Uma antiga e sempre atual saudação para o Tempo Pascal resume, em
poucas palavras, a fé dos cristãos: “Cristo ressuscitou!”. A resposta
confirma a convicção: “Ressuscitou de verdade!”. Essa saudação pode ser
retomada na Liturgia e repetida nos cumprimentos entre as pessoas e,
mais ainda, pode ser roteiro de vida. É o nosso modo de desejar uma
Santa Páscoa a todos, augurando vida nova e testemunho vivo do
Ressuscitado, com todas as consequências para a vida pessoal e para a
sociedade.
Celebrar a Páscoa é penetrar no mistério de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Nos dias de Semana Santa, saltaram à vista Seu modo tão divino e
humano de viver a entrega definitiva. “Antes da festa da Páscoa,
sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo
para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”
(Jo 13,1). É a entrega livre daquele de quem ninguém tira a vida, mas
se faz dom de salvação.
Jesus Cristo, que é verdadeiro Deus, oferece o testemunho de
inigualável maturidade, na qual se encontra a referência para todos os
seres humanos. “Os guardas voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus,
que lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam: Ninguém
jamais falou como este homem” (Jo 7, 45-46). Encontrá-Lo é descobrir o caminho da realização pessoal.
Mas seria pouco O considerar apenas exemplo a ser seguido. “De fato,
Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que
nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). O homem
verdadeiro é Senhor e Salvador. N’Ele estão nossas esperanças e a
certeza da ressurreição. Mais do que Mestre ou sábio de renome, n’Ele
está a salvação.
Seus apóstolos e discípulos, antes temerosos diante das perseguições,
tendo recebido o Espírito Santo, sopro divino do Ressuscitado sobre a
comunidade dos fiéis, tornaram-se ardorosos anunciadores de Sua
ressurreição e de Seu nome. Basta hoje o anúncio de Cristo: “Que todo o
povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e
Cristo a este Jesus que vós crucificastes. “Quando ouviram isso, ficaram
com o coração compungido e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos:
Irmãos, que devemos fazer? Pedro respondeu: “Convertei-vos, e cada um de
vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos
pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para
vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles
que o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2, 36-39).
Cristo morreu, Cristo ressuscitou, Cristo há de voltar! O que parece
simplório é suficiente, pois daí nascem todas as consequências: vida
nova, alegria perene, capacidade para se levantar das próprias crises e
pecados, amor ao próximo, vida de comunidade, testemunho corajoso da
verdade, vida nova na família cristã, compromisso social, serviço da
caridade! Tudo isso? Sim, na Páscoa de Jesus Cristo está o centro da fé
cristã e a fonte de vitalidade, da qual gerações e gerações de cristãos
beberam como de uma fonte verdadeiramente inesgotável.
Celebrar a Páscoa é ir além da recordação dos fatos históricos, para chegar ao encontro com Cristo vivo.
Nós cristãos O reconhecemos hoje presente, fazendo arder os corações,
vamos ao Seu encontro nos irmãos, especialmente na partilha com os mais
pobres, acolhemos Sua palavra viva, lida da Sagrada Escritura e
proclamada na liturgia, sabemos que Ele permanece conosco quando nos
amamos uns aos outros, e está vivo na Igreja, quando se expressam os
sucessores dos apóstolos e O buscamos na maior exuberância de Sua
presença, que é a Eucaristia. Esse é nosso documento de identidade!
Com o necessário respeito à liberdade de
todas as pessoas, queremos hoje dizer a todos os homens e mulheres, em
todas as condições em que se encontram, que as portas estão abertas,
mais ainda: escancaradas. Se quiserem, aqui está o convite para a maior
de todas as comemorações: “Celebremos a festa, não com o velho fermento
nem com o fermento da maldade ou da iniquidade, mas com os pães ázimos
da sinceridade e da verdade!” (I Cor 5, 8). É Páscoa do Senhor! Feliz,
verdadeira e Santa Páscoa da Ressurreição!
Dom Alberto Taveira Corrêa
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