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sábado, 30 de janeiro de 2016

A Igreja doméstica é fundada sobre o sacramento do matrimônio.

Cardeal_Marc_Ouellet
A questão do matrimônio chama a atenção da Igreja a partir do Concílio Vaticano II, porque o futuro da evangelização da humanidade passa pela família. Esta convicção frequentemente expressa por João Paulo II se baseia no papel do matrimônio e da família na sacramentalidade da Igreja, cuja missão como Corpo e Esposa de Cristo é de difundir a comunhão trinitária na humanidade. Esta sacramentalidade se articula em torno aos sete sacramentos que estruturam a relação de Aliança entre Cristo e a Igreja como um mistério nupcial cuja fecundidade brota da celebração do Batismo e da Eucaristia. A Igreja doméstica fundada sobre o sacramento do matrimônio se inscreve nesta arquitetura eclesial sacramental.
Ela é evangelizada na medida em que a beleza da "comunidade de vida e de amor" transparece o testemunho de amor trinitário na história, algo assim como o esplendor da Sagrada Família de Barcelona que atrai a atenção do mundo inteiro, fascinado por sua beleza e originalidade. Portanto, proclamaremos em alta voz e com valentia nossa convicção de que a família é o grande recurso para levar a cabo uma autêntica conversão pastoral em uma Igreja toda missionária.
Em uma família fundada no matrimônio sacramental dos esposos, Cristo e a Igreja prolongam seu testemunho divino e humano de amor indissoluvelmente fiel e fecundo. A fragilidade, os erros e fracassos de tantos casais de hoje são uma razão a mais para um renovado anúncio do Evangelho da família e para uma pastoral da misericórdia que traga paz, reconciliação e abundantes frutos a todas as famílias. Estimulada pelos debates em curso, a caridade misericordiosa dos pastores será tanto mais eficaz e consoladora quanto mais for apoiada, sem ambiguidades, na verdade da Aliança; a fidelidade absoluta de Cristo e da Igreja assumida em cada matrimônio sacramental, dom de felicidade e de alegria paraÂÂ a humanidade. "O que Deus uniu, o homem não separe" (Mt 19, 6; Mc 10, 9).
Cardeal Marc Ouellet
Prefeito da Congregação para os Bispos

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

25a. edição do Curso dos Bispos: Tema "Desafios e perspectivas sobre a Família".

Com o tema “Família”, a 25º edição do Curso para os Bispos reúne participantes de diversas regiões do Brasil. A atividade iniciou na segunda-feira, 25 de janeiro e prosseguirá até a sexta, 29, no Centro de Estudos e Formação do Sumaré, no Rio Comprido.
Este ano, o curso promovido pela arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), conta com presença do núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni d'Aniello e do professor de teologia pastoral do matrimônio e da família, do Pontifício Instituto João Paulo II, da Universidade Lateranense, de Roma, monsenhor Juan José Pérez Soba. 
O curso recebe outros conferencistas nacionais e internacionais, entre eles o ex-presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB e bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini; um dos peritos convidados no último Sínodo dos Bispos sobre a Família, monsenhor José Granados García e o doutor em Filosofia e em Direito Canônico, padre Jesus Hortal Sánchez. 
O arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta explica que o Curso para os Bispos é momento, também, de estudo, oração e vivência de união fraterna. Destaca, ainda, que o tema deste ano quer ressaltar o compromisso da Igreja com a família. 
“Os bispos que vêm ao Rio de Janeiro, aqui vêm para viver como irmãos. Por isso, refletir nestes dias sobre a Família e toda a sua problemática é manifestar claramente nosso compromisso com a edificação de uma família constituída pelo amor esponsal do marido com a mulher, abertos para a constituição de uma bonita família, sem medo de ter filhos, destemidamente educados na fé católica, o maior tesouro que podemos deixar como herança para as gerações futuras. Cuidemos, sobretudo, da família da qual pertencemos. A grande família, que é a Igreja, precisa viver e testemunhar em gestos concretos a misericórdia e a compaixão”, disse dom Orani. 
Programação
Durante a tarde da terça-feira, 26, os bispos acompanharam a conferência com o professor de teologia pastoral do matrimônio e da família, do Pontifício Instituto João Paulo II, monsenhor Juan José Pérez Soba, sobre “Caminhar em novidade de vida (Rom 6,4) – A fé que guia e vivifica a família”.
No dia seguinte, 27, o grupo participou de um passeio pela cidade do Rio de Janeiro. Na oportunidade, visitaram o Museu do Amanhã, na Praça Mauá, Zona Portuária da cidade.  Inaugurado pela Prefeitura do Rio em 19 de dezembro de 2015, o museu integra o projeto cultural de revitalização da Região Portuária, sendo considerado símbolo do renascimento de uma área de cinco milhões de metros quadrados. 
Ainda, na quarta-feira, o núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni d'Aniello, presidiu missa com os bispos que participam desta 25ª edição do curso.
O primeiro Curso para os Bispos, no Sumaré, aconteceu em julho de 1990, com presença do então cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa emérito Bento XVI. 
Leia a mensagem de Boas-vindas: 
“Meus votos de boas-vindas a todos e louvor e ação de graças a Deus que nos permitiu poder prestar também neste ano esse belo serviço aos bispos do Brasil. É sempre uma alegria reencontrar os irmãos! Devido a problemas da malha aérea muitos voos foram mudados ou transferidos e alguns irmãos estão ainda chegando nesta noite e amanhã cedo. Entre os irmãos bispos o destaque é para D. Edvaldo Gonçalves Amaral que até hoje participou de todas as edições do Curso para os Bispos.
Acabamos de iniciar com toda a Igreja o ano do Jubileu da Misericórdia. Com todas as portas santas da misericórdia abertas estamos fazendo a experiência de acolher e anunciar a misericórdia. Nesta semana teremos oportunidade de participar do lançamento do livro da entrevista do Papa Francisco que está sendo lançado com o título “O nome de Deus é misericórdia”. A editora está concluindo a impressão e deverá lançar nesta semana esse livro. Aqui no Rio de Janeiro, aproveitamos este encontro e iremos participar desse lançamento na próxima quinta-feira à noite, numa livraria de renome aqui no Rio de Janeiro, a Livraria da Travessa no Shopping Leblon com a participação do jornalista Gerson Camarotti que fará uma breve apresentação do livro e os que estarão presentes receberão um exemplar do mesmo. Como se trata de uma livraria será preciso levar um voucher que entregaremos na hora da saída daqui.
Neste ano, a Campanha da Fraternidade Ecumênica vai nos ajudar a ver a necessidade de conversão no cuidado com a casa comum, [tema: “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (cfr. Am 5.24)].tema muito caro ao Papa Francisco, que ao escrever a “Laudato Si’” nos motivou ainda mais nessa missão que já tem sido objeto de várias Campanhas da Fraternidade anteriores.
Estamos também na semana do 51º Congresso Eucarístico Internacional em CEBU nas Filipinas com o tema “Cristo em vós, a esperança da glória”, que se iniciou ontem, domingo e irá até o próximo domingo. Nas Filipinas se concentra metade da população católica da Ásia. Isso nos recorda do próximo congresso eucarístico nacional em Belém, comemorando os 400 anos da fundação da cidade. O XVII CEN ocorrerá de 15 a 21 de agosto deste ano e tem como tema: Eucaristia e partilha na Amazônia Missionária, e como lema: Eles o reconheceram no partir do pão.
Temos o privilégio de iniciar este curso deste ano no dia da Festa da Conversão de São Paulo e na conclusão da semana de orações pela unidade dos cristãos no hemisfério norte quando o Papa presidiu na Basílica de São Paulo fora dos muros as Segundas Vésperas solenes comemorativas.
Aqui no Rio de Janeiro a cidade se prepara as Olimpíadas e as Paraolimpíadas. Em meio às controvérsias sociais e econômicas nas quais as nossas pastorais estão atentas e inseridas, a arquidiocese tem um plano de trabalho, tanto para a coordenação dos trabalhos religiosos na vila dos atletas, como também dos “100 dias de paz” e o projeto de inserção dos jovens das comunidades na dinâmica do esporte para a paz. Em meio a crises política, econômica, social, ética, ideológica, etc – vamos nos movendo. E o tema da família está bem dentro desse furacão ideológico que varre a sociedade hodierna.
Aqui no Brasil, olhando para o futuro, já vislumbramos as comemorações em 2017 dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição A(a)parecida nas águas do Rio Paraíba e uma nova possível visita do Papa Francisco. Uma oportunidade de proclamar valores importantes para a nossa sociedade.
Este curso para bispos tem uma bela história: iniciou-se em julho de 1990 (estamos, portanto no 27º ano de existência), com a presença do então Cardeal Joseph Ratzinger, aqui neste Centro de Estudos e Formação do Sumaré. O assunto foi “o ministério Petrino em nosso tempo”. Daquela data em diante, com apenas duas exceções (1991, ano seguinte ao primeiro curso e em 2007, quando ocorreu a V Conferência em Aparecida e a visita do Santo Padre o Papa Bento XVI a São Paulo e Aparecida), todos os anos temos tido a alegria de receber os senhores bispos que aceitam o convite para um tempo de convivência fraterna e discussão de algum assunto de interesse comum, com conferencistas que nos ajudam a aprofundar os temas. A presença dos senhores é a razão primeira da existência deste curso e a colaboração nas reflexões o torna ainda mais enriquecido.
Este é, portanto, o 25º curso anual dos bispos do Brasil que realizamos. Estamos, portanto comemorando o jubileu de prata desse curso. Agradeço aos senhores pela presença e aos meus antecessores pela história que temos. Essa tradição iniciada pelo Cardeal Eugênio Araujo Sales, de saudosa memória, e continuada com o Cardeal Eusébio Oscar Scheid. Agradeço ao Cardeal Marc Oullet, da Congregação para os Bispos e da Pontifícia Comissão para a América Latina, que mesmo com dificuldades de saúde e de viagem enviou os textos de suas conferências que serão lidos por D. João Carlos Petrini, Bispo de Camaçari na Bahia a quem agradeço pela sua disponibilidade em nos ajudar, também aos professores do Instituto João Paulo II de Roma, Mons. José Granados Garcia (que está retido em Nova York devido à neve e só chegará na próxima quarta-feira) e Mons. Juan José Perez Soba e ao Padre Jesus Hortal, da PUC do Rio de Janeiro, pela aceitação das explanações que farão. Devido a esses imprevistos haverá alteração na sequência de algumas conferências na terça e na quinta. Será distribuída folha com a nova sequência das mesmas.
 A pedido, feito no ano passado, de Sua Excelência, do senhor Núncio Apostólico, D. Giovanni d’Aniello teremos como lembrança deste curso uma cruz peitoral comemorativa que recorda um pouco a cruz da capela daqui do Sumaré. (não poderia ser uma reprodução idêntica senão ficaria muito estranha e pesada). Elaborada pela mesma autora, a cruz tem o mesmo estilo, que será abençoada e entregue na missa de sexta-feira. Aliás, contaremos aqui nestes dias, com muita alegria, com honrosa presença do senhor Núncio que permanecerá conosco e atenderá os senhores bispos que desejarem ou chamará aqueles com os quais gostaria de conversar. (Mons. Marcel Smejkal, tcheco, Conselheiro da Nunciatura, o acompanhará e o assessorará para os devidos atendimentos.) O senhor Núncio também conferirá, em nome do Papa Francisco, amanhã à noite, antes do jantar, a Medalha São Gregório Magno ao Consul Geral da Itália no Rio de Janeiro, Dr. Riccardo Batisti, aqui ao lado, na residência Assunção, que foi a residência papal durante a JMJ.
O trabalho de organizar este curso anual, contatos com conferencistas e os conteúdos dos temas tem sido de D. Karl Josef Romer. Ele contata os conferencistas, verifica os temas, responsabiliza-se pela tradução dos textos quando necessário, acolhe os conferencistas e conduz a dinâmica destes dias. Agradeço-lhe desde já essa importante missão. Ele já está com o curso de 2017 organizado, e pensando na temática de 2018 com toda precisão suíça germânica.
A organização prática: recepção, liturgia, impressos e demais assuntos é da Coordenação de Pastoral comandada pelo Mons. Joel Portella Amado com sua equipe própria, acrescida com os Padres, Diáconos Permanentes e Grupo de Seminaristas do Seminário São José. A casa, além das Irmãs do Bom Conselho e sua equipe de atendentes, temos a assessoria da Mitra Arquidiocesana, conduzida pelo Pe. Henrique Jorge Diegues e sua equipe, inclusive com as responsabilidades médicas. Agradeço a disponibilidade dos que aceitaram hospedar-se na Casa do Padre e no Seminário São José no Rio Comprido para facilitar a hospedagem de um bispo para cada quarto.
Depois de 5 anos (2011-2015) aprofundando os temas dos documentos conciliares, comemorando assim os 50 anos do Concílio Vaticano II (creio que foi uma das maiores comemorações desse jubileu no Brasil), neste ano de 2016 o foco se voltou para a “Família”, tema que foi aprofundado nestes últimos dois anos pela Igreja. Depois de tantos livros e artigos, um Consistório, uma Assembleia extraordinária do Sínodo e um Sínodo Ordinário dos Bispos, e enquanto aguardamos a publicação do documento papal pós sinodal, creio que é um belo momento de partilharmos um pouco dessas discussões e encaminhamentos. Como já dissemos, na última hora tivemos mudanças na presença dos conferencistas e por isso algumas delas estarão em horários diferentes do programado, mas tenho certeza de que a partilha entre nós será de uma grande riqueza. O assunto, além de estar nas preocupações e aprofundamentos da Igreja é uma problemática séria diante das várias investidas ideológicas que sofre a família com suas várias interpretações. Como responder a todas essas questões hoje?
Como sabemos este curso não tem como finalidade tomar decisões administrativas, nem pastorais e nem fazer pronunciamentos. A única manifestação é a nossa costumeira carta de cumprimentos ao Papa e ao Prefeito da Congregação para os Bispos, que como sempre ocorre a cada ano. É simplesmente um tempo de reflexão e partilha. A liturgia das horas e a missa diária são os pontos altos desses dias de atualização e troca de experiências. Nestes dias, os Senhores Bispos de várias partes do Brasil têm um especial momento de confraternização, de encontro, e, neste, ano o nosso passeio ocorrerá em horário invertido, na parte da manhã, devido a questão do horário de funcionamento do “Museu do Amanhã”, inaugurado em Dezembro passado e situado na nova Praça Mauá. As milhares de pessoas que procuram visitá-lo diariamente é motivação para que o conheçamos, pois se trata de um museu diferenciado daqueles que nós conhecemos. Essa visita será precedida de um momento cultural sobre o Rio de Janeiro e seus 450 anos e acolhida das Olimpíadas no auditório do Edifício João Paulo II, no bairro da Glória. Desejo que estes dias aqui, com um tempo chuvoso e menos calor (espero), sirvam para um descanso de tantos trabalhos e preocupações de nosso dia a dia.
Aqui estamos para discernir juntos os sinais de Deus na simplicidade de cada dia e contemplar as alegrias da ação do Senhor em nossas vidas de serviço à Igreja. Espero que ao retornar para suas dioceses levem boas ideias, recordações e ânimo renovado.
Caros irmãos bispos, vigários episcopais e convidados a todos os acolho com grande alegria aqui nesta casa. Mais uma vez lhes digo: sejam muito bem-vindos e obrigado por aceitarem vir a este encontro, que é um serviço que a Igreja do Rio de Janeiro presta como um compromisso fraterno. Aqui, tenham consciência de que é extensão de sua casa. Acolho, com grande afeto, a todos: sejam os novos que participam pela primeira vez, sejam os que já costumam vir em outros anos, bem como os caríssimos bispos eméritos nesse belo encontro em que todos nos sentimos protagonistas.
Que o nosso encontro e reflexão no curso nos ajudem nestes tempos que ora vivemos a vivermos como nos acenou o Papa Francisco: que sejamos "capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de dialogar com as suas ilusões e desilusões, de recompor as suas desintegrações”.
Louvado seja o Senhor! Tudo para maior glória Deus!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A Família Educadora.

    Dom Levi BonattoResultado de imagem para dom levi bonattoBispo auxiliar de Goiânia       

Sempre que se inicia o ano, todas as famílias com filhos em idade escolar preocupam-se com a educação dos seus filhos. O Estado tem a obrigação de subsidiar a educação, porém é indispensável a participação da família nesse processo. 
Nos primeiros anos da vida, a cultura recebe o nome de educação. Educar é cultivar. Em latim, educco significa “lançar para fora”, “fazer sair”; educar tem o sentido de desenvolver a partir de algo que já se encontra em germe na criança.
Assim como o cultivo das plantas é a arte de, obedecendo às leis naturais, conduzir a semente ao estado de flor, também a educação do ser humano tem as suas leis. Devemos educar obedecendo livremente essas leis, que são as leis da criação e que estão inscritas no ser humano. 
Uma boa educação deve capacitar o homem para alcançar o seu fim. Deve mostrar o sentido da vida, do Bem Soberano, Deus, o nosso fim; assim como deve mostrar como escolher, sempre sob a atração desse Soberano Bem, quais são esses outros bens que nos convém nesta vida.
Um bom educador não desenvolverá apenas o que já está previsto no nosso programa genético, a chamada herança genética, mas saberá absorver do meio social onde se encontra, aquele conjunto de tradições, de valores autênticos, de formas de vida válidas para o verdadeiro crescimento da personalidade. Antes de tudo, educar é ensinar a discernir. É cultivar na criança e no adolescente o homem, sabendo desenvolver nele o gosto, o afeto, o interesse por tudo aquilo que ajuda a ser mais homem.
Educar consiste em formar o espírito crítico, o bom gosto, o sentido do verdadeiro, do belo, do bom, e, acima de tudo, o sentido do Soberano Bem, o sentido de Deus, sem o qual nossa vida não tem sentido nenhum.
A educação se inclui entre os direitos fundamentais da pessoa humana. Diz o Concílio Vaticano II: “Todos os homens, de qualquer estirpe, condição e idade, visto gozarem da dignidade da pessoa, têm direito inalienável a uma educação correspondente ao próprio fim, acomodada à própria índole, sexo, cultura e tradições pátrias, e, ao mesmo tempo, aberta ao consórcio fraterno com os outros povos”.
Essa primeira educação deve dar-se na família. O filho tem direito a nascer e a ser educado no seio de uma família. Pouco adiantará a boa escola, mesmo a escola católica, se quando voltar para casa a criança não encontrar no lar a confirmação, teórica e prática, do que lhe ensinaram seus professores.
E a escola, mesmo a escola católica, não terá nenhuma eficácia, se na família, consciente ou inconscientemente, se cultivam formas contra-culturais de vida, que são o consumismo, o hedonismo, a frivolidade, uma vida egoísta. 
Uma boa educação não deve limitar-se aos elementos intelectuais, artísticos, técnicos, mas deve cultivar as atitudes morais e os valores espirituais, principalmente a fé. Não existe, segundo São João Paulo II, “bem maior que o de uma fé profunda, para os pais transmitirem a seus filhos”. 
Os pais são, por direito e por dever, os primeiros e principais educadores de seus filhos. Não devem, portanto, alhear-se dessa difícil tarefa, pensando que a escola fará tudo. O próprio desinteresse dos pais nesse ponto, quando é percebido pelos filhos – e o é sempre –, mata na sua base todo o esforço educador. 
A transmissão da fé é uma missão especialmente ligada à vocação matrimonial. Os esposos, pelo matrimônio, se orientam para a geração e a educação da prole. A educação é, não esqueçam, o prolongamento normal e necessário da geração. É isso que a sociedade, a Igreja e Deus esperam dos pais. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ano da Misericórdia: O perdão corresponde à reconstrução de vidas destruídas.


libere-perdaoA Porta Santa do Jubileu da Misericórdia aberta pelo papa Francisco, na Basílica de São Pedro, representa simbolicamente a peregrinação de fiéis ao Coração de Cristo onde buscam e encontram a vida e a salvação. A Porta da Misericórdia abre-se aos pecadores que renunciam a tudo o que seja mal, a mentira, a inveja, o ódio, a vingança, a violência, o rancor, enfim, o que gera sofrimento para si e para o próximo. A Porta abre-se aos que abraçam a conversão a Cristo e aos valores do Evangelho. A Porta abre-se aos gestos de amor e disponibilidade, para servir aos semelhantes, especialmente aos mais necessitados.
Há vários gestos referindo às obras de misericórdia espirituais e corporais tais como: visitar e cuidar dos enfermos (Mt. 8,14); Ensinar a quem não sabe (Mt. 5, 38-48); Dar de comer a quem tem fome e dar de beber a quem tem sede (Mt. 25, 35.37.42-44); Dar bons conselhos a quem necessita (Mt. 13, 1-13); Corrigir aos que erram (Jo. 8, 1-11); Dar pousada aos necessitados (Lc. 2, 1-7); Perdoar as ofensas (Mt. 18, 21-22); Vestir os despidos (Mt. 25, 34.36.43); Consolar os tristes e aflitos (Mt. 11, 28-29); Socorrer quem está preso (Lc 16, 16-21); Suportar com paciência os defeitos dos outros (Lc 5, 1-11); Orar pelos vivos e mortos, sepultar os defuntos (Jo. 11, 1-45). Tratam-se de gestos praticados no dia a dia de nossos relacionamentos.
Passar pelas Portas da Misericórdia significa buscar a indulgência, o perdão, a restauração da própria vida e da vida de pessoas destruídas por dentro. Trata-se da conversão, do compromisso de transformação cristã. Há atitudes destrutivas que manipulam as pessoas como objetos de uso e abuso, como traição, calúnia, difamação, preconceito, agressão, exploração. A verdade liberta e se ela for lesada deve ser restaurada. O perdão corresponde à reconstrução de vidas destruídas. Para recuperar a confiança perdida, passa-se por dentro do arrependimento, da restituição do prejuízo e da honra, do comportamento sincero que demonstra a emenda de vida.
A Porta da Misericórdia do coração de Cristo abre-se a quem aceita superar as provações. Elas são amargas, mas nos purificam e nos preparam à iluminação interior no itinerário do longo aprendizado evolutivo. De fato, o nosso aprendizado é feito de purificação e de iluminação, remetendo-nos ao serviço do próximo. Para sair do egoísmo e aprender a servir com amor e desapego é preciso ir ao encontro dos outros. Perdoar é resgatar a dignidade do amor e de respeito, quando ferido ou perdido. Essa atitude é permanente, não se limitando a algum período. O Jubileu da Misericórdia é excelente ocasião para nos renovar na fé e no compromisso cristão.
Dom Aldo Pagotto -Resultado de imagem para dom aldo pagottoArcebispo da Paraíba

"A unidade é dom da misericórdia de Deus Pai", disse o papa Francisco.


semanadeoracao"Acima das diferenças que ainda nos separam, reconhecemos com alegria que na origem da vida cristã existe sempre um chamado cujo autor é o próprio Deus", disse o papa Francisco durante missa de encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. A cerimônia aconteceu na segunda-feira, 25, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, marcando as segundas vésperas da Solenidade da Conversão de São Paulo.
Confira a íntegra da homilia do papa:
"De fato eu sou o menor dos apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. Mas aquilo que eu sou, eu devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi estéril" (1 Cor 9, 1). O apóstolo Paulo assim resume o significado da sua conversão. Ela, ocorrida após o fulgurante encontro com Jesus Ressuscitado, na estrada de Jerusalém a Damasco, não é antes de tudo uma mudança moral, mas sim uma experiência transformadora da graça da Cristo, e ao mesmo tempo o chamado a uma nova missão, a de anunciar a todos, aquele Jesus que antes persegui, perseguindo seus discípulos. Neste momento, de fato, Paulo compreende que entre o Cristo vivo na eternidade e os seus seguidores, existe uma união real e transcendente: Jesus vive e está presente neles e eles vivem nele. A vocação a ser apóstolo se funda não nos méritos humanos de Paulo, que se considera "menor" e "indigno", mas na bondade infinita de Deus, que o escolheu e confiou a ele o ministério.
Uma compreensão semelhante do que ocorreu no caminho de Damasco é testemunhada por Paulo também na Primeira Carta a Timóteo: "Agradeço àquele que me deu força, a Jesus Cristo nosso Senhor, que me considerou digno de confiança, tomando-me para o seu serviço, apesar de eu ter sido um blasfemo, perseguidor e insolente. Mas eu obtive misericórdia porque eu agia sem saber, longe da fé. Sim, ele me concedeu com maior abundância a sua graça, junto com a fé e o amor que estão em Jesus Cristo" (1,12-14). A superabundante misericórdia de Deus é a razão única sobre a qual se funda o ministério de Paulo e é ao mesmo tempo o que Paulo deve anunciar a todos.
A experiência de São Paulo é semelhante à das comunidades às quais o apóstolo Pedro dirige a sua Primeira carta. São Pedro se dirige aos membros de comunidades pequenas e frágeis, expostas à ameaça das perseguições, e aplica a elas os títulos gloriosos atribuídos ao povo santo de Deus: "raça eleita, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido por Deus". Para aqueles primeiros cristãos, como hoje para todos nós batizados, é motivo de conforto e de constante estupor saber que fomos escolhidos para fazer parte do plano de salvação de Deus, realizado em Jesus Cristo e na Igreja. "Por que, Senhor, justamente eu?; por que precisamente nós? ". Atingimos aqui o mistério da misericórdia e da escolha de Deus: o Pai ama todos e quer salvar a todos, e por isto chama alguns, "conquistando-os" com a sua graça, para que através deles o seu amor possa chegar a todos. A missão de todo o povo de Deus é a de anunciar as obras maravilhosas do Senhor, a primeira entre todas o Mistério Pascal de Cristo, por meio do qual passamos das trevas do pecado e da morte ao esplendor da sua vida, nova e eterna.
À luz da Palavra de Deus que ouvimos, e que nos guiou durante esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, podemos realmente dizer que todos nós que acreditamos em Cristo somos "chamados a proclamar as obras maravilhosas de Deus" (cfr 1 Pt 2,9). Acima das diferenças que ainda nos separam, reconhecemos com alegria que na origem da vida cristã existe sempre um chamado cujo autor é o próprio Deus. Podemos progredir no caminho da plena comunhão visível entre os cristãos, não somente quando nos aproximamos uns dos outros, mas sobretudo na medida em que nos convertemos ao Senhor, que por sua graça nos escolhe e nos chama a sermos seus discípulos. E converter-se significa deixar que o Senhor viva e aja em nós. Por este motivo, quando juntos os cristãos de diversas Igrejas escutam a Palavra de Deus e procuram colocá-la em prática, dão realmente passos importantes em direção à unidade. E não é somente o chamado que nos une; nos une também a mesma missão: anunciar a todos as obras maravilhosas de Deus. Como São Paulo, e como os fieis a quem escreve São Pedro, também nós não podemos que não anunciar o amor misericordioso que nos conquistou e transformou. Enquanto estamos a caminho, em direção à plena comunhão entre nós, podemos já desenvolver múltiplas formas de colaboração para favorecer a difusão do Evangelho. E caminhando e trabalhando juntos, percebemos que já estamos unidos no nome do Senhor.
Neste Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia, tenhamos bem presente que não pode existir uma autêntica busca da unidade dos cristão, sem uma plena entrega à misericórdia de Deus. Peçamos, antes de tudo, perdão pelo pecado das nossas divisões, que são uma ferida aberta no Corpo de Cristo. Como Bispo de Roma e Pastor da Igreja Católica, quero invocar misericórdia e perdão pelos comportamentos não evangélicos tidos por parte dos católicos em relação aos cristãos de outras Igrejas. Ao mesmo tempo, convido todos os irmãos e as irmãs católicos a perdoar se, hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros cristãos. Não podemos apagar aquilo que aconteceu, mas não queremos permitir que o peso das culpas passadas continuem a macular nas nossas relações. A misericórdia de Deus renovará as nossas relações.
Neste clima de intensa oração, saúdo fraternalmente Sua Eminência o Metropolita Gennadios, representante do Patriarcado Ecumênico, Sua Graça David Moxon, representante pessoal em Roma do Arcebispo de Cantuária, e todos os representantes das diversas Igrejas e Comunidades eclesiais de Roma, aqui reunidos nesta tarde. Com eles passamos através da Porta Santa desta Basílica, para recordar que a única porta que nos conduz à salvação é Jesus Cristo nosso Senhor, o rosto misericordioso do Pai. Dirijo uma cordial saudação também aos jovens ortodoxos e ortodoxos orientais que estudam aqui em Roma com o apoio do Comitê de Colaboração Cultural com as Igrejas Ortodoxos, que atua junto ao Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, assim como aos estudantes do Ecumenical Institute of Bossey, em visita aqui em Roma para aprofundar o seus conhecimento sobre a Igreja Católica.
Queridos irmãos e irmãs, unamo-nos à oração que Jesus Cristo dirigiu ao Pai: "Que sejam um (...) para que o mundo creia" (João 17,21). A unidade é dom da misericórdia de Deus Pai. Aqui, diante do túmulo de São Paulo, apóstolo e mártir, guardado nesta esplêndida Basílica, sentimos que o nosso humilde pedido é apoiado pela intercessão da multidão dos mártires cristãos de ontem e de hoje. Eles responderam com generosidade ao chamado do Senhor, deram um fiel testemunho, com a sua vida, das obras maravilhosas que Deus realizou em nós, e já experimentam a plena comunhão na presença de Deus Pai. Apoiados pelo seu exemplo e confortados pela sua intercessão, dirijamos a Deus a nossa humilde oração".

CFE 2016 propõe subsídio de Encontros para Famílias.


CFE2016Diferentes subsídios foram produzidos pela comissão organizadora da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. O manual da CFE 2016 está organizado por temáticas. Além da oração, hino, apresentação e texto-base, são oferecidos 11 encontros, com abordagens específicas de acordo com cada público.
As Edições CNBB publicaram os subsídios da Campanha da Fraternidade, sendo roteiros para Círculos Bíblicos, Encontros Catequéticos para crianças e adolescentes, Encontros para jovens do Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio, Encontros para Famílias e Via-sacra Ecumênicas, além de Vigílias e celebração da misericórdia.
Reflexão
A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 terá início na Quarta-feira de Cinzas, 10 de fevereiro, e prosseguirá até o Domingo de Ramos, 20 de março. A reflexão central da CEF traz como tema "Casa comum, nossa responsabilidade" e o lema "Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca" (Am 5.24).
Este ano, a Campanha da Fraternidade é realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic). A proposta está em sintonia com a Encíclica do papa Francisco, "Laudato Si, visando debater com a sociedade questões do saneamento básico a fim de garantir desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos.
Lançamento
A CFE 2016 será oficialmente lançada no dia 10 de fevereiro, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. Haverá transmissão, ao vivo, pelas emissoras de inspiração católica e pela Rede Católica de Rádio (RCR).

Formação para agentes de Pastoral - Conselho Arquidiocesano da Pastoral Familiar.

Realizado dia 24.01.2016, formação para agentes de Pastoral no Conselho Arquidiocesano da Pastoral Familiar no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja com presença de 155 agentes. Na ocasião além da grande confraternização gerada pelo encontro de diversas paróquias, ocorreu naturalmente troca de experiências relativas a ações que geram bons resultados nas comunidades assistidas pela Pastoral Familiar. A programação foi planejada e executa em três blocos, sendo: a primeira partilha sobre a:

1 - A Espiritualidade do Agente de Pastoral
2 - O compromisso do Agente de Pastoral
3 - Desenvolvimento dos aspectos Cognitivo, comportamental e apostólico do Agente de Pastoral.

Esperamos com esta e outras ações prepararmos nossos agentes para o debate em qualquer estância social  que envolva a defesa da vida e valorização da Família. Vamos viver como irmãos. Por isso, refletir nestes dias de formação sobre a Família e toda a sua problemática é manifestar claramente nosso compromisso com a edificação de uma família constituída pelo amor esponsal do marido com a mulher, abertos para a constituição de uma bonita família, sem medo de ter filhos, destemidamente educados na fé católica, o maior tesouro que podemos deixar como herança para as gerações futuras. Cuidemos, sobretudo, da família da qual pertencemos. A grande família, que é a Igreja, precisa viver e testemunhar em gestos concretos a misericórdia e a compaixão.

 


 
 
 






Os Bispos e as Famílias.

Cardeal Orani João TempestaResultado de imagem para dom oraniArcebispo do Rio de Janeiro - 

Acerca da realidade familiar, nos ensinou o Papa Francisco um desejo que deve estar no coração dos bispos, padres e de todo o povo fiel: “Garanto-vos, queridas famílias, se fordes capazes de caminhar sempre cada vez mais decididamente na via das bem-aventuranças, aprendendo e ensinando a perdoar-vos reciprocamente, em toda a grande família da Igreja crescerá a capacidade de dar testemunho da força renovadora do perdão de Deus. Diversamente, fazemos pregações lindíssimas, e talvez até esmaguemos algum diabo, mas no final o Senhor não nos reconhecerá como seus discípulos, porque não tivemos a capacidade de perdoar e de nos fazer perdoar pelos outros”! (Audiência Geral de 04 de novembro de 2015).
Mas é oportuna uma reflexão sobre o Bispo Diocesano, como sucessor dos apóstolos, como aquele que é o pai da família diocesana, que é o primeiro a perdoar, ensinar o perdão e nos inscrever na escola da misericórdia e da compaixão. Iniciamos com a fala profética do Papa Francisco na ordenação episcopal de Monsenhor Angelo De Donatis, quando ele traçou o perfil do Bispo: “Quanto a ti, irmão caríssimo, eleito pelo Senhor, reflete que foste escolhido entre os homens e para os homens foste constituído nas coisas que dizem respeito a Deus. Com efeito, Episcopado é o nome de um serviço, não de uma honra, pois ao bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: ‘Quem é o maior entre vós, faça-se o mais pequenino, e quem governa, como aquele que serve” (Basílica São João de Latrão, 9 de novembro de 2015). 
Continua o Santo Padre quando fala que o Bispo é um chefe de família: “Colocado pelo Pai como chefe da sua família, segue sempre o exemplo do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas, por elas é conhecido e para elas não hesitou dar a sua vida” (Idem).
O Papa ressalta que cabe ao Bispo ter amor de pai e de irmão para com todos: “antes de tudo os presbíteros e os diáconos, os seminaristas; mas também os pobres, os indefesos e quantos precisam de acolhimento e de ajuda” (Ibidem).
A vida e o ministério do Bispo, como ordinário próprio de sua Igreja Particular, é daquele que dispensa os vínculos da caridade, acolhendo, corrigindo quando necessário, lembrando que no direito está a caridade, como lei suprema, sempre fazendo de tudo para encaminhar a todos para os caminhos de Deus. O amor supera tudo. Com amor toda solução é imediata.
De um presbítero se fale somente o que é bom, justo, santo e verdadeiro. Se há falhas, se há pecados, cala-te e reza pela sua conversão. Não podemos viver na murmuração de correções públicas ou de condenações ou anátemas imediatos, com decretos extremos que mais mal fazem para a Igreja do que bem. Devemos nunca cansar de acolher, de perdoar, de distribuir a graça de Deus e dar a verdadeira oportunidade para uma conversão profunda, para um recomeçar, para um reinício de uma vida totalmente voltada para Deus, como o Pai misericordioso da parábola do Filho Pródigo: “Mas o pai disse aos empregados: "Depressa, trazei a melhor túnica para vestir o meu filho. E colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Pegai o novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado" (cf. Lc 15, 22-24). “Atire a primeira pedra quem não tiver pecado”.(cf. Jo 8,1-11) Com misericórdia se inicia uma correção fraterna e com ela também a finaliza.
Realmente, em uma Diocese, grande ou pequena, o Bispo, enquanto sucessor dos Apóstolos, necessita de auxiliares na pessoa dos presbíteros, seus colaboradores em seu ministério de conduzir, qual o Bom Pastor, o Povo de Deus a ele confiado. Nisso os sacerdotes muito o auxiliam. Aliás, nos primórdios da constituição hierárquica da Igreja, só havia uma Missa solene aos domingos com todo o clero junto com o Bispo. Depois é que a necessidade pastoral fez ver que seria melhor o sistema de paróquias com um padre – pároco ou administrador paroquial – à frente como coordenador a serviço daquela comunidade.
É certo que nessa árdua missão os sacerdote sofrem, como os demais seres humanos em quaisquer campos de ação que se encontem, as agruras da vida e que muitas vezes têm sido apontadas em estudos relevantes: solidão, questões doutrinárias ou pastorais, doenças, questões familiares (o padre vem de uma família, (e alguns de famílias fragmentadas que experimentam a dureza da separação de seus pais), canseiras devido ao trabalho, tentações de todos os tipos, muitas incompreensões e perseguições. Ora, embora os irmãos presbíteros sejam nessas horas um apoio forte àquele que sofre, é ao Bispo, como verdadeiro pai, que cabe atender com solicitude os mais fracos, frágeis ou titubeantes mesmo na vida sacerdotal. Há quem se esqueça de que o padre é um homem e como todo homem tem seus problemas e dificuldades a carecerem de remédio. O padre ainda não é santo dos altares, pois carece de ser burilado na sua caminhada sacerdotal que não tem fim nesta terra dos homens.
Como o bispo o atenderá? – Primeiramente com a solicitude paternal da acolhida. Nessa acolhida o ouvirá a fim de poder ajudar da melhor forma possível, sem transigir em nada daquilo que a Igreja espera do padre, mas também sem colocar a lei – ou pior, o legalismo – acima da caridade e da misericórdia. Nesse contexto, prestará ao sacerdote, ainda que errante, seu apoio para que não volte a errar. Essa é a sábia norma da Igreja, que sempre recomendou detestar o erro, mas amar o errante (Santo Agostinho).
De um fiel diocesano, particularmente das famílias de nossas Igrejas particulares, cabe ao Bispo, também como autêntico pai da Família Diocesana, dar o testemunho de famílias que vivem da Eucaristia. Isso porque é o Senhor que parte o seu Corpo e derrama o seu preciosíssimo Sangue por todos, como nos ensina o Papa Francisco: “A família cristã mostrará precisamente assim a amplidão do seu verdadeiro horizonte, que é o horizonte da Igreja-Mãe de todos os homens, de todos os abandonados e excluídos, em todos os povos” (Audiência Geral de 11 de novembro de 2015).
Os bispos que vêm ao Rio de Janeiro, aqui vêm para estudo, oração e vivência de união fraterna. Vamos viver como irmãos. Por isso, refletir nestes dias sobre a Família e toda a sua problemática é manifestar claramente nosso compromisso com a edificação de uma família constituída pelo amor esponsal do marido com a mulher, abertos para a constituição de uma bonita família, sem medo de ter filhos, destemidamente educados na fé católica, o maior tesouro que podemos deixar como herança para as gerações futuras. Cuidemos, sobretudo, da família da qual pertencemos. A grande família, que é a Igreja, precisa viver e testemunhar em gestos concretos a misericórdia e a compaixão.