Durante a celebração, o Santo Padre pronunciou a sua homilia,
com base na liturgia da Missa votiva da Misericórdia de Deus, partindo
da passagem evangélica, que se refere a um lugar, um discípulo e um
livro.
O lugar é aquele onde se encontravam
os discípulos, na tarde de Páscoa, chamado Cenáculo. Não obstante as
portas estivessem fechadas, oito dias depois, Jesus entrou e
transmitiu-lhes a paz, o Espírito Santo e o perdão dos pecados, ou seja,
a misericórdia de Deus. Naquele lugar fechado, ressoa forte o seu
convite: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E o Papa
explicou:
“Jesus envia. Desde o início, ele
quis que a Igreja estivesse em saída pelo mundo, como ele foi enviado
pelo Pai: não com poder, mas como serviço; não para ser servido, mas
para servir e levar a Boa-Nova. Assim, seus discípulos, em todos os
tempos, foram enviados”.
Interessante, disse Francisco,
enquanto os discípulos se fechavam no Cenáculo, com medo, Jesus entrava e
os enviava em missão: ele queria que os seus abrissem as portas e
saíssem para transmitir ao mundo o perdão e a paz de Deus, com a força
do Espírito Santo. Este convite, disse o Papa, é dirigido também a nós e
recorda as palavras de São João Paulo II: “Abram as portas”!
Nós, sacerdotes e consagrados,
advertiu o Pontífice, às vezes somos tentados a nos fechar em nós
mesmos, por medo ou comodidade. Jesus não gosta de portas entreabertas,
de vidas duplas. Nossa vida deve ser transparente, de amor concreto, de
serviço e disponibilidade à evangelização.
No Evangelho de hoje, recordou
Francisco, destaca-se a figura do discípulo Tomé, que tocou com sua mão
as chagas de Jesus para crer. Nós, seus discípulos, devemos pôr a nossa
humanidade em contato com a carne do Senhor. Ele quer corações abertos,
ternos com os fracos, dóceis e transparentes:
“O Apóstolo Tomé, em sua busca
apaixonada, chegou não só a acreditar na ressurreição de Jesus, mas
encontrou o sentido da sua vida, ao confessar: ‘Meu Senhor e meu Deus’,
como se quisesse dizer-lhe: ‘Vós sois meu único bem, o caminho e o
coração da minha vida, o meu tudo!”.
Com a transmissão do Espírito Santo
aos seus Apóstolos, Jesus deixou a sua misericórdia. Poderíamos dizer
que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus, que devemos ler e
reler continuamente, ainda tem páginas em branco, permanece um livro
aberto, que somos chamados a escrever com as nossas obras de
misericórdia.
Por fim, o Papa exortou os presentes a
tomar o exemplo de Maria, que acolheu plenamente a Palavra de Deus na
sua vida, como Mãe da Misericórdia, para que nos ensine a cuidar das
chagas de Jesus nos nossos irmãos e irmãs necessitados, dos próximos
como dos distantes, do enfermo e do migrante. E concluiu:
"Queridos irmãos e irmãs, cada um de
nós guarda no coração uma página muito pessoal do livro da Misericórdia
de Deus: a história da nossa vocação, a voz do amor que fascinou e
transformou a nossa vida, pela qual deixamos tudo e a seguimos.
Reavivemos hoje, com gratidão, a memória da sua chamada. Agradeçamos ao
Senhor por entrar nas nossas portas fechadas com a sua misericórdia.
Como Tomé, ele nos chamou por nome e nos dá a graça de continuar a
escrever o seu Evangelho de amor”.
Ao término da celebração da Santa
Missa da Misericórdia de Deus, o Santo Padre deu de presente ao
Santuário de São João Paulo II, um crucifixo de madre pérola, para ser
colocado sobre o altar.
Enfim, o Papa regressou à sede do
Arcebispado de Cracóvia, onde almoçou com doze jovens, representantes
dos cinco Continentes. (MT)
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