Image Map

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Vaticano quer ouvir dioceses para o Sínodo dos Bispos sobre a Família.

Vaticano3O primeiro dos documentos da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, os Lineamenta, além das reflexões, apresenta uma série de perguntas. O objetivo é avaliar o texto produzido pelos bispos e solicitar o aprofundamento do trabalho começado durante a Assembleia. Ao todo, o documento propõe 46 questões para serem refletidas, orientadas a partir de temáticas:
"O contexto sociocultural", "A relevância da vida afetiva", "A família no desígnio salvífico de Deus", "A indissolubilidade do matrimônio e a alegria de viver juntos", "Cura pastoral de quantos vivem no matrimônio civil ou convivem", "A atenção pastoral às pessoas com tendência homossexual", "O desafio da educação e o papel da família na evangelização".
Orientações
Em carta enviada aos presidentes das Conferências Episcopais, o secretário geral do Sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, pede que se "promova uma ampla consulta com todo o povo de Deus sobre a família segunda a orientação do processo sinodal".
O questionário deverá nortear os trabalhos de estudos nas dioceses, sob orientação do bispo local. As Conferências Episcopais irão receber as contribuições e produzirão uma síntese do material coletado nas igrejas particulares. Posteriormente, esse conteúdo será enviado à secretaria geral do Sínodo, responsável em preparar o texto de trabalho (Instrumentum laboris) para a 14ª Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá de 4 a 25 de outubro próximo, no Vaticano. O tema proposto será "A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo".
dom_damascenoConsulta ao povo
Diante da solicitação da Santa Sé, o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, também delegado-presidente do Sínodo, está solicitando ajuda das dioceses da Igreja no Brasil para colaborarem com a consulta sobre a família.
"Ficaria muito grato se o senhor promovesse uma consulta ampla com o Povo de Deus da sua diocese para o bom êxito do processo sinodal que se concluirá com a segunda e última etapa do Sínodo sobre a Família, em outubro próximo. Aproveito para pedir as orações de sua diocese para a família e a próxima Assembleia Sinodal", disse dom Damasceno em carta enviada aos bispos da CNBB.
A secretaria do Sínodo orienta, ainda, que as Conferências Episcopais escolham as modalidades adequadas para produzir as reflexões, conforme orienta o documento. Sugere que envolva no trabalho, agentes de pastorais das Igrejas particulares e instituições acadêmicas, organizações, movimentos laicais e outras instâncias eclesiais.
Assessoria de Imprensa CNPF/Vaticano.

7o. encontro de implantação da Paróquia São João Eudes - Região Nossa Senhora da Conceição.

Realizado dia 23.01.2014, na Paróquia São João Eudes na região Nossa Senhora da Conceição, o sétimo encontro de implantação da Pastoral Familiar. Destacamos a coragem e compromisso com o reino de Deus, dos envolvidos nesta ação de promoção da família. Representando a Comissão Arquidiocesana o Casal Vice Coordenador Fontenelle e Margareth




Objetivos e Espiritualidade do Santuário de Fátima - Região São José.

Realizados nos dias 20.01 e 24.01.2014, respectivamente no Santuário de Fátima da região São José, Palestra sobre os "Objetivos e Conceitos da Pastoral Familiar" e Momento de espiritualidade da Equipe paroquial. Nas duas ocasiões observamos o empenho e compromisso da coordenação, bem como, de toda equipe em procurar formação e espiritualidade, a fim de, melhorar os trabalhos de evangelização junto as famílias da comunidade local. Representando a Comissão Arquidiocesana o Casal Fábio e Márcia e o assessor da região Rocha.



Assessor da CNBB afirma que paternidade responsável é justa.

padre_rafael_fornasierO assessor da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, padre Rafael Fornasier falou com exclusividade a O SÃO PAULO sobre declarações que o Papa Francisco fez recentemente sobre controle da natalidade e paternidade responsável. Padre Rafael explica que os "métodos naturais" sofrem preconceitos por parte de professores e médicos, e garante que juventude bem orientada já faz planejamento familiar corretamente.
O SÃO PAULO – O que o Papa quis dizer quando afirmou que católico não deve "procriar feito coelho"?
Padre Rafael Fornasier – Para quem honestamente seguiu o fio das declarações do Papa Francisco durante e logo após sua viagem à Ásia, esta expressão não indica nem oposição às famílias numerosas nem muito menos concessão aos métodos artificiais de contracepção. A expressão apareceu durante a entrevista do Papa no voo de volta de sua viagem, num tom bastante coloquial. Ela se insere no contexto mais amplo da abertura à vida na vida conjugal, como realização humana – pessoa e social – e espiritual. Sobre essa abertura à vida, o Papa se pronunciou há alguns meses, ao apontar que o Matrimônio é fundado sobre a fidelidade, a perseverança e a fecundidade. E fez críticas à mentalidade contemporânea do bem-estar utilitarista que exclui os filhos (em inglês Double Income, No Kids - DINKS).
Valorizando, inclusive, o Beato Paulo VI, certo?
O Papa tem retomado várias vezes a figura do Beato Paulo VI como profética, ao se opor, na Encíclica Humanae Vitae, a um controle de natalidade permeado de interesses escusos, que não visa realmente o bem da família. Em seu discurso às famílias em Manila, em sua audiência ao retornar de sua viagem, e, recentemente, na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa afirmou enfaticamente o fato que a família é um recurso e um bem para a sociedade. E que a família numerosa não é o problema da pobreza na Ásia ou em qualquer outro lugar, mas, é "um sistema econômico que exclui" o causador da pobreza. Somente neste contexto, e em relação a uma adequada noção de paternidade responsável, se pode entender por que o Papa afirma que, para ser um bom católico, não há um dever cristão de procriação em série.
Qual o significado de paternidade responsável?
O número 10 da Humanae Vitae diz o seguinte: "Em relação às condições físicas, econômicas, psicológicas e sociais, a paternidade responsável exerce-se tanto com a deliberação ponderada e generosa de fazer crescer uma família numerosa, como com a decisão, tomada por motivos graves e com respeito pela lei moral, de evitar temporariamente, ou mesmo por tempo indeterminado, um novo nascimento." Portanto, a paternidade responsável é a justa e generosa ponderação, diante das condições físicas, econômicas, psicológicas e sociais, sobre a acolhida ou não de mais vidas no seio da família. Pode levar muitas famílias a decidir por muitos filhos, como também a evitá-los, mesmo por tempo indeterminado (que pode durar toda a vida do casal), por razões graves ligadas àquelas condições elencadas acima.
Os métodos naturais não fazem, também, com que a relação sexual se feche para a vida?
A doutrina da Igreja sobre a paternidade responsável, desde a Humanae vitae até as atuais declarações do Papa Francisco, propõe uma regulação da natalidade segundo o ritmo natural da fecundidade humana. Tal regulação da natalidade passou a ser vivida por muitos católicos em todo o mundo através dos chamados métodos naturais, dentre eles, o mais amplamente divulgado e empregado é o método de Billings, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde e proposto também pelo Ministério da Saúde do Brasil. Tais métodos (Billings, temperatura basal, cristalização da saliva, toque do colo do útero etc.) têm grande respaldo científico e são aplicados e indicados por milhares de ginecologistas e outros profissionais da saúde. Contudo, em todo o mundo, estudantes de medicina e profissionais da saúde, bem como famílias que querem empregar esses métodos, reclamam do fato deles serem tratados com desprezo e até ridicularização por parte de professores, outros profissionais da saúde e famílias que usam métodos contraceptivos.
Que explicação o senhor daria para esse preconceito?
A primeira constatação a ser feita sobre esses tipos de reação é o grande desconhecimento (inclusive de professores universitários) de tais métodos. A segunda é o enorme interesse financeiro que existe por trás da venda dos contraceptivos. Por fim, cabe ressaltar que a orientação sexual veiculada por muitos meios de comunicação e escolas está centrada quase que somente no prazer, por meio de mensagem contraceptiva e sanitarista. Por outro lado, os métodos naturais propõem que se vá além: englobando um esforço contínuo de amadurecimento afetivo-sexual, eles buscam a responsabilidade da relação sexual no horizonte de um projeto a dois e de família. Deixam o casal sempre abertos à vida, mesmo quando se unem durante os períodos inférteis da mulher. Ou seja, eles não incidem na fertilidade do casal, como o fazem os métodos contraceptivos, mas apenas respeitam o ritmo biológico que se abre e se fecha a vida. Como disse o Papa Francisco, esses são "soluções lícitas". Isso é a paternidade responsável. "Isto é claro e por isso, na Igreja, há os movimentos matrimoniais, há os especialistas no assunto, há os pastores, e investiga-se." Todos são capazes de serem acompanhados e formados nesse caminho.
Mas com a cultura atual, os jovens conseguem seguir essa orientação?
Dizer que isso é impossível para os casais jovens da atualidade é desconhecer que muitos o praticam e o transmitem, com grande fiabilidade e respaldo científico, como já dissemos. Querer também impor os métodos de uma hora para outra na vida conjugal de muitos casais católicos que não o vivem também é um erro segundo a moral cristã. O aprendizado exige crescimento gradual (lei da gradualidade) com o auxílio dos outros e a graça de Deus, para quem assim o acredita. A mensagem sobre os métodos naturais ainda é muito desconhecida por pastores, religiosos e leigos, em grande parte devido ao preconceito que sofre. Caminhar com os jovens namorados, com os jovens casais ou casais com alguns anos de vida requer abertura e paciência para se adentrar no tema, que pode ser compreendido e vivido.
Por Rafael Alberto / Arquidiocese de São Paulo

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"A ausência da figura paterna produz lacunas e feridas".

papa_ausencia-paternaNesta quarta-feira, 28 de janeiro, o papa Francisco retomou as catequeses sobre a família. Na reflexão falou da importância da figura paterna na vida das crianças e jovens, mas chamou atenção para a ausência dos pais. "O problema dos nossos dias não parece mais ser tanto a presença invasiva dos pais quanto a sua ausência, a sua falta de ação. Os pais estão, por vezes, tão concentrados em si mesmos e no próprio trabalho e às vezes nas próprias realizações individuais a ponto de esquecer a família", disse Francisco.
Confira a catequese na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Retomamos o caminho das catequeses sobre família. Hoje nos deixamos guiar pela palavra "pai". Uma palavra mais que qualquer outra querida a nós cristãos, porque é o nome com o qual Jesus nos ensinou a chamar Deus: pai. Hoje o sentido deste nome recebeu uma nova profundidade justamente a partir do modo em que Jesus o usava para se dirigir a Deus e manifestar a sua especial relação com Ele. O mistério abençoado da intimidade de Deus, Pai, Filho e Espírito, revelado por Jesus, é o coração da nossa fé cristã.
"Pai" é uma palavra conhecida por todos, uma palavra universal. Essa indica uma relação fundamental cuja realidade é tão antiga quanto a história do homem. Hoje, todavia, chegou-se a afirmar que a nossa seria uma "sociedade sem pais". Em outros termos, em particular na cultura ocidental, a figura do pai seria simbolicamente ausente, dissipada, removida. Em um primeiro momento, a coisa foi percebida como uma libertação: libertação do pai-patrão, do pai como representante da lei que se impõe de fora, do pai como censor da felicidade dos filhos e obstáculo da emancipação e da autonomia dos jovens. Às vezes, em algumas casas, reinava no passado o autoritarismo, em certos casos até mesmo a opressão: pais que tratavam os filhos como servos, não respeitando as exigências pessoais do crescimento deles; pais que não os ajudavam a empreender o seu caminho com liberdade – mas não é fácil educar um filho em liberdade – ; pais que não os ajudavam a assumir as próprias responsabilidades para construir o seu futuro e o da sociedade.
Isto, certamente, é uma atitude não boa; porém, como acontece muitas vezes, se passa de um extremo a outro. O problema dos nossos dias não parece mais ser tanto a presença invasiva dos pais quanto a sua ausência, a sua falta de ação. Os pais estão, por vezes, tão concentrados em si mesmos e no próprio trabalho e às vezes nas próprias realizações individuais a ponto de esquecer a família. E deixam sozinhos os pequenos e os jovens. Já como bispo de Buenos Aires senti o sentido de orfandade que vivem os jovens; muitas vezes eu perguntava aos pais se brincavam com os seus filhos, se tinham a coragem e o amor de perder tempo com os filhos. E a resposta era ruim, na maioria dos casos: "Mas, não posso, porque tenho tanto trabalho..." E o pai era ausente daquele filho que crescia, não brincava com ele, não, não perdia tempo com ele.
Ora, neste caminho comum de reflexão sobre família, gostaria de dizer a todas as comunidades cristãs que devemos ser mais atentos: a ausência da figura paterna na vida dos pequenos e dos jovens produz lacunas e feridas que podem ser também muito graves. E, de fato, os desvios de crianças e de adolescentes podem, em boa parte, ser atribuídos a esta falta, à carência de exemplos e de guias autoritárias em suas vidas de cada dia, à carência de proximidade, à carência de amor por parte dos pais. O sentido de orfandade que tantos jovens vivem é mais profundo que aquilo que pensamos.
São órfãos na família, porque os pais muitas vezes são ausentes, mesmo fisicamente, da casa, mas sobretudo porque, quando estão ali, não se comportam como pais, não dialogam com os seus filhos, não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos, com o seu exemplo acompanhado de palavras, aqueles princípios, aqueles valores, aquelas regras de vida de que precisam como precisam do pão. A qualidade educativa da presença paterna é tanto mais necessária quanto mais o pai é obrigado pelo trabalho a estar distante de casa. Às vezes parece que os pais não sabem bem qual posto ocupar na família e como educar os filhos. E, então, na dúvida, se abstém, se retiram e negligenciam suas responsabilidades, talvez refugiando-se em uma improvável relação "em pé de igualdade" com os filhos. É verdade que você deve ser "companheiro" do teu filho, mas sem esquecer que você é o pai! Se você se comporta somente como um companheiro em pé de igualdade com o filho, isto não fará bem ao menino.
E vemos este problema também na comunidade civil. A comunidade civil, com as suas instituições, tem uma certa responsabilidade – podemos dizer paterna – com os jovens, uma responsabilidade que às vezes negligencia ou exerce mal. Também essa muitas vezes os deixa órfãos e não propõe a eles uma verdade de perspectiva. Os jovens permanecem, assim, órfãos de caminho seguros a percorrer, órfãos de mestres em quem confiar, órfãos de ideais que aquecem o coração, órfãos de valores e de esperanças que os apoiam cotidianamente. São preenchidos, talvez, por ídolos, mas se rouba o coração deles; são impelidos a sonhar com diversão e prazer, mas não se dá a eles o trabalho; são iludidos com o deus dinheiro, e se nega a eles as verdadeiras riquezas.
E então fará bem a todos, aos pais e aos filhos, escutar novamente a promessa que Jesus fez aos seus discípulos: "Não vos deixarei órfãos" (Jo 14, 18). É Ele, de fato, o Caminho a percorrer, o Mestre a escutar, a Esperança de que o mundo pode mudar, que o amor vence o ódio, que pode haver um futuro de fraternidade e de paz para todos. Alguém de vocês poderá me dizer: "Mas, padre, hoje o senhor foi muito negativo. Falou somente da ausência dos pais, o que acontece quando os pais não são próximos aos filhos..." É verdade, quis destacar isso, porque na quarta-feira que vem prosseguirei esta catequese colocando o foco na beleza da paternidade. Por isso escolhi começar pelo escuro para chegar à luz. Que o Senhor nos ajude a entender bem estas coisas. Obrigado.
Assessoria CNPF/Boletim da Santa Sé, imagem CTV.

"A família pode ser uma escola de comunicação feita de bênção", diz o papa.

"Na família, é sobretudo a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a outra... é sobretudo esta capacidade que nos faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade", escreveu o papa Francisco na mensagem para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O evento será celebrado no dia 17 de maio, domingo que antecede Pentecostes. A íntegra do texto foi divulgada hoje, 23, durante coletiva de imprensa, no Vaticano.
O tema da celebração deste ano será "Comunicar a família: "Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor". A reflexão proposta pelo papa Francisco está inserida no caminho sinodal da Assembleia Ordinária do Sínodo sobre a Família, que acontecerá em outubro próximo.
Para Francisco, "a família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, pfrancisco_e_familiaartindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos". Ainda, no texto, o papa alertou que, "num mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, a família pode ser uma escola de comunicação feita de bênção".
Confira íntegra do texto:
Mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco
49º Dia Mundial das Comunicações Sociais
17 de Maio de 2015
Tema: "Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor"
O tema da família encontra-se no centro duma profunda reflexão eclesial e dum processo sinodal que prevê dois Sínodos, um extraordinário – acabado de celebrar – e outro ordinário, convocado para o próximo mês de Outubro. Neste contexto, considerei oportuno que o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais tivesse como ponto de referência a família. Aliás, a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Voltar a este momento originário pode-nos ajudar quer a tornar mais autêntica e humana a comunicação, quer a ver a família dum novo ponto de vista.
Podemos deixar-nos inspirar pelo ícone evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). "Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (vv. 41-42).
Este episódio mostra-nos, antes de mais nada, a comunicação como um diálogo que tece com a linguagem do corpo. Com efeito, a primeira resposta à saudação de Maria é dada pelo menino, que salta de alegria no ventre de Isabel. Exultar pela alegria do encontro é, em certo sentido, o arquétipo e o símbolo de qualquer outra comunicação, que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo. O ventre que nos abriga é a primeira "escola" de comunicação, feita de escuta e contato corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe. Este encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos e ainda tão alheios um ao outro, um encontro cheio de promessas, é a nossa primeira experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma mãe.
Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num "ventre", que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é "o espaço onde se aprende a conviver na diferença" (Exort. ap. Evangelii gaudium, 66). Diferenças de géneros e de gerações, que comunicam, antes de mais nada, acolhendo-se mutuamente, porque existe um vínculo entre elas. E quanto mais amplo for o leque destas relações, tanto mais diversas são as idades e mais rico é o nosso ambiente de vida. O vínculo está na base da palavra, e esta, por sua vez, revigora o vínculo. Nós não inventamos as palavras: podemos usá-las, porque as recebemos. É em família que se aprende a falar na "língua materna", ou seja, a língua dos nossos antepassados (cf. 2 Mac 7, 21.27). Em família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.
A experiência do vínculo que nos "precede" faz com que a família seja também o contexto onde se transmite aquela forma fundamental de comunicação que é a oração. Muitas vezes, ao adormecerem os filhos recém-nascidos, a mãe e o pai entregam-nos a Deus, para que vele por eles; e, quando se tornam um pouco maiores, põem-se a recitar juntamente com eles orações simples, recordando carinhosamente outras pessoas: os avós, outros parentes, os doentes e atribulados, todos aqueles que mais precisam da ajuda de Deus. Assim a maioria de nós aprendeu, em família, a dimensão religiosa da comunicação, que, no cristianismo, é toda impregnada de amor, o amor de Deus que se dá a nós e que nós oferecemos aos outros.
Na família, é sobretudo a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a outra... é sobretudo esta capacidade que nos faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade. Reduzir as distâncias, saindo mutuamente ao encontro e acolhendo-se, é motivo de gratidão e alegria: da saudação de Maria e do saltar de alegria do menino deriva a bênção de Isabel, seguindo-se-lhe o belíssimo cântico do Magnificat, no qual Maria louva o amoroso desígnio que Deus tem sobre Ela e o seu povo. De um "sim" pronunciado com fé, derivam consequências que se estendem muito para além de nós mesmos e se expandem no mundo. "Visitar" supõe abrir as portas, não encerrar-se no próprio apartamento, sair, ir ter com o outro. A própria família é viva, se respira abrindo-se para além de si mesma; e as famílias que assim procedem, podem comunicar a sua mensagem de vida e comunhão, podem dar conforto e esperança às famílias mais feridas, e fazer crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias.
Mais do que em qualquer outro lugar, é na família que, vivendo juntos no dia-a-dia, se experimentam as limitações próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência e do pôr-se de acordo. Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva. Por isso, a família onde as pessoas, apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de perdão. O perdão é uma dinâmica de comunicação: uma comunicação que definha e se quebra, mas, por meio do arrependimento expresso e acolhido, é possível reatá-la e fazê-la crescer. Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade.
Muito têm para nos ensinar, a propósito de limitações e comunicação, as famílias com filhos marcados por uma ou mais deficiências. A deficiência motora, sensorial ou intelectual sempre constitui uma tentação a fechar-se; mas pode tornar-se, graças ao amor dos pais, dos irmãos e doutras pessoas amigas, um estímulo para se abrir, compartilhar, comunicar de modo inclusivo; e pode ajudar a escola, a paróquia, as associações a tornarem-se mais acolhedoras para com todos, a não excluírem ninguém.
Além disso, num mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, a família pode ser uma escola de comunicação feita de bênção. E isto, mesmo nos lugares onde parecem prevalecer como inevitáveis o ódio e a violência, quando as famílias estão separadas entre si por muros de pedras ou pelos muros mais impenetráveis do preconceito e do ressentimento, quando parece haver boas razões para dizer "agora basta"; na realidade, abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal, para testemunhar que o bem é sempre possível, para educar os filhos na fraternidade.
Os meios mais modernos de hoje, irrenunciáveis sobretudo para os mais jovens, tanto podem dificultar como ajudar a comunicação em família e entre as famílias. Podem-na dificultar, se se tornam uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar apesar da presença física, de saturar todo o momento de silêncio e de espera, ignorando que "o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras ricas de conteúdo" (BENTO XVI, Mensagem do 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24/1/2012); e podem-na favorecer, se ajudam a narrar e compartilhar, a permanecer em contato com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro. Descobrindo diariamente este centro vital que é o encontro, este "início vivo", saberemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas. Também neste campo, os primeiros educadores são os pais. Mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se ao seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum.
Assim o desafio que hoje se nos apresenta, é aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação, embora esta seja a direção para a qual nos impelem os potentes e preciosos meios da comunicação contemporânea. A informação é importante, mas não é suficiente, porque muitas vezes simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas, solicitando a tomar partido por uma ou pela outra, em vez de fornecer um olhar de conjunto.
No fim de contas, a própria família não é um objeto acerca do qual se comunicam opiniões nem um terreno onde se combatem batalhas ideológicas, mas um ambiente onde se aprende a comunicar na proximidade e um sujeito que comunica, uma "comunidade comunicadora". Uma comunidade que sabe acompanhar, festejar e frutificar. Neste sentido, é possível recuperar um olhar capaz de reconhecer que a família continua a ser um grande recurso, e não apenas um problema ou uma instituição em crise. Às vezes os meios de comunicação social tendem a apresentar a família como se fosse um modelo abstrato que se há de aceitar ou rejeitar, defender ou atacar, em vez duma realidade concreta que se há de viver; ou como se fosse uma ideologia de alguém contra outro, em vez de ser o lugar onde todos aprendemos o que significa comunicar no amor recebido e dado. Ao contrário, narrar significa compreender que as nossas vidas estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível.
A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro.
Vaticano, 23 de Janeiro – Vigília da Festa de São Francisco de Sales – de 2015.
Papa Francisco

Dom João Carlos Petrini comenta declaração do papa sobre paternidade responsável.

  voo_asia_papaApós visita pastoral à Ásia, durante o voo de retorno ao Vaticano, na segunda-feira, 19, o papa Francisco atendeu aos jornalistas, em coletiva. Entre os assuntos abordados, o pontífice foi questionado sobre o que diria às famílias que tinham mais filhos do que podiam criar e sobre as proibições da Igreja Católica referente ao controle artificial de natalidade.
"Algumas pessoas pensam - e desculpem minha expressão aqui - que, para ser um bom católico, eles precisam ser como coelhos. Não. Paternidade tem a ver com responsabilidade. Isto é claro", respondeu o papa. Durante a conversa, Francisco se manteve firme contra o controle de natalidade artificial e acrescentou que uma nova vida é "parte do sacramento do matrimônio".
Reflexões com base
Em entrevista ao jornal "O Globo", o bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comenta a declaração do papa Francisco sobre a "paternidade responsável" e a outras perguntas feitas pelo jornal.
Confira a versão apresentada na matéria publicada pelo "O Globo" (22/01/2015) e, abaixo, a entrevista completa com dom Petrini, que explica com base nos ensinamentos da Igreja, os questinamentos enviados pelo jornal. As falas do presidente da Comissão Vida e Família não foram publicadas pelo "O Globo". 
O Globo: Ao afirmar que "católicos não devem se reproduzir feito coelhos", o Papa Francisco sinaliza uma mudança na doutrina da Igreja quanto ao conceito de família?
Dom Petrini: O Papa Francisco não deixa de surpreender os observadores com seu estilo que quebra protocolos e fala dirigindo-se principalmente às pessoas simples do que aos teólogos e intelectuais em geral. Na entrevista dada durante a viagem de retorno das Filipinas, o tom era evidentemente coloquial. E nesse tom fala de realidades importantíssimas.
Em primeiro lugar, alude a uma mentalidade que, especialmente a partir dos anos 60 fala em tons alarmistas da "explosão demográfica", alegando que a pobreza de muitos povos se deve a uma espécie de ânsia reprodutiva dos mais pobres. Por esse caminho, muitos países alcançaram taxas negativas de natalidade, com graves problemas sociais, tais como o envelhecimento da população, isto é, com a presença de um contingente de idosos muito mais numeroso que de jovens. Isto gera graves desequilíbrios na sociedade, podendo levar à falência as caixas de governos que não têm como pagar os benefícios previdenciários dos idosos e seus cuidados médicos.
Na quarta feira, 21 de janeiro, durante a audiência na sala Nervi, o Papa lembrou que "a causa principal da pobreza é um sistema econômico que tirou a pessoa do centro e colocou no lugar o deus dinheiro; um sistema econômico que exclui, exclui sempre: exclui crianças, idosos, jovens, desempregados, e cria a cultura do descarte."
O Globo: O senhor poderia explicar brevemente o conceito de "paternidade responsável"? Se positivo, desde quando ele é aceito?
Dom Petrini: O Papa Francisco se referiu à paternidade responsável, que é um conceito usado pela Igreja há muito tempo e incorporado pelo Beato Papa Paulo VI na Encíclica Humanae Vitae, de 1968. O conceito foi sempre mais popularizado e está presente no Catecismo da Igreja Católica, de 1992. O número 2368 deste documento afirma: "Um aspecto particular desta responsabilidade diz respeito à regulação dos nascimentos. Por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos". Paternidade responsável é, então, a atitude dos esposos que, avaliando suas condições (econômicas, de saúde, etc.) decidem quando ter um filho e quando esperar. O mesmo número acima recordado acrescenta: "Cabe-lhes verificar que seu desejo não provém do egoísmo, mas está de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável".
Dom_PetriniO Papa recorda o que sempre a Igreja disse: que não corresponde à dignidade humana agir por puro instinto, pois atitudes dominadas pelo instinto são próprias dos animais (no caso, o Papa lembrou dos coelhos, considerados muito prolíficos pela imaginação popular).
O Globo: Existe algum método contraceptivo ao qual a Igreja mantém posição favorável?
Dom Petrini: Durante a entrevista, O Papa diz conhecer muitos métodos que são eficazes para regular a fecundidade e que não são artificiais. De fato, nos últimos anos, a ciência médica tem avançado muito no aprimoramento de métodos naturais que dão o casal a possibilidade de regular o número de filhos. Trata-se de métodos que exigem e promovem um entrosamento entre os esposos, um permanente diálogo, uma sintonia fina, isto é, atitudes que constituem uma extraordinária riqueza em suas relações íntimas. Os interesses dominantes são mais favoráveis a outros métodos que necessitam de artefatos produzidos por indústrias e que, portanto, rendem lucros ingentes. Essa é a razão principal pela qual estes métodos veiculam intensa propaganda e recebem o consenso de todas as formas de poder.
O Globo: Quais são os motivos doutrinários para que a Igreja seja contra métodos contraceptivos artificiais como preservativo ou pílula?
Dom Petrini: Esta pergunta envolveria um longo estudo. Posso apenas dizer que a Igreja sempre zelou e zela para que nada de externo ou artificial se interponha na expressão da intimidade, na vivência do amor humano. Este cuidado visa não tirar a responsabilidade de uma das partes, quase sempre o homem, nos cuidados com os efeitos das relações sexuais, porque isto poderia transformar a sexualidade num lazer e a mulher num brinquedo. Nesses casos, poderiam faltar a consideração e o respeito necessários para que o relacionamento entre homem e mulher se desenvolva na plenitude da dignidade e seja fonte de satisfação e verdadeira realização humana.
Assessoria de Imprensa CNPF/com Comissão Vida e Família.

Papa lamenta interpretações equivocadas sobre a família.

papa_francisco_lamentaO substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, dom Angelo Becciu, em entrevista ao jornal italiano Avvenire, revela que o Papa sentiu-se surpreso e triste diante das repercussões de sua declaração sobre a paternidade responsável durante a coletiva de imprensa no voo de volta a Roma, após a visita às Filipinas.
O arcebispo Becciu, um dos mais próximos colaboradores do Papa - e que estava presente no encontro com os jornalistas - disse que Francisco sentiu-se surpreso ao ler os jornais do dia seguinte nos quais "as suas palavras, voluntariamente expressas com a linguagem de todos os dias, não tivessem sido plenamente contextualizadas", disse Becciu. Francisco teria ainda expresso sua tristeza "pela desorientação" causada especialmente às famílias numerosas.
"Ao ler as manchetes dos jornais, o Papa, com quem eu falei ontem, sorriu e ficou um pouco surpreso com o fato de que suas palavras – propositalmente simples – não tivessem sido completamente contextualizadas de acordo com um trecho claríssimo da Encíclica Humanae Vitae sobre a paternidade responsável", afirmou Becciu diante da interpretação dos jornais para as palavras do Papa que dominou as manchetes: "para ser bons católicos não é necessário fazer filhos como coelhos".
Pensamento claro
Uma vez que o raciocínio do papa era claro, mas a leitura fornecida pelos jornais, isolando uma só frase, nem tão clara assim, dom Becciu esclarece: "A frase do Papa deve ser interpretada no sentido de que o ato de procriação no homem não pode seguir a lógica do instinto animal, mas deve ser fruto de um ato responsável com raízes no amor e na doação recíproca de si mesmo. Infelizmente, com muita frequência, a cultura contemporânea tende a diminuir a autêntica beleza e o valor do amor conjugal, com todas as consequências negativas que disso derivam".
Portanto, dom Becciu oferece uma interpretação correta sobre a paternidade responsável à luz da Humanae Vitae: "aquela que nasce do ensinamento do Beato Paulo VI e da tradição milenar da Igreja reiterada na Casti Connubii (encíclica publicada por Pio XI, em 1930). Ou seja: que, sem jamais dividir o caráter unitivo e procriativo do ato sexual, este deve se inserir sempre na lógica do amor na medida que a pessoa como um todo (física, moral e espiritual) abre-se ao mistério da doação de si mesma no vínculo do matrimônio.
Número ideal
Dom Becciu ressalta ainda que não existe um número "ideal" de filhos por casal, negando que o Papa teria expresso um conceito taxativo de "três filhos por casal". "O número três refere-se unicamente à quantidade mínima indicada pela sociologia e demografia para assegurar a estabilidade da população. De nenhuma maneira o Papa quis indicar que representasse o número 'justo' de filhos para cada matrimônio. Cada casal cristão, à luz da graça, é chamado a discernir de acordo com uma série de parâmetros humanos e divinos aquele que seria o número de filhos que deve ter", arrematou o arcebispo.
Desorientação
Diante da desorientação provocada nas famílias numerosas à frente das versões fornecidas pelos jornais, dom Becciu disse que o Papa ficou "realmente triste" com a inexatidão. "Francisco não queria absolutamente renegar a beleza e o valor das famílias numerosas", declarou o substituto da Secretaria de Estado, lembrando que na Audiência Geral após o retorno da Viagem Apostólica, Francisco disse que "a vida é sempre um bem e que ter tantos filhos é um dom de Deus para o qual devemos agradecer".
Fonte: Rádio Vaticano.

Ensinamentos do papa: "O dom da fé também passa pelas mulheres".

me"Paulo recorda a Timóteo que a sua fé provém do Espírito Santo, 'por meio de sua mãe e de sua avó'. "São as mães, a avós que transmitem a fé", disse o papa Francisco, em homilia, durante missa na Casa Santa Marta, no dia 26.
Francisco refletiu: "Uma coisa é transmitir a fé e outra é ensinar as coisas da fé. A fé é um dom, não se pode estudar. Estudam-se as coisas da fé, sim, para entendê-la melhor, mas você nunca chegará à fé com o estudo. Ela é um dom do Espírito Santo, é um presente que vai além de qualquer preparação". E é um presente que passa através do "lindo trabalho das mães e das avós, o belo trabalho destas mulheres" nas famílias. "Pode ser também que uma doméstica, uma tia, transmitam a fé".
Jesus veio através de uma mulher
"Vem-me à mente esta questão: por que são principalmente as mulheres a transmitir a fé? Simplesmente porque quem nos trouxe Jesus foi uma mulher: foi o caminho escolhido por Jesus. Ele quis ter uma mãe: o dom da fé também passa pelas mulheres, como Jesus passou por Maria".
"E devemos pensar hoje – sublinha o Papa – se as mulheres têm a consciência do dever de transmitir a fé". Paulo convida Timóteo a custodiar a fé, evitando "os vazios mexericos pagãos, as fofocas mundanas". "Todos nós – alerta – recebemos o dom da fé. Devemos custodiá-lo para que ele pelo menos não se dilua, para que continue a ser forte com o poder do Espírito Santo". E a fé é custodiada quando reacende este dom de Deus.
A fé
"Se nós não temos esse cuidado, a cada dia, de reavivar este presente de Deus que é a fé, a fé se enfraquece, se dilui, acaba por ser uma cultura: 'Sim, mas, sim, sim, eu sou um cristão, sim...', uma cultura, somente. Ou a gnose, um conhecimento: 'Sim, eu conheço bem todas as coisas da fé, eu conheço bem o catecismo'. Mas como você vive a sua fé? E esta é a importância de reavivar a cada dia este dom, este presente: de torná-lo vivo".
Contrastam "esta fé viva" - diz São Paulo - duas coisas: "o espírito de timidez e a vergonha":
"Deus não nos deu um espírito de timidez. O espírito de timidez vai contra o dom da fé, não deixa que cresça que vá para frente, que seja grande. E a vergonha é aquele pecado: 'Sim, eu tenho fé, mas eu a cubro, que não se veja muito... '. É um pouco daqui, um pouco de lá: é a fé, como dizem os nossos antepassados, água de rosas. Porque eu tenho vergonha de vivê-la fortemente. Não. Esta não é a fé: nem timidez, nem vergonha. Mas o que é? É um espírito de força, de caridade e de prudência. Esta é a fé".
Fé inegociável
O espírito de prudência - explica o Papa Francisco - é "saber que nós não podemos fazer tudo que queremos", significa buscar "as estradas, o caminho, as maneiras" para levar avante a fé, mas com prudência.
"Peçamos ao Senhor a graça - conclui o Papa – de ter uma fé sincera, uma fé que não é negociável, segundo as oportunidades que surgem. Uma fé que a cada dia procuro reavivá-la, ou pelo menos peço ao Espírito Santo que a revive e assim dê um grande fruto".

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

2a. Reunião do Conselho Arquidiocesano da Pastoral Familiar do ano de 2015.

Aos Coordenadores e Agentes da Pastoral Familiar,

Paz e bem,
Convocamos os nobres irmãos para nossa segunda reunião do Conselho Arquidiocesano do ano de 2015, que acontecerá dia 07.02.2015 (Sábado) no horário de 14:30 as 17:30hs no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja, sito a rua Rodrigues Junior No. 300 - Centro. Na ocasião realizaremos formação com o tema "Mediação de conflitos familiares".
Obs. 2 - Aos nobres coordenadores que não puderem se fazer presentes, gentileza enviar representantes.
Contamos com a presença sempre valiosa e inspiradora de todos.
Que Deus abençoe e proteja nossas famílias,
Fraternalmente,
Fábio e Márcia
Casal Coordenador da Pastoral Familiar
Arquidiocese de Fortaleza
Fone: 85-8746-9208

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Objetivos da Pastoral Familiar na Paróquia São João Paulo II - Acaracuzinho - Região Sagrada Família.

Realizado dia 18.01.2015, formação sobre a Pastoral Familiar, com o tema "Os objetivos da Pastoral Familiar" na Paróquia São João Paulo II - Acaracuzinho - Região Sagrada Família. Na ocasião, foi enfatizado a necessidade do compromisso e a grande necessidade da formação contínua para todos os agentes envolvidos na pastoral. Padre Francisco destacou os vários campos de atuação da Pastoral Familiar, sendo vital, o trabalho orgânico, a fim de alcançar seus objetivos e consequente resultados positivos na evangelização das famílias da comunidade. Nessa perspectiva, participar, junto com toda as famílias da comunidade, das ações salvíficas, planejadas pela pastoral, proporciona a experiência de pertencer a um povo, de percorrer o mesmo Caminho no qual Jesus Cristo é luz e o Evangelho é sabedoria que alcançam o mais íntimo do nosso coração e, ao mesmo tempo, abrem horizontes infinitos e eternos. Rogamos ao nosso senhor e salvador, bênçãos e graças na caminhada da nova coordenação nas pessoas de Ednardo e Marluce. Representando a Comissão Arquidiocesana o Casal Fábio e Márcia.









Papa Francisco: "As famílias saudáveis são essenciais à vida da sociedade".

papa_francisco_21012015Na catequese desta quarta-feira, 21 de janeiro, o papa Francisco dedicou o espaço para partilhar momentos vividos em sua visita pastoral à Ásia. "A viagem foi, sobretudo, um alegre encontro com as comunidades eclesiais que, naqueles países, dão testemunho a Cristo". Durante sua fala, Francisco alertou que o sistema econômico tem a responsabilidade por provocar a pobreza no mundo. "Estamos habituados a ver pessoas descartadas. Este é o motivo principal da pobreza, não as famílias numerosas".
Ainda na reflexão, o papa disse, também, que "as famílias saudáveis são essenciais à vida da sociedade".
Confira a íntegra da mensagem:
Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Boletim da Santa Sé
Queridos irmãos e irmãs, bom dia.
Hoje me concentrarei na viagem apostólica ao Sri Lanka e Filipinas, que realizei na semana passada. Depois da visita à Coreia há alguns meses, voltei à Ásia, continente de ricas tradições culturais e espirituais. A viagem foi, sobretudo, um alegre encontro com as comunidades eclesiais que, naqueles países, dão testemunho a Cristo: confirmei-as na fé e na missionariedade. Conservarei sempre no coração a recordação do acolhimento festivo por parte da multidão – em alguns casos até mesmo oceânicas – que acompanhou os momentos marcantes da viagem. Além disso, encorajei o diálogo inter-religioso a serviço da paz, bem como o caminho daqueles povos rumo à unidade e o desenvolvimento social, especialmente com o protagonismo das famílias e dos jovens.
O momento culminante da minha estadia no Sri Lanka foi a canonização do grande missionário José Vaz. Este santo sacerdote administrava os sacramentos, muitas vezes em segredo, aos fiéis, mas ajudava indistintamente todos os necessitados, de toda religião e condição social. O seu exemplo de santidade e amor ao próximo continua a inspirar a Igreja no Sri Lanka no seu apostolado de caridade e de educação. Indiquei São José Vaz como modelo para todos os cristãos, chamados hoje a propor a verdade salvífica do Evangelho em um contexto multirreligioso, com respeito para com os outros, com perseverança e com humildade.
O Sri Lanka é um país de grande beleza natural, cujo povo está procurando reconstruir a unidade depois de um longo e dramático conflito civil. No meu encontro com as autoridades do governo destaquei a importância do diálogo, do respeito pela dignidade humana, do esforço de envolver todos para encontrar soluções adequadas para a reconciliação e o bem comum.
As diferentes religiões têm um papel significativo a desenvolver a respeito. O meu encontro com os expoentes religiosos foi uma confirmação das boas relações que já existem entre as várias comunidades. Em tal contexto, quis encorajar a cooperação já realizada entre os seguidores das diferentes tradições religiosas, também a fim de poder curar com o bálsamo do perdão quantos ainda estão aflitos com o sofrimento dos últimos anos. O tema da reconciliação caracterizou também a minha visita ao santuário de Nossa Senhora de Madhu, muito venerada pelas populações tamil e cingalesa e meta de peregrinação de membros de outras religiões. Naquele lugar santo, pedimos a Maria, nossa Mãe, para obter para todo o povo srilanquês o dom da unidade e da paz.
Do Sri Lanka, parti para as Filipinas, onde a Igreja se prepara para celebrar o quinto centenário da chegada do Evangelho. É o principal país católico da Ásia e o povo filipino é bem conhecido pela sua profunda fé, a sua religiosidade e o seu entusiasmo, mesmo na diáspora. No meu encontro com as autoridades nacionais, bem como nos momentos de oração e durante a Missa conclusiva lotada, destaquei a constante fecundidade do Evangelho e a sua capacidade de inspirar uma sociedade digna do homem, em que há lugar para a dignidade de cada um e as aspirações do povo filipino.
Escopo principal da visita, e motivo pelo qual decidi ir às Filipinas – este foi o motivo principal – era poder exprimir a minha proximidade aos nossos irmãos e irmãs que sofreram a devastação do tufão Yolanda. Fui a Tacloban, na região mais gravemente atingida, onde prestei homenagem à fé e à capacidade de recuperação da população local. Em Tacloban, infelizmente, as condições climáticas adversas causaram outra vítima inocente: a jovem voluntária Kristel, morta por uma estrutura levada pelo vento. Depois, agradeci a quantos, de toda parte do mundo, responderam à necessidade deles com uma generosa e abundante ajuda. A potência do amor de Deus, revelado no mistério da Cruz, tornou-se evidente no espírito de solidariedade demonstrada pelos múltiplos atos de caridade e de sacrifício que marcaram aqueles dias escuros.
Os encontros com as famílias e com os jovens, em Manila, foram momentos de destaque da visita nas Filipinas. As famílias saudáveis são essenciais à vida da sociedade. Dá consolação e esperança ver tantas famílias numerosas que acolhem os filhos como um verdadeiro dom de Deus. Elas sabem que cada filho é uma benção. Ouvi dizer por alguns que as famílias com muitos filhos e o nascimento de tantas crianças estão entre as causas da pobreza. Parece-me uma opinião simplista. Posso dizer, todos podemos dizer, que a causa principal da pobreza é um sistema econômico que tirou a pessoa do centro e colocou o deus dinheiro; um sistema econômico que exclui, exclui sempre: exclui as crianças, os idosos, os jovens, sem trabalho... e que cria a cultura do descartável que vivemos. Estamos habituados a ver pessoas descartadas. Este é o motivo principal da pobreza, não as famílias numerosas. Evocando a figura de São José, que protegeu a vida do "Santo Niño", tão venerado naquele país, recordei que é preciso proteger as famílias, que enfrentam diversas ameaças, a fim de que possam testemunhar a beleza da família no projeto de Deus. É preciso também defender as famílias das novas colonizações ideológicas, que atentam à sua identidade e à sua missão.
E foi uma alegria para mim estar com os jovens das Filipinas, para escutar as suas esperanças e as suas preocupações. Quis oferecer a esses o meu encorajamento para o esforço deles em contribuir para a renovação da sociedade, especialmente através do serviço aos pobres e a proteção do ambiente natural.
O cuidado com os pobres é um elemento essencial da nossa vida e testemunho cristão – acenei para isso também na visita; comporta a rejeição de toda forma de corrupção, porque a corrupção rouba dos pobres e requer uma cultura de honestidade.
Agradeço ao Senhor por esta visita pastoral ao Sri Lanka e Filipinas. Peço-lhe para abençoar sempre estes dois países e para confirmar a fidelidade dos cristãos à mensagem evangélica da nossa redenção, reconciliação e comunhão com Cristo. Obrigado.

Ano Novo: cultivar a integração da família.

familia_2014Fim de ano é um tempo especial; as férias escolares deixam muitas pessoas com tempo livre, os feriados oferecem uma pausa a quem continua trabalhando, o décimo terceiro que se transforma em roupas, móveis e outros objetos tão esperados. As pessoas se movem para visitar familiares ou para passear. Os membros da família têm mais tempo para conviver, para fazer algum programa que no resto do ano parece impossível, e tudo isto pode constituir uma grande riqueza humana.
Afinal, o que mais dá satisfação a uma pessoa é aprofundar as amizades, cultivar a integração entre as pessoas da família numa partilha mais ampla e sincera. Que neste fim de ano as pessoas possam ter a experiência de fazer parte de uma realidade maior do que a própria vida, sempre limitada, de pertencer a algo grande que merece nosso respeito e nossa estima. Então, cultivar relacionamentos significativos, preferencialmente com os familiares, constitui um modo excelente para passar o final de ano, podendo ampliar a outros colegas e amigos esta abertura e esta integração, aproveitando as facilidades das redes sociais, mas também realizando visitas e programas em conjunto.
Nessa perspectiva, participar, junto com toda a família, das celebrações litúrgicas deste tempo proporciona a experiência de pertencer a um povo, de percorrer o mesmo Caminho no qual Jesus Cristo é luz e o Evangelho é sabedoria que alcançam o mais íntimo do nosso coração e, ao mesmo tempo, abrem horizontes infinitos e eternos.
Não nos esqueçamos de que é de extrema importância aproveitar este tempo para fazer uma revisão do ano, não se perguntando: o que eu fiz; mas antes, o que o Mistério de Deus fez na minha vida, por onde me fez passar, que experiências quis que enfrentasse, que desafios me apresentou; reconhecendo, assim, Sua presença e a constante iniciativa que toma para me conduzir a uma maturidade maior, a começar desde o momento em que decidiu trazer-me à existência.
Dedicar tempo a uma revisão do ano nessa direção é sinal de uma fé que usa a inteligência para compreender e para crescer, proporcionando uma autoconsciência mais profunda, uma liberdade e uma estabilidade maiores e uma grande paz, condições estas para viver como protagonista da nossa aventura humana.
Dom João Carlos Petrini 
Bispo de Camaçari (BA) 
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB.

Papa diz às famílias que é preciso "descansar, rezar e sonhar".

papa_e_criancas_filipinas_160115"Providenciar uma casa para Jesus em nossos corações, famílias, paróquias e comunidades, e encontrar cada dia o tempo para rezar", refletiu o papa Francisco em encontro com milhares de famílias filipinas, nesta sexta-feira, 16 de janeiro, durante visita ao país. O pontífice chamou atenção para que as famílias aprendam a "repousar no Senhor, levantar-se com Jesus e Maria, e ser voz profética". O Ginásio de Esportes de Malina ficou lotado, com mais de 20 mil fiéis.
Durante a homilia, Francisco destacou também a necessidades das famílias permanecerem em Deus e rezar sempre unida. O repouso de São José foi bastante enfatizado na reflexão do papa, servindo de inspiração, que aparece nas escrituras repousando enquanto lhe é revelada em sonho a vontade de Deus. Ele disse "querer descansar, refletindo sobre o dom da família". O papa disse "que o repouso, necessário para a saúde das nossas mentes e dos nossos corpos, é essencial também para a nossa saúde espiritual, para podermos ouvir a voz de Deus e compreender aquilo que nos pede".
"Descansar, rezar e sonhar", disse Francisco, afirmando que gosta muito da ideia de 'sonhar' em uma família: "Não é possível uma família que não sonha. Todo pai e toda mãe sonham seu filho, durante nove meses! Não percam a capacidade de sonhar. Pensemos num casal; sonhemos com sua bondade... Por isso, é muito importante recuperar o amor através da ilusão de todos os dias. Nunca deixem de ser namorados!"
"Se não rezarmos, nunca conheceremos a coisa mais importante de todas: a vontade de Deus a nosso respeito; e repousar na oração é particularmente importante para as famílias, onde aprendemos a amar, a perdoar, a ser generosos e disponíveis e não fechados e egoístas".
papa_encontro_familias160115Proteger as famílias
Em seguida, Francisco se referiu de novo ao Evangelho: "O Anjo do Senhor revelou a José os perigos que ameaçavam Jesus e Maria, obrigando-os a fugir para o Egito e, em seguida, estabelecer-se em Nazaré. De igual modo, no nosso tempo, Deus chama-nos a reconhecer os perigos que ameaçam as nossas próprias famílias e a protegê-las do mal".
Francisco mencionou as pressões que a vida a família sofre hoje. "A família está ameaçada também pelos crescentes esforços de alguns em redefinir a própria instituição do matrimônio mediante o relativismo, a cultura do efêmero, a falta de abertura à vida".
Na oportunidade, o pontífice recordou o beato Paulo VI, que teve a coragem de defender a abertura à vida na família. "Paulo VI era valente, era um bom pastor e alertou suas ovelhas sobre os lobos que as rondava. Que ele nos abençoe nesta tarde". E acrescentou: "Toda a ameaça à família é uma ameaça à própria sociedade".
Ao final do homilia, o papa advertiu que muitas são hoje as pressões sobre a vida da família, como a fragmentação devido à emigração, a pobreza extrema, o materialismo, etc. "Nosso mundo tem necessidade de famílias sãs e fortes para superar estas ameaças. Toda ameaça à família é uma ameaça à própria sociedade". Francisco pediu aos filipinos que protejam as suas famílias, "maior tesouro desta nação".
CNPF com informações do News.va e fotos Rádio Vaticano/L'Osservatore Roman

“A família deve ser protegida contra ataques insidiosos”, alerta papa Francisco.

papa_com_crianaNa missa de encerramento da visita pastoral às Filipinas, no domingo, 18, o papa Francisco dirigiu mensagem especialmente aos jovens e às famílias. A concentração aconteceu no Rizal Park, em Manila, com recorde de público, estimado em quase 7 milhões de pessoas.
De acordo com a organização, a cerimônia reuniu o maior número fiéis da história dos eventos religiosos da Igreja Católica. Em 1995, São João Paulo II esteve no país para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com presença de 6 milhões de pessoas.
Na homilia, o papa Francisco pediu que a sociedade proteja as crianças. “Jesus acolhe as crianças, abraça-as e abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e encorajar os nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna do seu grande patrimônio espiritual e cultural. Especificamente, temos necessidade de ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado e protegido. E devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pela estrada”, disse Francisco.
Proteger as famílias
Em sua homilia, Francisco pediu a multidão de fiéis que sejam promotores do Evangelho no país e na Ásia, “para que a beleza do mundo criado por Deus não seja marcada por injustiças, corrupção e abusos”.
O papa lembrou que “hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura”.
Dois jovens, uma menina e um menino, saudaram o papa com mensagem. No momento em que lia o texto, a jovem ficou emocionado e não conteve as lágrimas. Francisco abraçou a menina e agradeceu pelo seu testemunho. Deixando de lado o discurso que tinha preparado, o papa justificou: “A realidade que vocês apresentaram é superior a todas as respostas que eu tinha preparado”
papa_manila_6_milhoesLeia a íntegra da homilia do papa Francisco:
«Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado» (Is 9, 5).
Sinto uma alegria particular por celebrar convosco o domingo do «Santo Niño». A imagem do Santo Menino Jesus acompanhou a difusão do Evangelho neste país desde o início. Vestido com os trajes reais, coroado e ornado com o ceptro, o globo e a cruz, recorda-nos continuamente a ligação entre o Reino de Deus e o mistério da infância espiritual. Disto mesmo nos fala Ele no Evangelho de hoje: «Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele» (Mc 10, 15). O «Santo Niño» continua a anunciar-nos que a luz da graça de Deus brilhou sobre um mundo que habitava nas trevas, trazendo a Boa-Nova da nossa libertação da escravidão e guiando-nos pela senda da paz, do direito e da justiça. Além disso, recorda-nos que fomos chamados para espalhar o Reino de Cristo no mundo.
Ao longo da minha visita, ouvi-vos cantar: «Somos todos filhos de Deus». Isto é o que o «Santo Niño» nos vem dizer. Recorda-nos a nossa identidade mais profunda. Todos nós somos filhos de Deus, membros da família de Deus. São Paulo disse-nos hoje que, em Cristo, nos tornamos filhos adotivos de Deus, irmãos e irmãs em Cristo. Isto é o que nós somos. Esta é a nossa identidade. Vimos uma belíssima expressão disto, quando os filipinos se uniram em torno dos nossos irmãos e irmãs atingidos pelo tufão.
O Apóstolo diz-nos que fomos abundantemente abençoados porque Deus nos escolheu: «no alto do Céu [Ele] nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo» (Ef 1, 3). Estas palavras têm uma ressonância especial nas Filipinas, porque é o maior país católico na Ásia. E isto é já um dom especial de Deus, uma bênção; mas é também uma vocação: os filipinos estão chamados a ser exímios missionários da fé na Ásia.
Deus escolheu-nos e abençoou-nos com uma finalidade: ser santos e irrepreensíveis na sua presença (cf. Ef 1, 4). Escolheu cada um de nós para ser testemunha, neste mundo, da sua verdade e da sua justiça. Criou o mundo como um jardim esplêndido e pediu-nos para cuidar dele. Todavia, com o pecado, o homem desfigurou aquela beleza natural; pelo pecado, o homem destruiu também a unidade e a beleza da nossa família humana, criando estruturas sociais que perpetuam a pobreza, a ignorância e a corrupção.
Às vezes, vendo os problemas, as dificuldades e as injustiças, somos tentados a desistir. Quase parece que as promessas do Evangelho não são realizáveis, são irreais. Mas a Bíblia diz-nos que a grande ameaça ao plano de Deus a nosso respeito é, e sempre foi, a mentira. O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do fascínio de ser «moderno», de ser «como todos os outros». Distrai-nos com a miragem de prazeres efémeros e passatempos superficiais. Desta forma, desperdiçamos os dons recebidos de Deus, entretendo-nos com apetrechos fúteis; gastamos o nosso dinheiro em jogos de azar e na bebida; fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemos de nos centrar nas coisas que realmente contam. Esquecemo-nos de permanecer interiormente como crianças. Na realidade, estas – como nos ensina o Senhor – têm uma sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo. É por isso que a mensagem do «Santo Niño» é tão importante. Fala profundamente a cada um de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos chamados a ser como família de Deus.
O «Santo Niño» recorda-nos também que esta identidade deve ser protegida. Cristo Menino é o protetor deste grande país. Quando Ele veio ao nosso mundo, a sua própria vida esteve ameaçada por um rei corrupto. O próprio Jesus viu-Se na necessidade de ser protegido. Ele teve um protector na terra: São José. Teve uma família aqui na terra: a Sagrada Família de Nazaré. Desta forma, recorda-nos a importância de proteger as nossas famílias e a família mais ampla que é a Igreja, a família de Deus, e o mundo, a nossa família humana. Hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura.
No Evangelho, Jesus acolhe as crianças, abraça-as e abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e encorajar os nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna do seu grande patrimônio espiritual e cultural. Especificamente, temos necessidade de ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado e protegido. E devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pela estrada.
Uma criança frágil trouxe ao mundo a bondade de Deus, a misericórdia e a justiça. Resistiu à desonestidade e à corrupção, que são a herança do pecado, e triunfou sobre elas com o poder da cruz. Agora, no final da minha visita às Filipinas, entrego-vos a Jesus que veio estar entre nós como criança. Que Ele torne todo o amado povo deste país capaz de trabalhar unido, de se proteger mutuamente a começar pelas vossas famílias e comunidades, na construção dum mundo de justiça, integridade e paz. O «Santo Niño» continue a abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande nação na sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria do Evangelho, na Ásia e no mundo inteiro.
Por favor, rezai por mim. Deus vos abençoe a todos!
PAPA FRANCISCO
CNPF/CNBB com informações e fotos da Rádio Vaticano.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Santa Gianna é declarada patrona do Encontro Mundial das Famílias.

santa_giannaO Encontro Mundial das Famílias acontecerá na Filadélfia, de 22 a 25 de setembro próximo, com o tema "O amor é a nossa missão: a família plenamente viva". Santa Gianna foi declarada patrona das mães, crianças não-nascidas e do Encontro Mundial das Famílias.
Gianna nasceu em 4 de outubro de 1922, falecendo no dia 28 abril de 1962. Foi médica pediatra italiana, esposa e mãe. Recusou-se a praticar o aborto de seu quarto filho por complicações na gravidez, tendo fibroma no útero; mesmo correndo risco de vida. Sua canonização ocorreu em 2004, por decisão do papa João Paulo II.
Pietro, o marido de Gianna e seus filhos Laura, Pierluigi e Gianna, estiveram na cerimônia de canonização. Pela primeira vez na história da Igreja que um marido testemunhou canonização de sua esposa. Em sua homilia, o papa João Paulo II disse que Santa Gianna é "mais do que nunca, uma mensagem significativa do amor divino."
O milagre reconhecido pela Igreja Católica para canonizar Gianna Molla envolveu uma mãe, Elizabeth Comparini, que teve complicações na 16ª semana de gravidez. Ela rezou para Santa Gianna, pedindo a intercessão da beata pela vida do filho, que nasceu saudável.
As famílias e grupos de peregrinos que desejam participar do evento, com o papa Francisco, já podem se inscrever pelo site oficial.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Papa na Ásia: "Respeitem um ao outro e aprendam a viver juntos como uma família".

10373653_712047838903266_4117177618407427202_n"Na qualidade de pastor universal da Igreja Católica, vim para encontrar e encorajar os católicos desta ilha, e para rezar com eles. Um ponto central desta visita será a canonização do beato Joseph Vaz, cujo exemplo de caridade cristã e de respeito para cada pessoa, sem distinção de etnia ou de religião, continua ainda hoje a inspirar-nos e a servir-nos de mestre. Mas a minha visita quer também exprimir o amor e a preocupação da Igreja para com todos os sri-lankeses, e confirmar o desejo da comunidade católica de ser ativamente partícipe da vida desta sociedade", expressou o papa Francisco na chegada ao Sri Lanka, na manhã de terça-feira, 13. O pontífice está em visita pastoral à Ásia e as Filipinas
O papa foi recebido pelo novo presidente do país, Maithripala Sirisena. Em 1970, o papa Paulo VI esteve no país. Anos depois, em 1981, o papa João Paulo II visitou às Filipinas e, em 1995, o Sri Lanka.
Em saudação ao papa, o líder religioso Maithripala disse que o Sri Lanka é conhecido como a pérola do Oceano Índico não só por sua beleza natural mas, sobretudo, pelo seu povo e a sua rica variedade de tradições e culturas religiosas.
Cultivar virtudes
Francisco destacou que "comunidades no mundo estão em guerra entre si". Disse, também, que o Sri-Lanka "passou ao longo de muitos anos pelos horrores de um recontro civil e agora está a procurar consolidar a paz e curar as feridas do passado".
"Não é uma tarefa fácil a de ultrapassar a amarga herança de injustiças e hostilidades deixadas pelo conflito. Só pode ser realizada ultrapassando o mal com o bem e cultivando as virtudes que promovem a reconciliação, a solidariedade e a paz".
1505389_712047722236611_2768779887566543779_nO papa ressaltou o papel que as várias tradições religiosas locais têm no processo de reconciliação e reconstrução do país. Ao final de sua fala, manifestou o desejo de "que todos tenham voz, trabalhem juntos e sobretudo aceitem, respeitem um ao outro e aprendam a viver juntos como uma família. A diversidade seja vista como uma riqueza e não uma ameaça".
Roteiro da viagem
O roteiro da visita do papa Francisco à Ásia e às Filipinas inclui diferentes atos e encontros inter-religiosos. Na quarta-feira, o papa presidirá a missa da canonização do religioso oratoriano, José Vaz, que dedicou sua vida em prol da obra de evangelização no Sri Lanka. No dia 15, o papa seguirá para as Filipinas.
Na sexta-feira, 16, haverá encontro com as famílias de Manila. Francisco visitará as zonas atingidas pelo tufão Haiyan e celebrará missa em Tacloban. Na região de Palo, almoçará com sobreviventes do tufão e abençoará o "Centro Papa Francisco" dedicado aos pobres, construído com contribuições do Conselho Pontifício Cor Unum.
No domingo, 18, terá encontro com os líderes religiosos locais e com jovens, além da missa "Santo Niño", na capital filipina. O para Francisco retornará a Roma na segunda-feira, 19.
Com informações e fotos do News.va/CNBB

"A luz da fé deve ser transmitida aos filhos", ensina o papa Francisco.

papabatizacriancas"O batismo insere a criança no corpo da Igreja, no povo santo de Deus. E neste corpo, neste povo em caminho, a fé é transmitida de geração em geração: é a fé da Igreja. É a fé de Maria, nossa Mãe, a fé de São José, de São Pedro, de Santo André, de São João, a fé dos Apóstolos e dos Mártires, que chegou até nós, através do Batismo. Uma cadeia de transmissão de fé. É muito bonito isto! É um passar de mão em mão a vela da fé, disse o papa Francisco na Festa do Batismo de Jesus, celebrada na liturgia do domingo, 11 de janeiro.
Durante a celebração, o papa batizou 33 crianças, na Capela Sistina. Em sua homilia, Francisco pediu aos pais a darem exemplo aos filhos, com a vivência diária da fé, para que cresçam "imersos no Espírito Santo" e na Palavra de Deus. Francisco pediu aos pais para serem exemplos aos filhos.
"Todos os dias, adquiram o hábito de ler um pequeno trecho do Evangelho, pequeninho e levai sempre convosco uma pequena Bíblia no bolso, na bolsa, para poder lê-la. E isto será o exemplo para os filhos, ver o pai, a mãe, os padrinhos, avós, tios, lerem a Palavra de Deus".
Transmitir a fé
A luz da fé que as famílias recebem, disse o papa, deve ser transmitida aos filhos, reiterando que Cristo e Igreja são inseparáveis:
"Esta luz vocês recebem na Igreja, no corpo de Cristo, no povo de Deus que caminha em todos os tempos e em todos os lugares. Ensinem aos vossos filhos que não se pode ser cristão fora da Igreja, não se pode seguir Jesus Cristo sem a Igreja, porque a Igreja é mãe e nos faz crescer no amor a Jesus Cristo".
Ao final, também deixou um recado aos padrinhos: "Queridos pais, queridos padrinhos e madrinhas, se quiserem que suas crianças se tornem verdadeiros cristãos, ajudem-os a crescer "imersos" no Espírito Santo, ou seja, no calor do amor de Deus, na luz da sua Palavra".
Com informações e foto da Rádio Vaticano.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

1a. Reunião do Conselho Arquidiocesano da Pastoral Familiar do ano de 2015.

Realizada dia 10.01.2015, a primeira reunião do Conselho Arquidiocesano do ano de 2015. Na ocasião foram apresentadas as perspectivas de trabalho para o corrente ano. A pedido de Dom José Antônio, Padre Clairton, falou sobre o projeto de padronização da "Preparação para a vida Familiar e Matrimonial" que ocorrerá durante ano, com formações nas regiões episcopais. Em seguida as paróquias puderam se manifestar em forma de perguntas ao Padre. Apresentado de forma sintética a história dos 25 anos de Pastoral Familiar no Brasil. Dentro das perspectivas do trabalho de pastoral de conjunto e de acordo com o que nos pede o Diretório da Pastoral Familiar, apresentamos a Pastoral da Sobriedade através de seus representantes Nilo e Gutenberg, que divulgaram a metodologia de trabalho e as possibilidades de parcerias com a Pastoral Familiar, principalmente na inserção familiar de ex dependentes.






 


Peregrinação Nacional da Família 2015. Eu vou!

#Peregrinação2015.EUVOU!  

Peregrinacao2015_menor
"O amor é a nossa missão: a família plenamente viva" será tema da 7ª Peregrinação e 5º Simpósio Nacional da Família. O evento acontecerá dias 30 e 31 de maio, em Aparecida (SP), com organização da Comissão para a Vida e a Família da CNBB e Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF).
Dioceses, paróquias e comunidades já começaram a organizar suas caravanas, rumo ao Santuário Nacional, para celebrar a vida e a família. Ajude a divulgar o cartaz da Peregrinação e Simpósio. Leve sua família e convide seus amigos para esse momento de festa na casa da Mãe Aparecida. #Peregrinação2015.EUVOU!
peregrinao

"São muito numerosos os escravos e escravas sexuais", diz dom Odilo Scherer.

O dia 1º de janeiro é celebrado anualmente, pela Igreja Católica, como o Dia Mundial da Paz. Neste ano, o papa Francisco enviou aos chefes de Estado, diplomatas, líderes sociais e autoridades da Igreja do mundo inteiro uma Mensagem, abordando o tema da escravidão.
Conhecida na humanidade desde tempos imemoriais, a escravidão ainda continua viva, de diversas maneiras, um pouco por toda parte; é a sujeição da pessoa por outra pessoa, que se apodera da liberdade e da autonomia do seu semelhante, explorando-o para interesses próprios, aviltando a sua dignidade e reduzindo-o à condição de objeto, passível até mesmo de compra e venda.
escravidaosexual"É um delito de lesa humanidade", já havia recordado o Pontífice num discurso à delegação internacional da Associação de Direito Penal, em 23 de outubro de 2014. Apesar de o Direito Internacional já reconhecer a cada pessoa o direito inderrogável de não ser reduzida à escravidão e à servidão, essa triste prática está longe de ter sido banida da vida cotidiana.
Ainda há milhões de pessoas no mundo, adultas e crianças, homens e mulheres de todas as idades, constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravidão. E o Papa refere-se aos trabalhadores, mesmo menores, que trabalham ilegalmente ou são forçados a derramar seu suor, sem as garantias mínimas de salário digno e de seguridade social, definidas nas convenções internacionais do trabalho.
Há multidões de migrantes, enganados e explorados de maneira inescrupulosa na sua precária busca por vida melhor; muitos são transportados de maneira desumana, despojados de seus bens e de sua liberdade, forçados a viver e trabalhar na clandestinidade, documentos retidos, abusados sexualmente e chantageados de todas as formas.
São muito numerosos os escravos e escravas sexuais, mesmo menores, nas redes impiedosas da exploração da prostituição; esta mazela da humanidade, antiga e sempre reciclada, envolve o tráfico de pessoas por organizações poderosas em todos os níveis sociais e econômicos. Mas há também as pessoas reduzidas à escravidão no tráfico e na comercialização de órgãos humanos, no recrutamento forçado de pessoas, mesmo crianças, para serem combatentes em guerras fratricidas; há as vítimas do sequestro, feitas escravas e moeda de troca na busca de resgates; e quantos são os escravos do tráfico e da comercialização da droga e da dependência química, aniquilados em sua dignidade e esvaziados da vontade de viver?!
A escravidão "é uma ferida no corpo da humanidade contemporânea e uma chaga na carne de Cristo", lamenta Francisco. Na antropologia cristã, todos os seres humanos estão ligados entre si e são parte de "corpo de Cristo". Como se explica que a escravidão, esta vergonha da humanidade, ainda persista? Há muitos motivos, mas na raiz desse mal está uma concepção antropológica inaceitável, segundo a qual não há dignidade e direitos fundamentais universalmente válidos para a pessoa humana.
Esta concepção distorcida e corrompida leva a tratar semelhantes como se não fossem seres humanos de igual dignidade, irmãos e irmãs em humanidade; como se fossem criaturas inferiores, objetos de uso e de proveito de outros. No fundo, nega-se o reconhecimento da humanidade do outro. Mas a pessoa humana jamais deveria ser vista e tratada como objeto e meio; sempre, como sujeito e fim por ela mesma.
Várias causas sociais também concorrem para a prática da escravatura, como a pobreza insuportável, o subdesenvolvimento e a exclusão social, a falta de acesso à educação, as escassas oportunidades para orientar a vida de maneira digna. Muitas vezes, as vítimas da escravidão procuram uma saída para as condições sub-humanas em que vivem e acabam confiando em promessas de vida melhor feitas por hábeis aliciadores das redes do tráfico humano.
Não raro, as vítimas da escravidão já foram, antes, golpeadas pelos flagelos da guerra, da violência, do terrorismo, da criminalidade e da discriminação social e religiosa, vendo-se obrigadas a abandonar tudo, a emigrar, a enfrentar toda sorte de incertezas e precariedades; tornam-se, então, presas fáceis de chacais humanos inescrupulosos, prontos para envolvê-los num círculo de miséria e corrupção ainda mais aviltantes.
Diante do quadro vergonhoso das escravidões modernas, o que precisa ser feito? Francisco volta ao problema da "globalização da indiferença": não podemos fechar os olhos àquilo que se passa ao nosso redor, como se não nos dissesse respeito. A renovação da consciência comum sobre a dignidade humana, nossa e de cada ser humano, é fundamental. O que é feito ao próximo diz respeito também a cada membro da família humana. Em cada pessoa reduzida à condição de escrava, a nossa própria dignidade também é atingida e ferida. E isto não nos deve deixar indiferentes.
Mas o Papa também apela para um tríplice empenho, em nível institucional: a prevenção contra a prática da escravidão, a proteção às vítimas e a ação judicial contra os responsáveis. Os Estados e organizações políticas e diplomáticas internacionais precisam aprimorar a legislação e as práticas preventivas e repressivas contra esse delito nefando; muito podem fazer as organizações da sociedade civil, até mesmo para se criar uma consciência mais ampla pela rejeição do lucro fácil e das vantagens do consumidor, conseguidas mediante a exploração da mão de obra semiescrava.
O fenômeno da escravidão moderna é mundial e sua solução excede as competências de uma única comunidade ou nação. Esta ferida no corpo da humanidade precisa ser sanada com o esforço de todos e mediante o bálsamo dos verdadeiros valores humanos e éticos. Francisco apela para a globalização da solidariedade, para que não nos tornemos cúmplices da escravidão e do sofrimento de inumeráveis irmãos.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Publicado em O Estado de São Paulo.