos dias 15 a 24 de
abril passados.
Destacamos o grande empenho que a Igreja Católica no Brasil tem se
lançado à saída missionária e renovadora da Igreja em sua missão no
mundo, como tanto estimulada pelo Papa Francisco em continuidade e novo
ardor dos papas imediatamente anteriores.
Assim, de modo muito direto as Diretrizes, como são chamadas com
simplicidade no ambiente da Igreja, nos levam a retomar elementos
fundamentais para a vida e a missão da Igreja em nosso tempo em nosso
país.
“Partir de Jesus Cristo” – é o título do primeiro
capítulo, que nos faz voltar ao fundamento único e insubstituível de
toda a vida cristã. É Jesus a pedra fundamental sobre a qual tudo se
constroi e não há outra. Isto é já sabido. O que se destaca é a
necessidade de uma experiência pessoal e fundante de encontro com o
Senhor em Jesus. Este é o ponto de partida da fé e da vida cristã e se
manterá sempre como o alicerce e o motivo de toda a ação missionária e
evangelizadora da Igreja.
“Marcas de nosso tempo” – chamam a atenção para uma
“leitura dos sinais dos tempos”, como já lembrava o Papa São João XXIII
na abertura do Concílio Vaticano II, há 50 anos. Somos chamados a olhar,
com olhos de discípulos de Cristo, o mundo em que vivemos com suas
luzes e sombras, seu modo de viver, seus clamores, mesmo inconscientes,
pela Verdade e pela Vida, sem conhecer o Caminho que é Jesus. Diante
destas marcar do tempo nosso em que vivemos, de suas perguntas e
desafios, dar a resposta alegre do Evangelho, como bem o chama a
realizar o Santo Padre Francisco.
“Urgências na ação evangelizadora” – se apresentam
para fidelidade ao Evangelho – Boa Nova em Jesus para toda a humanidade –
e fidelidade à Humanidade amada por Deus e ao nosso mundo que, mesmo em
dores de parto, anseia pela salvação. Estas urgências se iniciam no
interior mesmo da Comunidade Eclesial que precisa de maior autenticidade
e fidelidade na resposta à graça recebida do Senhor e da qual é
portadora para todo o mundo. Assim continuam urgindo na vida da Igreja: a
saída em missão permanente, vida iniciada e crescente no seguimento de
Jesus, fundamentada na vivência, anúncio da Palavra de Deus, testemunho
de verdadeira comunhão e unidade para que o mundo creia, em serviço pela
vida plena de todos em Cristo. São as 5 urgências da ação
evangelizadora, não como opções estanques em si, mas como uma única
realidade com 5 facetas que se completam e explicam mutuamente.
“Perspectivas de ação” – Surgem como maneira
concreta de promover uma nova e incidente ação evangelizadora na direção
das mesmas 5 urgências. A meta será que: “EVANGELIZAR, a partir
de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo, como Igreja discípula,
missionária, profética e misericordiosa, alimentada pela Palavra de Deus
e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres,
para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo.” (Objetivo Geral)
Assim se conclui o texto das Diretrizes: “Planejar a pastoral não é
um processo meramente técnico. É uma ação carregada de sentido
espiritual. Por isto, todo processo precisa ser rezado, celebrado e
transformado em louvor a Deus. Para tanto, são necessários
evangelizadores “que se abrem sem medo à ação do Espírito Santo”, “que
anunciem a Boa-Nova com uma vida transfigurada pela presença de Deus e
que rezam e trabalham”.208 Confiamos à Mãe Aparecida o
generoso esforço que será feito para a aplicação destas Diretrizes, como
também os frutos que delas são esperados. Elas nos oferecem uma valiosa
“chave de leitura para a missão da Igreja”209 no Brasil. Na
fragilidade dos meios que dispomos, a presença atuante do Espírito Santo
nos anima na missão evangelizadora, tornando possível a comunhão,
fazendo crescer a fé e multiplicando os frutos de sua graça. A
proximidade do terceiro centenário do encontro da imagem de Nossa
Senhora Aparecida, nos convida a “não desaprender” nem esquecer a sua
lição e mensagem: “As redes da Igreja são frágeis, talvez
remendadas; a barca da Igreja não tem a força dos grandes
transatlânticos que cruzam os oceanos. E, no entanto, Deus quer se
manifestar justamente através de nossos meios, meios pobres, porque é
sempre Ele quem está agindo”.210 Nele nós confiamos! “Pela sua palavra” (Lc 5,5), lançaremos as redes!”
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo de Fortaleza