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quinta-feira, 31 de março de 2016

Reunião Pastoral Familiar da Paróquia São Francisco de Assis - Canidezinho - Região Bom Jesus dos Aflitos.

Realizada dia 31.06.2016, reunião Pastoral Familiar da Paróquia São Francisco de Assis no Canidezinho - Região Bom Jesus dos Aflitos. Participaram 24 agentes e o Casal Assessor da região Sampaio e Teresinha.


quarta-feira, 30 de março de 2016

5o. encontro de implantação - Paróquia Mãe Santíssima - Parque Dois Irmãos - Região N. S. Conceição.

Realizado dia 30.03.2016, 5o. encontro de implantação na Paróquia Mãe Santíssima no Parque Dois Irmãos da Região Nossa Senhora da Conceição. Representando a Comissão Arquidiocesana os agentes Rocha e Sílvia e Cláudio e Raquel.





"Seja promotor da paz nos ambientes onde vive".

pazCaríssimos irmãos padres, diáconos, religiosos e religiosas, líderes das diversas pastorais, irmãos e irmãs na fé em Jesus Cristo,
Escrevo para recordar que o Ressuscitado vive entre nós. Sua presença, quando reconhecida e acolhida na fé, traz até nós sua força divina que vence o mal e a morte. Ele é Luz que ilumina a inteligência, ele é Sabedoria que orienta o coração. Sua presença faz uma grande diferença na maneira de conviver, de tratar uns aos outros, de viver os afetos, as responsabilidades, a busca do bem e da paz.
Convido a olhar para o Papa Francisco e ao seu apelo para acolher a misericórdia de Deus que inaugura um novo começo na vida das pessoas e a viver atitudes de semelhante misericórdia com as pessoas para renovar a paz nos ambientes onde vivemos. O Papa emerge no cenário deste mundo como um gigante movido por Jesus e sinal de Sua misericórdia que reacende esperanças e abre horizontes de reconciliação e de vida fraterna. Recordamos as visitas a Cuba, México, Estados Unidos, ONU.
Diante do momento delicado que vivemos por causa do desemprego que aumenta, do impeachment em andamento, da Lava Jato, das manifestações de rua, do clima de tensão, a ressurreição de Jesus Cristo, o Magistério do Papa Francisco e a vida das comunidades constituem para nós pontos de referência, oferecem luzes para compreender e sabedoria para agir.
Por isso, convido-os a rezar pelo povo brasileiro e pelas autoridades públicas para que as situações de crise sejam enfrentadas com equilíbrio, em clima de paz, no respeito à constituição, buscando acima de tudo o bem comum, fazendo tudo para que o momento presente seja ocasião de fortalecimento do Estado de direito, das instituições da República e das liberdades democráticas, conquistadas com o sacrifício de muitos nas décadas passadas.
A crise econômica, que desemprega milhões de trabalhadores e empobrece amplas camadas da população não pode continuar, deve ser encaminhada para soluções adequadas à retomada do crescimento. Recomendo gestos concretos de caridade fraterna para com quem perdeu o emprego e quem mais sofre.
Esperamos que a crise ética motive formas modernas de transparência nos procedimentos da gestão pública e no uso dos recursos. Mas é necessária também uma ampla e sistemática retomada de formação humana para que toda a população, e especialmente os mais jovens, assumam o compromisso de respeitar pontos de referência essenciais para o comportamento na convivência social, como os dez mandamentos. Não bastam leis escritas e relativas sanções, é necessário formar convicções enraizadas no coração das pessoas que orientem a conduta de cada cidadão para o bem e para a paz. Para isso, é oportuno retomar o ensino religioso nas escolas, conforme definido no acordo entre o Brasil e a Santa Sé.
A crise política exige dos diversos atores (membros do governo, partidos, grupos das redes sociais, mídia e outros grupos) a grandeza de pensar e propor o que corresponde ao bem do país. Por isso, é necessário deixar de lado a defesa de interesses menores, de pessoas ou de grupos. Usar a linguagem dos campos de batalha não é sinal de amor à democracia. É melhor usar uma linguagem que favoreça o entendimento e o diálogo, evitando ofender os adversários e acirrar os ânimos. O momento exige muita responsabilidade por parte de cada um, não somente nos lugares onde se tomam decisões importantes, mas em todos os ambientes onde grupos, grandes ou pequenos, discutem essas questões.
Por fim, meus caríssimos irmãos e irmãs muito amados, escrevo para convidá-los a contar com Jesus ressuscitado. Sua presença é um fator real dentro da realidade que nos envolve. Levar em consideração todos os fatores da realidade, inclusive Sua potência divina que vence o mal e a morte é sinal de abertura da inteligência e grandeza de ânimo, necessárias para encontrar saídas adequadas.
Peço a cada um que seja promotor da paz nos ambientes onde vive. As dificuldades são grandes, mas vão terminar, o momento é delicado, mas podemos vive-lo como motivo para crescer.
Quando os discípulos de Emaús encontraram Jesus que tinha ressuscitado e o reconheceram, recuperaram a alegria, se encheram de entusiasmo, reavivaram as razões de sua esperança e começaram uma vida nova, graças à certeza da vitória sobre o mal e sobre a morte.
Dom João Carlos Petrini
Bispo de Camaçari (BA) e membro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB

domingo, 27 de março de 2016

Papa Francisco: Mensagem Urbi et Orbi.



O Papa Francisco celebrou a santa missa na manhã deste domingo de Páscoa, às 10,00 horas de Roma, na Paraça de S. Pedro repeleta de fiéis e peregrinos provenientes das diversas partes do mundo para assistir a esta celebração pascal e ouvir a mensagem e receber a bênção Urbi et Orbi do Santo Padre. A mensagem Urbi et Orbi foi proferida pelo Papa, a partir da varanda central da Basílica de S. Pedro, no fim da celebração eucarística, ás 12,00 horas de Roma.
Francisco iniciou por anunciar aos presentes que <<Jesus Cristo, encarnação da misericórdia de Deus, por amor morreu na cruz e por amor ressuscitou. Por isso, proclamamos hoje: Jesus é o Senhor! A sua Ressurreição realizou plenamente a profecia do Salmo: a misericórdia de Deus é eterna, o seu amor é para sempre, não morre jamais. Podemos confiar completamente N’Ele, e damos-Lhe graças porque por nós Ele baixou até ao fundo do abismo>>.
Diante dos abismos espirituais e morais da humanidade, diante dos vazios que se abrem nos corações e que provocam ódio e morte, prosseguiu o Papa, sómente uma infinita misericórdia nos pode dar a salvação. Só Deus pode preencher com o seu amor esses vazios, esses abismos, e evitar-nos de afundar, permitindo-nos de continuar caminhando juntos em direção à Terra da liberdade e da vida.
O anúncio jubiloso da Páscoa: Jesus, o crucificado, não está aqui, ressuscitou (cf. Mt 28,5-6) oferece-nos, por conseguinte, a certeza consoladora de que o abismo da morte foi vencido e, com isso, foram derrotados o luto, o pranto e a dor (cf. Ap 21,4). O Senhor, que sofreu o abandono dos seus discípulos, o peso de uma condenação injusta e a vergonha de uma morte infame, faz-nos agora compartilhar a sua vida imortal, e nos oferece o seu olhar de ternura e compaixão para com os famintos e sedentos, com os estrangeiros e prisioneiros, com os marginalizados e descartados, com as vítimas de abuso e violência disse o Santo Padre, recordando que o nosso mundo está cheio de pessoas que sofrem no corpo e no espírito,  um mundo no qual as crônicas diárias estão repletas de relatos de crimes brutais, que muitas vezes acontecem dentro das paredes do nosso lar, e de conflitos armados a grande escala submetendo populações inteiras a provas inimagináveis.
Eis que Cristo ressuscitado indica portanto, ressaltou Francisco, caminhos de esperança para a querida Síria, um País devastado por um longo conflito, com o seu cortejo triste de destruição, morte, de desprezo pelo direito humanitário e desintegração da convivência civil.
 <<Confiamos ao poder do Senhor ressuscitado, disse, as conversações em curso, de modo que, com a boa vontade e a cooperação de todos, seja possível colher os frutos da paz e dar início à construção de uma sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de cada cidadão. A mensagem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra rolada do sepulcro, vença a dureza dos corações e promova um encontro fecundo entre povos e culturas nas outras regiões da bacia do Mediterrâneo e do Oriente Médio, particularmente no Iraque, Iêmen e na Líbia>>.
A imagem do homem novo, que resplandece no rosto de Cristo, prosseguiu o Papa, favoreça a convivência entre israelianos e palestinos na Terra Santa, bem como a disponibilidade paciente e o esforço diário para trabalhar no sentido de construir as bases de uma paz justa e duradoura através de uma negociação direta e sincera. O Senhor da vida acompanhe também os esforços para alcançar uma solução definitiva para a guerra na Ucrânia, inspirando e apoiando igualmente as iniciativas de ajuda humanitária, entre as quais a libertação de pessoas detidas.
O Senhor Jesus, nossa paz (Ef 2,14), que ressuscitando derrotou o mal e o pecado, possa favorecer, nesta festa da Páscoa, a nossa proximidade com as vítimas do terrorismo, forma de violência cega e brutal que continua a derramar sangue inocente em diversas partes do mundo, como aconteceu nos ataques recentes na Bélgica, Turquia, Nigéria, Chade, Camarões e Costa do Marfim; Possam frutificar os fermentos de esperança e as perspectivas de paz na África; penso, acrescentou Francisco, de modo particular ao Burundi, Moçambique, República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, marcados por tensões políticas e sociais.
E Francisco recordou que com as armas do amor, Deus derrotou o egoísmo e a morte; seu Filho Jesus é a porta da misericórdia aberta de par em par para todos. E fez votos para que a sua mensagem pascal possa resplandecer cada vez mais sobre o povo venezuelano nas difíceis condições em que vive e sobre aqueles que detêm em suas mãos os destinos do País, para que se possa trabalhar em vista do bem comum, buscando espaços de diálogo e colaboração entre todos. Que por todos os lados possam ser tomadas medidas para promover a cultura do encontro, a justiça e o respeito mútuo, únicos elementos capazes de poder garantir o bem-estar espiritual e material dos cidadãos.
Mas também, o Cristo ressuscitado, anúncio de vida para toda a humanidade, ressoa através dos séculos e nos convida não esquecer dos homens e das mulheres em busca de um futuro melhor, grupos cada vez mais númerosos de migrantes e refugiados – entre os quais muitas crianças - que fogem da guerra, da fome, da pobreza e da injustiça social. Esses nossos irmãos e irmãs, disse o Santo Padre,  que nos seus caminhos encontram com demasiada frequência a morte ou a recusa dos que poderiam oferecer-lhes hospitalidade e ajuda. E Francisco fez votos para que a próxima Cimeira Mundial sobre a Ajuda Humanitária não deixe de colocar no centro a pessoa humana com a sua dignidade e possa desenvolver políticas capazes de ajudar e proteger as vítimas de conflitos e de outras situações de emergência, especialmente os mais vulneráveis e os que sofrem perseguição por motivos étnicos e religiosos.
Neste dia glorioso, o pensamento do Santo Padre se estende também ao sofrimento da nossa Mãe Terra “ainda assim tão abusada e vilipendiada mediante uma exploração ávida pelo lucro, que altera o equilíbrio da natureza causando efeitos das mudanças climáticas, que muitas vezes causam secas ou violentas inundações, resultando em crises alimentares em diferentes partes do planeta”.
O pensamento de Francisco se estende ainda à todos os “nossos irmãos e irmãs que são perseguidos por causa da sua fé e pela sua lealdade a Cristo” para lhes dirigir ainda hoje as palavras de Cristo: «Não tenhais medo! Eu venci o mundo!» (Jo 16,33). Hoje é o dia radiante desta vitória disse o Papa.
Finalmente, o Santo Padre dirigiu uma palavra de conforto e de esperança para “todos aqueles, disse, que nas nossas sociedades perderam toda a esperança e alegria de viver, para os idosos oprimidos que na solidão sentem esvanecer as forças, para os jovens aos quais parece não existir o futuro, a todos eu dirijo mais uma vez as palavras do Ressuscitado: «Eis que faço novas todas as coisas... a quem tiver sede, eu darei, de graça, da fonte da água vivificante» (Ap 21,5-6). Esta mensagem consoladora de Jesus, concluiu dizendo Francisco, possa ajudar cada um de nós a recomeçar com mais coragem, para assim construir estradas de reconciliação com Deus e com os irmãos. Dessa reconciliação com Deus e com os irmãos, ressaltou Francisco, temos hoje tanta necessidade.
No fim, Francisco agradeceu à todos pela presença festosa e a alegria que souberam trazer neste dia Santo. A todos pediu que continuem a rezar por Ele.

Vigília Pascal: Papa exorta à esperança cristã, dom de Deus.



Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu, na noite deste Sábado Santo (26/03), na Basílica Vaticana, à celebração Eucarística da solene Vigília pascal – mãe de todas as vigílias – com o batismo de 12 catecúmenos (8 mulheres e 4 homens) provenientes da Itália, Albânia, Camarões, Coreia do Sul, Índia e China.
Após a bênção e a preparação do Círio pascal, o Papa proclamou solenemente a “Páscoa do Senhor”, com o canto do Exultet. A seguir, pronunciou sua homilia, diante dos milhares de fiéis presentes, partindo da “corrida de Pedro ao sepulcro de Jesus”. E perguntou:
Quais os pensamentos que poderiam passar pela mente e o coração de Pedro durante esta corrida? O Evangelho nos diz que os Onze, inclusive Pedro, não acreditaram no testemunho das mulheres, no seu anúncio pascal. Aliás, ‘aquelas palavras pareciam um delírio’. Por isso, no coração de Pedro, reinava certa dúvida, acompanhada de muitos pensamentos negativos: a tristeza pela morte do Mestre amado e a decepção por tê-lo renegado três vezes durante a Paixão.”
Em caminho
Mas, um detalhe assinala a sua transformação, disse o Pontífice: depois que ouviu as mulheres, sem acreditar nelas, Pedro “pôs-se a caminho”. Não ficou parado pensando e nem fechado em casa como os outros; não se deixou levar pela atmosfera fúnebre daqueles dias e nem pelas dúvidas; não se deixou arrastar pelos remorsos, pelo medo e pelas maledicências. Pelo contrário, foi procurar Jesus, preferindo seguir a ideia do “encontro e da confiança”. Assim, pôs-se a caminho, correu ao sepulcro:
Este foi o início da ‘ressurreição’ de Pedro, a ressurreição do seu coração. Sem ceder à tristeza nem à escuridão, deu espaço à voz da esperança: deixou que a luz de Deus entrasse no seu coração, sem a sufocar”.
Falta de esperança
Por sua vez, as mulheres, que saíram de manhã cedo para fazer uma obra de misericórdia, ou seja, levar os perfumes ao sepulcro, viveram a mesma experiência, apesar do seu temor, mas ficaram aliviadas pelas palavras do anjo: «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo?» E o Papa advertiu:
Também nós, como Pedro e as mulheres, não podemos encontrar a vida, permanecendo tristes e sem esperança, fechados em nós mesmos. Abramos ao Senhor os nossos sepulcros sigilados, para que Jesus possa entrar e dar-nos a vida; Ele quer dar-nos a sua mão e nos tirar da angústia. Nesta noite, devemos rolar a pedra do nosso sepulcro que é a ‘falta de esperança’. Que o Senhor nos livre desta terrível armadilha: a de ser cristãos sem esperança, que vivem como se o Senhor não tivesse ressuscitado”.
Nossos problemas pessoais, afirmou Francisco, sempre existirão. Nesta noite, devemos iluminá-los com a luz do Ressuscitado, ou melhor, “evangelizá-los”. Não devemos deixar que a escuridão e os nossos temores se apoderem do coração, mas escutemos a palavra do Anjo: o “Senhor não está aqui; ele ressuscitou!”; ele é a nossa maior alegria e está sempre ao nosso lado, sem nunca nos decepcionar. E o Santo Padre acrescentou:
Esperança cristã
“Eis o fundamento da esperança, que não é mero otimismo, nem uma atitude psicológica ou um bom convite a ter coragem. A esperança cristã é um dom de Deus; ela não decepciona porque o Espírito Santo foi infundido nos nossos corações. O Consolador infunde em nós a verdadeira força da vida e a certeza que somos amados e perdoados por Cristo. Hoje é a festa da nossa esperança!
O Senhor está vivo e deve ser procurado entre os vivos, sublinhou o Papa. Depois de o encontrar, somos enviados por Ele a levar o anúncio da Páscoa, suscitando esperança nos corações tristes; a anunciar o Ressuscitado com a vida, por meio do amor. Caso contrário, seremos uma estrutura internacional, com um grande número de adeptos e boas regras, mas incapazes de transmitir a esperança, da qual o mundo tem tanta sede. O Pontífice então perguntou: “Como podemos alimentar a nossa esperança?”. E respondeu com uma exortação:
A Liturgia desta Noite nos dá um bom conselho: ela nos ensina a recordar as obras de Deus. A Palavra viva de Deus é capaz de nos envolver na sua história de amor, alimentando a esperança e reavivando a alegria. Não nos esqueçamos da sua Palavra e das suas obras para não perdermos a esperança”.
O Santo Padre concluiu sua homilia convidando os fiéis a fazerem memória do Senhor, da sua bondade e das suas palavras de vida, a fim de serem sentinelas da manhã, que sabem ler os sinais da Ressurreição e abrir-se à esperança e ao caminho da luz com confiança! (MT)
 

sexta-feira, 25 de março de 2016

Via-Sacra: cruzes que atormentam o mundo na oração do Papa.


Roma (RV) – Ao final das 14 estações da Via-Sacra no Coliseu de Roma, o Papa Francisco fez uma oração para denunciar as infinitas cruzes que atormentam a humanidade hoje.
O Pontífice condenou os fundamentalismos, o terrorismo, as guerras e os corruptos. Denunciou a destruição do meio ambiente em detrimento das futuras gerações, os mares que se tornaram “cemitérios insaciáveis”. O Papa falou também dos “ministros infiéis” que despojam os inocentes da sua dignidade. E rezou pelos idosos abandonados, pelas pessoas com deficiência e pelas crianças desnutridas.
Por outro lado, como sinais de esperança, Francisco citou religiosas e consagrados – “os bons samaritanos” – que abandonam tudo para faixar as feridas das pobrezas e da injustiça. E as pessoas que sonham com um coração de criança e que trabalham cada dia para tornar o mundo um lugar melhor, mais humano e mais justo.
“Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que o amanhecer do sol é mais forte do que a escuridão da noite. Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que a aparente vitória do mal se dissipa diante do túmulo vazio e perante a certeza da Ressurreição e do amor de Deus que nada pode derrotar, obscurecer ou enfraquecer”, pediu por fim o Santo Padre.
***
Abaixo, leia a oração do Papa Francisco
Ó Cruz de Cristo!
Ó Cruz de Cristo, símbolo do amor divino e da injustiça humana, ícone do sacrifício supremo por amor e do egoísmo extremo por insensatez, instrumento de morte e caminho de ressurreição, sinal da obediência e emblema da traição, patíbulo da perseguição e estandarte da vitória.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos erguida nas nossas irmãs e nos nossos irmãos assassinados, queimados vivos, degolados e decapitados com as espadas barbáricas e com o silêncio velhaco.
O Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos rostos exaustos e assustados das crianças, das mulheres e das pessoas que fogem das guerras e das violências e, muitas vezes, não encontram senão a morte e muitos Pilatos com as mãos lavadas.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos doutores da letra e não do espírito, da morte e não da vida, que, em vez de ensinar a misericórdia e a vida, ameaçam com a punição e a morte e condenam o justo.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos ministros infiéis que, em vez de se despojarem das suas vãs ambições, despojam mesmo os inocentes da sua dignidade.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos corações empedernidos daqueles que julgam comodamente os outros, corações prontos a condená-los até mesmo à lapidação, sem nunca se darem conta dos seus pecados e culpas.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos fundamentalismos e no terrorismo dos seguidores de alguma religião que profanam o nome de Deus e o utilizam para justificar as suas inauditas violências.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje naqueles que querem tirar-te dos lugares públicos e excluir-te da vida pública, em nome de certo paganismo laicista ou mesmo em nome da igualdade que tu própria nos ensinaste.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos poderosos e nos vendedores de armas que alimentam a fornalha das guerras com o sangue inocente dos irmãos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos traidores que, por trinta dinheiros, entregam à morte qualquer um.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos ladrões e corruptos que, em vez de salvaguardar o bem comum e a ética, vendem-se no miserável mercado da imoralidade.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos insensatos que constroem depósitos para armazenar tesouros que perecem, deixando Lázaro morrer de fome às suas portas.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos destruidores da nossa «casa comum» que, egoisticamente, arruínam o futuro das próximas gerações.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos idosos abandonados pelos seus familiares, nas pessoas com deficiência e nas crianças desnutridas e descartadas pela nossa sociedade egoísta e hipócrita.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje no nosso Mediterrâneo e no Mar Egeu feitos um cemitério insaciável, imagem da nossa consciência insensível e narcotizada.
Ó Cruz de Cristo, imagem do amor sem fim e caminho da Ressurreição, vemos-te ainda hoje nas pessoas boas e justas que fazem o bem sem procurar aplausos nem a admiração dos outros.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos ministros fiéis e humildes que iluminam a escuridão da nossa vida como velas que se consumam gratuitamente para iluminar a vida dos últimos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos rostos das religiosas e dos consagrados – os bons samaritanos – que abandonam tudo para faixar, no silêncio evangélico, as feridas das pobrezas e da injustiça.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos misericordiosos que encontram na misericórdia a expressão mais alta da justiça e da fé.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nas pessoas simples que vivem jubilosamente a sua fé no dia-a-dia e na filial observância dos mandamentos.
O Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos arrependidos que, a partir das profundezas da miséria dos seus pecados, sabem gritar: Senhor, lembra-te de mim no teu reino!
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos Beatos e nos Santos que sabem atravessar a noite escura da fé sem perder a confiança em ti e sem a pretensão de compreender o teu silêncio misterioso.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nas famílias que vivem com fidelidade e fecundidade a sua vocação matrimonial.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos voluntários que generosamente socorrem os necessitados e os feridos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos perseguidos pela sua fé que, no sofrimento, continuam a dar testemunho autêntico de Jesus e do Evangelho.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos que sonham com um coração de criança e que trabalham cada dia para tornar o mundo um lugar melhor, mais humana e mais justo.
Em ti, Santa Cruz, vemos Deus que ama até ao fim, e vemos o ódio que domina e cega os corações e as mentes daqueles que preferem as trevas à luz.
Ó Cruz de Cristo, Arca de Noé que salvou a humanidade do dilúvio do pecado, salva-nos do mal e do maligno! Ó Trono de David e selo da Aliança divina e eterna, desperta-nos das seduções da vaidade! Ó grito de amor, suscita em nós o desejo de Deus, do bem e da luz.
Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que o amanhecer do sol é mais forte do que a escuridão da noite. Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que a aparente vitória do mal se dissipa diante do túmulo vazio e perante a certeza da Ressurreição e do amor de Deus que nada pode derrotar, obscurecer ou enfraquecer. Amém!

Paixão do Senhor: homilia do Pregador da Casa Pontifícia.








       "DEIXAI-VOS RECONCILIAR COM DEUS"
"Deus nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação [...] Suplicamo-vos em nome de Cristo: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não tinha conhecido o pecado,  Deus  o  fez  pecado  por  nós,  para  que  nele  nos tornássemos justiça de Deus. Posto que somos seus colaboradores, exortamo-vos a não negligenciar a  graça  de  Deus.  Ele,  com  efeito, diz: ‘No tempo favorável te ouvi e no dia da salvação te socorri’. Eis agora o tempo favorável; eis agora o dia da salvação!” (2 Cor 5, 18; 6,2).
Estas são palavras de São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios. O apelo do apóstolo a reconciliar-se com Deus não se refere à reconciliação histórica entre Deus e a humanidade (esta, ele acaba de dizer, já se realizou através de Cristo na cruz); tampouco se refere à reconciliação sacramental que acontece no batismo e no sacramento da reconciliação; refere-se a uma reconciliação existencial e pessoal, a ser vivida no presente. O apelo é dirigido aos cristãos de Corinto que são batizados e vivem há tempo na Igreja; é dirigido, por isso, também a nós, aqui e agora. “O tempo favorável, o dia da salvação” é, para nós, o ano da misericórdia que estamos vivendo.
Mas o que significa, em sentido existencial e psicológico, reconciliar-se com Deus? Uma das razões, talvez a principal, da alienação do homem moderno da religião e da fé é a imagem distorcida que ele tem de Deus. Qual é, de fato, a imagem "predefinida" de Deus no inconsciente humano coletivo? Para descobrir, basta fazer-se esta pergunta: "Que associação de ideias, que sentimentos e reações surgem em mim, antes de qualquer reflexão, quando, na oração do pai-nosso, chego às palavras ‘seja feita a vossa vontade’"?
Quem as diz é como se inclinasse interiormente a cabeça em resignação, preparando-se para o pior. Inconscientemente, vincula-se a vontade de Deus com tudo o que é desagradável, doloroso, com aquilo que, de uma forma ou de outra, pode ser visto como mutilação da liberdade e do desenvolvimento individual. É um pouco como se Deus fosse o inimigo de toda festa, alegria, prazer. Um Deus ranzinza e inquisidor.
Deus é visto como o Ser Supremo, o Onipotente, o Senhor do tempo e da história, isto é, como uma entidade que, de fora, se impõe ao indivíduo; nenhum particular da vida humana lhe escapa. A transgressão da Sua lei introduz inexoravelmente uma desordem que exige uma reparação adequada, que o homem sabe ser incapaz de lhe dar. Daí o medo e, às vezes, um surdo rancor contra Deus. É um resquício da ideia pagã de Deus, nunca erradicada de todo, e talvez inerradicável, do coração humano. É nela que se baseia a tragédia grega; Deus é aquele que intervém, através da punição divina, para restaurar a ordem perturbada pelo mal.
É claro que nunca foi ignorada, no cristianismo, a misericórdia de Deus! Mas a ela foi confiada apenas a incumbência de moderar os rigores irrenunciáveis ​​da justiça. A misericórdia era o expoente, não a base; a exceção, não a regra. O ano da misericórdia é a oportunidade de ouro para trazer de volta à luz a verdadeira imagem do Deus bíblico, que não somente tem misericórdia, mas é misericórdia.
Esta afirmação ousada se baseia no fato de que "Deus é amor" (1 Jo 4, 8.16). Só na Trindade Deus é amor sem ser misericórdia. Que o Pai ame o Filho não é graça ou concessão; é necessidade: Ele precisa amar para existir como Pai. Que o Filho ame o Pai não é misericórdia ou graça; é necessidade, mesmo que liberíssima: Ele precisa ser amado e amar para ser Filho. O mesmo deve ser dito do Espírito Santo, que é o amor feito pessoa.
É quando cria o mundo e, nele, as criaturas livres que o amor de Deus deixa de ser natureza e se torna graça. Este amor é uma livre concessão: poderia não existir; é hesed, graça e misericórdia. O pecado do homem não muda a natureza deste amor, mas provoca nele um salto de qualidade: da misericórdia como dom se passa à misericórdia como perdão. Do amor de simples doação se passa para um amor de sofrimento, porque Deus sofre diante da rejeição ao seu amor. "Eu nutri e criei filhos, diz o Senhor, mas eles se rebelaram contra mim" (Is 1, 2). Perguntemos aos muitos pais e mães que tiveram essa experiência se isto não é sofrimento, e dos mais amargos da vida.
* * *
E o que é da justiça de Deus? É esquecida ou desvalorizada? A esta pergunta quem respondeu de uma vez por todas foi São Paulo. Ele começa a sua exposição, na Carta aos Romanos, com uma notícia: "Manifestou-se a justiça de Deus" (Rm 3, 21). Nós nos perguntamos: qual justiça? Aquela que dá "unicuique suum", a cada um o que é seu, distribuindo prêmios e castigos de acordo com o mérito? Haverá, é verdade, um tempo em que se manifestará também essa justiça de Deus, que consiste em dar a cada um segundo os seus méritos. Deus, de fato, como escreveu pouco antes o Apóstolo, 
"retribuirá a cada um segundo as suas obras: a vida eterna aos que, perseverando nas obras de bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; ira e indignação contra aqueles que, por rebelião, desobedecem à verdade e obedecem à injustiça" (Rom 2, 6-8).
Mas não é desta justiça que fala o Apóstolo quando escreve que "se manifestou a justiça de Deus". O primeiro é um evento futuro; este, um evento em ato, que acontece "agora". Se assim não fosse, a afirmação de Paulo seria absurda, negada pelos fatos. Do ponto de vista da justiça retributiva, nada mudou no mundo com a vinda de Cristo. Continuam, disse Bossuet, a ver-se muitas vezes no trono os culpados e no patíbulo os inocentes[1]; mas para que não se creia que há no mundo alguma justiça e ordem fixa, ainda que invertida, eis que às vezes se vê o contrário, ou seja, o inocente no trono e o culpado no cadafalso. Não é nisto, portanto, que consiste a novidade trazida por Cristo. Ouçamos o que diz o Apóstolo:
"Todos pecaram e foram privados da glória de Deus, mas são justificados gratuitamente pela sua graça, em virtude da redenção realizada por Cristo Jesus. Deus o estabeleceu como instrumento de expiação por meio da fé, no seu sangue, a fim de manifestar a sua justiça, depois da tolerância usada para com os pecados passados no tempo da divina paciência. Ele manifesta a sua justiça no tempo presente, para ser justo e justificar quem tem fé em Jesus" (Rm 3, 23-26).
Deus faz justiça a si mesmo ao ter misericórdia! Eis a grande revelação. O Apóstolo diz que Deus é "justo e justificador": justo consigo mesmo quando justifica o homem; Ele, de fato, é amor e misericórdia; por isso faz justiça a si mesmo – demonstrando-se verdadeiramente como o que é – quando tem misericórdia.
Mas nada disto se entende quando não se compreende o que quer dizer, exatamente, a expressão "justiça de Deus". Existe o perigo de se ouvir falar de justiça de Deus e, ignorando o seu significado, ficar-se com medo em vez de encorajado. Santo Agostinho já tinha deixado claro: "A 'justiça de Deus' é aquela pela qual, por sua graça, nós nos tornamos justos, assim como a salvação do Senhor (Sl 3,9) é aquela pela qual Deus nos salva"[2]. Em outras palavras, a justiça de Deus é o ato pelo qual Deus faz justos, agradáveis a Si, aqueles que creem no Seu Filho. Não é um fazer-se justiça, mas um fazer justos.
Lutero teve o mérito de trazer de volta à luz esta verdade depois que, durante séculos, pelo menos na pregação cristã, o seu sentido tinha se perdido, e é isto, principalmente, que a Cristandade deve à Reforma, cujo quinto centenário ocorre no próximo ano. “Quando descobri isto, eu me senti renascer, e pareceu-me que se escancaravam para mim as portas do paraíso”[3], escreveu mais tarde o reformador. Mas não foram nem Agostinho nem Lutero os que assim explicaram o conceito de "justiça de Deus"; foi a Escritura que o fez antes deles:
"Quando se manifestaram a bondade de Deus e o seu amor pelos homens, Ele nos salvou, não por causa de obras de justiça por nós praticadas, mas por causa da sua misericórdia" (Tt 3, 4-5). "Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, fez-nos, de mortos que estávamos pelo pecado, reviver com Cristo. Pela graça fostes salvos" (cf. Ef 2, 4).
Dizer que "se manifestou a justiça de Deus", portanto, é como dizer que se manifestou a bondade de Deus, o seu amor, a sua misericórdia. A justiça de Deus não só não contradiz a sua misericórdia como consiste precisamente nela!
* * *
O que aconteceu na cruz de tão importante a ponto de justificar esta mudança radical nos destinos da humanidade? Em seu livro sobre Jesus de Nazaré, Bento XVI escreveu:
"A injustiça, o mal como realidade, não pode ser simplesmente ignorada, deixada acontecer. Deve ser eliminada, derrotada. Esta é a verdadeira misericórdia. E que o faça Deus mesmo, já que os homens não são capazes – esta é a bondade incondicional de Deus"[4].
Deus não se contentou em perdoar os pecados do homem; Ele fez infinitamente mais: Ele os tomou sobre si mesmo. O Filho de Deus, diz São Paulo, "se fez pecado por nós". Palavra terrível! Já na Idade Média havia quem achasse difícil acreditar que Deus exigira a morte do Filho para reconciliar consigo o mundo. São Bernardo lhe respondia: "Não foi a morte do Filho que aprouve a Deus, mas a sua vontade de morrer espontaneamente por nós": "non mors placuit sed voluntas sponte morientis"[5]. Não foi a morte, portanto, mas o amor que nos salvou! O amor de Deus alcançou o homem no ponto mais distante a que ele tinha se expulsado ao fugir de Deus, ou seja, a morte.
A morte de Cristo devia ser para todos a prova suprema da misericórdia de Deus para com os pecadores. É por isso que ela não tem sequer a majestade de certa solidão, mas é enquadrada, antes, entre dois ladrões. Jesus quis ser amigo dos pecadores até o fim: por isso morreu como eles e com eles. O ódio e a ferocidade dos ataques terroristas desta semana  em Bruxelas nos ajudam a entender a força divina contida nas últimas palavras de Cristo: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lc 23, 34). Não importa quão grande o ódio dos homens, o amor de Deus tem sido, e será, cada vez maior. Para nós, é dirigida, nas atuais circunstancias, a exortação do Apóstolo Paulo: "Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem" (Rm 12, 21).
* * *
É hora de perceber que o oposto da misericórdia não é a justiça, mas a vingança. Jesus não opôs a misericórdia à justiça, mas à lei de talião: "olho por olho, dente por dente". Perdoando os pecados, Deus não renuncia à justiça, mas à vingança; Ele não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23). Jesus Cristo, na cruz, não pediu ao Pai que vingasse a sua causa; pediu-lhe que perdoasse os seus algozes.
Temos que desmitificar a vingança! Ela se tornou um mito penetrante, que contamina tudo e todos, começando pelas crianças. Grande parte das histórias levadas às tela e aos jogos eletrônicos são histórias de vingança. Metade, se não mais, do sofrimento que há no mundo (quando não se trata de males naturais) vem do desejo de vingança, seja nas relações entre as pessoas, seja nas relações entre países e povos.
Foi dito que "o mundo será salvo pela beleza"[6]; mas a beleza também pode levar à ruína. Há somente uma coisa que realmente pode salvar o mundo: a misericórdia! A misericórdia de Deus pelos homens e dos homens entre si. Ela pode salvar, em particular, a coisa mais preciosa e mais frágil que há no mundo neste momento: o matrimônio e a família.
Acontece no matrimônio algo semelhante ao que aconteceu na relação entre Deus e a humanidade, que a Bíblia descreve, precisamente, com a imagem de um casamento. No início de tudo, dizíamos, está o amor, não a misericórdia. A misericórdia só intervém depois do pecado do homem. Também no casamento, no início não há misericórdia, mas amor. As pessoas não se casam por misericórdia, mas por amor. Depois de anos, ou meses, de vida em comum, revelam-se os limites pessoais, os problemas de saúde, do dinheiro, dos filhos; intervém a rotina, que apaga toda alegria.
O que pode salvar um casamento de escorregar para um poço sem fundo, senão o divórcio, é a misericórdia, entendida no sentido completo da Bíblia, ou seja, não apenas como perdão recíproco, mas como um "revestir-se de sentimentos de ternura, de bondade, de humildade, de mansidão e de magnanimidade" (Col 3, 12). A misericórdia faz com que ao eros se junte o ágape; ao amor de busca, o de doação e de compaixão. Deus "se apieda" do homem (Sl 102, 13): não deveriam marido e mulher se apiedar um do outro? E não deveríamos, nós que vivemos em comunidade, apiedar-nos uns dos outros em vez de nos julgarmos?
Oremos. Pai Celestial, pelos méritos do teu Filho, que, na cruz, "se fez pecado" por nós, afasta do coração das pessoas, das famílias e dos povos o desejo de vingança e faz-nos enamorar da misericórdia. Faz que a intenção do Santo Padre ao proclamar este ano santo da misericórdia encontre resposta concreta em nosso coração e leve todos a experimentarem a alegria da reconciliação contigo. Assim seja!

quarta-feira, 23 de março de 2016

Como viver bem o Tríduo Pascal?


PapaViernesSAnto"O Tríduo Pascal é memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de que não seremos nunca abandonados nas provações da vida", disse o papa Francisco.
Confira o texto completo da catequese:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A nossa reflexão sobre misericórdia de Deus nos introduz hoje ao Tríduo Pascal. Viveremos a Quinta, a Sexta e o Sábado santo como momentos fortes que nos permitem entrar sempre mais no grande mistério da nossa fé: a Ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo, nestes três dias, fala de misericórdia, porque torna visível até onde pode chegar o amor de Deus. Escutaremos o relato dos últimos dias da vida de Jesus. O evangelista João nos oferece as chaves para compreender o sentido profundo disso: "Tendo amado os seus que estavam nesse mundo, amou-os até o fim" (João 13, 1). O amor de Deus não tem limites. Como repetia muitas vezes Santo Agostinho, é um amor que vai "até o fim sem fim". Deus se oferece verdadeiramente todo para cada um de nós e não economiza em nada. O mistério que adoramos nesta Semana Santa é uma grande história do amor que não conhece obstáculos. A Paixão de Jesus vai até o fim do mundo, porque é uma história de partilha com os sofrimentos de toda a humanidade e uma permanente presença nos acontecimentos da vida pessoal de cada um de nós. Em resumo, o Tríduo Pascal é memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de que não seremos nunca abandonados nas provações da vida.
Na Quinta-feira Santa, Jesus institui a Eucaristia, antecipando no banquete pascal o seu sacrifício no Gólgota. Para fazer os discípulos compreenderem o amor que o anima, lava seus pés, oferecendo ainda uma vez mais o exemplo em primeira pessoa de como eles mesmos deveriam agir. A Eucaristia é o amor que se faz serviço. É a presença sublime de Cristo que deseja alimentar cada homem, sobretudo os mais frágeis, para torná-los capazes de um caminho de testemunho entre as dificuldades do mundo. Não somente. Em dar-se a nós como alimento, Jesus atesta que devemos aprender a dividir com os outros este alimento para que se torne uma verdadeira comunhão de vida com quantos estão em necessidade. Ele se doa a nós e nos pede para permanecermos Nele para fazermos o mesmo.
A Quinta-feira santa é o momento culminante do amor. A morte de Jesus, que na cruz se abandona ao Pai para oferecer a salvação ao mundo inteiro, exprime o amor dado até o fim, sem fim. Um amor que pretende abraçar todos, ninguém excluído. Um amor que se estende a todo tempo e a todo lugar: uma fonte inesgotável de salvação a que cada um de nós, pecadores, podemos chegar. Se Deus nos demonstrou o seu amor supremo na morte de Jesus, então também nós, regenerados pelo Espírito Santo, podemos e devemos nos amar uns aos outros.
E enfim, o Sábado Santo é o dia do silêncio de Deus. Deve ser um dia de silêncio e nós devemos fazer de tudo para que para nós seja justamente um dia de silêncio, como foi naquele tempo: o dia do silêncio de Deus. Jesus colocado no sepulcro partilha com toda a humanidade o drama da morte. É um silêncio que fala e exprime o amor como solidariedade com os abandonados de sempre, que o Filho de Deus vem para preencher o vazio que apenas a misericórdia infinita do Deus Pai pode preencher. Deus se cala, mas por amor. Neste dia, o amor – aquele amor silencioso – torna-se espera da vida na ressurreição. Pensemos, o Sábado Santo: nos fará bem pensar no silêncio de Nossa Senhora, a "crente", que em silêncio estava à espera da Ressurreição. Nossa Senhora deverá ser o ícone, para nós, daquele Sábado Santo. Pensar tanto como Nossa Senhora viveu aquele Sábado Santo; à espera. É o amor que não duvida, mas que espera na palavra do Senhor, para que torne evidente e brilhante o dia da Páscoa.
É tudo um grande mistério de amor e de misericórdia. As nossas palavras são pobres e insuficientes para exprimi-lo em plenitude. Pode vir em nosso auxílio a experiência de uma jovem, não muito conhecida, que escreveu páginas sublimes sobre o amor de Cristo. Chamava-se Giuliana di Norwich; era analfabeta, esta menina que teve visões da paixão de Jesus e que depois, tornando-se reclusa, descreveu, com linguagem simples, mas profunda e intensa, o sentido do amor misericordioso. Dizia assim: "Então o nosso bom Senhor me perguntou: 'Estás feliz que eu tenha sofrido por ti? '. Eu disse: 'Sim, Senhor, e te agradeço muito; sim, bom Senhor, que tu sejas bendito'. Então Jesus, o nosso bom Senhor, disse: 'Se tu estás feliz, também eu estou. Ter sofrido a paixão por ti é para mim uma alegria, uma felicidade, uma alegria eterna; e se pudesse sofrer ainda mais eu o faria'".
Como são belas essas palavras! Permitem-nos entender realmente o amor imenso e sem limites que o Senhor tem por cada um de nós. Deixemo-nos envolver por essa misericórdia que vem ao nosso encontro e, nestes dias, enquanto temos fixo o olhar sobre a paixão e a morte do Senhor, acolhamos no nosso coração a grandeza do seu amor e, como Nossa Senhora, o Sábado, em silêncio, à espera da Ressurreição.
Papa Francisco

"O Sábado Santo é o dia do silêncio de Deus", disse o papa.


papa23032016A reflexão do papa Francisco na Audiência geral desta quarta-feira, 23 de março, foi sobre o Tríduo Pascal no Jubileu da Misericórdia. Momentos fortes que "nos permitem entrar sempre mais no grande mistério da nossa fé: a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo", disse Francisco.
"O Mistério que veneramos nesta Semana Santa é uma grande história de amor que não conhece obstáculos", reiterou o Pontífice.
Provações
"A Paixão de Jesus dura até o fim do mundo, porque é uma história de partilha com os sofrimentos de toda humanidade e uma permanente presença nos acontecimentos da vida pessoal de cada um de nós. Em síntese, o Tríduo Pascal é o memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de que nunca seremos abandonados nas provas da vida".
Ao recordar que na Quinta-feira Santa Jesus institui a Eucaristia, antecipando na última ceia o seu sacrifício no Gólgota, o Papa disse que a "Eucaristia é amor que se faz serviço. É a presença sublime de Cristo que deseja alimentar cada um de nós, sobretudo os mais necessitados":
Tríduo
"Não somente. No doar-se a nós como alimento, Jesus atesta que devemos aprender a dividir com os outros este nutrimento para que se transforme em uma verdadeira comunhão de vida com os mais necessitados. Ele doa-se a nós e nos pede que permaneçamos n'Ele para fazer o mesmo", destacou Francisco.
O Papa descreveu a Sexta-feira Santa como o momento culminante do amor que abraça a todos sem excluir ninguém. "A morte de Jesus, que na cruz se abandona ao Pai para oferecer salvação ao mundo inteiro, exprime o amor doado até o fim, sem fim":
"Se Deus nos demonstrou seu amor supremo na morte de Jesus, então também nós, regenerados pelo Espírito Santo, podemos e devemos amar uns aos outros", disse o Pontífice.
O silêncio de espera de Nossa Senhora
O Sábado Santo é o dia do silêncio de Deus, quando "Deus se cala, por amor": "Deve ser um dia de silêncio. Devemos fazer de tudo para que para nós seja um dia de silêncio como foi naquele tempo, o dia do silêncio de Deus", reforçou o Papa. "No Sábado Santo, nos fará bem pensar ao silêncio de Nossa Senhora, a crente que, em silêncio, esperava pela Ressurreição. Nossa Senhora deverá ser o ícone daquele Sábado Santo. Pensar tanto em como Nossa Senhora viveu aquele Sábado Santo, esperando...".
Para viver este silêncio durante o grande mistério de amor e de misericórdia, Francisco citou a experiência de uma jovem pouco conhecida, Juliana de Norwich, que teve uma visão da paixão de Cristo na qual Jesus afirmou que, se pudesse, teria sofrido ainda mais por ela:
"Este é o nosso Jesus, que diz a cada um de nós: se pudesse sofrer mais por você, o faria", concluiu o Papa.
CNPF com informações da Rádio Vaticano.

Qual atitude os pais devem tomar quando descobrem a homossexualidade dos filhos?


abraco-familia-filhosNa primeira reflexão da série especial sobre "Homossexuais e Vida Cristã", você pode conhecer um pouco da missão do Apostolado Courage. A entidade de âmbito internacional foi criada em 1994, com apoio do então papa João Paulo II. No Brasil, as atividades tiveram início em meados de 2011. O trabalho da Courage é atender homens e mulheres que sentem atração pelo mesmo sexo (AMS), conhecida como homossexualidade. Ou ainda, ajudar pessoas que desenvolvem atração por ambos os sexos (AAS), a chamada bissexualidade.  O Apostolado possui cerca de 120 sedes, em quatorze países, incluindo o Brasil. Saiba mais: www.couragebrasil.com.
A segunda parte desta reflexão apresenta as famílias caminhos pastorais para o acolhimento as pessoas homossexuais.
Atitude dos pais
Em continuidade a esta reflexão, o membro da Courage, Maurício Marcos Abambres, comenta sobre a orientação aos pais que descobrem que o filho ou filha possui AMS ou AAS. Geralmente, ao saberem sobre a vivência homossexual dos filhos, os pais entram em desespero, e ficam confusos sem saber o que fazer.
"Já ouvimos diversas histórias, como no caso de pais que tentaram diversos tratamentos psicológicos, outros que mudaram os filhos de cidade, os agrediram fisicamente e até mesmo os expulsaram de casa. Não é necessário explicar que todas essas atitudes estão mais do que erradas. Os pais devem, quando vêm a conhecer a AMS dos filhos, analisar suas próprias atitudes e buscar aproximação com eles. Os filhos precisam de pais presentes, amorosos, dedicados, compreensivos, que os ouçam e sejam exemplos de masculinidade e feminilidade, sem nunca perder os princípios morais católicos".
Filhos homossexuais
Acolhimento e amor são atitudes que os pais precisam exercitar com os filhos que possuem AMS ou AAS. Entre as causas desses dois comportamentos, podem ser originários de problemas existentes do círculo familiar. "Os pais devem ficar atentos, deste a mais tenra infância, para que os filhos tenham segurança no desenvolvimento de sua identificação com o próprio sexo. Por um lado, os meninos na aproximação com o pai, por outro, as meninas com a mãe, jamais o contrário".
E os pais devem aceitar ou não as atitudes homossexuais dos filhos? "Os pais não podem concordar, principalmente se os filhos já chegaram à adolescência, com atitudes relativas a ter relacionamentos homossexuais, frequentar lugares gays. Não há como renunciar aos princípios católicos e aderir ao relativismo moral moderno. Isso não implica, contudo, em ter atitudes violentas com os filhos, mas estar sempre presente na vida deles, dispostos a ajudá-los a se conhecerem melhor e, principalmente, ser bons exemplos de masculinidade e feminilidade. Os pais devem auxiliar os filhos a se sentirem confiantes em relação a seu próprio sexo, a aumentarem sua autoestima, dar bom exemplo e esperança de uma vida digna, ainda que possuindo atração pelo mesmo sexo".
Orientação às famílias
O Courage possui uma divisão do Apostolado voltada aos pais, designada de Encourage (Encorajar). Aqui no Brasil, este trabalho ainda não foi implantando totalmente, mas o grupo de apoio da Courage Brasil já fazem aconselhamentos aos pais que entre em contato. Para auxiliar as famílias, é indicado livro que podem servir de ajuda aos pais – "Homossexualidade: Guia de orientação aos pais para a formação da criança" (Joseph Nicolosi e Linda Ames Nicolosi). O livro foi publicado em português e oferece conselhos práticos de como lidar com essa questão na família, quando se trata da atração entre pessoas do mesmo sexo.
Sexualidade integrada
As famílias e educadores precisam colaborar para que as crianças e jovens desenvolvam "uma sexualidade integrada". Essa é a visão do arcebispo de Sorocaba (SP), dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues, ao afirmar que "se a família e a escola não oferecerem uma sólida formação para a virtude, não teremos cidadãos capazes de sacrifício pelo bem comum".
O bispo da CNBB questiona se é possível apresentar aos jovens a castidade como parte integrante de um projeto de vida. E responde: "É claro que é possível, desde que os educadores, eles mesmos, estejam convencidos da beleza da virtude. A castidade é parte da virtude cardeal da temperança 'que tem em vista impregnar de razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana', conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (2341). Nenhum educador, em sã consciência, julga que deixar-se levar pelos impulsos instintivos ou se dominar por paixões desordenadas possa ser fonte de felicidade para a pessoa".
Dom Eduardo Benes alerta, ainda, que "o sexo, quando é simples busca de prazer, ainda que acordada entre as partes, sem nenhum projeto de vida a dois, não gera verdadeira comunhão, antes se torna expressão de um vazio interior jamais resolvido". Para ele, existe a urgente necessidade de "educar para a castidade desde a infância, oferecendo, sobretudo aos adolescentes, uma reta compreensão do sentido da sexualidade e proporcionando-lhes um ambiente sadio, feito de compreensão e de sincera amizade".
3 Pilares de Vida
1º - Desenvolver vidas de castidade interior e buscar apoio e encorajamento moral de irmãos em Cristo; partilhando as lutas e tentações. Evitar ocasiões de pecado e buscar o sacramento da confissão.
2º - Aprofundar a espiritualidade católica e vivê-la por meio da liturgia, eucaristia, oração individual e em grupo, como também a leitura da Palavra e meditação.
3º - Envolver-se em atividades sociais e espirituais, valorizando o convívio com fraterno. Ir ao cinema, retiros, sair com os amigos, passeios. O terceiro pilar trata-se da "camaradagem".

terça-feira, 22 de março de 2016

A Semana Santa de Francisco no sinal da misericórdia.


Cidade do Vaticano (RV) - Dias únicos pela densidade de compromissos e intensidade espiritual. É o que vivem os cristãos à véspera da Páscoa no momento em que o ano litúrgico convida a mergulhar na Semana Santa e especialmente no Tríduo Pascal. Um período, este, marcado pela reflexão do Papa sobre o Jubileu da Misericórdia, que Francisco abrirá com a Missa da Ceia do Senhor na tarde da Quinta-feira Santa em São Pedro.
Os eventos dos próximos dias no Vaticano
Misericórdia. A alma e a carne do próximo Tríduo pascal serão rigorosamente guiadas por este valor sobre o qual o Papa Francisco quis incardinar a Igreja presente em todo o mundo durante um ano inteiro. Já o Domingo de Ramos mostrou a marca jubilar impressa pelo Papa também para a Semana Santa – a sua síntese sobre os suplícios individuais da Paixão sublimados pelo amor sem medida de Cristo, que tudo perdoa e cobre de misericórdia, também no momento em que a dor é abissal.
“Eu preciso ser lavado pelo Senhor”
Francisco disse também que a Semana Santa é a História de um Deus que por amor do homem escolhe aniquilar-se. E o clímax, onde a espoliação de Jesus parece sobrepor-se e misturar-se quase com a de seu Vigário na terra é quando, na Quinta-feira Santa, Francisco - como faz desde o início do Pontificado – inclina-se para lavar e beijar os pés dos socialmente descartados. Neste ano o Papa lavará e beijará os pés de migrantes. Francisco celebrará a Santa Missa da Ceia do Senhor no dia 24 de março, mas pensando ao Jubileu retorna à mente a humildade de suas palavras do ano passado aos detentos do Cárcere de Rebibbia, pouco antes de ajoelhar-se diante deles:
“Mas também eu preciso ser lavado pelo Senhor e por isso rezem durante esta Missa para que o Senhor lave também as minhas sujeiras, para que eu me torne mais escravo de vocês, mais escravo no serviço das pessoas, como foi Jesus.”
Contemplar as últimas horas
Uma escravidão que pela “indiferença” das autoridades – como afirmou Francisco no Domingo de Ramos – torna-se cruel espetáculo no Gólgota. É o que a Igreja irá meditar durante a Sexta-feira Santa com o Papa na Basílica vaticana às 17 horas locais, 13 horas de Brasília, durante a celebração da Paixão do Senhor, revivida algumas horas depois, no Coliseu de Roma durante a Via-Sacra. E outra noite, a do Sábado Santo, “Mãe de todas as Vigílias”, antecipará com os ritos da bênção da água e do fogo, a vida nova da Ressurreição, com Francisco que preside a celebração em São Pedro a partir das 20h30 hora local, 16h30m hora de Brasília.
Enfim, domingo, 27 de março, Páscoa da Ressureição, a Missa do dia na Praça São Pedro, às 10h, será encerrada como sempre, ao meio-dia com a Benção Urbi et Orbi do Papa Francisco, do balcão central da Basílica Vaticana.
A resposta não banal
O início da Semana Santa é, portanto, a porta de entrada de um mistério que, entre o Cenáculo e Sepulcro, pede à fé para ser fogo e não água parada. “Levemos a sério o nosso ser cristãos, e nos esforcemos para viver como fiéis”, escreve Francisco no seu tweet desta terça-feira. O motivo ele explicou no ano passado durante a Vigília:
“Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias seguranças, além da preguiça e da indiferença que nos paralisam, e pôr-se à procura da verdade, da beleza e do amor, buscar um sentido não óbvio, uma resposta não banal para as questões que põem em crise a nossa fé, a nossa lealdade e nossa razão”. (SP)

segunda-feira, 21 de março de 2016

Páscoa de cada tempo e lugar.

Dom Genival Saraiva
Bispo Emérito de Palmares (PE)

Resultado de imagem para dom genival saraiva imagens A Páscoa da Antiga Aliança comemorava a saída do Egito onde o povo hebreu vivera na escravidão. A Páscoa cristã, que acontece a cada ano, faz memória e torna atual a Páscoa que Jesus celebrou com seus apóstolos. Na verdade, a Páscoa é celebrada continuadamente na liturgia porque Jesus ressuscitado está presente na vida do povo que foi resgatado com sua morte na cruz. No Tempo Pascoal, que se estende até Pentecostes, os fiéis têm a graça de viver o mistério que celebram, à luz da fé. 
A condição de peregrino é uma realidade inerente à vida do povo de Deus, como foi no passado. Se antes a peregrinação tinha como destinação a terra prometida, hoje tem como o horizonte a “pátria eterna”. Foram muitos os desafios experimentados pelo povo hebreu e longo o percurso geográfico da caminhada; hoje, o êxodo tem perfil e desafios próprios e uma abrangência maior porque o povo, em muitas partes do mundo, conhece as vicissitudes de uma longa e difícil travessia. Nesse sentido, a Páscoa de 2016, vivida pelos católicos com a certeza de continuarem contando com a presença de Jesus ressuscitado, não pode deixar de ter um olhar misericordioso sobre a realidade do mundo, ao seu redor, porque, para bilhões de pessoas, a expectativa da conquista e a experiência da vitória ainda estão pra acontecer. Basta que se veja o êxodo de milhares de pessoas do Oriente Médio, em busca de sobrevivência na Europa e em outros Continentes; isto está dizendo à humanidade que os faraós de hoje são mais brutais do que os do Egito. A fome, a que estão submetidas milhões de pessoas, tem uma linguagem iníqua; sua extensão, que não tem precedentes na história, não é consequência de intempéries, mas das gritantes desigualdades sociais que são, facilmente, identificadas no “mapa mundi”. Eis a razão pela qual a Páscoa deste ano, necessariamente, deve falar à razão e ao coração de todos. 
No Brasil, a graça de que necessitam os indivíduos, as famílias e os cidadãos, nesta Pascoa de 2016, tem um quê de particular, dado o estado de coisas que, além da crônica, está registrado em sua mente e em seu coração. A crise política e econômica, causada por uma corrupção calculadamente arquitetada por políticos e empresários, vai de encontro às aspirações e aos direitos individuais e coletivos. A esse respeito, tendo chamado a fazer a experiência da misericórdia quem faz parte de “um grupo criminoso”, o Papa Francisco, na Bula “Misericordiae vultus” (O Rosto da Misericórdia), faz um convite, em vista de sua conversão, a quem promove a corrupção: “O mesmo convite chegue também às pessoas ou cúmplices da corrupção. Esta praga apodrecida da sociedade é um pecado grave que brada aos céus, porque mina as próprias bases da vida pessoal e social. A corrupção impede de olhar para o futuro com esperança, porque, com a sua prepotência e avidez, destrói os projetos dos fracos e esmaga os mais pobres. É um mal que se esconde nos gestos diários para se estender depois aos escândalos públicos. A corrupção é uma contumácia no pecado, que pretende substituir Deus com a ilusão do dinheiro como forma de poder.”
A Páscoa de 2016, celebrada com os estímulos do Jubileu da Misericórdia, apela para a aplicação da justiça a quem causou males de toda natureza aos seus irmãos. Essa ordem de coisas no Brasil e no mundo está muito distante das alegrias e certezas da Ressurreição.

domingo, 20 de março de 2016

2o. encontro de implantação - Paróquia São Luiz Gonzaga - Pécem - Região Nossa Senhora dos Prazeres.

Realizado dia 20.03.2016, 2o. encontro de implantação na Paróquia São Luiz Gonzaga no Pecem na Região Nossa Senhora dos Prazeres, com o tema "Família, projeto e imagem de Deus". Representando a Comissão os agentes Rogério e Marlene e Dantas e Iara.

 
 
 

Esperança é virtude humilde e forte, diz Papa em homilia.

Papa em homilia na Casa Santa Marta / Foto: Reprodução CTV
“A esperança cristã é uma virtude humilde e forte que nos sustenta e não nos deixa afogar nas muitas dificuldades da vida”, foi o que disse o Papa Francisco na Missa desta quinta-feira, 17, na Casa Santa Marta.
O pontífice reiterou que a esperança nunca desilude. É fonte de alegria e dá paz ao coração.
Jesus fala com os doutores da lei e afirma que Abraão “exultou na esperança” de ver o seu dia. O Papa Francisco se inspirou na passagem do Evangelho do dia para sublinhar que a esperança é fundamental na vida do cristão. “Abraão teve as suas tentações no caminho da esperança, mas acreditou, obedeceu ao Senhor e se colocou a caminho rumo à terra prometida”, disse o pontífice.

A esperança nos dá alegria

“Hoje, a Igreja nos fala da alegria da esperança. Na primeira oração da Missa, pedimos a graça de Deus para que proteja a esperança da Igreja a fim de que não falhe. Paulo, falando de nosso Pai Abraão, nos diz: ‘Esperando contra toda esperança’. Quando não há esperança humana, há aquela virtude que nos leva adiante, humilde e simples, e nos dá uma alegria, às vezes uma grande alegria, às vezes somente a paz, mas a segurança de que aquela esperança não desilude. A esperança não desilude”.
Francisco explicou que essa alegria de Abraão, esta esperança cresce na história. Às vezes se esconde, às vezes se manifesta abertamente. O Papa citou o exemplo de Isabel grávida que exulta de alegria quando foi visitada pela sua prima Maria. “É a alegria da presença de Deus que caminha com o seu povo. E quando existe alegria, existe paz. Esta é a virtude da esperança: da alegria à paz. Esta esperança nunca desilude, nem mesmo nos momentos da escravidão, quando o Povo de Deus estava em terra estrangeira.”

A esperança nos sustenta

Este fio de esperança começa com Abraão, lembrou o Papa, Deus que fala a Abraão e termina com Jesus. Francisco se deteve sobre as características desta esperança. Se, de fato, se pode dizer ter fé e caridade, é mais difícil responder sobre a esperança.
“Isto tantas vezes podemos facilmente dizer, mas quando perguntamos: ‘Você tem esperança? Você tem a alegria da esperança? ‘Mas, Padre, eu não entendo, explica-me’. A esperança, esta virtude humilde, a virtude que escorre por baixo da água da vida, mas que nos sustenta para não se afogar nas muitas dificuldades, para não perder o desejo de encontrar Deus, de encontrar aquele rosto maravilhoso que todos nós vamos ver um dia: a esperança.”

A esperança não desilude

Hoje, disse o Papa, vai ser um bom dia para pensar sobre isso: o mesmo Deus, que chamou Abraão e o fez sair da sua terra, sem saber para onde estava indo, é o mesmo Deus que vai à cruz, para realizar a promessa que fez.
“É o mesmo Deus que na plenitude dos tempos faz com que a promessa se torne uma realidade para todos nós. E o que une aquele primeiro momento a este último momento é o fio de esperança; e o que une minha vida cristã à nossa vida cristã, de um momento para outro, para ir sempre avante – pecadores, mas avante – é a esperança; e o que nos dá a paz em tempos difíceis, nos momentos mais sombrios da vida é a esperança. A esperança não desilude, está sempre ali: silenciosa, humilde, mas forte”.

Catequese do Papa Francisco - misericórdia e consolação.

                                                                 brasão do Papa Francisco
CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 16 de março de 2016


Queridos irmãos e irmãs, bom dia.
No livro do profeta Jeremias, os capítulos 30 e 31 são ditos “livro da consolação”, porque nesses a misericórdia de Deus se apresenta com toda a sua capacidade de confortar e abrir o coração dos aflitos à esperança. Hoje queremos também nós ouvir essa mensagem de consolação.
Jeremias se dirige aos israelitas que foram deportados à terra estrangeira e preanuncia o retorno à pátria. Este retorno é sinal do amor infinito de Deus Pai, que não abandona os seus filhos, mas cuida deles e os salva. O exílio foi uma experiência devastante para Israel. A fé havia vacilado porque em terra estrangeira, sem o templo, sem o culto, depois de ter visto o país destruído, era difícil continuar a acreditar na bondade do Senhor. Penso na vizinha Albânia e como, depois de tanta perseguição e destruição, conseguiu se reerguer na dignidade e na fé. Assim sofreram os israelitas no exílio.
Também nós podemos viver às vezes uma espécie de exílio, quando a solicitude, o sofrimento, a morte nos fazem pensar termos sido abandonados por Deus. Quantas vezes ouvimos essa palavra: “Deus se esqueceu de mim”: são pessoas que sofrem e se sentem abandonadas. E quantos nossos irmãos estão vivendo neste tempo uma real e dramática situação de exílio, distantes da sua pátria, tendo nos olhos os escombros de suas casas, no coração o medo e, muitas vezes, infelizmente, a dor pela perda de pessoas queridas! Nestes casos, alguém pode se perguntar: onde está Deus? Como é possível que tanto sofrimento possa se abater sobre os homens, mulheres e crianças inocentes? E quando procuram entrar em qualquer outra parte lhe fecham a porta. E estão ali, na fronteira porque tantas portas e tantos corações estão fechados. Os migrantes de hoje que sofrem o frio, sem comida e não podem entrar, não sentem a acolhida. Gosto tanto de ouvir quando vejo as nações, os governantes que abrem o coração e abrem as portas!
O profeta Jeremias nos dá uma primeira resposta. O povo exilado poderá voltar a ver sua terra e experimentar a misericórdia do Senhor. É o grande anúncio de consolação: Deus não está ausente nem hoje nestas dramáticas situações, Deus está próximo e faz obras grandes de salvação para quem confia Nele. Não se deve ceder ao desespero, mas continuar a ser seguro de que o bem vence o mal e que o Senhor enxugará cada lágrima e nos libertará de todo medo. Por isso Jeremias empresta a sua voz às palavras de amor de Deus pelo seu povo:
“De longe me aparecia o Senhor:
amo-te com eterno amor,
e por isso a ti estendi o meu favor.
Reconstruir-te-ei, e serás restaurada, ó virgem de Israel!
Virás, ornada de tamborins, participar de alegres danças” (31, 3-4)
O Senhor é fiel, não abandona à desolação. Deus ama com um amor sem fim, que nem mesmo o pecado pode frear, e graças a Ele o coração do homem se enche de alegria e de consolação.
O sonho consolante do retorno à pátria continua nas palavras do profeta, que dirigindo-se a quantos retornarão a Jerusalém, diz:
“Regressarão entre gritos de alegria às alturas de Sião
acorrendo aos bens do Senhor:
ao trigo, ao mosto e ao óleo,
ao gado menor e ao maior.
Sua alma se assemelha a jardim bem regado,
e sua fraqueza cessará” (31, 12).
Na alegria e no reconhecimento, os exilados voltarão a Sião, saindo sobre o monte santo rumo à casa de Deus e assim poderão de novo levantar hinos e orações ao Senhor que os libertou. Este retornar a Jerusalém e aos seus bens é descrito com um verbo que literalmente quer dizer “afluir, socorrer”. O povo é visto, em um movimento paradoxal, como um rio em cheia que flui rumo à altura de Sião, movendo em direção ao topo da montanha. Uma imagem corajosa para dizer quanto é grande a misericórdia do Senhor!
A terra, que o povo tinha sido obrigado a abandonar, tinha se tornado vítima de inimigos e desolados. Agora, em vez disso, retoma a vida e refloresce. E os exilados serão como um jardim irrigado, como uma terra fértil. Israel, levado novamente à pátria pelo seu Senhor, assiste à vitória da vida sobre a morte e da bênção sobre a maldição.
É assim que o povo é fortificado e consolado por Deus. Esta palavra é importante: consolado! Os repatriados recebem vida de uma fonte que, gratuitamente, os irriga.
A este ponto, o profeta anuncia a plenitude da alegria e sempre, em nome de Deus, proclama:
“Transformar-lhes-ei o luto em regozijo,
e os consolarei após o sofrimento e os alegrarei” (31, 13).
O salmo nos diz que, quando voltaram à pátria, a boca se enche de sorriso; é uma alegria tão grande! É o dom que o Senhor quer dar também a cada um de nós, com o seu perdão que converte e reconcilia.
O profeta Jeremias nos deu o anúncio, apresentando o retorno dos exilados como um grande símbolo da consolação dada ao coração que se converte. O Senhor Jesus, por sua parte, levou a cumprimento esta mensagem do profeta. O verdadeiro e radical retorno do exílio e a confortante luz depois da escuridão da crise de fé se realiza na Páscoa, na experiência cheia e definitiva do amor de Deus, amor misericordioso que dá alegria, paz e vida eterna.