Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
No domingo, 4 de outubro, o Papa
Francisco celebrará a abertura da 14ª Assembleia ordinária do Sínodo dos
Bispos. Convido o leitor a me acompanhar, neste artigo, para clarear
algumas ideias sobre o Sínodo e para acompanhar com mais proveito os
trabalhos dessa importante reunião eclesial.
Afinal, o que é o Sínodo dos Bispos? É
um grande organismo da Igreja Católica, instituído há 50 anos pelo Papa
Paulo VI, no final do Concílio Vaticano II. O Sínodo devia continuar, de
alguma forma, a bela experiência de comunhão e participação de todos os
bispos, com o Papa, na responsabilidade pela vida e a missão da Igreja
toda. Paulo VI dispôs que o Sínodo retomasse, de tempos em tempos, os
grandes temas do Concílio e atualizasse suas reflexões; assim, o próprio
Papa daria novas orientações sobre esses temas, contando com a
participação do episcopado do mundo inteiro.
Um Concílio não poderia ser facilmente
reunido a cada poucos anos, pois precisaria reunir os bispos do mundo
inteiro; mas um Sínodo, com menos participantes, pode ser reunido com
certa frequência, para refletir sobre as grandes questões que interessam
a vida e a missão da Igreja. O Sínodo tem assembleias ordinárias a cada
3 anos; de vez em quando, acontece alguma assembleia extraordinária,
como no ano passado (2014).
O Sínodo é um organismo consultivo, a
não ser que o Papa lhe conceda competência decisória em alguma matéria
específica. As assembleias do Sínodo recolhem uma ampla reflexão e
oferecem indicações ao Papa sobre os temas em pauta. O Sucessor de
Pedro, depois, emite um documento, chamado “Exortação Apostólica
Pós-Sinodal”; nele, o Papa se baseia nas reflexões do Sínodo; mas pode
ir além delas, com sua reflexão pessoal, dando diretrizes e normas para a
vida da Igreja em referência à questão tratada.
Participam das assembleias do Sínodo,
geralmente, mais de 300 pessoas, sobretudo bispos, representando as
Conferências Episcopais de todo o mundo e escolhidos por seus pares para
representá-los. Mas um certo número de bispos participantes também são
escolhidos pelo próprio Papa, conforme previsto no Regulamento do
Sínodo. Além dos bispos, há outras pessoas convidadas, de acordo com o
tema; há sempre vários teólogos, peritos no tema, e também convidados de
Igrejas cristãs não-católicas.
A assembleia do Sínodo é convocada e
presidida pelo Papa; ele, no entanto, não coordena pessoalmente os
trabalhos, mas confia esta tarefa a presidentes delegados, que serão 4
nesta 14ª. Assembleia; entre eles, também estará o Cardeal de Aparecida,
Dom Raymundo Damasceno Assis. Papel importante desempenham na
assembleia o Relator do Sínodo e o Secretário Especial. O Papa está
presente em quase todas as reuniões, que acontecem durante 3 semanas,
pela manhã e à tarde. Mas ele ouve muito e fala pouco; geralmente, só
fala brevemente na abertura e na conclusão. O Papa convoca o Sínodo,
justamente, para ouvir a Igreja, através dos participantes da assembleia
sinodal. Depois, ele fala através da Exortação Apostólica pós-sinodal.
Durante as três semanas de assembleia,
os participantes apresentam suas reflexões, em breves falas, que também
entregam por escrito; todos fazem o exercício da escuta, que pode ser
cansativa mas é muito enriquecedora. Em seguida, há o momento de
trabalhos em grupo, de acordo com as 5 línguas usadas na assembleia
(italiano, inglês, francês, alemão e espanhol); os grupos têm a tarefa
de recolher as reflexões mais destacadas e convergentes; e também de
oferecer indicações para possíveis encaminhamentos práticos, a partir
dos consensos que vão sendo formados. A missão do Sínodo, de fato, é a
busca da comunhão e de caminhos comuns para a vida e a missão da Igreja.
O tema da 14ª assembleia ordinária do
Sínodo dos Bispos é, novamente, a família: “vocação e missão da família
na Igreja e no mundo contemporâneo”. A Igreja considera que a família
merece um lugar destacado nas preocupações dela mesma, mas também dos
governos e responsáveis pela vida dos povos. Resta agora acompanhar a
assembleia do Sínodo e, depois, acolher as orientações que o Papa
Francisco dará a toda a Igreja e à humanidade sobre este tema.
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