Realizada dia 31.06.2016, reunião Pastoral Familiar da Paróquia São Francisco de Assis no Canidezinho - Região Bom Jesus dos Aflitos. Participaram 24 agentes e o Casal Assessor da região Sampaio e Teresinha.
quinta-feira, 31 de março de 2016
quarta-feira, 30 de março de 2016
5o. encontro de implantação - Paróquia Mãe Santíssima - Parque Dois Irmãos - Região N. S. Conceição.
Realizado dia 30.03.2016, 5o. encontro de implantação na Paróquia Mãe Santíssima no Parque Dois Irmãos da Região Nossa Senhora da Conceição. Representando a Comissão Arquidiocesana os agentes Rocha e Sílvia e Cláudio e Raquel.
"Seja promotor da paz nos ambientes onde vive".
Caríssimos
irmãos padres, diáconos, religiosos e religiosas, líderes das diversas
pastorais, irmãos e irmãs na fé em Jesus Cristo,
Escrevo para recordar que o Ressuscitado
vive entre nós. Sua presença, quando reconhecida e acolhida na fé, traz
até nós sua força divina que vence o mal e a morte. Ele é Luz que
ilumina a inteligência, ele é Sabedoria que orienta o coração. Sua
presença faz uma grande diferença na maneira de conviver, de tratar uns
aos outros, de viver os afetos, as responsabilidades, a busca do bem e
da paz.
Convido a olhar para o Papa Francisco e
ao seu apelo para acolher a misericórdia de Deus que inaugura um novo
começo na vida das pessoas e a viver atitudes de semelhante misericórdia
com as pessoas para renovar a paz nos ambientes onde vivemos. O Papa
emerge no cenário deste mundo como um gigante movido por Jesus e sinal
de Sua misericórdia que reacende esperanças e abre horizontes de
reconciliação e de vida fraterna. Recordamos as visitas a Cuba, México,
Estados Unidos, ONU.
Diante do momento delicado que vivemos
por causa do desemprego que aumenta, do impeachment em andamento, da
Lava Jato, das manifestações de rua, do clima de tensão, a ressurreição
de Jesus Cristo, o Magistério do Papa Francisco e a vida das comunidades
constituem para nós pontos de referência, oferecem luzes para
compreender e sabedoria para agir.
Por isso, convido-os a rezar pelo povo
brasileiro e pelas autoridades públicas para que as situações de crise
sejam enfrentadas com equilíbrio, em clima de paz, no respeito à
constituição, buscando acima de tudo o bem comum, fazendo tudo para que o
momento presente seja ocasião de fortalecimento do Estado de direito,
das instituições da República e das liberdades democráticas,
conquistadas com o sacrifício de muitos nas décadas passadas.
A crise econômica, que desemprega
milhões de trabalhadores e empobrece amplas camadas da população não
pode continuar, deve ser encaminhada para soluções adequadas à retomada
do crescimento. Recomendo gestos concretos de caridade fraterna para com
quem perdeu o emprego e quem mais sofre.
Esperamos que a crise ética motive
formas modernas de transparência nos procedimentos da gestão pública e
no uso dos recursos. Mas é necessária também uma ampla e sistemática
retomada de formação humana para que toda a população, e especialmente
os mais jovens, assumam o compromisso de respeitar pontos de referência
essenciais para o comportamento na convivência social, como os dez
mandamentos. Não bastam leis escritas e relativas sanções, é necessário
formar convicções enraizadas no coração das pessoas que orientem a
conduta de cada cidadão para o bem e para a paz. Para isso, é oportuno
retomar o ensino religioso nas escolas, conforme definido no acordo
entre o Brasil e a Santa Sé.
A crise política exige dos diversos
atores (membros do governo, partidos, grupos das redes sociais, mídia e
outros grupos) a grandeza de pensar e propor o que corresponde ao bem do
país. Por isso, é necessário deixar de lado a defesa de interesses
menores, de pessoas ou de grupos. Usar a linguagem dos campos de batalha
não é sinal de amor à democracia. É melhor usar uma linguagem que
favoreça o entendimento e o diálogo, evitando ofender os adversários e
acirrar os ânimos. O momento exige muita responsabilidade por parte de
cada um, não somente nos lugares onde se tomam decisões importantes, mas
em todos os ambientes onde grupos, grandes ou pequenos, discutem essas
questões.
Por fim, meus caríssimos irmãos e irmãs
muito amados, escrevo para convidá-los a contar com Jesus ressuscitado.
Sua presença é um fator real dentro da realidade que nos envolve. Levar
em consideração todos os fatores da realidade, inclusive Sua potência
divina que vence o mal e a morte é sinal de abertura da inteligência e
grandeza de ânimo, necessárias para encontrar saídas adequadas.
Peço a cada um que seja promotor da paz
nos ambientes onde vive. As dificuldades são grandes, mas vão terminar, o
momento é delicado, mas podemos vive-lo como motivo para crescer.
Quando os discípulos de Emaús
encontraram Jesus que tinha ressuscitado e o reconheceram, recuperaram a
alegria, se encheram de entusiasmo, reavivaram as razões de sua
esperança e começaram uma vida nova, graças à certeza da vitória sobre o
mal e sobre a morte.
Dom João Carlos Petrini
Bispo de Camaçari (BA) e membro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB
domingo, 27 de março de 2016
Papa Francisco: Mensagem Urbi et Orbi.
O Papa Francisco celebrou a santa missa na manhã deste domingo de
Páscoa, às 10,00 horas de Roma, na Paraça de S. Pedro repeleta de fiéis e
peregrinos provenientes das diversas partes do mundo para assistir a
esta celebração pascal e ouvir a mensagem e receber a bênção Urbi et
Orbi do Santo Padre. A mensagem Urbi et Orbi foi proferida pelo Papa, a
partir da varanda central da Basílica de S. Pedro, no fim da celebração
eucarística, ás 12,00 horas de Roma.
Francisco iniciou por anunciar aos presentes que <<Jesus Cristo,
encarnação da misericórdia de Deus, por amor morreu na cruz e por amor
ressuscitou. Por isso, proclamamos hoje: Jesus é o Senhor! A sua
Ressurreição realizou plenamente a profecia do Salmo: a misericórdia de
Deus é eterna, o seu amor é para sempre, não morre jamais. Podemos
confiar completamente N’Ele, e damos-Lhe graças porque por nós Ele
baixou até ao fundo do abismo>>.
Diante dos abismos espirituais e morais da humanidade, diante dos
vazios que se abrem nos corações e que provocam ódio e morte, prosseguiu
o Papa, sómente uma infinita misericórdia nos pode dar a salvação. Só
Deus pode preencher com o seu amor esses vazios, esses abismos, e
evitar-nos de afundar, permitindo-nos de continuar caminhando juntos em
direção à Terra da liberdade e da vida.
O anúncio jubiloso da Páscoa: Jesus, o crucificado, não está aqui,
ressuscitou (cf. Mt 28,5-6) oferece-nos, por conseguinte, a certeza
consoladora de que o abismo da morte foi vencido e, com isso, foram
derrotados o luto, o pranto e a dor (cf. Ap 21,4). O Senhor, que sofreu o
abandono dos seus discípulos, o peso de uma condenação injusta e a
vergonha de uma morte infame, faz-nos agora compartilhar a sua vida
imortal, e nos oferece o seu olhar de ternura e compaixão para com os
famintos e sedentos, com os estrangeiros e prisioneiros, com os
marginalizados e descartados, com as vítimas de abuso e violência disse o
Santo Padre, recordando que o nosso mundo está cheio de pessoas que
sofrem no corpo e no espírito, um mundo no qual as crônicas diárias
estão repletas de relatos de crimes brutais, que muitas vezes acontecem
dentro das paredes do nosso lar, e de conflitos armados a grande escala
submetendo populações inteiras a provas inimagináveis.
Eis que Cristo ressuscitado indica portanto, ressaltou Francisco,
caminhos de esperança para a querida Síria, um País devastado por um
longo conflito, com o seu cortejo triste de destruição, morte, de
desprezo pelo direito humanitário e desintegração da convivência civil.
<<Confiamos ao poder do Senhor ressuscitado, disse, as
conversações em curso, de modo que, com a boa vontade e a cooperação de
todos, seja possível colher os frutos da paz e dar início à construção
de uma sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de
cada cidadão. A mensagem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra
rolada do sepulcro, vença a dureza dos corações e promova um encontro
fecundo entre povos e culturas nas outras regiões da bacia do
Mediterrâneo e do Oriente Médio, particularmente no Iraque, Iêmen e na
Líbia>>.
A imagem do homem novo, que resplandece no rosto de Cristo, prosseguiu o
Papa, favoreça a convivência entre israelianos e palestinos na Terra
Santa, bem como a disponibilidade paciente e o esforço diário para
trabalhar no sentido de construir as bases de uma paz justa e duradoura
através de uma negociação direta e sincera. O Senhor da vida acompanhe
também os esforços para alcançar uma solução definitiva para a guerra na
Ucrânia, inspirando e apoiando igualmente as iniciativas de ajuda
humanitária, entre as quais a libertação de pessoas detidas.
O Senhor Jesus, nossa paz (Ef 2,14), que ressuscitando derrotou o mal e
o pecado, possa favorecer, nesta festa da Páscoa, a nossa proximidade
com as vítimas do terrorismo, forma de violência cega e brutal que
continua a derramar sangue inocente em diversas partes do mundo, como
aconteceu nos ataques recentes na Bélgica, Turquia, Nigéria, Chade,
Camarões e Costa do Marfim; Possam frutificar os fermentos de esperança e
as perspectivas de paz na África; penso, acrescentou Francisco, de modo
particular ao Burundi, Moçambique, República Democrática do Congo e o
Sudão do Sul, marcados por tensões políticas e sociais.
E Francisco recordou que com as armas do amor, Deus derrotou o egoísmo e
a morte; seu Filho Jesus é a porta da misericórdia aberta de par em par
para todos. E fez votos para que a sua mensagem pascal possa
resplandecer cada vez mais sobre o povo venezuelano nas difíceis
condições em que vive e sobre aqueles que detêm em suas mãos os destinos
do País, para que se possa trabalhar em vista do bem comum, buscando
espaços de diálogo e colaboração entre todos. Que por todos os lados
possam ser tomadas medidas para promover a cultura do encontro, a
justiça e o respeito mútuo, únicos elementos capazes de poder garantir o
bem-estar espiritual e material dos cidadãos.
Mas também, o Cristo ressuscitado, anúncio de vida para toda a
humanidade, ressoa através dos séculos e nos convida não esquecer dos
homens e das mulheres em busca de um futuro melhor, grupos cada vez mais
númerosos de migrantes e refugiados – entre os quais muitas crianças -
que fogem da guerra, da fome, da pobreza e da injustiça social. Esses
nossos irmãos e irmãs, disse o Santo Padre, que nos seus caminhos
encontram com demasiada frequência a morte ou a recusa dos que poderiam
oferecer-lhes hospitalidade e ajuda. E Francisco fez votos para que a
próxima Cimeira Mundial sobre a Ajuda Humanitária não deixe de colocar
no centro a pessoa humana com a sua dignidade e possa desenvolver
políticas capazes de ajudar e proteger as vítimas de conflitos e de
outras situações de emergência, especialmente os mais vulneráveis e os
que sofrem perseguição por motivos étnicos e religiosos.
Neste dia glorioso, o pensamento do Santo Padre se estende também ao
sofrimento da nossa Mãe Terra “ainda assim tão abusada e vilipendiada
mediante uma exploração ávida pelo lucro, que altera o equilíbrio da
natureza causando efeitos das mudanças climáticas, que muitas vezes
causam secas ou violentas inundações, resultando em crises alimentares
em diferentes partes do planeta”.
O pensamento de Francisco se estende ainda à todos os “nossos irmãos e
irmãs que são perseguidos por causa da sua fé e pela sua lealdade a
Cristo” para lhes dirigir ainda hoje as palavras de Cristo: «Não tenhais
medo! Eu venci o mundo!» (Jo 16,33). Hoje é o dia radiante desta
vitória disse o Papa.
Finalmente, o Santo Padre dirigiu uma palavra de conforto e de
esperança para “todos aqueles, disse, que nas nossas sociedades perderam
toda a esperança e alegria de viver, para os idosos oprimidos que na
solidão sentem esvanecer as forças, para os jovens aos quais parece não
existir o futuro, a todos eu dirijo mais uma vez as palavras do
Ressuscitado: «Eis que faço novas todas as coisas... a quem tiver sede,
eu darei, de graça, da fonte da água vivificante» (Ap 21,5-6). Esta
mensagem consoladora de Jesus, concluiu dizendo Francisco, possa ajudar
cada um de nós a recomeçar com mais coragem, para assim construir
estradas de reconciliação com Deus e com os irmãos. Dessa reconciliação
com Deus e com os irmãos, ressaltou Francisco, temos hoje tanta
necessidade.
No fim, Francisco agradeceu à todos pela presença festosa e a alegria
que souberam trazer neste dia Santo. A todos pediu que continuem a rezar
por Ele.
Vigília Pascal: Papa exorta à esperança cristã, dom de Deus.
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu, na noite deste
Sábado Santo (26/03), na Basílica Vaticana, à celebração Eucarística da
solene Vigília pascal – mãe de todas as vigílias – com o batismo de 12
catecúmenos (8 mulheres e 4 homens) provenientes da Itália, Albânia,
Camarões, Coreia do Sul, Índia e China.
Após a bênção e a preparação do Círio pascal, o Papa proclamou solenemente a “Páscoa do Senhor”, com o canto do Exultet.
A seguir, pronunciou sua homilia, diante dos milhares de fiéis
presentes, partindo da “corrida de Pedro ao sepulcro de Jesus”. E
perguntou:
“Quais os pensamentos que poderiam
passar pela mente e o coração de Pedro durante esta corrida? O Evangelho
nos diz que os Onze, inclusive Pedro, não acreditaram no testemunho das
mulheres, no seu anúncio pascal. Aliás, ‘aquelas palavras pareciam um
delírio’. Por isso, no coração de Pedro, reinava certa dúvida,
acompanhada de muitos pensamentos negativos: a tristeza pela morte do
Mestre amado e a decepção por tê-lo renegado três vezes durante a Paixão.”
Em caminho
Mas, um detalhe assinala a sua
transformação, disse o Pontífice: depois que ouviu as mulheres, sem
acreditar nelas, Pedro “pôs-se a caminho”. Não ficou parado pensando e
nem fechado em casa como os outros; não se deixou levar pela atmosfera
fúnebre daqueles dias e nem pelas dúvidas; não se deixou arrastar pelos
remorsos, pelo medo e pelas maledicências. Pelo contrário, foi procurar
Jesus, preferindo seguir a ideia do “encontro e da confiança”. Assim,
pôs-se a caminho, correu ao sepulcro:
“Este foi o início da ‘ressurreição’
de Pedro, a ressurreição do seu coração. Sem ceder à tristeza nem à
escuridão, deu espaço à voz da esperança: deixou que a luz de Deus
entrasse no seu coração, sem a sufocar”.
Falta de esperança
Por sua vez, as mulheres, que saíram de
manhã cedo para fazer uma obra de misericórdia, ou seja, levar os
perfumes ao sepulcro, viveram a mesma experiência, apesar do seu temor,
mas ficaram aliviadas pelas palavras do anjo: «Porque buscais entre os
mortos Aquele que está vivo?» E o Papa advertiu:
“Também nós, como Pedro e as
mulheres, não podemos encontrar a vida, permanecendo tristes e sem
esperança, fechados em nós mesmos. Abramos ao Senhor os nossos sepulcros
sigilados, para que Jesus possa entrar e dar-nos a vida; Ele quer
dar-nos a sua mão e nos tirar da angústia. Nesta noite, devemos rolar a pedra do nosso sepulcro que é a ‘falta de esperança’. Que
o Senhor nos livre desta terrível armadilha: a de ser cristãos sem
esperança, que vivem como se o Senhor não tivesse ressuscitado”.
Nossos problemas pessoais, afirmou
Francisco, sempre existirão. Nesta noite, devemos iluminá-los com a luz
do Ressuscitado, ou melhor, “evangelizá-los”. Não devemos deixar que a
escuridão e os nossos temores se apoderem do coração, mas escutemos a
palavra do Anjo: o “Senhor não está aqui; ele ressuscitou!”; ele é a
nossa maior alegria e está sempre ao nosso lado, sem nunca nos
decepcionar. E o Santo Padre acrescentou:
Esperança cristã
“Eis o fundamento da esperança, que não é mero otimismo, nem uma atitude psicológica ou um bom convite a ter coragem. A esperança cristã é um dom de Deus; ela não decepciona porque o Espírito Santo foi infundido nos nossos corações.
O Consolador infunde em nós a verdadeira força da vida e a certeza que
somos amados e perdoados por Cristo. Hoje é a festa da nossa esperança!”
O Senhor está vivo e deve ser procurado
entre os vivos, sublinhou o Papa. Depois de o encontrar, somos enviados
por Ele a levar o anúncio da Páscoa, suscitando esperança nos corações
tristes; a anunciar o Ressuscitado com a vida, por meio do amor. Caso
contrário, seremos uma estrutura internacional, com um grande número de
adeptos e boas regras, mas incapazes de transmitir a esperança, da qual
o mundo tem tanta sede. O Pontífice então perguntou: “Como podemos alimentar a nossa esperança?”. E respondeu com uma exortação:
“A Liturgia desta Noite nos dá um
bom conselho: ela nos ensina a recordar as obras de Deus. A Palavra viva
de Deus é capaz de nos envolver na sua história de amor, alimentando a
esperança e reavivando a alegria. Não nos esqueçamos da sua Palavra e
das suas obras para não perdermos a esperança”.
O Santo Padre concluiu sua homilia
convidando os fiéis a fazerem memória do Senhor, da sua bondade e das
suas palavras de vida, a fim de serem sentinelas da manhã, que sabem ler
os sinais da Ressurreição e abrir-se à esperança e ao caminho da luz
com confiança! (MT)
sexta-feira, 25 de março de 2016
Via-Sacra: cruzes que atormentam o mundo na oração do Papa.
Roma
(RV) – Ao final das 14 estações da Via-Sacra no Coliseu de Roma, o Papa
Francisco fez uma oração para denunciar as infinitas cruzes que
atormentam a humanidade hoje.
O Pontífice condenou os
fundamentalismos, o terrorismo, as guerras e os corruptos. Denunciou a
destruição do meio ambiente em detrimento das futuras gerações, os mares
que se tornaram “cemitérios insaciáveis”. O Papa falou também dos
“ministros infiéis” que despojam os inocentes da sua dignidade. E rezou
pelos idosos abandonados, pelas pessoas com deficiência e pelas crianças
desnutridas.
Por outro lado, como sinais de
esperança, Francisco citou religiosas e consagrados – “os bons
samaritanos” – que abandonam tudo para faixar as feridas das pobrezas e
da injustiça. E as pessoas que sonham com um coração de criança e que
trabalham cada dia para tornar o mundo um lugar melhor, mais humano e
mais justo.
“Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que o
amanhecer do sol é mais forte do que a escuridão da noite. Ó Cruz de
Cristo, ensina-nos que a aparente vitória do mal se dissipa diante do
túmulo vazio e perante a certeza da Ressurreição e do amor de Deus que
nada pode derrotar, obscurecer ou enfraquecer”, pediu por fim o Santo
Padre.
***Abaixo, leia a oração do Papa Francisco
Ó Cruz de Cristo!
Ó Cruz de Cristo, símbolo do amor divino e da injustiça humana, ícone
do sacrifício supremo por amor e do egoísmo extremo por insensatez,
instrumento de morte e caminho de ressurreição, sinal da obediência e
emblema da traição, patíbulo da perseguição e estandarte da vitória.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos erguida nas nossas irmãs e nos
nossos irmãos assassinados, queimados vivos, degolados e decapitados com
as espadas barbáricas e com o silêncio velhaco.
O Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos rostos exaustos e
assustados das crianças, das mulheres e das pessoas que fogem das
guerras e das violências e, muitas vezes, não encontram senão a morte e
muitos Pilatos com as mãos lavadas.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos doutores da letra e não do
espírito, da morte e não da vida, que, em vez de ensinar a misericórdia e
a vida, ameaçam com a punição e a morte e condenam o justo.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos ministros infiéis que, em
vez de se despojarem das suas vãs ambições, despojam mesmo os inocentes
da sua dignidade.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos corações empedernidos
daqueles que julgam comodamente os outros, corações prontos a
condená-los até mesmo à lapidação, sem nunca se darem conta dos seus
pecados e culpas.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos fundamentalismos e no
terrorismo dos seguidores de alguma religião que profanam o nome de Deus
e o utilizam para justificar as suas inauditas violências.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje naqueles que querem tirar-te
dos lugares públicos e excluir-te da vida pública, em nome de certo
paganismo laicista ou mesmo em nome da igualdade que tu própria nos
ensinaste.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos poderosos e nos vendedores
de armas que alimentam a fornalha das guerras com o sangue inocente dos
irmãos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos traidores que, por trinta dinheiros, entregam à morte qualquer um.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos ladrões e corruptos que, em
vez de salvaguardar o bem comum e a ética, vendem-se no miserável
mercado da imoralidade.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos insensatos que constroem
depósitos para armazenar tesouros que perecem, deixando Lázaro morrer de
fome às suas portas.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos destruidores da nossa «casa
comum» que, egoisticamente, arruínam o futuro das próximas gerações.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos idosos abandonados pelos
seus familiares, nas pessoas com deficiência e nas crianças desnutridas e
descartadas pela nossa sociedade egoísta e hipócrita.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje no nosso Mediterrâneo e no Mar
Egeu feitos um cemitério insaciável, imagem da nossa consciência
insensível e narcotizada.
Ó Cruz de Cristo, imagem do amor sem fim e caminho da Ressurreição,
vemos-te ainda hoje nas pessoas boas e justas que fazem o bem sem
procurar aplausos nem a admiração dos outros.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos ministros fiéis e humildes
que iluminam a escuridão da nossa vida como velas que se consumam
gratuitamente para iluminar a vida dos últimos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos rostos das religiosas e dos
consagrados – os bons samaritanos – que abandonam tudo para faixar, no
silêncio evangélico, as feridas das pobrezas e da injustiça.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos misericordiosos que
encontram na misericórdia a expressão mais alta da justiça e da fé.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nas pessoas simples que vivem
jubilosamente a sua fé no dia-a-dia e na filial observância dos
mandamentos.
O Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos arrependidos que, a partir
das profundezas da miséria dos seus pecados, sabem gritar: Senhor, lembra-te de mim no teu reino!
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos Beatos e nos Santos que
sabem atravessar a noite escura da fé sem perder a confiança em ti e sem
a pretensão de compreender o teu silêncio misterioso.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nas famílias que vivem com fidelidade e fecundidade a sua vocação matrimonial.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos voluntários que generosamente socorrem os necessitados e os feridos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos perseguidos pela sua fé
que, no sofrimento, continuam a dar testemunho autêntico de Jesus e do
Evangelho.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos que sonham com um coração
de criança e que trabalham cada dia para tornar o mundo um lugar melhor,
mais humana e mais justo.
Em ti, Santa Cruz, vemos Deus que ama até ao fim, e vemos o ódio que
domina e cega os corações e as mentes daqueles que preferem as trevas à
luz.
Ó Cruz de Cristo, Arca de Noé que salvou a humanidade do dilúvio do
pecado, salva-nos do mal e do maligno! Ó Trono de David e selo da
Aliança divina e eterna, desperta-nos das seduções da vaidade! Ó grito
de amor, suscita em nós o desejo de Deus, do bem e da luz.
Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que o amanhecer do sol é mais forte do
que a escuridão da noite. Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que a aparente
vitória do mal se dissipa diante do túmulo vazio e perante a certeza da
Ressurreição e do amor de Deus que nada pode derrotar, obscurecer ou
enfraquecer. Amém!
Paixão do Senhor: homilia do Pregador da Casa Pontifícia.
"DEIXAI-VOS RECONCILIAR COM DEUS"
"Deus nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação [...] Suplicamo-vos em nome de Cristo: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não tinha conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornássemos justiça de Deus. Posto que somos seus colaboradores, exortamo-vos a não negligenciar a graça de Deus. Ele, com efeito, diz: ‘No tempo favorável te ouvi e no dia da salvação te socorri’. Eis agora o tempo favorável; eis agora o dia da salvação!” (2 Cor 5, 18; 6,2).
Estas são palavras de São Paulo na
Segunda Carta aos Coríntios. O apelo do apóstolo a reconciliar-se com
Deus não se refere à reconciliação histórica entre Deus e a humanidade
(esta, ele acaba de dizer, já se realizou através de Cristo na cruz);
tampouco se refere à reconciliação sacramental que acontece no batismo e
no sacramento da reconciliação; refere-se a uma reconciliação
existencial e pessoal, a ser vivida no presente. O apelo é
dirigido aos cristãos de Corinto que são batizados e vivem há tempo na
Igreja; é dirigido, por isso, também a nós, aqui e agora. “O tempo
favorável, o dia da salvação” é, para nós, o ano da misericórdia que
estamos vivendo.
Mas o que significa, em sentido
existencial e psicológico, reconciliar-se com Deus? Uma das razões,
talvez a principal, da alienação do homem moderno da religião e da fé é a
imagem distorcida que ele tem de Deus. Qual é, de fato, a imagem
"predefinida" de Deus no inconsciente humano coletivo? Para descobrir,
basta fazer-se esta pergunta: "Que associação de ideias, que sentimentos
e reações surgem em mim, antes de qualquer reflexão, quando, na oração
do pai-nosso, chego às palavras ‘seja feita a vossa vontade’"?
Quem as diz é como se inclinasse
interiormente a cabeça em resignação, preparando-se para o pior.
Inconscientemente, vincula-se a vontade de Deus com tudo o que é
desagradável, doloroso, com aquilo que, de uma forma ou de outra, pode
ser visto como mutilação da liberdade e do desenvolvimento individual. É
um pouco como se Deus fosse o inimigo de toda festa, alegria, prazer.
Um Deus ranzinza e inquisidor.
Deus é visto como o Ser Supremo, o
Onipotente, o Senhor do tempo e da história, isto é, como uma entidade
que, de fora, se impõe ao indivíduo; nenhum particular da vida humana
lhe escapa. A transgressão da Sua lei introduz inexoravelmente uma
desordem que exige uma reparação adequada, que o homem sabe ser incapaz
de lhe dar. Daí o medo e, às vezes, um surdo rancor contra Deus. É um
resquício da ideia pagã de Deus, nunca erradicada de todo, e talvez
inerradicável, do coração humano. É nela que se baseia a tragédia grega;
Deus é aquele que intervém, através da punição divina, para restaurar a
ordem perturbada pelo mal.
É claro que nunca foi ignorada, no
cristianismo, a misericórdia de Deus! Mas a ela foi confiada apenas a
incumbência de moderar os rigores irrenunciáveis da justiça. A
misericórdia era o expoente, não a base; a exceção, não a regra. O ano
da misericórdia é a oportunidade de ouro para trazer de volta à luz a
verdadeira imagem do Deus bíblico, que não somente tem misericórdia, mas
é misericórdia.
Esta afirmação ousada se baseia no fato de que "Deus é amor" (1 Jo
4, 8.16). Só na Trindade Deus é amor sem ser misericórdia. Que o Pai
ame o Filho não é graça ou concessão; é necessidade: Ele precisa amar
para existir como Pai. Que o Filho ame o Pai não é misericórdia ou
graça; é necessidade, mesmo que liberíssima: Ele precisa ser amado e amar para ser Filho. O mesmo deve ser dito do Espírito Santo, que é o amor feito pessoa.
É quando cria o mundo e, nele, as
criaturas livres que o amor de Deus deixa de ser natureza e se torna
graça. Este amor é uma livre concessão: poderia não existir; é hesed, graça e misericórdia. O
pecado do homem não muda a natureza deste amor, mas provoca nele um
salto de qualidade: da misericórdia como dom se passa à misericórdia
como perdão. Do amor de simples doação se passa para um amor de
sofrimento, porque Deus sofre diante da rejeição ao seu amor. "Eu nutri
e criei filhos, diz o Senhor, mas eles se rebelaram contra mim" (Is 1,
2). Perguntemos aos muitos pais e mães que tiveram essa experiência se
isto não é sofrimento, e dos mais amargos da vida.
* * *
E o que é da justiça de Deus? É
esquecida ou desvalorizada? A esta pergunta quem respondeu de uma vez
por todas foi São Paulo. Ele começa a sua exposição, na Carta aos
Romanos, com uma notícia: "Manifestou-se a justiça de Deus" (Rm 3, 21). Nós nos perguntamos: qual justiça? Aquela que dá "unicuique suum",
a cada um o que é seu, distribuindo prêmios e castigos de acordo com o
mérito? Haverá, é verdade, um tempo em que se manifestará também essa
justiça de Deus, que consiste em dar a cada um segundo os seus méritos.
Deus, de fato, como escreveu pouco antes o Apóstolo,
"retribuirá a cada um segundo as suas
obras: a vida eterna aos que, perseverando nas obras de bem, procuram
glória, honra e incorruptibilidade; ira e indignação contra aqueles que,
por rebelião, desobedecem à verdade e obedecem à injustiça" (Rom 2,
6-8).
Mas não é desta justiça que fala o
Apóstolo quando escreve que "se manifestou a justiça de Deus". O
primeiro é um evento futuro; este, um evento em ato, que acontece
"agora". Se assim não fosse, a afirmação de Paulo seria absurda, negada
pelos fatos. Do ponto de vista da justiça retributiva, nada mudou no
mundo com a vinda de Cristo. Continuam, disse Bossuet,
a ver-se muitas vezes no trono os culpados e no patíbulo os
inocentes[1]; mas para que não se creia que há no mundo alguma justiça e
ordem fixa, ainda que invertida, eis que às vezes se vê o contrário, ou
seja, o inocente no trono e o culpado no cadafalso. Não é nisto,
portanto, que consiste a novidade trazida por Cristo. Ouçamos o que diz o
Apóstolo:
"Todos pecaram e foram
privados da glória de Deus, mas são justificados gratuitamente pela sua
graça, em virtude da redenção realizada por Cristo Jesus. Deus o
estabeleceu como instrumento de expiação por meio da fé, no seu sangue, a
fim de manifestar a sua justiça, depois da tolerância usada para com os
pecados passados no tempo da divina paciência. Ele manifesta a sua
justiça no tempo presente, para ser justo e justificar quem tem fé em
Jesus" (Rm 3, 23-26).
Deus faz justiça a si mesmo ao ter
misericórdia! Eis a grande revelação. O Apóstolo diz que Deus é "justo e
justificador": justo consigo mesmo quando justifica o homem; Ele, de
fato, é amor e misericórdia; por isso faz justiça a si mesmo –
demonstrando-se verdadeiramente como o que é – quando tem misericórdia.
Mas nada disto se entende quando não
se compreende o que quer dizer, exatamente, a expressão "justiça de
Deus". Existe o perigo de se ouvir falar de justiça de Deus e, ignorando
o seu significado, ficar-se com medo em vez de encorajado. Santo
Agostinho já tinha deixado claro: "A 'justiça de Deus' é aquela pela
qual, por sua graça, nós nos tornamos justos, assim como a salvação do
Senhor (Sl 3,9) é aquela pela qual Deus nos salva"[2]. Em outras
palavras, a justiça de Deus é o ato pelo qual Deus faz justos,
agradáveis a Si, aqueles que creem no Seu Filho. Não é um fazer-se
justiça, mas um fazer justos.
Lutero teve o mérito de trazer de
volta à luz esta verdade depois que, durante séculos, pelo menos na
pregação cristã, o seu sentido tinha se perdido, e é isto,
principalmente, que a Cristandade deve à Reforma, cujo quinto centenário
ocorre no próximo ano. “Quando descobri isto, eu me senti renascer, e
pareceu-me que se escancaravam para mim as portas do paraíso”[3],
escreveu mais tarde o reformador. Mas não foram nem Agostinho nem Lutero
os que assim explicaram o conceito de "justiça de Deus"; foi a
Escritura que o fez antes deles:
"Quando se manifestaram a bondade de
Deus e o seu amor pelos homens, Ele nos salvou, não por causa de obras
de justiça por nós praticadas, mas por causa da sua misericórdia" (Tt 3,
4-5). "Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou,
fez-nos, de mortos que estávamos pelo pecado, reviver com Cristo. Pela
graça fostes salvos" (cf. Ef 2, 4).
Dizer que "se manifestou a justiça de
Deus", portanto, é como dizer que se manifestou a bondade de Deus, o
seu amor, a sua misericórdia. A justiça de Deus não só não contradiz a
sua misericórdia como consiste precisamente nela!
* * *
O que aconteceu na cruz de tão
importante a ponto de justificar esta mudança radical nos destinos da
humanidade? Em seu livro sobre Jesus de Nazaré, Bento XVI escreveu:
"A injustiça, o mal como realidade,
não pode ser simplesmente ignorada, deixada acontecer. Deve ser
eliminada, derrotada. Esta é a verdadeira misericórdia. E que o faça
Deus mesmo, já que os homens não são capazes – esta é a bondade
incondicional de Deus"[4].
Deus não se contentou em perdoar os
pecados do homem; Ele fez infinitamente mais: Ele os tomou sobre si
mesmo. O Filho de Deus, diz São Paulo, "se fez pecado por nós". Palavra
terrível! Já na Idade Média havia quem achasse difícil acreditar que
Deus exigira a morte do Filho para reconciliar consigo o mundo. São
Bernardo lhe respondia: "Não foi a morte do Filho que aprouve a Deus,
mas a sua vontade de morrer espontaneamente por nós": "non mors placuit
sed voluntas sponte morientis"[5]. Não foi a morte, portanto,
mas o amor que nos salvou! O amor de Deus alcançou o homem no ponto mais
distante a que ele tinha se expulsado ao fugir de Deus, ou seja, a
morte.
A morte de Cristo devia ser para
todos a prova suprema da misericórdia de Deus para com os pecadores. É
por isso que ela não tem sequer a majestade de certa solidão, mas é
enquadrada, antes, entre dois ladrões. Jesus quis ser amigo dos
pecadores até o fim: por isso morreu como eles e com eles. O ódio e a
ferocidade dos ataques terroristas desta semana em Bruxelas nos ajudam a
entender a força divina contida nas últimas palavras de Cristo: "Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lc 23, 34). Não importa quão
grande o ódio dos homens, o amor de Deus tem sido, e será, cada vez
maior. Para nós, é dirigida, nas atuais circunstancias, a
exortação do Apóstolo Paulo: "Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o
mal com o bem" (Rm 12, 21).
* * *
É hora de perceber que o oposto da misericórdia não é a justiça, mas a vingança. Jesus não opôs a misericórdia à justiça, mas à lei de talião: "olho por olho, dente por dente". Perdoando os pecados, Deus não renuncia à justiça, mas à vingança; Ele não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23). Jesus Cristo, na cruz, não pediu ao Pai que vingasse a sua causa; pediu-lhe que perdoasse os seus algozes.
É hora de perceber que o oposto da misericórdia não é a justiça, mas a vingança. Jesus não opôs a misericórdia à justiça, mas à lei de talião: "olho por olho, dente por dente". Perdoando os pecados, Deus não renuncia à justiça, mas à vingança; Ele não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23). Jesus Cristo, na cruz, não pediu ao Pai que vingasse a sua causa; pediu-lhe que perdoasse os seus algozes.
Temos que desmitificar a vingança! Ela
se tornou um mito penetrante, que contamina tudo e todos, começando
pelas crianças. Grande parte das histórias levadas às tela e aos jogos
eletrônicos são histórias de vingança. Metade, se não mais, do
sofrimento que há no mundo (quando não se trata de males naturais) vem
do desejo de vingança, seja nas relações entre as pessoas, seja nas
relações entre países e povos.
Foi dito que "o mundo será salvo pela
beleza"[6]; mas a beleza também pode levar à ruína. Há somente uma
coisa que realmente pode salvar o mundo: a misericórdia! A
misericórdia de Deus pelos homens e dos homens entre si. Ela pode
salvar, em particular, a coisa mais preciosa e mais frágil que há no
mundo neste momento: o matrimônio e a família.
Acontece no matrimônio algo
semelhante ao que aconteceu na relação entre Deus e a humanidade, que a
Bíblia descreve, precisamente, com a imagem de um casamento. No início
de tudo, dizíamos, está o amor, não a misericórdia. A misericórdia só
intervém depois do pecado do homem. Também no casamento, no início não
há misericórdia, mas amor. As pessoas não se casam por misericórdia, mas
por amor. Depois de anos, ou meses, de vida em comum, revelam-se os
limites pessoais, os problemas de saúde, do dinheiro, dos filhos;
intervém a rotina, que apaga toda alegria.
O que pode salvar um casamento de
escorregar para um poço sem fundo, senão o divórcio, é a misericórdia,
entendida no sentido completo da Bíblia, ou seja, não apenas como perdão
recíproco, mas como um "revestir-se de sentimentos de ternura, de
bondade, de humildade, de mansidão e de magnanimidade" (Col
3, 12). A misericórdia faz com que ao eros se junte o ágape; ao amor de
busca, o de doação e de compaixão. Deus "se apieda" do homem (Sl
102, 13): não deveriam marido e mulher se apiedar um do outro? E não
deveríamos, nós que vivemos em comunidade, apiedar-nos uns dos outros em
vez de nos julgarmos?
Oremos. Pai Celestial, pelos méritos
do teu Filho, que, na cruz, "se fez pecado" por nós, afasta do coração
das pessoas, das famílias e dos povos o desejo de vingança e faz-nos
enamorar da misericórdia. Faz que a intenção do Santo Padre ao proclamar
este ano santo da misericórdia encontre resposta concreta em nosso
coração e leve todos a experimentarem a alegria da reconciliação
contigo. Assim seja!
quarta-feira, 23 de março de 2016
Como viver bem o Tríduo Pascal?
"O
Tríduo Pascal é memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de
que não seremos nunca abandonados nas provações da vida", disse o papa
Francisco.
Confira o texto completo da catequese:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A nossa reflexão sobre misericórdia de
Deus nos introduz hoje ao Tríduo Pascal. Viveremos a Quinta, a Sexta e o
Sábado santo como momentos fortes que nos permitem entrar sempre mais
no grande mistério da nossa fé: a Ressurreição do nosso Senhor Jesus
Cristo. Tudo, nestes três dias, fala de misericórdia, porque torna
visível até onde pode chegar o amor de Deus. Escutaremos o relato dos
últimos dias da vida de Jesus. O evangelista João nos oferece as chaves
para compreender o sentido profundo disso: "Tendo amado os seus que
estavam nesse mundo, amou-os até o fim" (João 13, 1). O amor de Deus não
tem limites. Como repetia muitas vezes Santo Agostinho, é um amor que
vai "até o fim sem fim". Deus se oferece verdadeiramente todo para cada
um de nós e não economiza em nada. O mistério que adoramos nesta Semana
Santa é uma grande história do amor que não conhece obstáculos. A Paixão
de Jesus vai até o fim do mundo, porque é uma história de partilha com
os sofrimentos de toda a humanidade e uma permanente presença nos
acontecimentos da vida pessoal de cada um de nós. Em resumo, o Tríduo
Pascal é memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de que não
seremos nunca abandonados nas provações da vida.
Na Quinta-feira Santa, Jesus institui a
Eucaristia, antecipando no banquete pascal o seu sacrifício no Gólgota.
Para fazer os discípulos compreenderem o amor que o anima, lava seus
pés, oferecendo ainda uma vez mais o exemplo em primeira pessoa de como
eles mesmos deveriam agir. A Eucaristia é o amor que se faz serviço. É a
presença sublime de Cristo que deseja alimentar cada homem, sobretudo
os mais frágeis, para torná-los capazes de um caminho de testemunho
entre as dificuldades do mundo. Não somente. Em dar-se a nós como
alimento, Jesus atesta que devemos aprender a dividir com os outros este
alimento para que se torne uma verdadeira comunhão de vida com quantos
estão em necessidade. Ele se doa a nós e nos pede para permanecermos
Nele para fazermos o mesmo.
A Quinta-feira santa é o momento
culminante do amor. A morte de Jesus, que na cruz se abandona ao Pai
para oferecer a salvação ao mundo inteiro, exprime o amor dado até o
fim, sem fim. Um amor que pretende abraçar todos, ninguém excluído. Um
amor que se estende a todo tempo e a todo lugar: uma fonte inesgotável
de salvação a que cada um de nós, pecadores, podemos chegar. Se Deus nos
demonstrou o seu amor supremo na morte de Jesus, então também nós,
regenerados pelo Espírito Santo, podemos e devemos nos amar uns aos
outros.
E enfim, o Sábado Santo é o dia do
silêncio de Deus. Deve ser um dia de silêncio e nós devemos fazer de
tudo para que para nós seja justamente um dia de silêncio, como foi
naquele tempo: o dia do silêncio de Deus. Jesus colocado no sepulcro
partilha com toda a humanidade o drama da morte. É um silêncio que fala e
exprime o amor como solidariedade com os abandonados de sempre, que o
Filho de Deus vem para preencher o vazio que apenas a misericórdia
infinita do Deus Pai pode preencher. Deus se cala, mas por amor. Neste
dia, o amor – aquele amor silencioso – torna-se espera da vida na
ressurreição. Pensemos, o Sábado Santo: nos fará bem pensar no silêncio
de Nossa Senhora, a "crente", que em silêncio estava à espera da
Ressurreição. Nossa Senhora deverá ser o ícone, para nós, daquele Sábado
Santo. Pensar tanto como Nossa Senhora viveu aquele Sábado Santo; à
espera. É o amor que não duvida, mas que espera na palavra do Senhor,
para que torne evidente e brilhante o dia da Páscoa.
É tudo um grande mistério de amor e de
misericórdia. As nossas palavras são pobres e insuficientes para
exprimi-lo em plenitude. Pode vir em nosso auxílio a experiência de uma
jovem, não muito conhecida, que escreveu páginas sublimes sobre o amor
de Cristo. Chamava-se Giuliana di Norwich; era analfabeta, esta menina
que teve visões da paixão de Jesus e que depois, tornando-se reclusa,
descreveu, com linguagem simples, mas profunda e intensa, o sentido do
amor misericordioso. Dizia assim: "Então o nosso bom Senhor me
perguntou: 'Estás feliz que eu tenha sofrido por ti? '. Eu disse: 'Sim,
Senhor, e te agradeço muito; sim, bom Senhor, que tu sejas bendito'.
Então Jesus, o nosso bom Senhor, disse: 'Se tu estás feliz, também eu
estou. Ter sofrido a paixão por ti é para mim uma alegria, uma
felicidade, uma alegria eterna; e se pudesse sofrer ainda mais eu o
faria'".
Como são belas essas palavras!
Permitem-nos entender realmente o amor imenso e sem limites que o Senhor
tem por cada um de nós. Deixemo-nos envolver por essa misericórdia que
vem ao nosso encontro e, nestes dias, enquanto temos fixo o olhar sobre a
paixão e a morte do Senhor, acolhamos no nosso coração a grandeza do
seu amor e, como Nossa Senhora, o Sábado, em silêncio, à espera da
Ressurreição.
Papa Francisco
"O Sábado Santo é o dia do silêncio de Deus", disse o papa.
A
reflexão do papa Francisco na Audiência geral desta quarta-feira, 23 de
março, foi sobre o Tríduo Pascal no Jubileu da Misericórdia. Momentos
fortes que "nos permitem entrar sempre mais no grande mistério da nossa
fé: a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo", disse Francisco.
"O Mistério que veneramos nesta Semana Santa é uma grande história de amor que não conhece obstáculos", reiterou o Pontífice.
Provações
"A Paixão de Jesus dura até o fim do mundo, porque é uma história de partilha com os sofrimentos de toda humanidade e uma permanente presença nos acontecimentos da vida pessoal de cada um de nós. Em síntese, o Tríduo Pascal é o memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de que nunca seremos abandonados nas provas da vida".
Ao recordar que na Quinta-feira Santa Jesus institui a Eucaristia, antecipando na última ceia o seu sacrifício no Gólgota, o Papa disse que a "Eucaristia é amor que se faz serviço. É a presença sublime de Cristo que deseja alimentar cada um de nós, sobretudo os mais necessitados":
"A Paixão de Jesus dura até o fim do mundo, porque é uma história de partilha com os sofrimentos de toda humanidade e uma permanente presença nos acontecimentos da vida pessoal de cada um de nós. Em síntese, o Tríduo Pascal é o memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de que nunca seremos abandonados nas provas da vida".
Ao recordar que na Quinta-feira Santa Jesus institui a Eucaristia, antecipando na última ceia o seu sacrifício no Gólgota, o Papa disse que a "Eucaristia é amor que se faz serviço. É a presença sublime de Cristo que deseja alimentar cada um de nós, sobretudo os mais necessitados":
Tríduo
"Não somente. No doar-se a nós como alimento, Jesus atesta que devemos aprender a dividir com os outros este nutrimento para que se transforme em uma verdadeira comunhão de vida com os mais necessitados. Ele doa-se a nós e nos pede que permaneçamos n'Ele para fazer o mesmo", destacou Francisco.
O Papa descreveu a Sexta-feira Santa como o momento culminante do amor que abraça a todos sem excluir ninguém. "A morte de Jesus, que na cruz se abandona ao Pai para oferecer salvação ao mundo inteiro, exprime o amor doado até o fim, sem fim":
"Se Deus nos demonstrou seu amor supremo na morte de Jesus, então também nós, regenerados pelo Espírito Santo, podemos e devemos amar uns aos outros", disse o Pontífice.
"Não somente. No doar-se a nós como alimento, Jesus atesta que devemos aprender a dividir com os outros este nutrimento para que se transforme em uma verdadeira comunhão de vida com os mais necessitados. Ele doa-se a nós e nos pede que permaneçamos n'Ele para fazer o mesmo", destacou Francisco.
O Papa descreveu a Sexta-feira Santa como o momento culminante do amor que abraça a todos sem excluir ninguém. "A morte de Jesus, que na cruz se abandona ao Pai para oferecer salvação ao mundo inteiro, exprime o amor doado até o fim, sem fim":
"Se Deus nos demonstrou seu amor supremo na morte de Jesus, então também nós, regenerados pelo Espírito Santo, podemos e devemos amar uns aos outros", disse o Pontífice.
O silêncio de espera de Nossa Senhora
O Sábado Santo é o dia do silêncio de Deus, quando "Deus se cala, por amor": "Deve ser um dia de silêncio. Devemos fazer de tudo para que para nós seja um dia de silêncio como foi naquele tempo, o dia do silêncio de Deus", reforçou o Papa. "No Sábado Santo, nos fará bem pensar ao silêncio de Nossa Senhora, a crente que, em silêncio, esperava pela Ressurreição. Nossa Senhora deverá ser o ícone daquele Sábado Santo. Pensar tanto em como Nossa Senhora viveu aquele Sábado Santo, esperando...".
O Sábado Santo é o dia do silêncio de Deus, quando "Deus se cala, por amor": "Deve ser um dia de silêncio. Devemos fazer de tudo para que para nós seja um dia de silêncio como foi naquele tempo, o dia do silêncio de Deus", reforçou o Papa. "No Sábado Santo, nos fará bem pensar ao silêncio de Nossa Senhora, a crente que, em silêncio, esperava pela Ressurreição. Nossa Senhora deverá ser o ícone daquele Sábado Santo. Pensar tanto em como Nossa Senhora viveu aquele Sábado Santo, esperando...".
Para viver este silêncio durante o
grande mistério de amor e de misericórdia, Francisco citou a experiência
de uma jovem pouco conhecida, Juliana de Norwich, que teve uma visão da
paixão de Cristo na qual Jesus afirmou que, se pudesse, teria sofrido
ainda mais por ela:
"Este é o nosso Jesus, que diz a cada um de nós: se pudesse sofrer mais por você, o faria", concluiu o Papa.
CNPF com informações da Rádio Vaticano.
Qual atitude os pais devem tomar quando descobrem a homossexualidade dos filhos?
Na
primeira reflexão da série especial sobre "Homossexuais e Vida Cristã",
você pode conhecer um pouco da missão do Apostolado Courage. A entidade
de âmbito internacional foi criada em 1994, com apoio do então papa
João Paulo II. No Brasil, as atividades tiveram início em meados de
2011. O trabalho da Courage é atender homens e mulheres que sentem
atração pelo mesmo sexo (AMS), conhecida como homossexualidade. Ou
ainda, ajudar pessoas que desenvolvem atração por ambos os sexos (AAS), a
chamada bissexualidade. Â O Apostolado possui cerca de 120 sedes, em
quatorze países, incluindo o Brasil. Saiba mais: www.couragebrasil.com.
A segunda parte desta reflexão apresenta as famílias caminhos pastorais para o acolhimento as pessoas homossexuais.
Atitude dos pais
Em continuidade a esta reflexão, o
membro da Courage, Maurício Marcos Abambres, comenta sobre a orientação
aos pais que descobrem que o filho ou filha possui AMS ou AAS.
Geralmente, ao saberem sobre a vivência homossexual dos filhos, os pais
entram em desespero, e ficam confusos sem saber o que fazer.
"Já ouvimos diversas histórias, como no
caso de pais que tentaram diversos tratamentos psicológicos, outros que
mudaram os filhos de cidade, os agrediram fisicamente e até mesmo os
expulsaram de casa. Não é necessário explicar que todas essas atitudes
estão mais do que erradas. Os pais devem, quando vêm a conhecer a AMS
dos filhos, analisar suas próprias atitudes e buscar aproximação com
eles. Os filhos precisam de pais presentes, amorosos, dedicados,
compreensivos, que os ouçam e sejam exemplos de masculinidade e
feminilidade, sem nunca perder os princípios morais católicos".
Filhos homossexuais
Acolhimento e amor são atitudes que os
pais precisam exercitar com os filhos que possuem AMS ou AAS. Entre as
causas desses dois comportamentos, podem ser originários de problemas
existentes do círculo familiar. "Os pais devem ficar atentos, deste a
mais tenra infância, para que os filhos tenham segurança no
desenvolvimento de sua identificação com o próprio sexo. Por um lado, os
meninos na aproximação com o pai, por outro, as meninas com a mãe,
jamais o contrário".
E os pais devem aceitar ou não as
atitudes homossexuais dos filhos? "Os pais não podem concordar,
principalmente se os filhos já chegaram à adolescência, com atitudes
relativas a ter relacionamentos homossexuais, frequentar lugares gays.
Não há como renunciar aos princípios católicos e aderir ao relativismo
moral moderno. Isso não implica, contudo, em ter atitudes violentas com
os filhos, mas estar sempre presente na vida deles, dispostos a
ajudá-los a se conhecerem melhor e, principalmente, ser bons exemplos de
masculinidade e feminilidade. Os pais devem auxiliar os filhos a se
sentirem confiantes em relação a seu próprio sexo, a aumentarem sua
autoestima, dar bom exemplo e esperança de uma vida digna, ainda que
possuindo atração pelo mesmo sexo".
Orientação às famílias
O Courage possui uma divisão do
Apostolado voltada aos pais, designada de Encourage (Encorajar). Aqui no
Brasil, este trabalho ainda não foi implantando totalmente, mas o grupo
de apoio da Courage Brasil já fazem aconselhamentos aos pais que entre
em contato. Para auxiliar as famílias, é indicado livro que podem servir
de ajuda aos pais – "Homossexualidade: Guia de orientação aos pais para
a formação da criança" (Joseph Nicolosi e Linda Ames Nicolosi). O livro
foi publicado em português e oferece conselhos práticos de como lidar
com essa questão na família, quando se trata da atração entre pessoas do
mesmo sexo.
Sexualidade integrada
As famílias e educadores precisam
colaborar para que as crianças e jovens desenvolvam "uma sexualidade
integrada". Essa é a visão do arcebispo de Sorocaba (SP), dom Eduardo
Benes de Sales Rodrigues, ao afirmar que "se a família e a escola não
oferecerem uma sólida formação para a virtude, não teremos cidadãos
capazes de sacrifício pelo bem comum".
O bispo da CNBB questiona se é possível
apresentar aos jovens a castidade como parte integrante de um projeto de
vida. E responde: "É claro que é possível, desde que os educadores,
eles mesmos, estejam convencidos da beleza da virtude. A castidade é
parte da virtude cardeal da temperança 'que tem em vista impregnar de
razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana', conforme nos
ensina o Catecismo da Igreja Católica (2341). Nenhum educador, em sã
consciência, julga que deixar-se levar pelos impulsos instintivos ou se
dominar por paixões desordenadas possa ser fonte de felicidade para a
pessoa".
Dom Eduardo Benes alerta, ainda, que "o sexo, quando é simples busca
de prazer, ainda que acordada entre as partes, sem nenhum projeto de
vida a dois, não gera verdadeira comunhão, antes se torna expressão de
um vazio interior jamais resolvido". Para ele, existe a urgente
necessidade de "educar para a castidade desde a infância, oferecendo,
sobretudo aos adolescentes, uma reta compreensão do sentido da
sexualidade e proporcionando-lhes um ambiente sadio, feito de
compreensão e de sincera amizade".
3 Pilares de Vida
1º - Desenvolver vidas de castidade
interior e buscar apoio e encorajamento moral de irmãos em Cristo;
partilhando as lutas e tentações. Evitar ocasiões de pecado e buscar o
sacramento da confissão.
2º - Aprofundar a espiritualidade
católica e vivê-la por meio da liturgia, eucaristia, oração individual e
em grupo, como também a leitura da Palavra e meditação.
3º - Envolver-se em atividades sociais e
espirituais, valorizando o convívio com fraterno. Ir ao cinema,
retiros, sair com os amigos, passeios. O terceiro pilar trata-se da
"camaradagem".
terça-feira, 22 de março de 2016
A Semana Santa de Francisco no sinal da misericórdia.
Cidade
do Vaticano (RV) - Dias únicos pela densidade de compromissos e
intensidade espiritual. É o que vivem os cristãos à véspera da Páscoa no
momento em que o ano litúrgico convida a mergulhar na Semana Santa e
especialmente no Tríduo Pascal. Um período, este, marcado pela reflexão
do Papa sobre o Jubileu da Misericórdia, que Francisco abrirá com a
Missa da Ceia do Senhor na tarde da Quinta-feira Santa em São Pedro.
Os eventos dos próximos dias no Vaticano
Misericórdia. A alma e a carne do próximo Tríduo pascal serão
rigorosamente guiadas por este valor sobre o qual o Papa Francisco quis
incardinar a Igreja presente em todo o mundo durante um ano inteiro. Já o
Domingo de Ramos mostrou a marca jubilar impressa pelo Papa também para
a Semana Santa – a sua síntese sobre os suplícios individuais da Paixão
sublimados pelo amor sem medida de Cristo, que tudo perdoa e cobre de
misericórdia, também no momento em que a dor é abissal.
“Eu preciso ser lavado pelo Senhor”
Francisco disse também que a Semana Santa é a História de um Deus que
por amor do homem escolhe aniquilar-se. E o clímax, onde a espoliação
de Jesus parece sobrepor-se e misturar-se quase com a de seu Vigário na
terra é quando, na Quinta-feira Santa, Francisco - como faz desde o
início do Pontificado – inclina-se para lavar e beijar os pés dos
socialmente descartados. Neste ano o Papa lavará e beijará os pés de
migrantes. Francisco celebrará a Santa Missa da Ceia do Senhor no dia 24
de março, mas pensando ao Jubileu retorna à mente a humildade de suas
palavras do ano passado aos detentos do Cárcere de Rebibbia, pouco antes
de ajoelhar-se diante deles:
“Mas também eu preciso ser lavado pelo Senhor e por isso rezem
durante esta Missa para que o Senhor lave também as minhas sujeiras,
para que eu me torne mais escravo de vocês, mais escravo no serviço das
pessoas, como foi Jesus.”
Contemplar as últimas horas
Uma escravidão que pela “indiferença” das autoridades – como afirmou
Francisco no Domingo de Ramos – torna-se cruel espetáculo no Gólgota. É o
que a Igreja irá meditar durante a Sexta-feira Santa com o Papa na
Basílica vaticana às 17 horas locais, 13 horas de Brasília, durante a
celebração da Paixão do Senhor, revivida algumas horas depois, no
Coliseu de Roma durante a Via-Sacra. E outra noite, a do Sábado Santo,
“Mãe de todas as Vigílias”, antecipará com os ritos da bênção da água e
do fogo, a vida nova da Ressurreição, com Francisco que preside a
celebração em São Pedro a partir das 20h30 hora local, 16h30m hora de
Brasília.
Enfim, domingo, 27 de março, Páscoa da Ressureição, a Missa do dia na
Praça São Pedro, às 10h, será encerrada como sempre, ao meio-dia com a
Benção Urbi et Orbi do Papa Francisco, do balcão central da Basílica
Vaticana.
A resposta não banal
O início da Semana Santa é, portanto, a porta de entrada de um
mistério que, entre o Cenáculo e Sepulcro, pede à fé para ser fogo e não
água parada. “Levemos a sério o nosso ser cristãos, e nos esforcemos
para viver como fiéis”, escreve Francisco no seu tweet desta
terça-feira. O motivo ele explicou no ano passado durante a Vigília:
“Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias
seguranças, além da preguiça e da indiferença que nos paralisam, e
pôr-se à procura da verdade, da beleza e do amor, buscar um sentido não
óbvio, uma resposta não banal para as questões que põem em crise a nossa
fé, a nossa lealdade e nossa razão”. (SP)
segunda-feira, 21 de março de 2016
Páscoa de cada tempo e lugar.
Dom Genival Saraiva
Bispo Emérito de Palmares (PE)
A Páscoa da Antiga Aliança comemorava a
saída do Egito onde o povo hebreu vivera na escravidão. A Páscoa cristã,
que acontece a cada ano, faz memória e torna atual a Páscoa que Jesus
celebrou com seus apóstolos. Na verdade, a Páscoa é celebrada
continuadamente na liturgia porque Jesus ressuscitado está presente na
vida do povo que foi resgatado com sua morte na cruz. No Tempo Pascoal,
que se estende até Pentecostes, os fiéis têm a graça de viver o mistério
que celebram, à luz da fé.
A condição de peregrino é uma realidade
inerente à vida do povo de Deus, como foi no passado. Se antes a
peregrinação tinha como destinação a terra prometida, hoje tem como o
horizonte a “pátria eterna”. Foram muitos os desafios experimentados
pelo povo hebreu e longo o percurso geográfico da caminhada; hoje, o
êxodo tem perfil e desafios próprios e uma abrangência maior porque o
povo, em muitas partes do mundo, conhece as vicissitudes de uma longa e
difícil travessia. Nesse sentido, a Páscoa de 2016, vivida pelos
católicos com a certeza de continuarem contando com a presença de Jesus
ressuscitado, não pode deixar de ter um olhar misericordioso sobre a
realidade do mundo, ao seu redor, porque, para bilhões de pessoas, a
expectativa da conquista e a experiência da vitória ainda estão pra
acontecer. Basta que se veja o êxodo de milhares de pessoas do Oriente
Médio, em busca de sobrevivência na Europa e em outros Continentes; isto
está dizendo à humanidade que os faraós de hoje são mais brutais do que
os do Egito. A fome, a que estão submetidas milhões de pessoas, tem uma
linguagem iníqua; sua extensão, que não tem precedentes na história,
não é consequência de intempéries, mas das gritantes desigualdades
sociais que são, facilmente, identificadas no “mapa mundi”. Eis a razão
pela qual a Páscoa deste ano, necessariamente, deve falar à razão e ao
coração de todos.
No Brasil, a graça de que necessitam os
indivíduos, as famílias e os cidadãos, nesta Pascoa de 2016, tem um quê
de particular, dado o estado de coisas que, além da crônica, está
registrado em sua mente e em seu coração. A crise política e econômica,
causada por uma corrupção calculadamente arquitetada por políticos e
empresários, vai de encontro às aspirações e aos direitos individuais e
coletivos. A esse respeito, tendo chamado a fazer a experiência da
misericórdia quem faz parte de “um grupo criminoso”, o Papa Francisco,
na Bula “Misericordiae vultus” (O Rosto da Misericórdia), faz um
convite, em vista de sua conversão, a quem promove a corrupção: “O mesmo
convite chegue também às pessoas ou cúmplices da corrupção. Esta praga
apodrecida da sociedade é um pecado grave que brada aos céus, porque
mina as próprias bases da vida pessoal e social. A corrupção impede de
olhar para o futuro com esperança, porque, com a sua prepotência e
avidez, destrói os projetos dos fracos e esmaga os mais pobres. É um mal
que se esconde nos gestos diários para se estender depois aos
escândalos públicos. A corrupção é uma contumácia no pecado, que
pretende substituir Deus com a ilusão do dinheiro como forma de poder.”
A Páscoa de 2016, celebrada com os
estímulos do Jubileu da Misericórdia, apela para a aplicação da justiça a
quem causou males de toda natureza aos seus irmãos. Essa ordem de
coisas no Brasil e no mundo está muito distante das alegrias e certezas
da Ressurreição.
domingo, 20 de março de 2016
2o. encontro de implantação - Paróquia São Luiz Gonzaga - Pécem - Região Nossa Senhora dos Prazeres.
Realizado dia 20.03.2016, 2o. encontro de implantação na Paróquia São Luiz Gonzaga no Pecem na Região Nossa Senhora dos Prazeres, com o tema "Família, projeto e imagem de Deus". Representando a Comissão os agentes Rogério e Marlene e Dantas e Iara.
Esperança é virtude humilde e forte, diz Papa em homilia.
“A esperança cristã é uma virtude humilde e forte que nos sustenta e
não nos deixa afogar nas muitas dificuldades da vida”, foi o que disse o
Papa Francisco na Missa desta quinta-feira, 17, na Casa Santa Marta.
O pontífice reiterou que a esperança nunca desilude. É fonte de alegria e dá paz ao coração.
Jesus fala com os doutores da lei e afirma que Abraão “exultou na
esperança” de ver o seu dia. O Papa Francisco se inspirou na passagem do
Evangelho do dia para sublinhar que a esperança é fundamental na vida
do cristão. “Abraão teve as suas tentações no caminho da esperança, mas
acreditou, obedeceu ao Senhor e se colocou a caminho rumo à terra
prometida”, disse o pontífice.
A esperança nos dá alegria
“Hoje, a Igreja nos fala da alegria da esperança. Na primeira oração
da Missa, pedimos a graça de Deus para que proteja a esperança da Igreja
a fim de que não falhe. Paulo, falando de nosso Pai Abraão, nos diz:
‘Esperando contra toda esperança’. Quando não há esperança humana, há
aquela virtude que nos leva adiante, humilde e simples, e nos dá uma
alegria, às vezes uma grande alegria, às vezes somente a paz, mas a
segurança de que aquela esperança não desilude. A esperança não
desilude”.
Francisco explicou que essa alegria de Abraão, esta esperança cresce
na história. Às vezes se esconde, às vezes se manifesta abertamente. O
Papa citou o exemplo de Isabel grávida que exulta de alegria quando foi
visitada pela sua prima Maria. “É a alegria da presença de Deus que
caminha com o seu povo. E quando existe alegria, existe paz. Esta é a
virtude da esperança: da alegria à paz. Esta esperança nunca desilude,
nem mesmo nos momentos da escravidão, quando o Povo de Deus estava em
terra estrangeira.”
A esperança nos sustenta
Este fio de esperança começa com Abraão, lembrou o Papa, Deus que
fala a Abraão e termina com Jesus. Francisco se deteve sobre as
características desta esperança. Se, de fato, se pode dizer ter fé e
caridade, é mais difícil responder sobre a esperança.
“Isto tantas vezes podemos facilmente dizer, mas quando perguntamos:
‘Você tem esperança? Você tem a alegria da esperança? ‘Mas, Padre, eu
não entendo, explica-me’. A esperança, esta virtude humilde, a virtude
que escorre por baixo da água da vida, mas que nos sustenta para não se
afogar nas muitas dificuldades, para não perder o desejo de encontrar
Deus, de encontrar aquele rosto maravilhoso que todos nós vamos ver um
dia: a esperança.”
A esperança não desilude
Hoje, disse o Papa, vai ser um bom dia para pensar sobre isso: o
mesmo Deus, que chamou Abraão e o fez sair da sua terra, sem saber para
onde estava indo, é o mesmo Deus que vai à cruz, para realizar a
promessa que fez.
“É o mesmo Deus que na plenitude dos tempos faz com que a promessa se
torne uma realidade para todos nós. E o que une aquele primeiro momento
a este último momento é o fio de esperança; e o que une minha vida
cristã à nossa vida cristã, de um momento para outro, para ir sempre
avante – pecadores, mas avante – é a esperança; e o que nos dá a paz em
tempos difíceis, nos momentos mais sombrios da vida é a esperança. A
esperança não desilude, está sempre ali: silenciosa, humilde, mas
forte”.
Catequese do Papa Francisco - misericórdia e consolação.
CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 16 de março de 2016
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 16 de março de 2016
Queridos irmãos e irmãs, bom dia.
No livro do profeta Jeremias, os capítulos 30 e 31 são ditos “livro
da consolação”, porque nesses a misericórdia de Deus se apresenta com
toda a sua capacidade de confortar e abrir o coração dos aflitos à
esperança. Hoje queremos também nós ouvir essa mensagem de consolação.
Jeremias se dirige aos israelitas que foram deportados à terra
estrangeira e preanuncia o retorno à pátria. Este retorno é sinal do
amor infinito de Deus Pai, que não abandona os seus filhos, mas cuida
deles e os salva. O exílio foi uma experiência devastante para Israel. A
fé havia vacilado porque em terra estrangeira, sem o templo, sem o
culto, depois de ter visto o país destruído, era difícil continuar a
acreditar na bondade do Senhor. Penso na vizinha Albânia e como, depois
de tanta perseguição e destruição, conseguiu se reerguer na dignidade e
na fé. Assim sofreram os israelitas no exílio.
Também nós podemos viver às vezes uma espécie de exílio, quando a
solicitude, o sofrimento, a morte nos fazem pensar termos sido
abandonados por Deus. Quantas vezes ouvimos essa palavra: “Deus se
esqueceu de mim”: são pessoas que sofrem e se sentem abandonadas. E
quantos nossos irmãos estão vivendo neste tempo uma real e dramática
situação de exílio, distantes da sua pátria, tendo nos olhos os
escombros de suas casas, no coração o medo e, muitas vezes,
infelizmente, a dor pela perda de pessoas queridas! Nestes casos, alguém
pode se perguntar: onde está Deus? Como é possível que tanto sofrimento
possa se abater sobre os homens, mulheres e crianças inocentes? E
quando procuram entrar em qualquer outra parte lhe fecham a porta. E
estão ali, na fronteira porque tantas portas e tantos corações estão
fechados. Os migrantes de hoje que sofrem o frio, sem comida e não podem
entrar, não sentem a acolhida. Gosto tanto de ouvir quando vejo as
nações, os governantes que abrem o coração e abrem as portas!
O profeta Jeremias nos dá uma primeira resposta. O povo exilado
poderá voltar a ver sua terra e experimentar a misericórdia do Senhor. É
o grande anúncio de consolação: Deus não está ausente nem hoje nestas
dramáticas situações, Deus está próximo e faz obras grandes de salvação
para quem confia Nele. Não se deve ceder ao desespero, mas continuar a
ser seguro de que o bem vence o mal e que o Senhor enxugará cada lágrima
e nos libertará de todo medo. Por isso Jeremias empresta a sua voz às
palavras de amor de Deus pelo seu povo:
“De longe me aparecia o Senhor:
amo-te com eterno amor,
e por isso a ti estendi o meu favor.
Reconstruir-te-ei, e serás restaurada, ó virgem de Israel!
Virás, ornada de tamborins, participar de alegres danças” (31, 3-4)
amo-te com eterno amor,
e por isso a ti estendi o meu favor.
Reconstruir-te-ei, e serás restaurada, ó virgem de Israel!
Virás, ornada de tamborins, participar de alegres danças” (31, 3-4)
O Senhor é fiel, não abandona à desolação. Deus ama com um amor sem
fim, que nem mesmo o pecado pode frear, e graças a Ele o coração do
homem se enche de alegria e de consolação.
O sonho consolante do retorno à pátria continua nas palavras do profeta, que dirigindo-se a quantos retornarão a Jerusalém, diz:
“Regressarão entre gritos de alegria às alturas de Sião
acorrendo aos bens do Senhor:
ao trigo, ao mosto e ao óleo,
ao gado menor e ao maior.
Sua alma se assemelha a jardim bem regado,
e sua fraqueza cessará” (31, 12).
acorrendo aos bens do Senhor:
ao trigo, ao mosto e ao óleo,
ao gado menor e ao maior.
Sua alma se assemelha a jardim bem regado,
e sua fraqueza cessará” (31, 12).
Na alegria e no reconhecimento, os exilados voltarão a Sião, saindo
sobre o monte santo rumo à casa de Deus e assim poderão de novo levantar
hinos e orações ao Senhor que os libertou. Este retornar a Jerusalém e
aos seus bens é descrito com um verbo que literalmente quer dizer
“afluir, socorrer”. O povo é visto, em um movimento paradoxal, como um
rio em cheia que flui rumo à altura de Sião, movendo em direção ao topo
da montanha. Uma imagem corajosa para dizer quanto é grande a
misericórdia do Senhor!
A terra, que o povo tinha sido obrigado a abandonar, tinha se tornado
vítima de inimigos e desolados. Agora, em vez disso, retoma a vida e
refloresce. E os exilados serão como um jardim irrigado, como uma terra
fértil. Israel, levado novamente à pátria pelo seu Senhor, assiste à
vitória da vida sobre a morte e da bênção sobre a maldição.
É assim que o povo é fortificado e consolado por Deus. Esta palavra é
importante: consolado! Os repatriados recebem vida de uma fonte que,
gratuitamente, os irriga.
A este ponto, o profeta anuncia a plenitude da alegria e sempre, em nome de Deus, proclama:
“Transformar-lhes-ei o luto em regozijo,
e os consolarei após o sofrimento e os alegrarei” (31, 13).
e os consolarei após o sofrimento e os alegrarei” (31, 13).
O salmo nos diz que, quando voltaram à pátria, a boca se enche de
sorriso; é uma alegria tão grande! É o dom que o Senhor quer dar também a
cada um de nós, com o seu perdão que converte e reconcilia.
O profeta Jeremias nos deu o anúncio, apresentando o retorno dos
exilados como um grande símbolo da consolação dada ao coração que se
converte. O Senhor Jesus, por sua parte, levou a cumprimento esta
mensagem do profeta. O verdadeiro e radical retorno do exílio e a
confortante luz depois da escuridão da crise de fé se realiza na Páscoa,
na experiência cheia e definitiva do amor de Deus, amor misericordioso
que dá alegria, paz e vida eterna.
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