De acordo com a organização, a cerimônia
reuniu o maior número fiéis da história dos eventos religiosos da
Igreja Católica. Em 1995, São João Paulo II esteve no país para a
Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com presença de 6 milhões de
pessoas.
Na homilia, o papa Francisco pediu que a
sociedade proteja as crianças. “Jesus acolhe as crianças, abraça-as e
abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e encorajar os
nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna do seu grande
patrimônio espiritual e cultural. Especificamente, temos necessidade de
ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado e protegido. E
devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a
esperança e sejam condenados a viver pela estrada”, disse Francisco.
Proteger as famílias
Em sua homilia, Francisco pediu a
multidão de fiéis que sejam promotores do Evangelho no país e na Ásia,
“para que a beleza do mundo criado por Deus não seja marcada por
injustiças, corrupção e abusos”.
O papa lembrou que “hoje, infelizmente, a
família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e
programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e
sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura”.
Dois jovens, uma menina e um menino,
saudaram o papa com mensagem. No momento em que lia o texto, a jovem
ficou emocionado e não conteve as lágrimas. Francisco abraçou a menina e
agradeceu pelo seu testemunho. Deixando de lado o discurso que tinha
preparado, o papa justificou: “A realidade que vocês apresentaram é
superior a todas as respostas que eu tinha preparado”
Leia a íntegra da homilia do papa Francisco:
«Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado» (Is 9, 5).
Sinto uma alegria particular por
celebrar convosco o domingo do «Santo Niño». A imagem do Santo Menino
Jesus acompanhou a difusão do Evangelho neste país desde o início.
Vestido com os trajes reais, coroado e ornado com o ceptro, o globo e a
cruz, recorda-nos continuamente a ligação entre o Reino de Deus e o
mistério da infância espiritual. Disto mesmo nos fala Ele no Evangelho
de hoje: «Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não
entrará nele» (Mc 10, 15). O «Santo Niño» continua a anunciar-nos que a
luz da graça de Deus brilhou sobre um mundo que habitava nas trevas,
trazendo a Boa-Nova da nossa libertação da escravidão e guiando-nos pela
senda da paz, do direito e da justiça. Além disso, recorda-nos que
fomos chamados para espalhar o Reino de Cristo no mundo.
Ao longo da minha visita, ouvi-vos
cantar: «Somos todos filhos de Deus». Isto é o que o «Santo Niño» nos
vem dizer. Recorda-nos a nossa identidade mais profunda. Todos nós somos
filhos de Deus, membros da família de Deus. São Paulo disse-nos hoje
que, em Cristo, nos tornamos filhos adotivos de Deus, irmãos e irmãs em
Cristo. Isto é o que nós somos. Esta é a nossa identidade. Vimos uma
belíssima expressão disto, quando os filipinos se uniram em torno dos
nossos irmãos e irmãs atingidos pelo tufão.
O Apóstolo diz-nos que fomos
abundantemente abençoados porque Deus nos escolheu: «no alto do Céu
[Ele] nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo»
(Ef 1, 3). Estas palavras têm uma ressonância especial nas Filipinas,
porque é o maior país católico na Ásia. E isto é já um dom especial de
Deus, uma bênção; mas é também uma vocação: os filipinos estão chamados a
ser exímios missionários da fé na Ásia.
Deus escolheu-nos e abençoou-nos com uma
finalidade: ser santos e irrepreensíveis na sua presença (cf. Ef 1, 4).
Escolheu cada um de nós para ser testemunha, neste mundo, da sua
verdade e da sua justiça. Criou o mundo como um jardim esplêndido e
pediu-nos para cuidar dele. Todavia, com o pecado, o homem desfigurou
aquela beleza natural; pelo pecado, o homem destruiu também a unidade e a
beleza da nossa família humana, criando estruturas sociais que
perpetuam a pobreza, a ignorância e a corrupção.
Às vezes, vendo os problemas, as
dificuldades e as injustiças, somos tentados a desistir. Quase parece
que as promessas do Evangelho não são realizáveis, são irreais. Mas a
Bíblia diz-nos que a grande ameaça ao plano de Deus a nosso respeito é, e
sempre foi, a mentira. O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele
esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do
fascínio de ser «moderno», de ser «como todos os outros». Distrai-nos
com a miragem de prazeres efémeros e passatempos superficiais. Desta
forma, desperdiçamos os dons recebidos de Deus, entretendo-nos com
apetrechos fúteis; gastamos o nosso dinheiro em jogos de azar e na
bebida; fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemos de nos centrar nas coisas
que realmente contam. Esquecemo-nos de permanecer interiormente como
crianças. Na realidade, estas – como nos ensina o Senhor – têm uma
sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo. É por isso que a
mensagem do «Santo Niño» é tão importante. Fala profundamente a cada um
de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos
chamados a ser como família de Deus.
O «Santo Niño» recorda-nos também que
esta identidade deve ser protegida. Cristo Menino é o protetor deste
grande país. Quando Ele veio ao nosso mundo, a sua própria vida esteve
ameaçada por um rei corrupto. O próprio Jesus viu-Se na necessidade de
ser protegido. Ele teve um protector na terra: São José. Teve uma
família aqui na terra: a Sagrada Família de Nazaré. Desta forma,
recorda-nos a importância de proteger as nossas famílias e a família
mais ampla que é a Igreja, a família de Deus, e o mundo, a nossa família
humana. Hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida
de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós
consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e
belo na nossa cultura.
No Evangelho, Jesus acolhe as crianças,
abraça-as e abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e
encorajar os nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna
do seu grande patrimônio espiritual e cultural. Especificamente, temos
necessidade de ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado
e protegido. E devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja
roubada a esperança e sejam condenados a viver pela estrada.
Uma criança frágil trouxe ao mundo a
bondade de Deus, a misericórdia e a justiça. Resistiu à desonestidade e à
corrupção, que são a herança do pecado, e triunfou sobre elas com o
poder da cruz. Agora, no final da minha visita às Filipinas, entrego-vos
a Jesus que veio estar entre nós como criança. Que Ele torne todo o
amado povo deste país capaz de trabalhar unido, de se proteger
mutuamente a começar pelas vossas famílias e comunidades, na construção
dum mundo de justiça, integridade e paz. O «Santo Niño» continue a
abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande nação na
sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria do Evangelho,
na Ásia e no mundo inteiro.
Por favor, rezai por mim. Deus vos abençoe a todos!
PAPA FRANCISCO
CNPF/CNBB com informações e fotos da Rádio Vaticano.
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