Alguns
pensavam que iam calar Jesus, condenando-o à morte. O efeito contrário
foi surpreendente! Através das gerações o Filho de Deus mostra a que
veio com semelhança humana. Apesar dessa sua humanização, seu poder
divino apresenta a força da superação da morte física. Não fomos criados
para ficar dentro do sepulcro, mas não por nosso poder humano. Jesus é
que potencializa nossa vida para ela ser imorredoura. A matéria é
corruptível, mas o espírito não tem a limitação do tempo. Este é eterno.
Jesus o afirma e realiza consigo mesmo.
A ressurreição do Senhor estarrece não
só os soldados que guardavam o túmulo, mas também a todos que fazem a
experiência de fé em sua pessoa. Quem vive só para a matéria não tem
essa graça da certeza da vida perene. A fé na vitória do Mestre sobre a
morte sustenta toda a conduta moral de quem O aceita. Paulo lembra que a
Páscoa de Jesus é fundamento indispensável para quem crê. Ao contrário,
estaria perdendo tempo em conservar a própria religiosidade e opção de
vida com a contenção e sublimação dos instintos. Compreendemos porque
certas pessoas não têm freio ético, apesar de, às vezes, até se
mostrarem pessoas realizadoras de atos religiosos. Talvez o façam para
ostentação social e até ganharem tentos políticos.
Quem saboreia a certeza da vitória de
Jesus, luta para também alcançar a vitória da vida, buscando o caminho
de sentido apresentado por Aquele que ressuscitou. Viver para as coisas
do alto, ou seja, pelo ideal de tornarmos o convívio na sociedade de
modo profundamente humano, vale a pena. Realizando o bem a quem
necessita é o mesmo que fazê-lo a Cristo, conforme Ele mesmo disse.
Então a vida se torna uma verdadeira promoção do bem. Até o slogan da
Santa Casa de Montes Claros reforça esse encaminhamento: "Pratique o
bem; o resto vem"!
Jesus é incansável na prática e no
ensinamento do amor, como atitude de sair de si em vista de servir o
semelhante. A Campanha da Fraternidade focaliza o serviço que a Igreja
presta à sociedade, sendo luz e mostrando a vida como dom a ser
protegido e promovido até às últimas conseqüências. Precisamos tirar das
pessoas, famílias e sociedade todos os mecanismos de morte, erradicando
do coração humano tudo o que é impulso para a agressão ao outros.
Canalizamos os instintivos para a criação de condições em que cada um dá
de si para servir o próximo. Vamos ter mais harmonia, compreensão,
diálogo, justiça, solidariedade e paz. A Páscoa de Jesus vem trazer-nos
um grande impulso para sermos verdadeiramente humanos uns com os outros,
dando o que o semelhante precisa para viver dignamente. Para isso,
somos convidados a viver com Jesus ressuscitado, ou seja, seguir a
pessoa dele a cada instante e aprender com Ele a sermos instrumentos de
promoção de vida. Dessa forma, nossa vida se torna feliz. Ficamos livres
das escravidões do egoísmo e da falta de luta por um ideal melhor de
vida.
Tirar a pedra do sepulcro de Jesus foi
obra do próprio Jesus ressuscitado. Tirar também a pedra do sepulcro da
limitação humana é possível se aceitarmos que o próprio Jesus tome conta
de nossa vida. O sentido da vida trazida por Ele nos faz viver também
com Ele e sua vida nova. Tornamo-nos novas pessoas, com alegria e
vontade de viver para fazer o bem!
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Nenhum comentário:
Postar um comentário