Cidade
do Vaticano (RV) – O sem-teto morto de frio em Roma, as irmãs de Madre
Teresa assassinadas no Iêmen, as pessoas que adoecem na “Terra do fogo”,
perto de Nápoles. Na missa da manhã desta segunda-feira (14/03), o Papa
citou alguns fatos dramáticos dos últimos dias. Diante destes “vales
tenebrosos”, disse Francisco, a única resposta é confiar em Deus.
O Pontífice se inspirou na primeira
leitura do dia, extraída do Livro de Daniel, em que Susana, uma mulher
justa difamada pelas más intenções de dois juízes, prefere confiar em
Deus e escolhe morrer inocente a fazer o que aqueles dois homens
queriam.
Quantos vales tenebrosos
O Senhor, disse o Papa, sempre caminha conosco, nos quer bem e não
nos abandona. E dirige o seu olhar aos “vales tenebrosos” do nosso
tempo:
“Quando nós, hoje, olhamos para os
muitos vales obscuros, tantas desgraças, tanta gente que morre de fome,
de guerra, crianças com problemas, tantas.... você pergunta aos pais:
‘Mas que doença ele tem?’ – ‘Ninguém sabe: se chama doença rara’.
Pensemos nos tumores da Terra do fogo … Quando você vê tudo isso,
pergunta: onde está o Senhor? O Senhor caminha comigo? Este era o
sentimento de Susana. Também o nosso. Você vê essas quatro freiras
trucidadas: serviam por amor e acabaram trucidadas por ódio! Quando você
vê que se fecham as portas aos prófugos e eles ficam ao relento, com o
frio... Mas Senhor, onde você está?”
Por que uma criança sofre?
“Como posso confiar no Senhor – retomou o Papa – se vejo todas essas
coisas? E quando as coisas acontecem comigo, cada um de nós pode dizer:
mas como me entrego ao Senhor?” “A esta pergunta há uma resposta”, disse
Francisco: “Não se pode explicar, eu não sou capaz”:
“Por que uma criança sofre? Não sei: para mim é um mistério. Somente
Jesus no Getsêmani me traz uma luz – não à mente, mas à alma: ‘Pai, este
cálice, não. Mas seja feita a Sua vontade’. Entrega-se à vontade do
Pai. Jesus sabe que tudo não termina com a morte ou com a angústia, e a
última palavra da Cruz: ‘Pai, confio-me em Suas mãos!’, e morre assim.
Entregar-se a Deus, que caminha comigo, que caminha com o meu povo, que
caminha com a Igreja. E este é um ato de fé. Eu me entrego. Não sei: não
sei porque isso acontece, mas eu confio. Você saberá porquê”.
O mal não é definitivo
E este, disse, “é o ensinamento de
Jesus: quem se entrega ao Senhor que é Pai, não precisa de mais nada”.
Ainda que caminhe por um vale tenebroso, acrescentou, “sabe que o mal é
um mal momentâneo, o mal definitivo não existirá porque o Senhor
...‘porque Tu estás comigo. O Teu bastão e o Teu cajado me deixam
tranquilo”. Esta, destacou, “é uma graça” que devemos pedir: “Senhor,
ensinai-me a entregar-me nas Tuas mãos, a confiar em sua guia, mesmo nos
maus momentos, nos momentos tenebrosos, no momento da morte”:
“Hoje nos fará bem pensar à nossa
vida, aos problemas que temos e pedir a graça de nos entregarmos nas
mãos de Deus. Pensar em tantas pessoas que não recebem um último carinho
na hora de morrer. Três dias atrás morreu um aqui, nas ruas, um
sem-teto: morreu de frio. Em plena Roma, uma cidade com todas as
possibilidades para ajudar. Por que, Senhor? Sequer um carinho… Mas eu
me entrego, porque Tu não desiludes”.
“Senhor – concluiu o Papa – não Te entendo. Esta é uma bela oração. Mesmo sem entender, me entrego nas Tuas mãos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário