Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Por determinação da 43ª Assembleia Geral
dos Bispos do Brasil, em 2005, celebra-se, em todo o Brasil, de 1 a 8
de outubro, a Semana Nacional da Vida e no dia 8 de outubro o Dia do
Nascituro, ou seja, o Dia pelo direito de nascer. “A Semana Nacional da
Vida e o Dia do Nascituro são ocasiões para que toda a Igreja continue
afirmando sua posição favorável à vida desde o seio materno até o seu
fim natural, bem como a dignidade da mulher e a proteção das crianças”
(Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário geral da CNBB). Uma data
esquecida, mas que vale a pena recordar. Nascituro, o que está para
nascer, é o que todos fomos um dia, no útero de nossa mãe, onde teve
início nossa existência, graças a Deus.
Foi escolhido o dia 8 de outubro, por
ser próximo ao dia em que se celebra a Padroeira do Brasil (12 de
outubro), cujo título, ao evocar a concepção, lembra o fruto
correspondente: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de Deus que se
fez homem, Jesus Cristo, nascituro em seu seio, que faz João Batista
exultar de alegria no ventre de Isabel (Lc 1,39-45).
A propósito, diante da atual banalização
da vida e de opiniões favoráveis ao aborto, defendido por inúmeras
pessoas influentes, é importante lembrar que a Igreja compreende as
situações difíceis que levam mães a abortar, mas, por uma questão de
princípios, defende com firmeza a vida do nascituro, como bem nos ensina
S. João Paulo II na Carta Encíclica "Evangelium Vitae" (Sobre Valor e a
Inviolabilidade da Vida Humana): “É verdade que, muitas vezes, a opção
de abortar reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão
de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente
egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns
bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os
outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições
de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não
nascer. Mas essas e outras razões semelhantes, por mais graves e
dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de
um ser humano inocente” (n. 58). E, usando da prerrogativa da
infalibilidade, o Papa define: “Com a autoridade que Cristo conferiu a
Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os Bispos – que de várias e
repetidas formas condenaram o aborto e que... apesar de dispersos pelo
mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina - declaro que o
aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre
uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano
inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a
Palavra de Deus escrita, é transmitida pela tradição da Igreja e
ensinada pelo Magistério ordinário e universal” (n. 62).
Agradeçamos ao Criador pelo dom da vida
que nos deu, e renovemos o nosso compromisso de lutar pela vida daqueles
que, como nós fomos também, ainda não têm voz, mas que são chamados a
um dia agradecerem a Deus por tão grande dom. Lutemos pela vida, contra o
aborto.
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