Neste sábado, 2, o Papa Francisco celebrou a vigília de oração por
ocasião do Jubileu da Misericórdia, na Praça São Pedro, no Vaticano. O
momento contou com a presença de devotos da Divina Misericórdia, leigos e
religiosos, que ouviram atentamente as reflexões, que foram baseadas no
profeta Isaías.
A assembleia foi dividida em cinco partes reflexivas, incluindo
intenções de orações e cânticos relacionados à Misericórdia. Os textos
foram lidos por participantes do evento, que pediram com clamor:
“estendei ó Senhor a tua Misericórdia” e “envolve-nos com tua
Misericórdia ó Senhor”.
Discurso do Papa
Na última parte da assembleia da vigília, os participantes foram
contemplados com o discurso do Papa Francisco, que refletiu o Evangelho
de São João. O Pontífice iniciou agradecendo pelas orações e recordou a
morte de São João Paulo II, que hoje completa 11 anos.
“Com alegria partilhamos esse momento de oração, tão desejado por São
João Paulo II, em um dia como hoje. Em 2005 ele foi embora, e queria
fazer isso para dar um cumprimento no pedido de Santa Faustina.”
Francisco prosseguiu questionando: “com quantas faces da misericórdia
Deus vem ao nosso encontro? Muitas. É impossível descrever todas,
porque a misericórdia de Deus cresce sem parar. Deus não se cansa de
exprimir e nós jamais deveríamos recebê-la, procurá-la e desejá-la só
por hábito”.
Deus, a misericórdia
O Papa destacou ainda que Deus manifestou varias vezes o seu nome,
que é misericórdia. “Como é grande e infinita a natureza de Deus, assim é
grande e infinita a sua misericórdia”, reflete, e prossegue citando a
Bíblia, que mostra que a misericórdia é antes de mais nada a proximidade
de Deus ao seu povo.
O Santo Padre observa também que o mundo de hoje tem muita
necessidade dessa misericórdia e reforça que “não temos um Deus que não
sabe compreender e compadecer-se das nossas fragilidades, ao contrário,
foi precisamente em virtude da sua misericórdia que Deus se fez um de
nós”.
“Pela encarnação o filho de Deus uniu-se de certo modo a cada homem,
trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com
uma vontade humana, amou com coração humano. Nascido da Virgem Maria,
Ele se fez verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, com
exceção do pecado.”
A todo momento, o Papa se dirigiu a Deus como misericórdia. “A
Misericórdia não esta parada, vai a procura da ovelha perdida e quando a
encontra, irradia uma alegria contagiosa. A Misericórdia sabe olhar
cada pessoa nos olhos, cada uma delas é preciosa. Porque cada uma é
única.”
Quantas faces tem a misericórdia de Deus?
Para o Pontífice, falar dessa misericórdia é fácil, difícil mesmo é
tornar-se testemunha da vida concreta. “Esse é um percurso que dura por
toda vida e que não deve ser interrompida. Jesus nos disse que devemos
ser misericordioso como o Pai, toda a vida, toma isso. Quantas faces
tem, portanto, a misericórdia de Deus?”
Os pobres são recordados pelo Santo Padre, que se comove ao citar que
esses não são vistos pelos demais. “A misericórdia não pode nos deixar
tranquilos. É o amor de Cristo que nos inquieta e enquanto não tivermos
alcançado o objetivo, que nos impede de abraçar e envolver os que
necessitam de misericórdia, para que todos sejam reconciliados com o
Pai.”
Amor que alcança todos
Francisco afirma também que a misericórdia é um amor que alcança
todos e os envolve de tal maneira que se antecipa e vai além si mesmo.
“Se deixarmos conduzir por esse amor, assim nos tornaremos
misericordiosos como o Pai.”
Segundo o Papa, uma fé que não é capaz de ser misericordiosa não é
fé, é ideia, é ideologia. A fé é encarnada no Deus que se fez carne e
foi chagado por todos. “Mas se queremos acreditar e realmente ter fé,
devemos nos aproximar e tocar nas chagas de Jesus e também abaixar a
cabeça e deixar que os outros apreciem as nossas chagas.”
Ao concluir sua reflexão, o Papa Francisco pediu ao Espírito Santo
que guie os passos de todos, pois Ele é amor e misericórdia. “Não
coloquemos obstáculos na sua ação (…) Permaneçamos com o coração aberto
para que o Espírito possa transformá-lo, e assim, perdoados e
reconciliados, dentro das chagas do Senhor sejamos testemunhas da
alegria que brota de ter encontrado o Senhor ressuscitado, Vivo no meio
de nós”, e assim concedeu a bênção apostólica.
Logo após, Francisco improvisou um apelo para que Dioceses de todo o
mundo pensem em deixar uma recordação viva desse Ano da Misericórdia.
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