Queridos jovens, boa tarde! Finalmente nos encontramos! Obrigado por esta calorosa recepção!
Com estas palavras, o Papa Francisco encerrou, na tarde desta
quinta-feira, dia 28 de Julho de 2016, às 18,45 horas da Polônia, na
Esplanada de Blonia da cidade de Cracóvia e após as palavras de boas
vindas do Cardeal Arcebispo Metropolita de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz,
a cerimônia do acolhimento oficial do Papa aos jovens da trigésima
primeira Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
No seu discurso, Francisco iniciou por agradecer antes de mais, ao
Cardeal Dziwisz, aos bispos, aos sacerdotes, aos religiosos, aos
seminaristas e a todos aqueles que acompanharam os jovens neste
apontamento mundial do dar e do receber espiritual. “Obrigado, disse
Francisco, a quantos tornaram possível a nossa presença aqui, hoje, aos
que «desceram em campo» para que pudéssemos celebrar a fé.
Em seguida, como de esperar, não podia faltar por parte do Santo
Padre, uma menção especial àquele que foi o Pai fundador destas Jornadas
Mundiais da Juventude, o Santo Papa João Paulo II: “Nesta sua terra
natal, disse Francisco, quero agradecer especialmente a São João Paulo
II, que sonhou e deu impulso a estes encontros. Do céu, ele nos
acompanha vendo tantos jovens pertencentes a povos, culturas, línguas
tão diferentes animados por um único motivo: celebrar Jesus que está
vivo no meio de nós”. E dizer que está vivo, sublinhou ainda o Santo
Padre, é querer renovar o nosso desejo de O seguir, o nosso desejo de
viver com paixão o seu seguimento. Daí a questão fundamental lançada por
Francisco aos milhares de jovens presentes este ano neste evento
mundial da fé em Jesus Cristo Libertador em Cracóvia: qual ocasião
melhor, questionou, para renovar a amizade com Jesus do que ao reforçar a
amizade entre vós? Qual modo melhor para reforçar a nossa amizade com
Jesus do que partilhá-la com os outros? Qual maneira melhor para viver a
alegria do Evangelho do que querer «contagiar», com a sua Boa Nova, a
tantas situações dolorosas e difíceis?
O Papa teve ainda umas palavrinhas para todos aqueles jovens que por
diversas razões, não puderam estar presentes fisicamente nesta festa da
fé juvenil. A partir desta terra, disse, convosco e unidos também a
muitos jovens que, vendo-se impossibilitados de estar aqui hoje, nos
acompanham através dos vários meios de comunicação, todos juntos faremos
desta Jornada uma verdadeira Festa Jubilar.
Francisco entra por conseguinte, no seu discurso, no vivo do tema
desta trigésima Jornada Mundial da JMJ, recordando antes de mais, aos
presentes, que Jesus, disse, é Aquele que nos convocou para esta
trigésima primeira Jornada Mundial da Juventude; é Ele que nos diz:
«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7).
Por conseguinte, esta JMJ, é uma celebração da misericórdia de Deus em
terras da Polônia que assim nestes dias, quer ser para todos e todas, o
habitat, o rosto, disse o Papa, sempre jovem da Misericórdia. Felizes
então, são aqueles também que sabem perdoar, que sabem ter um coração
compassivo, que sabem dar o melhor de si mesmos aos outros. Enfim,
felizes os misericordiosos.
Nos meus anos de bispo, revelou o Santo Padre aos presentes, aprendi
uma coisa: não há nada mais belo do que contemplar os anseios, o
empenho, a paixão e a energia com que muitos jovens abraçam a vida.
Neste sentido, acrescentou, quando Jesus toca o coração dum jovem, duma
jovem, estes são capazes de ações verdadeiramente grandiosas. E é então
estimulante ouvi-los partilhar os seus sonhos, as suas questões e o seu
desejo de opor-se a quantos dizem que as coisas não podem mudar. E
Francisco recordou aos jovens que essa capacidade e atitude de
questionar sempre por forma a fazer com que as coisas sejam diferentes,
que haja finalmente uma mudança, é um dom do céu. Por isso, é bonito,
acrescentou, e conforta-me o coração ver-vos assim exuberantes e
advertiu que hoje a Igreja olha para os jovens e quer aprender deles
para renovar a sua confiança na Misericórdia do Pai que tem o rosto
sempre jovem e não cessa de nos convidar para fazer parte do seu Reino.
Conhecendo a paixão que pondes na missão, ouso repetir: a
misericórdia tem sempre o rosto jovem. Porque um coração misericordioso
tem a coragem de deixar a comodidade; um coração misericordioso sabe ir
ao encontro dos outros, consegue abraçar a todos. Um coração
misericordioso sabe ser um refúgio para quem nunca teve uma casa ou
perdeu-a, sabe criar um ambiente de casa e de família para quem teve de
emigrar, é capaz de ternura e compaixão. Um coração misericordioso sabe
partilhar o pão com quem tem fome, um coração misericordioso abre-se
para receber o refugiado e o migrante. Dizer misericórdia juntamente
convosco é dizer oportunidade, dizer amanhã, compromisso, confiança,
abertura, hospitalidade, compaixão, sonhos.
Francisco quis também confessar aos jovens presentes nesta cerimônia
da abertura oficial da JMJ, outra coisa, disse, que aprendi nestes
anos. Entristece-me encontrar jovens que parecem «aposentados» antes do
tempo. Preocupa-me ver jovens que desistiram antes do jogo; que «se
renderam» sem ter começado a jogar; que caminham com a cara triste, como
se a sua vida não tivesse valor. São jovens essencialmente chateados...
e chatos. É duro, e ao mesmo tempo interpela-nos, ver jovens que deixam
a vida à procura da «vertigem», ou daquela sensação de se sentir vivos
por vias obscuras que depois acabam por «pagar»... e pagar caro. Dá que
pensar quando vês jovens que perdem os anos belos da sua vida e as suas
energias correndo atrás de vendedores de falsas ilusões (na minha terra
natal, diríamos «vendedores de fumaça») que vos roubam o melhor de vós
mesmos.
Por isso, recordou o Santo Padre aos jovens, estamos aqui reunidos
para nos ajudarmos uns aos outros, porque não queremos deixar que nos
roubem o melhor de nós mesmos, não queremos permitir que nos roubem as
energias, a alegria, os sonhos com falsas ilusões.
Queridos amigos, pergunto-vos: Para a vossa vida quereis
aquela «vertigem» alienante, ou quereis sentir a força que vos faça
sentir vivos, plenificados? Vertigem alienante ou força da graça? Para
ser plenificados, para ter uma força renovada, há uma resposta: não é
uma coisa, não é um objeto; é uma pessoa e está viva, chama-se Jesus
Cristo. Jesus Cristo é aquele que sabe dar verdadeira paixão à vida,
Jesus Cristo é aquele que nos leva a não nos contentarmos com pouco e a
dar o melhor de nós mesmos; é Jesus Cristo que nos interpela, convida e
ajuda a erguer-nos sempre que nos damos por vencidos. É Jesus Cristo que
nos impele a levantar o olhar e sonhar a altitude.
De fato, concluiu dizendo Francisco, quem acolhe Jesus, aprende a
amar como Jesus e alcança uma vida plena deixando-se mover pela
compaixão, pois que, a verdadeira felicidade humana germina e desabrocha
na misericórdia que tem sempre um rosto jovem. Daí que hoje, todos
juntos reunidos nesta esplanada de Blonia desta cidade de Cracóvia,
peçamos ao Senhor, acrescentou o Papa, para que nos lance na aventura da
misericórdia!
Lançai-nos, Senhor, na aventura de construir pontes e
derrubar muros (cercas e arame farpado); lançai-nos na aventura de
socorrer o pobre, quem se sente sozinho e abandonado, quem já não
encontra sentido para a sua vida. Eis-nos aqui, Senhor! Enviai-nos a
partilhar o vosso Amor Misericordioso. Queremos acolher-vos nesta
Jornada Mundial da Juventude, queremos afirmar que a vida é plena quando
é vivida a partir da misericórdia; esta é a parte melhor que nunca nos
será tirada>>.
Nenhum comentário:
Postar um comentário