Cidade
do Vaticano (RV) – Trabalhar para construir uma verdadeira cultura do
encontro, que vença a cultura da indiferença: foi o que pediu o Papa na
Missa celebrada na manhã de terça-feira (13/09) na Casa Santa Marta.
Francisco falou do encontro de Deus
com o seu povo, e advertiu para os maus hábitos que, em família, nos
afastam da escuta do outro. A Palavra de Deus, iniciou o Pontífice, nos
faz hoje refletir sobre um encontro. Com frequência, observou, as
pessoas se “cruzam, mas não se encontram”. Cada um “pensa em si mesmo;
olha, mas não vê; ouve, mas não escuta”:
“O encontro é outra coisa, é aquilo
que o Evangelho hoje nos anuncia: um encontro; um encontro entre um
homem e uma mulher, entre um filho único vivo e um filho único morto;
entre uma multidão feliz, porque encontrou Jesus e o segue, e um grupo
de pessoas, chorando, que acompanha aquela mulher, que saía de uma porta
da cidade; encontro entre aquela porta de saída e a porta de entrada. O
ovil. Um encontro que nos faz refletir sobre o modo de nos encontrar
entre nós”.
No Evangelho, prosseguiu, lemos que o
Senhor sentiu “grande compaixão”. Esta compaixão, advertiu, “não é o
mesmo que nós sentimos quando andamos na rua e vemos uma coisa triste:
‘Que pena!’” Jesus não passa além, é tomado pela compaixão. Aproxima-se
da mulher, a encontra realmente e depois faz o milagre.
O encontro com Jesus vence a indiferença e restitui dignidade
Neste episódio, disse o Papa, vemos não só a ternura, mas também “a
fecundidade de um encontro”. “Todo encontro – retomou – é fecundo. Todo
encontro restitui as pessoas e as coisas no seu lugar”:
“Estamos acostumados com a cultura da indiferença e temos que
trabalhar e pedir a graça de fazer a cultura do encontro, do encontro
fecundo que restitui a todas as pessoas a própria dignidade de filhos de
Deus. Nós estamos acostumados com esta indiferença, quando vemos as
calamidades deste mundo ou as pequenas coisas: “Mas que pena, pobres
pessoas, como sofrem”, e ir adiante. Se eu não ver – não é suficiente
ver, mas olhar – se eu não paro, não olho, não toco, se não falo, não
posso fazer um encontro e nem ajudar a fazer a cultura do encontro”.
Todos, sublinhou Francisco, “ficaram com muito medo e glorificavam a
Deus por visitar o seu povo”. O Papa acrescentou que “eu gosto de ver
aqui também o encontro de todos os dias entre Jesus e sua esposa”, a
Igreja, que aguarda o Seu retorno.
Também em família podemos viver um verdadeiro encontro
“Esta – reiterou – é a mensagem de hoje: o encontro de Jesus com o
seu povo”; todos somos “carentes da Palavra de Jesus”. Precisamos do
encontro com Ele:
“À mesa, em família, quantas vezes se come, se vê TV ou se escreve
mensagens no celular. Todos são indiferentes a este encontro. Até no
fulcro da sociedade, que é a família, não existe encontro. Que isto nos
ajude a trabalhar por esta cultura do encontro, tão simplesmente como o
fez Jesus. Não olhar apenas, mas ver; não ouvir apenas, mas escutar; não
só cruzar com os outros, mas parar. Não dizer apenas ‘que pena, pobres
pessoas’, mas deixar-se levar pela compaixão. E depois, aproximar-se,
tocar e dizer do modo mais espontâneo no momento, na linguagem do
coração: ‘Não chore. E dar pelo menos uma gota de vida”.
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