"Nós,
bispos do Regional Leste 1 da CNBB, que abrange todo o Estado do Rio de
Janeiro, manifestamos nossa profunda preocupação em face das tentativas
de se implantar a ideologia de gênero em nosso país. A ideologia de
gênero é a afirmação de que não se nasce homem ou mulher, mas a opção
acontece posteriormente, a partir da livre escolha de cada indivíduo",
expressou o episcopado na nota emitida em 26 de junho.
Nota sobre Ideologia de Gênero
"Homem e mulher Deus os criou" (Gn 1,27)
Nós, bispos do Regional Leste 1 da CNBB,
que abrange todo o Estado do Rio de Janeiro, manifestamos nossa
profunda preocupação em face das tentativas de se implantar a ideologia
de gênero em nosso país. A ideologia de gênero é a afirmação de que não
se nasce homem ou mulher, mas a opção acontece posteriormente, a partir
da livre escolha de cada indivíduo.
Por isso, alertamos para os esforços
empreendidos a fim de que esta ideologia passe a fazer parte do sistema
educacional. Embora não tenham alcançado êxito em nível nacional,
observa-se agora nova tentativa de implantação da mesma ideologia em
nível municipal.
Afirmamos que a sexualidade humana não é
apenas uma questão de escolha, mas de reconhecimento de uma realidade
com a qual já nascemos e com a qual somos chamados a viver. Reafirmamos a
importância do sexo biológico e chamamos a atenção para os riscos de se
considerar as questões a ele relacionadas como apenas de escolha ou de
condicionamento histórico-cultural. A sexualidade humana compreende
cinco aspectos: biológico, afetivo, psicológico, espiritual e social. A
negação do aspecto biológico e a ênfase apenas no aspecto afetivo são
bastante reducionistas para a pessoa humana, desde a infância, sendo
prejudicial à família e à sociedade.
Ratificamos a importância da diferença
entre homem e mulher e recordamos que tal diversidade existe para a
reciprocidade, não para o antagonismo ou a competição.
Afirmamos igualmente que a sexualidade
nos foi dada para o encontro interpessoal entre homem e mulher, fundado
no amor e no compromisso por uma vida a dois, no respeito e na
edificação da família.
Por isso, queremos alertar para o
desfoque que vem sendo gradativamente dado a conceitos fundamentais,
entre eles, pessoa humana, sexualidade e família. Nestes casos,
identificamos um ardiloso processo desconstrutor da identidade
brasileira e desrespeitador da pessoa humana.
A escola, como extensão da família, é o
lugar onde se aprendem os valores humanos mais profundos. Mutila-se o
processo educativo quando se restringe a formação aos dados apenas
técnicos e quando se impõem modelos de pessoa humana e de sociedade que
não respeitam a diferença e a relacionalidade desejadas pelo Criador.
Por tudo isso, solicitamos que se
rejeitem os fundamentos a partir dos quais estão sendo elaborados os
planos municipais de educação, especificamente no que diz respeito à
ideologia de gênero. Também solicitamos aos nossos vereadores que não
permitam que tal ideologia seja referendada nos planos de educação de
seus respectivos municípios.
Solicitamos, por fim, aos católicos que,
em consciência, acompanhem mais de perto a ação legislativa daqueles a
quem, pelo voto, deram o mandato de os representar e avaliem, diante de
Deus, se eles efetivamente podem ser considerados seus representantes.
Como bispos da Igreja Católica, temos
consciência de que não estamos falando apenas para os católicos, pois as
questões aqui relacionadas dizem respeito a todas as pessoas,
independentemente do credo que professem e de não professarem credo
algum. A Igreja não julga quem quer que seja. O julgamento pertence a
Deus e a Ele também nós, pastores, nos submetemos. No entanto, por não
querermos pecar por omissão, sentimo-nos no dever de alertar. Temos
plena consciência de que não estamos falando para um mundo que não mais
existe nem para um tempo que já passou. Ao contrário, falamos para hoje,
falamos para nós mesmos e falamos para todos os que buscam um mundo
coerente com a vontade de Deus e com os sonhos de paz, justiça, respeito
e comunhão, sonhos que o próprio Deus semeou em cada um de nós.
Rio de Janeiro, 26 de junho de 2015.
Orani João Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro
Presidente do Conselho Episcopal Regional Leste 1/CNBB
Dom Luciano Bergamin, CRL
Bispo de Nova Iguaçu
Vice-Presidente do Conselho Episcopal Regional Leste 1/CNBB
Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo de Niterói
Secretário do Conselho Episcopal Regional Leste 1/CNBB
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