O
arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta aborda
nesta reflexão, o cuidado e a proteção para com a vida das crianças.
Somos chamados a refletir sobre a nossa
responsabilidade com relação às crianças e o protagonismo delas no mundo
de hoje, iluminados pela fé. Além disso, há as consequências para
nossas vidas, pois Jesus afirma que para entrar no Reino de Deus é
preciso "tornar-se como crianças". E o que significa para nós esta
afirmação de Jesus? Desde o nascimento, as crianças nos ensinam a
simplicidade, a confiança, a abertura que nos ajudam a amadurecer. São
muitas as discussões sobre a influência do meio e as tendências com que
nascemos, mas, sem dúvida, o início da vida faz com que o futuro seja
olhado com esperança.
Precisamos aprender a ver o mundo com
olhos de uma criança livre e que vislumbra as pequenas coisas da vida
como uma borboleta, que voa livre e contempla a beleza da natureza e
que, através de contos, poemas e poesias, desperta para a realidade.
Nesse dia, é muito importante refletir
que o direito das crianças é justamente de "ser criança" e que a
família, os pais, a sociedade devem cuidar para que nossas crianças
cresçam em ambiente sadio e fraterno. Seja isso nas famílias, seja na
utilização dos meios de comunicação, seja na escola ou na sociedade. Eis
o desafio de nosso tempo! E isso começa desde o momento do direito a
nascer e a ter uma família. Para nós, é imprescindível ajudá-las a viver
com alegria a fé em Cristo, que as acolhe e conduz. Elas têm direito a
acolher e aprender quem é Deus e deixar-se conduzir por Deus-Amor. Este é
outro problema do mundo de hoje, que necessitamos afirmar nestes tempos
de mudança de época.
Também temos muitas situações tristes: o
Santo Padre Francisco nos disse: "Hoje, há crianças que não têm o que
comer no mundo. Crianças que morrem de fome, de desnutrição; basta ver
fotografias de alguns lugares do mundo. Há doentes que não têm acesso a
tratamento. Há homens e mulheres que são mendigos de rua e morrem de
frio no inverno. Há crianças que não têm educação. Infelizmente nada
disso é notícia. Mas quando as bolsas de algumas capitais caem três ou
quatro pontos, isso é tratado como uma grande catástrofe. Compreende?
Esse é o drama desse humanismo desumano que estamos vivendo. Por isso, é
preciso recuperar os extremos, crianças e jovens. E não cair numa
globalização da indiferença em relação a esses dois extremos, que são o
futuro da população".
Portanto, se queremos e desejamos um
mundo justo, fraterno e de paz necessitamos urgentemente acolher as
palavras de Jesus: é preciso "tornar-se como crianças". Paz, felicidades
e bênçãos a todos, particularmente às crianças, lembrando o que Jesus
nos ensina para viver no cotidiano: "Deixai vir a mim as criancinhas;
não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus" (Lc18,16).
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