Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora
Mais uma vez a Igreja do Brasil celebrou
a Semana da Família. Nesta oportunidade, agradecemos ao Pai, rico em
misericórdia, pelo dom maravilhoso de nossas famílias. O Ano Santo da
Misericórdia ofereceu a ocasião de refletir o significado do amor de
Deus experimentado na vida e convivência familiar.
Também Jesus, o verbo da misericórdia do
Pai feito homem, foi acolhido na vida, cresceu, se desenvolveu,
educou-se na sua convivência em família. O Evangelista Mateus apresenta
José de Nazaré como um homem justo, obediente à vontade de Deus,
silencioso, homem de profunda intimidade orante com Deus e capaz de
todos os sacrifícios por sua família. Menino, ainda, no colo e em seus
primeiros passos na vida, foi no rosto de José de Nazaré que Jesus viu
manifestado a ele o quão era grande e belo o amor de Deus-Pai. O
Evangelista Lucas, tece-nos o rosto profético de Maria Nazaré. Mãe tão
linda e santa que foi capaz de dizer sim a todo o projeto de Deus sem
colocar questões e sem jamais sentir medo. Herdeira da coragem e
prestezas de todas as mães de Israel, ela de forma perfeita e total
inaugurou em sua fidelidade e dedicação o seguimento a Jesus, seu filho e
nosso salvador. Por 30 anos, na convivência com José e Maria, com
Zacarias e Isabel, com Joaquim e Ana, e muitos outros familiares, Jesus
se fez solidário a humanidade, mostrando plenamente a misericórdia do
Pai.
Um dia, já adulto e morando em
Cafarnaum, Jesus estendeu sua família sendo acolhido por Pedro, na casa
de sua sogra. A família de Cafarnaum abria-se a todos os que esperavam a
vinda do Messias. Longo foi acrescida por André, João, Tiago, Zebedeu,
Mateus, Madalena, Joana, Susana e muitos outros discípulos. Nesta
convivência familiar e humildade em seus caminhos pela Galileia, Jesus
inaugurava a nossa família que chamamos de Igreja. Ele mesmo nos disse:
“Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu
Pai, que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt
12,49-50).
No dia final de sua vida entre nós,
antes de início definitivo do Reino de Deus por sua Ressurreição, ao pé
da cruz, também ali, Jesus reuniu sua família. De sua cruz, ele disse à
sua mãe, apontado para todos nós, “estes são os teus filhos”. Depois,
Jesus olhou para cada um de nós, seus discípulos amados, e nos disse:
“está aí a sua mãe”. Desde então, a Igreja é o lugar em que convivemos
com a mãe do Senhor e nossa mãe. Desta experiência de fé e comunhão
aprendemos sem cessar a misericórdia do Pai.
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