Sim»: para o cristão não há outra resposta à chamada de Deus. E sobretudo
nunca deve existir a atitude de quem finge que não entende, voltando-se para o
outro lado. Foi precisamente na solenidade da Anunciação do Senhor, na manhã de
segunda-feira 4 de abril, que o Papa convidou a viver uma verdadeira «festa do
sim», celebrando a missa na capela da Casa de Santa Marta.
E um «sim» convicto foi pronunciado esta manhã pelos sacerdotes que
concelebraram com Francisco no dia do quinquagésimo aniversário de ordenação e
também pelas religiosas vicentinas que trabalham em Santa Marta, as quais
renovaram os votos. «É toda uma história que acaba e recomeça nesta solenidade
que hoje celebramos: a história do homem, quando sai do paraíso» quis realçar
imediatamente o Papa no início da homilia. Com efeito, depois do pecado, o
Senhor ordena ao homem que caminhe e habite toda a terra: «Sê fecundo e vai em
frente». Mas «o Senhor estava atento ao que o homem fazia». A tal ponto que «às
vezes, quando o homem errou, Ele puniu-o: pensemos em Babel ou no dilúvio».
Assim Deus «estava sempre atento ao que o homem fazia: numa determinada
altura, este Deus que olhava e custodiava o homem, decidiu criar um povo e
chama nosso pai Abraão: “Sai da tua terra, da tua casa”». E Abraão «obedeceu,
disse “sim”» ao Senhor «e partiu da sua terra sem saber para onde teria ido». É
«o primeiro “sim”» do povo de Deus». E
precisamente «com Abraão, Deus – que olhava para o seu povo – começou a
“caminhar com”. E caminhou «com Abraão: “Caminha na minha presença” disse-lhe».
Deus, explicou o Papa, «fez depois o mesmo com Moisés, ao qual com oitenta
anos disse: “faz isso”. E Moisés que tinha oitenta anos – era idoso – diz
“sim”. E vai libertar o povo».
Mas Deus, afirmou ainda o Pontífice, «fez o mesmo com os profetas»:
pensemos por exemplo em Isaías que, quando o Senhor lhe diz para ir dizer as
coisas ao povo, responde que tem «os lábios impuros». Mas «o Senhor purifica os
lábios de Isaías e ele diz “sim!”».
E também com Jeremias, recordou o Papa, acontece o mesmo: «Senhor, eu não
sei falar, sou um rapazinho!» é a primeira resposta do profeta. Mas Deus
ordena-lhe que vá de qualquer maneira e ele responde “sim!». Foram «tantos,
tantos» aqueles «que disseram “sim”», é deveras uma «comunidade de homens e
mulheres idosos que disseram “sim” à espera do Senhor». E na homilia Francisco
quis recordar também Simeão e Ana.
«Hoje – explicou – o Evangelho diz-nos o fim desta corrente de “sim” e o
início de outro “sim” que começa a crescer:
o “sim” de Maria». Precisamente «este “sim” faz com que Deus – afirmou o
Pontífice – não só observe como procede o homem, não só caminha com o seu povo,
mas que se torne um de nós e assuma a
nossa carne». Come efeito, «o “sim” de Maria abre a porta ao “sim” de Jesus:
“Eu venho para fazer a tua vontade”». É «este “sim” que acompanha Jesus durante
toda a vida, até à cruz: «Pai, afasta de mim este cálice; entretanto, não seja
feita a minha vontade, mas o que Tu desejas!”». É «em Jesus Cristo que, como
diz Paulo aos coríntios, há o “sim” de Deus: Ele é o “sim”».
«É um dia bonito – frisou o Papa – para agradecer ao Senhor por nos ter
ensinado esta estrada do “sim”, mas também para pensar na nossa vida». Aliás,
«alguns de vós – disse dirigindo-se diretamente aos sacerdotes presentes na
missa – celebram o quinquagésimo aniversário de sacerdócio: bonito dia para
pensar nos “sim” da vossa vida». Mas «todos nós, cada dia, devemos dizer “sim”
ou “não”, e pensar se dizemos sempre “sim” ou se muitas vezes nos escondemos,
de cabeça baixa, como Adão e Eva, para não dizer “não” fingindo não compreender
«aquilo que Deus nos pede».
«Hoje é a festa do “sim” repetiu Francisco. Com efeito, «no “sim” de Maria
há o “sim” de toda a história da salvação e ali começa o último “sim” do homem
e de Deus: ali Deus recria, como no
início com um “sim” fez o mundo e o homem, aquela bonita Criação: com este
“sim” eu venho para fazer a tua vontade e recria mais maravilhosamente o mundo,
recria todos nós». É «o “sim” de Deus que nos santifica, que nos faz avançar em
Jesus Cristo». Eis por que hoje é o dia justo «para agradecer ao Senhor e para
nos questionarmos: eu sou homem ou mulher do “sim” ou sou homem ou mulher do
“não”? Sou homem ou mulher que olho para o outro lado, para não responder?».
Portanto, o Papa expressou a esperança de «que o Senhor nos dê a graça de
entrar neste caminho de homens e mulheres que souberam dizer “sim”». E depois
de ter dedicado um pensamento aos sacerdotes, Francisco concluiu dirigindo-se
às religiosas da comunidade de Santa Marta: «Neste momento, em silêncio, as
irmãs que estão nesta Casa renovarão os votos: fazem-no todos os anos, porque
são Vicente era inteligente e sabia que a missão que lhes confiava era muito
difícil, e por isso quis que todos os anos renovassem os votos. Nós em silêncio
acompanhamos esta renovação».
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