Cidade
do Vaticano (RV) - Dias únicos pela densidade de compromissos e
intensidade espiritual. É o que vivem os cristãos à véspera da Páscoa no
momento em que o ano litúrgico convida a mergulhar na Semana Santa e
especialmente no Tríduo Pascal. Um período, este, marcado pela reflexão
do Papa sobre o Jubileu da Misericórdia, que Francisco abrirá com a
Missa da Ceia do Senhor na tarde da Quinta-feira Santa em São Pedro.
Os eventos dos próximos dias no Vaticano
Misericórdia. A alma e a carne do próximo Tríduo pascal serão
rigorosamente guiadas por este valor sobre o qual o Papa Francisco quis
incardinar a Igreja presente em todo o mundo durante um ano inteiro. Já o
Domingo de Ramos mostrou a marca jubilar impressa pelo Papa também para
a Semana Santa – a sua síntese sobre os suplícios individuais da Paixão
sublimados pelo amor sem medida de Cristo, que tudo perdoa e cobre de
misericórdia, também no momento em que a dor é abissal.
“Eu preciso ser lavado pelo Senhor”
Francisco disse também que a Semana Santa é a História de um Deus que
por amor do homem escolhe aniquilar-se. E o clímax, onde a espoliação
de Jesus parece sobrepor-se e misturar-se quase com a de seu Vigário na
terra é quando, na Quinta-feira Santa, Francisco - como faz desde o
início do Pontificado – inclina-se para lavar e beijar os pés dos
socialmente descartados. Neste ano o Papa lavará e beijará os pés de
migrantes. Francisco celebrará a Santa Missa da Ceia do Senhor no dia 24
de março, mas pensando ao Jubileu retorna à mente a humildade de suas
palavras do ano passado aos detentos do Cárcere de Rebibbia, pouco antes
de ajoelhar-se diante deles:
“Mas também eu preciso ser lavado pelo Senhor e por isso rezem
durante esta Missa para que o Senhor lave também as minhas sujeiras,
para que eu me torne mais escravo de vocês, mais escravo no serviço das
pessoas, como foi Jesus.”
Contemplar as últimas horas
Uma escravidão que pela “indiferença” das autoridades – como afirmou
Francisco no Domingo de Ramos – torna-se cruel espetáculo no Gólgota. É o
que a Igreja irá meditar durante a Sexta-feira Santa com o Papa na
Basílica vaticana às 17 horas locais, 13 horas de Brasília, durante a
celebração da Paixão do Senhor, revivida algumas horas depois, no
Coliseu de Roma durante a Via-Sacra. E outra noite, a do Sábado Santo,
“Mãe de todas as Vigílias”, antecipará com os ritos da bênção da água e
do fogo, a vida nova da Ressurreição, com Francisco que preside a
celebração em São Pedro a partir das 20h30 hora local, 16h30m hora de
Brasília.
Enfim, domingo, 27 de março, Páscoa da Ressureição, a Missa do dia na
Praça São Pedro, às 10h, será encerrada como sempre, ao meio-dia com a
Benção Urbi et Orbi do Papa Francisco, do balcão central da Basílica
Vaticana.
A resposta não banal
O início da Semana Santa é, portanto, a porta de entrada de um
mistério que, entre o Cenáculo e Sepulcro, pede à fé para ser fogo e não
água parada. “Levemos a sério o nosso ser cristãos, e nos esforcemos
para viver como fiéis”, escreve Francisco no seu tweet desta
terça-feira. O motivo ele explicou no ano passado durante a Vigília:
“Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias
seguranças, além da preguiça e da indiferença que nos paralisam, e
pôr-se à procura da verdade, da beleza e do amor, buscar um sentido não
óbvio, uma resposta não banal para as questões que põem em crise a nossa
fé, a nossa lealdade e nossa razão”. (SP)
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