A Praça São Pedro, iluminada e aquecida
pelo sol de primavera, ficou lotada pela multidão de fiéis e turistas
que acolheram com carinho o papa quando entrou para a habitual volta com
o Papamóvel. Francisco se deteve em oração alguns instantes diante de
uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Reflexões
Prosseguindo suas reflexões
preparatórias para o Sínodo de outubro próximo, o pontífice voltou sobre
a questão da 'boa educação', lembrando que aquelas três palavras, que
já citou outras vezes no passado, são simples, mas ao mesmo tempo
difíceis de colocar na prática. E quando não são usadas, podem-se abrir
'rachaduras' que levam as famílias a 'desmoronar'.
Mas o hábito de ser 'bem educado' não
pode se traduzir apenas em formalismo, em aridez – ressalvou Francisco,
lembrando o provérbio "Por trás das boas maneiras escondem-se maus
hábitos" e citando "o diabo, que quando tentou Jesus, parecia um
cavalheiro".
A boa educação deve ser entendida nos
seus termos autênticos: o estilo das relações deve ser profundamente
radicado no amor do bem e no respeito do outro. A família vive da
'fineza' de se querer bem.
Três palavras
O papa começou pela palavra 'licença',
explicando que "entrar na vida do outro, mesmo que faça parte da nossa,
requer a delicadeza de um comportamento não invasor.
"A intimidade não autoriza a dar tudo
por certo. Quanto mais íntimo e profundo o amor, mais exige respeito da
liberdade e a capacidade de aguardar que o outro abra as portas de seu
coração".
A segunda palavra, 'obrigado', nos
lembra que na nossa civilização atual, a gentileza e a capacidade de
agradecer são vistas às vezes como um sinal de fraqueza.
"Sejamos intransigentes na educação à
gratidão: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Se a
vida familiar subestima este estilo, a vida social também o perderá. A
gratidão, para quem crê, está no coração da fé: um cristão que não sabe
agradecer é alguém que esqueceu a linguagem de Deus", repetiu duas
vezes.
Improvisando, o papa revelou ter
conhecido uma senhora de muita 'sabedoria', que dizia que "a gratidão é
uma planta que cresce somente na terra de pessoas de alma nobre".
Enfim, o termo 'desculpas', palavra
difícil, mas muito necessária, afirmou o Papa, mencionando a oração do
Pai Nosso: "Perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a
quem nos tem ofendido".
"Se não formos capazes de pedir
desculpas, não seremos capazes de perdoar. Nas casas aonde não se pede
desculpas, falta ar e feridas começam a se abrir. Também na vida de
casal briga-se muitas vezes, mas o conselho do Papa é sempre o mesmo:
nunca terminar o dia sem fazer as pazes, e para isso, é suficiente um
pequeno gesto.. pode ser até um carinho, sem palavras...".
Concluindo, Francisco reiterou que
"estas três palavras são tão simples que até podem nos fazer sorrir...
mas quando as esquecemos, não é muito engraçado".
"Que o Senhor nos ajude a colocá-las no
lugar certo, no nosso coração, em nossas casas e também na convivência
civil", completou, convidando a Praça a repetir com ele as três
palavras-chave e a invocação de fazer as pazes com a família antes de ir
dormir.
Com informações da Rádio Vaticano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário