Cidade do Vaticano (RV) - O
Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, preparou uma
série de reflexões especiais sobre o Jubileu da Misericórdia. Neste
primeiro vídeo, Dom Orani apresenta este ano extraordinário convocado
pelo Papa Francisco.
Abaixo, a íntegra do texto:
Jubileu da Misericórdia
O Papa Francisco decidiu proclamar um “jubileu
extraordinário”, com início no dia 8 de dezembro, centrado na
misericórdia de Deus. “Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos
vivê-lo à luz da palavra do Senhor: ‘Sede misericordiosos como o Pai’, e
isto especialmente para os confessores”, disse na homilia da celebração
penitencial a que presidiu na Basílica de São Pedro, na abertura da
iniciativa “24 horas para o Senhor”.
O Santo
Padre explicou que a iniciativa nasceu da sua intenção de tornar “mais
evidente” a missão da Igreja de ser “testemunha da misericórdia”. O Papa
defendeu que “ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus”, e que
a Igreja “é a casa que acolhe todos e não recusa ninguém”. “As suas
portas estão escancaradas para que todos os que são tocados pela graça
possam encontrar a certeza do perdão. Quanto maior é o pecado, maior
deve ser o amor que a Igreja manifesta aos que se convertem”.
Francisco destacou na sua homilia, no encontro penitencial, a
importância de viver a misericórdia de Deus, através do sacramento da
Reconciliação, como “sinal da bondade do Senhor” e do “abraço” de Jesus.
“Ser tocados com ternura pela sua mão e plasmados pela sua graça
permite que nos aproximemos do sacerdote sem medo por causa das nossas
culpas, mas com a certeza de ser acolhidos por ele em nome de Deus”. O
Papa sublinhou que o julgamento de Deus é o da “misericórdia”, numa
atitude de amor que “vai para lá da justiça”, e desafiou os fiéis a não
ficar pela “superfície das coisas”, sobretudo quando está em causa uma
pessoa.
O tema da misericórdia está muito presente no
atual pontificado e que já como bispo Jorge Mario Bergoglio tinha
escolhido como lema “miserando atque eligendo”, uma citação das homilias
de São Beda, o Venerável, que, comentando o episódio evangélico da
vocação de São Mateus, escreve: "vidit ergo Iesus publicanum et quia
miserando atque eligendo vidit, ait illi Sequere me" (Viu Jesus um
publicano, e como olhou para ele com um sentimento de amor e lhe disse:
Segue-me). Esta homilia é uma homenagem à misericórdia divina. Uma
tradução do lema poderia ser: “Com misericórdia olhou para ele e o
escolheu”.
No primeiro Ângelus após a sua eleição, há
dois anos, o Santo Padre dizia que: “Ao escutar misericórdia, esta
palavra muda tudo. É o melhor que podemos escutar: muda o mundo. Um
pouco de misericórdia faz o mundo menos frio e mais justo. Precisamos
compreender bem esta misericórdia de Deus, este Pai misericordioso que
tem tanta paciência" (Ângelus, 17 de março de 2013).
Em
17 de novembro de 2013, o Papa surpreendeu dezenas de milhares de
pessoas reunidas no Vaticano com a sugestão de um “medicamento
espiritual” para as suas vidas, distribuindo numa caixa própria, a
“Misericórdina”.
Também este ano, no Ângelus de 11 de
janeiro, disse: "Estamos vivendo no tempo da misericórdia. Este é o
tempo da misericórdia. Há tanta necessidade hoje de misericórdia, e é
importante que os fiéis leigos a vivam e a levem aos diversos ambientes
sociais. Adiante!". Já na sua mensagem para esta Quaresma de 2015, o
Papa Francisco deixou votos de que as paróquias e comunidades católicas
se tornem “ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença". Aliás,
este será o tema principal de sua mensagem para o 49º Dia Mundial da
Paz.
No Jubileu, as leituras para os Domingos do Tempo
Comum serão extraídas do Evangelho de Lucas, chamado “o evangelista da
misericórdia". Dante Alighieri o definia "scriba mansuetudinis Christi",
"narrador da mansidão de Cristo". Algumas das parábolas mais conhecidas
escritas por ele são as da ovelha perdida, a da moeda perdida e a do
pai misericordioso.
A Igreja Católica iniciou a tradição
do Ano Santo com o Papa Bonifácio VIII em 1300. Ele planejou um jubileu
por século. A partir de 1475, para possibilitar que cada geração
vivesse pelo menos um Ano Santo, o jubileu ordinário passou a acontecer a
cada 25 anos. Um jubileu extraordinário pode ser realizado em ocasião
de um acontecimento de particular importância.
Até hoje,
foram 26 anos santos ordinários. O último foi o jubileu de 2000. Quanto
aos jubileus extraordinários, o último foi o de 1983, convocado por
João Paulo II pelos 1.950 anos da Redenção.
Este Ano
Santo iniciou-se na Solenidade da Imaculada Conceição e será concluído
no dia 20 de novembro de 2016. A abertura do Jubileu coincidiu com o
cinquentenário do encerramento do Concílio Ecuménico Vaticano II, que
ocorreu em 1965 e, por isso, reveste este Ano Santo de um significado
especial, encorajando a Igreja a prosseguir a obra iniciada no Concílio.
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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