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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

"As famílias cristãs façam de sua porta de casa um pequeno grande sinal da Porta da misericórdia", disse o papa.


catequespapa181115Os grandes Santuário católicos do mundo farão a abertura da Porta Santa, no dia 13 de dezembro, quando o Vaticano também realizará o mesmo ato, na Basílica de São João de Latrã. Na catequese, na quarta-feira, 18 de novembro, o papa Francisco dedicou a reflexão para falar sobre o Jubileu da Misericórdia. Ele explicou a importância da Porta Santa, como gesto da misericórdia de Deus.
"Todos somos pecadores! Aproveitemos esse momento que vem e cruzemos o limiar dessa misericórdia de Deus que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar! Ele nos olha, está sempre próximo a nós. Coragem! Entremos por essa porta!", disse o papa Francisco.
Confira a íntegra da catequese:
CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Com essa reflexão chegamos ao limiar do Jubileu, que está próximo. Diante de nós está a porta, mas não somente a Porta Santa, outra: a grande porta da Misericórdia de Deus – e essa é uma porta bela! – , que acolhe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão. A porta é generosamente aberta, é preciso um pouco de coragem da nossa parte para cruzar o limiar. Cada um de nós tem dentro de si coisas que pesam. Todos somos pecadores! Aproveitemos esse momento que vem e cruzemos o limiar dessa misericórdia de Deus que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar! Ele nos olha, está sempre próximo a nós. Coragem! Entremos por essa porta!
Do Sínodo dos Bispos, que celebramos no mês de outubro passado, todas as famílias, e toda a Igreja, receberam um grande encorajamento para se encontrarem no limiar dessa porta aberta. A Igreja foi encorajada a abrir as suas portas, para sair com o Senhor ao encontro dos filhos e filhas em caminho, às vezes incertos, às vezes perdidos, nestes tempos difíceis. As famílias cristãs, em particular, foram encorajadas a abrir a porta ao Senhor que espera para entrar, levando sua benção e sua amizade. E se a porta da misericórdia de Deus está sempre aberta, também as portas das nossas igrejas, das nossas comunidades, das nossas paróquias, das nossas instituições, das nossas dioceses, devem estar abertas, para que assim todos possam sair e levar essa misericórdia de Deus. O Jubileu significa a grande porta da misericórdia de Deus, mas também as pequenas portas das nossas igrejas abertas para deixar o Senhor entrar – ou tantas vezes sair o Senhor – prisioneiro das nossas estruturas, do nosso egoísmo e de tantas coisas.
O Senhor nunca força a porta: também Ele pede permissão para entrar. O Livro do Apocalipse diz: "Eu estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abre a porta, eu virei a ele, cearei com ele e ele comigo" (3, 20). Imaginemos o Senhor que bate à porta do nosso coração! E na última grande visão deste Livro do Apocalipse, assim se profetiza da Cidade de Deus: "As suas portas não se fecharão nunca durante o dia", o que significa para sempre, porque "não haverá mais noite" (21, 25). Há lugares no mundo em que não se fecham as portas com chave, ainda há. Mas há tantos onde as portas blindadas se tornaram normais. Não devemos nos render à ideia de dever aplicar esse sistema a toda a nossa vida, à vida da família, da cidade, da sociedade. E tão menos à vida da Igreja. Seria terrível! Uma Igreja inospitaleira, assim como uma família fechada em si mesma mortifica o Evangelho e seca o mundo. Nada de portas blindadas na Igreja, nada! Tudo aberto!
A gestão simbólica das "portas" – dos limiares, das passagens, das fronteiras – se tornou crucial. A porta deve proteger, certo, mas não rejeitar. A porta não deve ser forçada, ao contrário, se pede permissão, porque a hospitalidade resplandece na liberdade do acolhimento e se escurece na prepotência da invasão. A porta se abre frequentemente para ver se do lado de fora há alguém que espera e, talvez, não tem a coragem, talvez nem mesmo força de bater. Quanta gente perdeu a confiança, não tem a coragem de bater à porta do nosso coração cristão, às portas das nossas igrejas...E estão ali, não têm a coragem, tiramos a confiança delas: por favor, que isso nunca aconteça. A porta diz muitas coisas da casa e também da Igreja. A gestão da porta requer atento discernimento e, ao mesmo tempo, deve inspirar grande confiança. Gostaria de dizer uma palavra de gratidão para todos os guardiões das portas: dos nossos condomínios, das nossas instituições cívicas, das próprias igrejas. Muitas vezes, a atenção e a gentileza da portaria são capazes de oferecer uma imagem de humanidade e de acolhimento a toda a casa, desde a entrada. Há de se aprender com estes homens e mulheres, que são os guardiões dos lugares de encontro e de acolhimento da cidade do homem! A todos vocês, guardiões de tantas portas, seja das casas, seja portas das igrejas, muito obrigado! Mas sempre com um sorriso, sempre mostrando o acolhimento daquela casa, daquela igreja, assim o povo se sente feliz e acolhido naquele lugar.
Na verdade, sabemos bem que nós mesmos somos os guardiões e os servos da Porta de Deus e a porta de Deus como se chama? Jesus! Ele nos ilumina sobre todas as portas da vida, incluindo aquelas do nosso nascimento e da nossa morte. Ele mesmo afirmou isso: "Eu sou a porta: se alguém entra através de mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem" (Jo 10, 9). Jesus é a porta que nos faz entrar e sair. Porque o rebanho de Deus é um abrigo, não é uma prisão! A casa de Deus é um abrigo, não é uma prisão e a porta se chama Jesus! E se a porta está fechada, dizemos: "Senhor, abre a porta!". Jesus é a porta e nos faz entrar e sair. São os ladrões aqueles que procuram evitar a porta: é curioso, os ladrões procuram sempre entrar por outro lado, pela janela, pelo teto, mas evitam a porta, porque têm intenções más e se infiltram no rebanho para enganar as ovelhas e tirar proveito delas. Nós devemos passar pela porta e ouvir a voz de Jesus: se ouvimos o seu tom de voz, estamos seguros, estamos salvos. Podemos entrar sem medo e sair sem perigo. Nesse belíssimo discurso de Jesus, se fala também do guardião, que tem a tarefa de abrir ao Bom Pastor (cfr Jo 10,2). Se o guardião ouve a voz do Pastor, então abre e faz entrar todas as ovelhas que o Pastor traz, todas, incluindo aquelas perdidas nos bosques, que o bom Pastor foi resgatar. As ovelhas não são escolhidas pelo guardião, pelo secretário paroquial ou pela secretaria da paróquia; as ovelhas são todas enviadas, são escolhidas pelo bom Pastor. O guardião – também ele – obedece à voz do Pastor. Bem, poderíamos bem dizer que nós devemos ser como aquele guardião. A Igreja é a porteira da casa do Senhor, não é a patroa da casa do Senhor.
A Sagrada Família de Nazaré sabe bem o que significa uma porta aberta ou fechada, para quem espera um filho, para quem não tem morada, para quem deve escapar do perigo. As famílias cristãs façam de sua porta de casa um pequeno grande sinal da Porta da misericórdia e do acolhimento de Deus. É justamente assim que a Igreja deverá ser reconhecida, em todo canto da terra: como a guardiã de um Deus que bate, como o acolhimento de um Deus que não te fecha a porta na cara, com a desculpa de que você não é de casa. Com este espírito nos aproximamos do Jubileu: haverá para nós a Porta Santa, mas há a porta da grande misericórdia de Deus! Haja também para nós a porta do nosso coração para receber todos o perdão de Deus e dar, por nossa vez, o nosso perdão, acolhendo todos aqueles que batem à nossa porta

"O convívio humano não pode ser movido por sentimentos de ódio e desejos de vingança".


Resultado de imagem para cardeal odilo pedro scherer  Pela segunda vez neste ano, Paris foi ferida pelos ataques terroristas de sexta-feira passada, dia 13 de novembro. Nada a ver com "sexta-treze", nem com "gato preto, passando debaixo da escada...". Não aconteceu por alguma ação oculta e imponderável de amuletos mágicos, mas pela ação humana, fria, estudada e calculada, para semear, pânico morte e dor pela cidade. A apreensão tomou conta de todo o mundo.
O terrorismo tenta justificar suas ações contra cidadãos comuns indefesos e desprevenidos com argumentos inaceitáveis: "lutar por uma causa justa": a causa foi, de fato, justa? Qual tribunal legítimo proferiu a sentença de morte contra cidadãos indefesos, executados a esmo?
"Luta contra o mal, em nome de Deus": de qual Deus? A violência praticada, supostamente, em nome de Deus, é um grave e inaceitável equívoco; é uma pesada blasfêmia e ofensa a Deus, como definiu o Papa Francisco. Não se honra a Deus, fazendo o mal ao próximo. Infelizmente, essa instrumentalização do nome de Deus aparece com frequência para justificar atos de intolerância e terror. O uso da religião como ideologia política para a busca do poder e da dominação é altamente reprovável.
A violência estaria justificada porque os antepassados também praticaram violência contra este ou aquele grupo? O colonialismo francês do passado justificaria os ataques terroristas de agora, em Paris? Temos que concordar que, injustiças do passado ainda hoje alimentam ódios e discriminações; mas, em sã consciência, isso não pode ser alegado para legitimar atos de barbárie contra as atuais gerações: vingança e ódio não são formas civilizadas para resolver tais pendências; o caminho deve ser o da justiça, da negociação política, da reparação, da reconciliação e do perdão.
Entre as causas do terrorismo e das discriminações, que podem degenerar em violência, está o fanatismo religioso, que se baseia numa compreensão equivocada da religião e da sua prática. O fanatismo torna cego e fechado diante das razões do próximo, que pode passar a ser visto como um inimigo incômodo a ser destruído.
As alegações religiosas para a violência, geralmente, decorrem de interpretações equivocadas e fundamentalistas de textos sagrados. Por isso, cabe às religiões e suas organizações a promoção de uma adequada formação religiosa, que não leve à instrumentalização fundamentalista e ideológica dos princípios e sentimentos religiosos das pessoas. Tais sentimentos são muito profundos e relacionados com a consciência das pessoas.
O convívio humano não pode ser movido por sentimentos de ódio e desejos de vingança, que não são formas aceitáveis e civilizadas para aplacar ofensas ou injustiças sofridas. Esses impulsos negativos da alma humana são destrutivos e podem se tornar verdadeiros vícios e marcas da personalidade, se não forem colocados sob disciplina da vontade e da consciência moral. As tendências à agressividade e à violência precisam ser orientadas para a prática das virtudes da tolerância, do respeito ao próximo e à capacidade de perdoar.
Cardeal Odilo Pedro Scherer,
Arcebispo de São Paulo (SP)
Não ceder ao ódio
Pela segunda vez neste ano, Paris foi ferida pelos ataques terroristas de sexta-feira passada, dia 13 de novembro. Nada a ver com “sexta-treze”, nem com “gato preto, passando debaixo da escada...”. Não aconteceu por alguma ação oculta e imponderável de amuletos mágicos, mas pela ação humana, fria, estudada e calculada, para semear, pânico morte e dor pela cidade. A apreensão tomou conta de todo o mundo.
O terrorismo tenta justificar suas ações contra cidadãos comuns indefesos e desprevenidos com argumentos inaceitáveis: “lutar por uma causa justa”: a causa foi, de fato, justa? Qual tribunal legítimo proferiu a sentença de morte contra cidadãos indefesos, executados a esmo?
“Luta contra o mal, em nome de Deus”: de qual Deus? A violência praticada, supostamente, em nome de Deus, é um grave e inaceitável equívoco; é uma pesada blasfêmia e ofensa a Deus, como definiu o Papa Francisco. Não se honra a Deus, fazendo o mal ao próximo. Infelizmente, essa instrumentalização do nome de Deus aparece com frequência para justificar atos de intolerância e terror. O uso da religião como ideologia política para a busca do poder e da dominação é altamente reprovável.
A violência estaria justificada porque os antepassados também praticaram violência contra este ou aquele grupo? O colonialismo francês do passado justificaria os ataques terroristas de agora, em Paris? Temos que concordar que, injustiças do passado ainda hoje alimentam ódios e discriminações; mas, em sã consciência, isso não pode ser alegado para legitimar atos de barbárie contra as atuais gerações: vingança e ódio não são formas civilizadas para resolver tais pendências; o caminho deve ser o da justiça, da negociação política, da reparação, da reconciliação e do perdão.
Entre as causas do terrorismo e das discriminações, que podem degenerar em violência, está o fanatismo religioso, que se baseia numa compreensão equivocada da religião e da sua prática. O fanatismo torna cego e fechado diante das razões do próximo, que pode passar a ser visto como um inimigo incômodo a ser destruído.
As alegações religiosas para a violência, geralmente, decorrem de interpretações equivocadas e fundamentalistas de textos sagrados. Por isso, cabe às religiões e suas organizações a promoção de uma adequada formação religiosa, que não leve à instrumentalização fundamentalista e ideológica dos princípios e sentimentos religiosos das pessoas. Tais sentimentos são muito profundos e relacionados com a consciência das pessoas.
O convívio humano não pode ser movido por sentimentos de ódio e desejos de vingança, que não são formas aceitáveis e civilizadas para aplacar ofensas ou injustiças sofridas. Esses impulsos negativos da alma humana são destrutivos e podem se tornar verdadeiros vícios e marcas da personalidade, se não forem colocados sob disciplina da vontade e da consciência moral. As tendências à agressividade e à violência precisam ser orientadas para a prática das virtudes da tolerância, do respeito ao próximo e à capacidade de perdoar.
Cardeal Odilo P. Scherer,
Arcebispo de São Paulo (SP

Terror: “Estupidagem” humana!

Somos-da-PAZ-579x507O mundo foi, mais uma vez, surpreendido por atos de terrorismo em Paris, na França. O terrorismo impõe uma crueldade implacável, assustadora. Assassina selvagemente inocentes!
O terrorismo é um modo de impor a própria vontade por meio de atos de terror. Ele emprega sistematicamente a violência para fins políticos, promovendo a desorganização da sociedade e desejando a tomada do poder. Diante da violência absurda por ele produzida, somos, mais uma vez, convocados a construir percursos de compreensão, diálogo franco e cidadania, fundados em valores comuns, base de toda a convivência pacífica.
O que move grupos humanos a agir guiados por ideologias que defendem práticas terroristas? Como compreender os discursos construídos a partir de práticas terroristas? Somos surpreendidos por notícias sobre atos de terror! Permanecemos sem palavras, acuados e receosos, apavorados diante da possibilidade de sermos, também nós – ou pessoas queridas e respeitadas –, atingidos por semelhante violência.
Acompanhando as notícias destes últimos dias sobre atos de terror, talvez respondamos como o Papa Francisco, no último domingo, durante a oração do Angelus, na Praça de São Pedro: "Diante de tais atos, não se pode deixar de condenar a inqualificável afronta à dignidade da pessoa humana. Quero reafirmar, com veemência, que o caminho da violência e do ódio não resolve os problemas da humanidade e que utilizar o nome de Deus para justificar esse caminho é uma blasfêmia!"
Porém, pode também acontecer que nos sintamos dispensados de manifestar nossa posição; afinal, tudo acontece tão longe de nós! Pode até ser! Entretanto o que dizer dos jovens que se sabem ameaçados pelo poder do tráfico de drogas que impõe o terror em nossas vilas e em nossos bairros? O que dizer de familiares que vivem diariamente aterrorizados pela possibilidade de perder um ente querido, sabidamente envolvido com a delinquência e que não encontra espaço para educação com qualidade, emprego digno, perspectiva de um futuro nobre, uma chance nova?
A violência a que assistimos ou sofremos é expressão de uma realidade social marcada pela falta de um projeto de nação, pela falta de ética em setores da sociedade, pelo descrédito nas instituições, pela falta de condições dignas e nobres de vida, pela banalização da vida humana. Já a violência produzida pelo terror pode ser expressão de ideologias e fanatismos de todo tipo, também do desespero de grupos e povos que não são respeitados e promovidos, da descrença na força do diálogo e do respeito mútuos...
Ambas as formas de violência são marcadas por ações de terror, baseadas em ideologias e fundamentalismos. Tanto os fundamentalismos quanto as ideologias são danosos à causa da paz. E o que mais desejamos é viver em paz!
Em tantas partes do mundo há um clamor por maior segurança. Esta, porém, só será autenticamente possível quando houver suficiente coragem para eliminar as exclusões e desigualdades dentro da sociedade e entre nações e povos. Enquanto não se favorecer a igualdade de oportunidades para todos, o acesso de todos aos bens da natureza e o cultivo do respeito pela diferença, as várias formas de agressão, de violência e de guerra encontrarão terreno fértil. Enquanto sociedades e governos lançarem à margem parte de seus membros e governados, não haverá poder político, exército ou serviços secretos que possam garantir a segurança e a paz para todos.
Diante da comoção gerada, nestes dias, pelos atos de terror perpetrados em território francês, somos convidados a rejeitar veementemente toda forma de violência como solução dos problemas, a resistir à tentação do ódio e da vingança, a superar ideologias e fundamentalismos e a nos engajar em prol de uma sociedade marcada pela solidariedade, pela inclusão e pelo respeito às diferenças, à justiça e à paz.
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS

Papa: escola deve ensinar valores, não só conceitos.


Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de educadores e estudantes de todo o mundo se reuniram com o Papa Francisco na manhã de sábado (21/11) na Sala Paulo VI, no Vaticano, no encerramento do Congresso Mundial promovido pela Congregação para a Educação Católica.

A modalidade do encontro foi de testemunhos e perguntas feitas por estudantes e professores e respostas por parte do Pontífice, que não tinha um discurso pronto. Para Francisco, não se pode falar de educação católica sem falar de humanismo.
Transcendência
“Educar de modo cristão não é fazer uma catequese, proselitismo, é levar avante os jovens e as crianças nos valores humanos em toda a realidade. E uma dessas realidades é a transcendência”, disse o Papa, que considera o fechamento à transcendência a maior crise educacional.
O Pontífice lamentou a educação seletiva e elitista. “Parece que têm direito à educação os povos que tem certo nível, certa capacidade. Mas certamente não têm direito à educação todas as crianças. Esta é uma realidade mundial que nos envergonha, que nos leva rumo a uma seletividade humana que, ao invés de aproximar os povos, os afasta. Afasta os ricos dos pobres, uma cultura de outra.”
O Papa falou ainda do fenômeno da exclusão, que leva à ruptura do pacto educativo entre a família e a escola, entre a família e o Estado. “Os trabalhadores mais mal pagos são os educadores. Isso significa que o Estado não tem interesse”, criticou.
Um grande pensador brasileiro
Para ele, o trabalho do educador é buscar novos caminhos na educação informal, como as artes e os desportos. E o Papa chamou em causa os brasileiros, citando implicitamente Paulo Freire:
“Um grande educador brasileiro dizia que na escola formal devia-se evitar cair somente num ensino de conceitos. A verdadeira escola deve ensinar conceitos, hábitos e valores. Quando uma escola não é capaz de fazer isso, esta escola é seletiva, exclusiva e para poucos”, disse Francisco, acrescentando que o critério de seleção puramente racional tem como base “o fantasma do dinheiro”.
Quanto à figura do educador, o Pontífice considera que este deve saber arriscar; caso contrário, não pode educar.
“Arriscar significa ensinar a caminhar, ensinar que uma perna deve estar firme e, a outra, deve tentar avançar. Educar é isto. O verdadeiro educador deve ser mestre de risco, mas de risco consciente.”
Periferias
Francisco falou ainda da necessidade de ir às periferias. No campo educativo, afirmou, significa acompanhar os alunos no crescimento, não somente fazer beneficência e dar de comer e ensinar a ler. Significa segurar pelas mãos e caminhar juntos, fazer com que os jovens de periferia, feridos em sua humanidade, “cresçam em humanidade, em inteligência, em valores e em hábitos”.
“A maior falência de um educador é educar ‘dentro dos muros’: muros de uma cultura seletiva, muros de uma cultura de segurança, os muros de um setor social elevado.”
Por fim, o Papa deu como “lição de casa” aos presentes que repensem as obras de misericórdia na educação.  “Como posso fazer para que este Amor do Pai, que é especialmente ressaltado neste Ano da Misericórdia, chegue às nossas obras educativas?”
O Pontífice concluiu agradecendo aos educadores “mal pagos” por tudo o que fazem, encorajando-os a prosseguirem. “Devemos reeducar tantas civilizações!”

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Papa: A mundanidade destrói a identidade cristã.


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco começou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta.

O Pontífice comentou a primeira leitura do dia, extraída do Livro dos Macabeus, que fala de uma “raiz perversa” que surgiu naquelas dias: o rei helenista Antíoco Epífanes impõe os hábitos pagãos a Israel, ao “Povo eleito”, isto é, à “Igreja daquele momento”.
Francisco descreveu “a imagem da raiz que está sob a terra”. A “fenomenologia da raiz” é esta: “Não se vê, parece não machucar, mas depois cresce e mostra a própria realidade”. “Era uma raiz razoável”, que impulsionava alguns israelitas a se aliarem com as nações vizinhas para se protegerem: “Por que tantas diferenças? Porque desde que nos separamos deles, muitos males caíram sobre nós. Unamo-nos a eles”.
O Papa explicou esta leitura com três palavras: “Mundanidade, apostasia, perseguição”. A  mundanidade é fazer aquilo que faz o mundo. É dizer: “Vamos leiloar a nossa carteira de identidade; somos iguais a todos”. Assim, muitos israelitas “renegaram a fé e se afastaram da aliança sagrada”. E aquilo “que parecia tão razoável – ‘somos como todos, somos normais’ – se tornou a destruição”:
“Depois o rei prescreveu em todo o seu reino que todos formassem um só povo, um pensamento único; a mundanidade, e que cada um abandonasse os próprios costumes. Todos os povos seguiram as ordens do rei; até mesmo muitos israelitas aceitaram o seu culto: sacrificaram aos ídolos e profanaram o sábado. A apostasia, ou seja, a mundanidade leva ao pensamento único e à apostasia. As diferenças não são permitidas: todos iguais. E na história da Igreja, na história vimos, penso num caso, que foi mudado o nome das festas religiosas. O Natal do Senhor tem outro nome para cancelar a identidade.”
Em Israel foram queimados os livros da lei “e se alguém obedecia a lei, a sentença do rei o condenava à morte”. "Eis a perseguição, iniciada de uma raiz venenosa. Sempre me chamou a atenção", disse o Papa, "que o Senhor, na última ceia, naquela longa oração rezasse pela unidade dos seus e pedia ao Pai que os libertasse de todo espírito do mundo, de toda mundanidade, porque a mundanidade destrói a identidade; a mundanidade leva ao pensamento único":
“Começa de uma raiz, mas é pequena, e termina na abominação da desolação, na perseguição. Este é o engano da mundanidade. Por isso, Jesus pedia ao Pai, naquela ceia: Pai, não te peço que os tire do mundo, mas que os proteja do mundo”, desta mentalidade, deste humanismo que vem tomar o lugar do homem verdadeiro, Jesus Cristo, que vem nos tirar a identidade cristã e nos leva ao pensamento único: ‘Todos fazem assim, por que nós não?’. Nesses tempos, isso nos deve questionar: como é a minha identidade? É cristã ou mundana? Ou me declaro cristão porque quando criança fui batizado ou nasci num país cristão, onde todos são cristãos? A mundanidade que entra lentamente, cresce, se justifica e contagia: cresce como aquela raiz, se justifica – ‘mas façamos como todos, não somos tão diferentes’ -, busca sempre uma justificativa  e, no final, contagia e tantos males vêm dali”. 
“A liturgia, nestes últimos dias do ano litúrgico” – finaliza o Papa – nos exorta a prestar atenção às “raízes venenosas” que “afastam do Senhor”:
“E peçamos ao Senhor pela Igreja, para que o Senhor a proteja de todas as formas de mundanidade. Que a Igreja sempre tenha identidade emitida por Jesus Cristo; que todos nós tenhamos a identidade que recebemos no batismo, e que esta identidade, para querer ser como todos, por motivos de ‘normalidade’, não seja jogada fora. Que o Senhor nos dê a graça de manter e proteger a nossa identidade cristã contra o espírito da mundanidade que sempre cresce, se justifica e contagia”.

Aniversário do decreto Apostolicam Actuositatem.

Dom Severino Clasen
Bispo de Caçador (SC)
Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral para o Laicato

No dia 18 de novembro de 1965, o Papa Paulo VI, em pleno Concílio Vaticano II, assina o decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos). Já se passaram 50 anos e o decreto ainda é muito desconhecido tanto pela hierarquia quanto pelos próprios leigos. Cabe a nós divulgar e apresentar a sua riqueza e seu conteúdo evangelizador para os tempos atuais. Naturalmente muita coisa mudou, mas o seu conteúdo continua atual e vai além dos nossos tempos.
1. Natureza e conteúdo do Decreto
Importante destacar o testemunho dos leigos que tem sua identidade própria.  “O apostolado dos leigos, uma vez que dimana da sua própria vocação cristã, jamais pode deixar de existir na Igreja. A própria Sagrada Escritura demonstra abundantemente quão espontânea e fecunda foi tal atividade nos primórdios da Igreja” (cf. At 11,19-21; 18,26; Rm 16,1-16; Fl 4,3). Por isso, os leigos e leigas são sujeitos da missão na Igreja e na sociedade. “A Igreja nasceu para que, dilatando o Reino de Cristo por toda a terra para glória de Deus Pai, torne os homens participantes da redenção salvadora e por meio deles o mundo seja efetivamente ordenado para Cristo. Toda a atividade do corpo místico orientada para este fim chama-se apostolado, que a Igreja exerce, por meio de todos os seus membros, de maneira diversas; com efeito, a vocação cristã, por sua natureza, é também vocação ao apostolado” (n.2).
Existe apenas uma categoria de cristãos, mas serviços, e responsabilidades diferentes. “Pois, o dever e o direito do apostolado deriva da união destes com Cristo cabeça. Com efeito, inseridos no corpo místico de Cristo pelo batismo e robustecidos pela virtude do Espírito Santo na confirmação, os leigos são deputados pelo próprio Senhor para o apostolado. São consagrados como sacerdócio real e povo santo (cf.1Pd ,4-10), a fim de oferecerem, por meio de todas as obras, hóstia espirituais, e darem testemunho de Cristo em toda a parte. O apostolado é exercido na fé, na esperança e na caridade que o Espírito Santo difunde nos corações de todos os membros da Igreja”. (n.3). 
Através da espiritualidade no seguimento a Jesus Cristo, os leigos descobrem uma mística própria do seguimento e orientação para um vida digna, justa e fecunda na família, no mundo do trabalho e na sociedade.
2. Evangelizar para a santificação
O convite à santidade é dirigida a todos os batizados. Inúmeras possibilidades se abrem para que todos possam exercer o apostolado de evangelização e de santificação. O próprio testemunho de vida cristã e as boas obras feitas com espírito sobrenatural têm força para atrair os homens à Deus, pois disse Senhor: “Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, que vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16) (n.6). 
Nos habituamos em ser cristãos dentro dos templos enquanto no mundo nos escondemos como cristãos. Explica-se porque tanta corrupção e violência e a maioria em nosso continente ocidental por pessoas que foram introduzidos na doutrina cristã.
3. Campos e formas de Apostolado
O Papa Francisco vem insistindo numa igreja em saída. É preciso sair das estruturas e aventurar-se no meio do mundo. 
“Os leigos exercem o seu multíplice apostolado tanto na Igreja como no mundo. Numa e noutra destas ordens, se abrem vários campos de atuação apostólica. Queremos recordar aqui os principais. São os seguintes: as comunidades da Igreja, a família, os jovens, o ambiente social e a ordem nacional e internacional” (n.9). 
Enquanto a Igreja se estrutura e se organiza em suas várias pastorais, surgem também outras formas de apostolado mais numa dimensão interna. Enquanto o Apostolado, se expunha aos desafios, sendo sal e luz no mundo, há uma certa restrição em mostrar as caras para fermentar com o evangelho que exige presença, testemunho, anúncio e denúncia nos mecanismos da sociedade. 
Os avanços são percebidos quando a hierarquia dialoga, acolhe e incentiva que todos os batizados se tornando filhos da Igreja e portanto, vez e voz para viver e experimentar a alegria do evangelho. 
4. Formação
As novidades apresentadas sobretudo do mercado, cabe a Igreja como mãe, orientar seus filhos que vivem dentro desse mundo com suas alegrias e suas angústias.
“O apostolado só pode atingir plena eficácia com uma multiforme e integral formação exigida não só o contínuo progresso espiritual e doutrinal do próprio leigo mas até pelas várias circunstâncias de coisas, pessoas e tarefas, às quais se deve adaptar a sua atividade. Esta formação em ordem ao apostolado deve apoiar-se naqueles fundamentos, que noutros lugares foram afirmados e declarados pelo Concílio. Além da formação espiritual, requer-se uma sólida preparação doutrinal, nomeadamente teológica, ética, filosófica, segundo a diversidade de idade, condição e talento. De forma nenhuma se descure a importância também da cultura geral, unida à formação prática e técnica”. (n.28-29).
Fomentemos a esperança que, depois de 50 anos da promulgação desse decreto, saibamos todos que a missão continua. O desejo de conhecer Jesus Cristo e o seu Evangelho é tarefa apostólica própria dos batizados, resgatando a paz tanto desejada em todo o mundo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Família, tocha acesa.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

O Papa Francisco, com a realização do Sínodo sobre a Família, acende tocha que torna clara uma necessidade: todos devem cuidar e investir mais na família, célula vital para a sociedade. As reflexões no âmbito da compreensão antropológica têm grande importância, particularmente quando são afrontados conceitos e posicionamentos advindos dos desvios cultivados na impostação da ideologia de gênero. Uma temática que precisa ser bem acompanhada, discutida e esclarecida para que não se entre em “canoa furada”. Não se pode permitir a desconstrução da compreensão antropologicamente compreendida e consolidada sobre o que é a família, fundamentada nos princípios inegociáveis da profissão da fé cristã.
Todos devem se empenhar nesse sentido para que descompassos não sejam introduzidos nos processos de educação e na opinião pública. Também importante é a corajosa voz da Igreja e dos cristãos em sintonia com outros segmentos que professam os mesmos valores insubstituíveis, fonte de disciplinas e ritos que não podem ser relativizados, pois se localizam em horizontes do direito natural e das verdades da fé, com bases no Evangelho.
Assim, a energia que deve ser investida de modo prioritário não pode, simplesmente, se restringir na reafirmação contínua em torno do que não se muda. É preciso proporcionar a assimilação e prática desses princípios e valores. Essas são tarefas irrenunciáveis da Igreja, sem contemporizações. Obrigações que incluem muitos outros entendimentos importantes para que se alcance a consideração da família como a primeira escola da fé no âmbito importante da missão evangelizadora da Igreja. A tarefa diária é fazer da família, efetivamente, célula vital para a construção de uma sociedade melhor. Eis o desafio, a ser enfrentado com a clarividência conceitual, a partir de contribuições imprescindíveis da doutrina da fé, do inconfundível sentido e alcance antropológico do que é família, sem inovações “facilitadoras” e até mesmo permissivas.
A família é a primeira sociedade natural e tem que estar no centro da dinâmica social. O risco de relegá-la a um papel subalterno é a produção de um gravíssimo dano ao autêntico crescimento da sociedade. Ora, a família é o fundamento da vida das pessoas e, consequentemente, o inigualável modelo de todo o ordenamento da civilização. Absolutamente nenhuma experiência ou organização se compara com a singularidade própria da instituição familiar, determinante na formatação do caráter, do desenvolvimento de competências emocionais e subjetivações, no enraizamento de vivências que nutrem cidadanias.  Bastaria pensar, entre outros aspectos ricos e variados, a aprendizagem da capacidade de se relacionar, própria do contexto familiar - o reconhecimento da importância do outro.
No horizonte dos mais variados segmentos sociais, incluindo governos e instituições diversas, faz-se necessária uma interpelação. Quais investimentos são realizados em benefício da família, instituição estratégica no enfrentamento da violência, da cultura da corrupção e da imoralidade? A instituição familiar necessita de mais atenção.   Sem novas atitudes em sua defesa, não será possível a qualificação do tecido social. Bobagens vão se multiplicar e as perspectivas continuarão sombrias. Não menos desafiadora é a tarefa da Igreja, que deve buscar práticas pedagógicas e experienciais novas, capazes de consolidar cada vez mais a instituição familiar como primeira escola da fé. O Papa Francisco convoca todos a fortalecerem a chama da família, tocha acesa que ilumina os passos da sociedade. 

sábado, 14 de novembro de 2015

11a. reunião do Conselho Arquidiocesano da Pastoral Familiar - Centro de Pastoral Maria da Igreja.

Realizado dia 14.11.2015, nossa 11a. e última reunião do Conselho Arquidiocesano da Pastoral Familiar - Centro de Pastoral Maria da Igreja. Na ocasião as Paróquias presentes realizaram em grupo a avaliação do ano de 2015 e sugeriram atividades para o ano de 2016. Na sequencia realizamos nossa confraternização, agradecendo a Deus por todas as bençãos e suplicando sua misericórdia para conosco.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Audiência: tv e celular comprometem convívio familiar.



Cidade do Vaticano (RV) – O convívio familiar foi o tema da Audiência Geral desta quarta-feira (11/11) do Papa Francisco. Cerca de 20 mil fiéis e peregrinos compareceram na Praça S. Pedro, entre eles os participantes do III encontro dos missionários brasileiros na Europa.
O convívio, a partilha dos bens da vida, explicou Francisco, é uma característica das relações familiares. A família reunida ao redor da mesa é um símbolo, um ícone, desta experiência fundamental. "Uma família que quase nunca faz junta as refeições, ou que à mesa não fala, mas assiste à televisão, ou olha o celular, é uma família 'pouco família'. "Significa que há algum problema." “É o silêncio do egoísmo”, disse.
Neste sentido, recordou o Pontífice, o Cristianismo possui uma vocação especial a esta índole convivial. Jesus, além ensinar quando se encontrava à mesa, também usava esta imagem para falar do Reino de Deus; aliás, foi na mesa da última Ceia que Ele nos deixou a Eucaristia como testamento do seu Sacrifício na Cruz.
Nos dias de hoje, em que vemos as famílias sempre menos reunidas, advertiu o Papa, a passagem da mesa da família à mesa da Eucaristia é ainda mais importante. Na Missa, o Senhor oferece o seu Corpo e Sangue para todos, fazendo que a própria experiência do convívio familiar se abra a uma experiência de uma convivência universal: assim a família cristã mostra o seu verdadeiro horizonte, que é o da Igreja, Mãe de todos os homens, onde não existem excluídos nem abandonados.
Até ontem, recordou, bastava uma única mãe para cuidar das crianças no pátio, porque os filhos eram considerados um bem de toda a comunidade.
Hoje, acrescentou o Pontífice, muitos contextos sociais põem obstáculos ao convívio familiar. “Devemos encontrar o modo para recuperá-lo”, pois “parece que se tornou uma coisa que se compra e vende”, disse o Papa.
Todavia, notou o Papa, o nutrimento nem sempre é o símbolo de uma justa compartilha dos bens, capaz de alcançar quem não tem nem pão nem afetos. E advertiu para a opulência dos países ricos diante dos demasiados irmãos e irmãs que permanecem fora da mesa. “É uma vergonha”, reiterou o Papa.
“Rezemos para que este convívio familiar possa crescer e amadurecer no tempo de graça do próximo Jubileu da Misericórdia”, concluiu Francisco.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Objetivos da Pastoral Familiar - Paróquia Mãe Satíssima - Parque Dois Irmãos. - Região N. S. Conceição.

Realizado dia 10/11/2015, formação sobre os "Objetivos da Pastoral Familiar" na Paróquia Mãe Santíssima - Parque Dois Irmãos. - Região N. S. Conceição.
 
 
 


Papa: anunciar a fé em Jesus é coração da nossa identidade.


10 de novembro, missa campal no Estádio Artemio Franchi de Florença – o Papa em visita àquela cidade exortou os cristãos a conservarem a fé em Jesus, sendo esta uma verdade que escandaliza.
Um estádio cheio de fé acolheu o Santo Padre e ouviu-o falar da verdade da fé na sua homilia. Partindo do Evangelho do dia proposto por S. Mateus, o Papa Francisco afirmou que, tal como Jesus, a Igreja deve viver no meio do mundo e aí levar a sua fé, uma fé amadurecida no Senhor que seja resposta à pergunta de Jesus no Evangelho: “E vós quem dizeis que eu sou?”
Nas palavras do Santo Padre esta pergunta ainda ecoa na nossa consciência, nós que somos “seus discípulos” e que é decisiva para a nossa “identidade e missão”. “Só se reconhecermos Jesus na sua verdade, seremos em grau de conservar a verdade da nossa contradição humana e poderemos levar o nosso contributo à plena humanização da sociedade” – afirmou o Papa Francisco:
“Conservar e anunciar a reta fé em Jesus Cristo é o coração da nossa identidade cristã, porque no reconhecer o mistério do Filho de Deus feito homem nós poderemos penetrar no mistério de Deus e no mistério do homem.”
À pergunta de Jesus responde Pedro dizendo: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo’. Uma resposta que assume o ‘ministério petrino’: conservar e proclamar a verdade da fé; defender e promover a comunhão entre as Igrejas; conservar a disciplina da Igreja. O Santo Padre recordou o Papa Leão Magno, originário da Toscana e que tinha no coração a ânsia apostólica de que todos pudessem conhecer Jesus e não apenas “uma sua imagem, distorcida das filosofias e das ideologias do tempo” – referiu o Papa Francisco que considerou que a nossa alegria de hoje é a de partilhar a fé, indo, muitas vezes, contra a corrente, e que afirma a fé no Deus misericordioso. Uma verdade que escandaliza porque é serviço:
“ Esta verdade da fé é verdade que escandaliza, porque pede de crer em Jesus, o qual, mesmo sendo Deus, esvaziou-se à condição de servo, até á morte de cruz, e por isto Deus fê-lo Senhor do Universo. É a verdade que ainda hoje escandaliza quem não tolera o mistério de Deus impresso no rosto de Cristo. É a verdade que não podemos tocar e abraçar sem – como diz S. Paulo – entrar no mistério de Jesus Cristo e sem fazer nossos os seus sentimentos. Só a partir do Coração de Cristo podemos entender, professar e viver a Sua verdade.”
No final da sua homilia o Papa Francisco sublinhou a “comunhão entre divino e humano que existe plenamente em Jesus” e que é a meta da história humana. Uma história que se faz no caminho do “bom samaritano”, descobrindo o “rosto da caridade” – afirmou o Papa concluindo a sua homilia na Missa conclusiva da visita a Florença.

"Lute para vencer a guerra empreendida pelos humanos contra si mesmos".


destrocos-de-uma-casa-apos-desastre-provocado-pelo-rompimento-de-barragens-da-samarco-em-mariana-minas-gerais-1447062925625_1920x1080Ecologia e Desastre:
Estamos todos alarmados com o terrível acidente ecológico acontecido no município de Mariana, na semana que findou. Uma avalanche de lama rompe uma barragem e vem arrastando tudo pela frente, causando muita destruição, ceifando vidas humanas e provocando ferimentos e perigo a inúmeras pessoas que nada tinham a ver com os rendosos projetos de mineração da região. Lemos testemunhos chocantes de cidadãos e cidadãs que nos dão a dimensão do problema causado, dos sofrimentos de quem perdeu tudo ou quase tudo. Quem vai ressarcir dignamente os bens materiais das famílias, da comunidade e dos indivíduos? Quem poderá pagar pelos falecidos? Nenhum dinheiro do mundo é suficiente para reparar a falta de um filho, de uma mãe, pai, parente ou amigo! Tais perguntas e exclamações se justificam sobejamente, pois sabemos bem o que aconteceu com as pessoas prejudicadas por desastres ecológicos anteriores, estando até hoje as vítimas a "ver navios". As leis existem para conter a ganância das empresas de exploração, para proteger a natureza, porém, não é novidade para ninguém que elas funcionam apenas em alguns casos, não são observadas em outros, e que o rigor com o controle ambiental tem sido praticado apenas até que as propinas e outros arranjos de interesse não chegam, favorecendo para empreiteiras e a particulares inescrupulosos. Esse é mais um capítulo da dolorosa novela da corrupção praticada em nosso país, com a participação de gente grande e poderosa.
O cuidado com a natureza, com a Casa Comum da humanidade, no dizer do Papa Francisco, é algo urgente, sobretudo no que diz respeito ao desmatamento, à agressão às montanhas de mineração, à poluição das águas e do ar, pois tudo isso é ameaça à raça humana, à vida animal no globo terrestre e, enfim, a toda a natureza.
Queremos pôr nossa voz em consonância com o Papa Francisco que afirmou em sua recente Encíclica Laudato Si: "Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos. (LS 13)
Sobre a negligência política, urge o Papa com as seguintes palavras: "O drama duma política focalizada nos recursos imediatos, apoiada também por populações consumistas, torna necessário produzir crescimento, a curto prazo. Respondendo a interesses eleitorais, os governos não se aventuram facilmente a irritar a população com medidas que possam afetar o nível de consumo ou pôr em risco investimentos estrangeiros. A construção míope do poder freia a inserção duma agenda ambiental com visão ampla da agenda pública dos governos. " (LS 178)
Não se pode terminar a reflexão, sem um voto de louvor à população que faz gestos de animadora solidariedade com os vitimados pelos desastres ecológicos, oferecendo socorro imediato, casas, roupa, alimento, água e tantos outros recursos, demonstrando verdadeira maturidade humana e cristã.
Quem puder ajudar, não se recuse, e com a mesma atenção, lute para vencer a guerra empreendida pelos humanos contra si mesmos quando descuidam do meio ambiente criado por Deus para nós todos.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de For

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ano da Misericórdia.

logooficialanomisericordia
 A proximidade do Jubileu Extraordinário da Misericórdia permite-me focar alguns pontos sobre os quais considero importante intervir para consentir que a celebração do Ano Santo seja para todos os crentes um verdadeiro momento de encontro com a misericórdia de Deus. Com efeito,  desejo que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quiséssemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz.
O meu pensamento dirige-se, em primeiro lugar, a todos os fiéis que em cada Diocese, ou como peregrinos em Roma, viverem a graça do Jubileu. Espero que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido. Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. Estabeleço igualmente que se possa obter a indulgência nos Santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que tradicionalmente são identificadas como Jubilares. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro.
Penso também em quantos, por diversos motivos, estiverem impossibilitados de ir até à Porta Santa, sobretudo os doentes e as pessoas idosas e sós, que muitas vezes se encontram em condições de não poder sair de casa. Para eles será de grande ajuda viver a enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade ao Senhor que no mistério da sua paixão, morte e ressurreição indica a via mestra para dar sentido à dor e à solidão. Viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será para eles o modo de obter a indulgência jubilar. O meu pensamento dirige-se também aos encarcerados, que experimentam a limitação da sua liberdade. O Jubileu constituiu sempre a oportunidade de uma grande amnistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade, oferecendo o seu contributo honesto. A todos eles chegue concretamente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais necessita do seu perdão. Nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também  transformar as grades em experiência de liberdade.
Eu pedi que a Igreja redescubra neste tempo jubilar a riqueza contida nas obras de misericórdia corporais e espirituais. De facto, a experiência da misericórdia torna-se visível no testemunho de sinais concretos como o próprio Jesus nos ensinou. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar. Daqui o compromisso a viver de misericórdia para alcançar a graça do perdão completo e exaustivo pela força do amor do Pai que não exclui ninguém. Portanto, tratar-se-á de uma indulgência jubilar plena, fruto do próprio evento que é celebrado e vivido com fé, esperança e caridade.
Enfim, a indulgência jubilar pode ser obtida também para quantos faleceram. A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na celebração eucarística, também podemos, no grande mistério da comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim.
Um dos graves problemas do nosso tempo é certamente a alterada relação com a vida. Uma mentalidade muito difundida já fez perder a necessária sensibilidade pessoal e social pelo acolhimento de uma nova vida. O drama do aborto é vivido por alguns com uma consciência superficial, quase sem se dar conta do gravíssimo mal que um gesto  semelhante comporta. Muitos outros, ao contrário, mesmo vivendo este momento como uma derrota, julgam que não têm outro caminho a percorrer. Penso, de maneira particular, em todas as mulheres que recorreram ao aborto. Conheço bem os condicionamentos que as levaram a tomar esta decisão. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres que traziam no seu coração a cicatriz causada por esta escolha sofrida e dolorosa. O que aconteceu é profundamente injusto; contudo, só a sua verdadeira compreensão pode impedir que se perca a esperança. O perdão de Deus não pode ser negado a quem quer que esteja arrependido, sobretudo quando com coração sincero se aproxima do Sacramento da Confissão para obter a reconciliação com o Pai. Também por este motivo, não obstante qualquer disposição em contrário, decidi conceder a todos os sacerdotes para o Ano Jubilar a faculdade de absolver do pecado de aborto quantos o cometeram e, arrependidos de coração, pedirem que lhes seja perdoado. Os sacerdotes se preparem para esta grande tarefa sabendo conjugar palavras de acolhimento genuíno com uma reflexão que ajude a compreender o pecado cometido, e indicar um percurso de conversão autêntica para conseguir entender o verdadeiro e generoso perdão do Pai, que tudo renova com a sua presença.
Uma última consideração é dirigida aos fiéis que por diversos motivos sentem o desejo de frequentar as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade São Pio X. Este Ano Jubilar da Misericórdia não exclui ninguém. De diversas partes, alguns irmãos Bispos referiram-me acerca da sua boa fé e prática sacramental, porém unida à dificuldade de viver uma condição pastoralmente árdua. Confio que no futuro próximo se possam encontrar soluções para recuperar a plena comunhão com os sacerdotes e os superiores da Fraternidade. Entretanto, movido pela exigência de corresponder ao bem destes fiéis, estabeleço por minha própria vontade que quantos, durante o Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para celebrar o Sacramento da Reconciliação junto dos sacerdotes da Fraternidade São Pio X, recebam validamente e licitamente a absolvição dos seus pecados.
Confiando na intercessão da Mãe da Misericórdia, recomendo à sua protecção a preparação deste Jubileu Extraordinário.

Papa: a caridade não se faz com o supérfluo.


Cidade do Vaticano (RV) - “Há doenças cardíacas que fazem aproximar o bolso, a carteira ao coração”. O Papa Francisco no Angelus deste domingo comentou com essa imagem a mensagem do óbolo da viúva, que convida não só a dar o supérfluo aos pobres, mas também o que nos custa verdadeiramente dar, narrada pelo Evangelho deste domingo. Neste contexto, o Pontífice contou um episódio sobre uma família de Buenos Aires, cidade, que definiu a sua diocese anterior.
“Uma mãe e seus três filhos, enquanto que o pai estava no trabalho, se colocaram à mesa diante de bifes à milanesa. Batem à porta e mamãe pergunta quem é?. A criança que tinha ido abrir a porta responde que havia um mendigo que pede algo para comer. E a mãe, que era uma boa cristã, pega uma faca e diz às crianças: ‘O que vamos fazer? Vamos dar metade de cada bife'. 'Não mãe, não assim'! Pegue da geladeira”, respondem as crianças. ‘Não, vamos fazer três sanduíches’, responde a mãe. E as crianças aprenderam. A verdadeira caridade se faz assim. Estou certo de que naquela tarde elas tiveram um pouco de fome. Devemos nos privar de algo como essas crianças se privaram da metade do bife”.
“Jesus - explicou Francisco – diz também a nós que o critério de julgamento e não é a quantidade, mas a plenitude; há uma diferença entre quantidade e plenitude. Você pode ter tanto dinheiro, mas ser vazio, não há plenitude no seu coração. Não é questão de carteira, mas de coração. Amar a Deus “com todo o coração” significa confiar n'Ele, na sua providência, e servi-Lo nos nossos irmãos mais pobres sem esperar nada em troca”.
“Diante das necessidades dos outros, somos chamados a nos privar de algo essencial, não apenas do supérfluo; somos chamados a dar o tempo necessário, não só aquilo que avança; somos chamados a dar imediatamente e sem reserva alguns de nossos talentos, e não depois de tê-los usados para nossas finalidades pessoais ou de grupo”.
Peçamos ao Senhor – invocou o Papa nas palavras que precederam a oração do Angleus - de nos admitir à escola desta pobre viúva que Jesus, entre a perplexidade dos discípulos, faz subir à cátedra e apresenta como mestra do Evangelho vivo. Por intercessão de Maria, a mulher pobre que deu a sua vida a Deus por nós, peçamos o dom de um coração pobre, mas rico em uma generosidade alegre e gratuita”.
Após a oração do Angelus o Papa Francisco recordou que neste domingo, na Itália, se celebra o Dia de Ação de Graças, que este ano tem como tema “O solo, o bem comum”. Associo-me aos Bispos desejando que todos ajam como administradores responsáveis ​​de um precioso bem coletivo, a terra, cujos frutos têm um destino universal. Eu estou próximo com gratidão ao mundo agrícola, e encorajo a cultivar a terra de modo a preservar a fertilidade para que produza alimento para todos, hoje e para as gerações futuras. Neste contexto, se realiza em Roma o Dia diocesano para a salvaguarda da criação, que este ano é enriquecido pela "Marcha pela terra."
O Papa recordou ainda que nesta segunda-feira, terá início em Florença, o 5º Congresso Eclesial Nacional, com a presença de bispos e delegados de todas as dioceses italianas. Trata-se de um evento importante de comunhão e de reflexão, ao qual – disse Francisco – “terei a alegria de participar também eu, na terça-feira próxima, depois de uma breve passagem por Prato. (SP)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

"Que, no Jubileu da Misericórdia, as famílias redescubram o tesouro do perdão recíproco".


papa_catequese_misericordia"Se aprendemos a viver assim em família, fazemos também fora, em qualquer lugar que estamos. É fácil ser cético sobre isso. Muitos – também entre cristãos – pensam que seja um exagero. Diz-se: sim, são belas palavras, mas é impossível colocá-las em prática", disse o papa Francisco na catequese, hoje, 04 de novembro, no Vaticano.
CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Boletim da Santa Sé
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A Assembleia do Sínodo dos Bispos, que se concluiu há pouco, refletiu a fundo a vocação e a missão da família na vida da Igreja e da sociedade contemporânea. Foi um evento de graça. Ao término, os padres sinodais me entregaram o texto de suas conclusões. Quis que esse texto fosse publicado para que todos participassem do trabalho em que nos viram empenhados juntos por dois anos. Esse não é o momento de examinar tais conclusões, sobre as quais devo eu mesmo meditar.
Nesse meio de tempo, porém, a vida não para, em particular a vida das famílias não para! Vocês, queridas famílias, estão sempre em caminho. E continuamente escrevem já nas páginas da vida concreta a beleza do Evangelho da família. Em um mundo que às vezes se torna árido de vida e de amor, a cada dia vocês falam do grande dom que são o matrimônio e a família.
Hoje gostaria de destacar esse aspecto: que a família é um grande ginásio de treinamento ao dom e ao perdão recíproco sem o qual nenhum amor pode durar muito. Sem se doar e sem se perdoar o amor não permanece. Na oração que Ele mesmo nos ensinou – isso é, o Pai Nosso – Jesus nos faz pedir ao Pai: "Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". E no fim comenta: "Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará" (Mt 6, 12. 14-15). Não se pode viver sem se perdoar, ou ao menos não se pode viver bem, especialmente em família. Todo dia cometemos erros uns com os outros. Devemos levar em conta esses erros, devidos à nossa fragilidade e ao nosso egoísmo. O que porém é pedido a nós é curar logo as feridas que nos fazem, tecer de novo imediatamente os fios que se rompem na família. Se esperamos muito, tudo se torna mais difícil. E há um segredo simples para curar as feridas e para rejeitar as acusações. É isso: não deixar terminar o dia sem pedir desculpa, sem fazer as pazes entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs...entre nora e sogra! Se aprendemos a pedir desculpas logo e a nos doarmos o recíproco perdão, curamos as feridas, o matrimônio se fortalece e a família se torna uma casa sempre mais sólida, que resiste aos choques das nossas pequenas e grandes maldades. E por isso não é necessário fazer um grande discurso, mas é suficiente um carinho: um carinho e terminou tudo e se recomeça. Mas não terminar o dia em guerra!
Se aprendemos a viver assim em família, fazemos também fora, em qualquer lugar que estamos. É fácil ser cético sobre isso. Muitos – também entre cristãos – pensam que seja um exagero. Diz-se: sim, são belas palavras, mas é impossível colocá-las em prática. Mas graças a Deus não é assim. De fato, é justamente recebendo o perdão de Deus que, por sua vez, somos capazes de dar o perdão aos outros. Por isso Jesus nos faz repetir essas palavras que recitamos na oração do Pai Nosso, isso é, todos os dias. E é indispensável que, em uma sociedade às vezes cruel, haja lugares como a família, onde aprender a perdoar uns aos outros.
O Sínodo reavivou a nossa esperança também sobre isso: faz parte da vocação e da missão da família a capacidade de perdoar e de se perdoar. A prática do perdão não somente salva as famílias da divisão, mas as torna capazes de ajudar a sociedade a ser menos má e menos cruel. Sim, todo gesto de perdão repara a casa das rachaduras e fortalece seus muros. A Igreja, queridas famílias, está sempre próxima a vocês para ajudar a construir a vossa casa sobre a rocha da qual falou Jesus. E não esqueçamos essas palavras que precedem imediatamente a parábola da casa: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus". E acrescenta: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci" (cfr Mt 7, 21-23). É uma palavra forte, não há dúvida, que o objetivo é nos abalar e nos chamar à conversão.
Asseguro-vos, queridas famílias, que se forem capazes de caminhar sempre mais decididamente no caminho das Bem-Aventuranças, aprendendo e ensinando a se perdoarem reciprocamente, em toda a grande família da Igreja crescerá a capacidade de dar testemunho da força renovadora do perdão de Deus. Do contrário, faremos pregações belíssimas e talvez vamos expulsar qualquer demônio, mas no fim o Senhor não nos reconhecerá como os seus discípulos, porque não tivemos a capacidade de perdoar e de nos fazermos perdoar pelos outros!
Realmente as famílias cristãs podem fazer muito pela sociedade de hoje e também pela Igreja. Por isso desejo que, no Jubileu da Misericórdia, as famílias redescubram o tesouro do perdão recíproco. Rezemos para que as famílias sejam sempre mais capazes de viver e de construir caminhos concretos de reconciliação, onde ninguém se sinta abandonado ao peso dos seus débitos.
Com essa intenção, digamos juntos: "Pai nosso, perdoai os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido".

Audiência: perdoar os pecados na família.



Quarta-feira, 4 de Novembro, audiência geral na Praça de S. Pedro com o Papa Francisco. Tema da catequese: perdoar os pecados na família. O Santo Padre começou por afirmar que durante o Sínodo dos Bispos sobre a Família foi produzido um documento que foi publicado e sobre o qual o Papa assegurou que irá meditar. Entretanto, nesta audiência o Papa falou sobre a “família como um grande ginásio, onde se treina para o dom e o perdão recíproco.”
Desde logo, o Papa Francisco deixou claro que o perdão é uma característica fundamental da vida em família:
“Não se pode viver sem nos perdoarmos, ou pelo menos não se pode viver bem, especialmente em família.“
No dia-a-dia, não faltam ocasiões em que nos portamos mal e somos injustos com os outros. Então o que temos de fazer é procurar imediatamente curar as feridas que causamos. Porque, se adiarmos demasiado, tudo se torna mais difícil – afirmou o Santo Padre que voltou a recordar um conselho essencial para a vida conjugal e familiar:
“E há um segredo simples para curar as feridas e para diluir as acusações: não deixar terminar o dia sem pedir desculpa, sem dar paz entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmão e irmã, entre nora e sogra!”
Se aprendemos a pedir logo desculpa e a darmo-nos reciprocamente o perdão – continuou o Papa – as feridas curam, o matrimónio robustece e a família torna-se uma casa sempre mais sólida, que resiste aos abalos das nossas pequenas e grandes maldades.
Verdadeiramente as famílias cristãs podem ajudar muito a sociedade actual e a própria Igreja – afirmou ainda o Santo Padre que declarou o seu desejo de que no Jubileu da Misericórdia as famílias descubram o tesouro do perdão.
“Por isso desejo que, no Jubileu da Misericórdia, as famílias descubram, de maneira nova e mais profunda, o tesouro do perdão recíproco.”
Na verdade, é recebendo o perdão de Deus que somos capazes de, por nossa vez, perdoarmos aos outros – referiu o Papa Francisco na conclusão da sua homilia sublinhando que foi para sermos capazes de perdoar que Jesus nos faz repetir isso mesmo na oração do Pai-Nosso: “perdoai-nos os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido.”
O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:
“Com cordial afecto, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, em especial o grupo brasileiro de Mogi das Cruzes. O Senhor vos abençoe, para serdes em toda a parte farol de luz do Evangelho para todos. Possa esta peregrinação fortalecer nos vossos corações o sentir e o viver com a Igreja. Nossa Senhora acompanhe e proteja a vós todos e aos vossos entes queridos.”
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção!

Mensagem Sínodo: "Compreender a importância da instituição da família e do matrimônio entre homem e mulher".


sinodofinal"Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a 'caminhar juntos' para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!", disse o papa Francisco, em mensagem por ocasião do encerramento da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família. De 04 a 25 de outubro, 265 membros votantes participaram da Assembleia que refletiu sobre "A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo".
O papa agradeceu aos diversos colaborares do Sínodo que trabalham para o êxito das atividades. "Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa ativa e frutuosa participação. Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!", expressou Francisco.
Confira íntegra da mensagem:
Amadas Beatitudes, Eminências, Excelências, Queridos irmãos e irmãs!
Quero, antes de mais, agradecer ao Senhor por ter guiado o nosso caminho sinodal nestes anos através do Espírito Santo, que nunca deixa faltar à Igreja o seu apoio.
Agradeço de todo o coração ao Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo, a D. Fabio Fabene, Subsecretário e, juntamente com eles, agradeço ao Relator, o Cardeal Peter Erdö, e ao Secretário Especial, D. Bruno Forte, aos presidentes delegados, aos secretários, consultores, tradutores e todos aqueles que trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja: um cordial obrigado!
Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa ativa e frutuosa participação.
Agradeço ainda a todas as pessoas que se empenharam, de forma anônima e em silêncio, prestando a sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo.
Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!
Enquanto acompanhava os trabalhos do Sínodo, pus-me esta pergunta: Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?
Certamente não significa que esgotámos todos os temas inerentes à família, mas que procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança, sem cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse.
Seguramente não significa que encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinamo-las cuidadosamente, abordamo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia.
Significa que solicitamos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimônio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana.
Significa que escutamos e fizemos escutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a Roma carregando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os desafios das famílias do mundo inteiro.
Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família.
Significa que procurámos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade.
Significa que testemunhámos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem «endoutriná-lo» como pedras mortas para as jogar contra os outros.
Significa também que espoliámos os corações fechados que, frequentemente, se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.
Significa que afirmámos que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos, ou melhor dos justos e dos santos quando se sentem pobres e pecadores.
Significa que procurámos abrir os horizontes para superar toda a hermenêutica conspiradora ou perspectiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível.
No caminho deste Sínodo, as diferentes opiniões que se expressaram livremente – e às vezes, infelizmente, com métodos não inteiramente benévolos – enriqueceram e animaram certamente o diálogo, proporcionando a imagem viva duma Igreja que não usa «impressos prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar os corações ressequidos.1
E vimos também – sem entrar nas questões dogmáticas, bem definidas pelo Magistério da Igreja – que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase um escândalo, para o bispo doutro continente; aquilo que se considera violação de um direito numa sociedade, pode ser preceito óbvio e intocável noutra; aquilo que para alguns é liberdade de consciência, para outros pode ser só confusão. Na realidade, as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado.2 O Sínodo de 1985, que comemorava o vigésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, falou da inculturação como da «íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a integração no cristianismo e a encarnação do cristianismo nas várias culturas humanas».3 A inculturação não debilita os valores verdadeiros, mas demonstra a sua verdadeira força e a sua autenticidade, já que eles adaptam-se sem se alterar, antes transformam pacífica e gradualmente as várias culturas.
Vimos, inclusive através da riqueza da nossa diversidade, que o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas.
E, sem nunca cair no perigo do relativismo ou de demonizar os outros, procuramos abraçar plena e corajosamente a bondade e a misericórdia de Deus, que ultrapassa os nossos cálculos humanos e nada mais quer senão que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2, 4), para integrar e viver este Sínodo no contexto do Ano Extraordinário da Misericórdia que a Igreja está chamada a viver.
Amados irmãos!
A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia (cf. Rm 3, 21-30; Sal 129/130; Lc 11, 37-54). Significa vencer as tentações constantes do irmão mais velho (cf. Lc 15, 25-32) e dos trabalhadores invejosos (cf. Mt 20, 1-16). Antes, significa valorizar ainda mais as leis e os mandamentos, criados para o homem e não vice-versa (cf. Mc 2, 27).
Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esforços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5, 6).
O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor (cf. Jo 12, 44-50).
Do Beato Paulo VI temos estas palavras estupendas: «Por conseguinte podemos pensar que cada um dos nossos pecados ou fugas de Deus acende n'Ele uma chama de amor mais intenso, um desejo de nos reaver e inserir de novo no seu plano de salvação (...). Deus, em Cristo, revela-Se infinitamente bom (...). Deus é bom. E não apenas em Si mesmo; Deus – dizemo-lo chorando – é bom para nós. Ele nos ama, procura, pensa, conhece, inspira e espera... Ele – se tal se pode dizer – será feliz no dia em que regressarmos e Lhe dissermos: Senhor, na vossa bondade, perdoai-me. Vemos, assim, o nosso arrependimento tornar-se a alegria de Deus».5
Por sua vez São João Paulo II afirmava que «a Igreja vive uma vida autêntica, quando professa e proclama a misericórdia, (...) e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador das quais ela é depositária e dispensadora».6
Também o Papa Bento XVI disse: «Na realidade, a misericórdia é o núcleo da mensagem evangélica, é o próprio nome de Deus (...). Tudo o que a Igreja diz e realiza, manifesta a misericórdia que Deus sente pelo homem, portanto, por nós. Quando a Igreja deve reafirmar uma verdade menosprezada, ou um bem traído, fá-lo sempre estimulada pelo amor misericordioso, para que os homens tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10)».7
Sob esta luz e graça, neste tempo de graça que a Igreja viveu dialogando e discutindo sobre a família, sentimo-nos enriquecidos mutuamente; e muitos de nós experimentaram a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sínodo. Para todos nós, a palavra «família» já não soa como antes, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal.8
Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a 'caminhar juntos" para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!
Obrigado!
CNBB com informações do News.va