A pilha do cristão para iluminar é a oração, afirmou o Papa Francisco
na Missa celebrada na manhã de terça-feira, 7, na Casa Santa Marta.
Comentando o Evangelho do dia, Francisco ressaltou que Jesus fala
sempre com palavras fáceis, com comparações simples, para que todos
possam entender a mensagem. Daqui a definição do cristão que deve ser
luz e sal. Nenhuma das duas coisas é finalizada a si mesma, explicou o
Pontífice: “A luz é para iluminar algo; o sal é para dar sabor” a outro
alimento.
O Papa então perguntou como o cristão pode fazer para que não faltem
sal e luz, para que não acabe o óleo para acender a lâmpada. “Qual é a
pilha do cristão para iluminar? Simplesmente a oração. Você pode fazer
tantas coisas, tantas obras, inclusive obras de misericórdia, pode fazer
tantas coisas grandes para a Igreja – uma universidade católica, um
colégio, um hospital… – podem até fazer a você um monumento como
benfeitor da Igreja. Mas se não rezar, será um pouco obscuro, tenebroso.
Quantas obras se tornam obscuras por falta de luz, por falta de oração.
Aquilo que mantém, que dá vida à luz cristã, aquilo que ilumina é a
oração”.
Francisco ressaltou que essa oração deve ser “para valer”. Seja uma
oração de adoração, de louvor, de agradecimento ou de súplica, a oração
precisa ser de coração, enfatizou.
Sal da terra
Com relação ao sal, o Santo Padre explicou que o cristão dá sabor à
vida dos outros com o Evangelho; o sal não dá sabor a si mesmo, mas sim
ao próximo. “O sal se torna sal quando se doa, e essa é outra atitude do
cristão: doar-se, dar sabor à vida dos outros, dar sabor com a mensagem
do Evangelho. Não preservar a si mesmo. O sal não é para o cristão, é
para doar. O cristão recebe para doá-lo, mas não para si mesmo. Os dois –
isso é curioso –, luz e sal, são para os outros, não para si mesmo. A
luz não ilumina a si mesma; o sal não dá sabor por si só”.
E para quem se pergunta até onde o sal e a luz duram se são doados
sem parar, o Papa explicou que, nesse momento, entra a força de Deus,
porque o cristão é um sal doado por Deus no batismo. “É uma coisa que é
dada como dom e continua a ser doada se continuarmos a dá-la, iluminando
e dando. E não termina nunca”.
Defender-se da tentação da ‘espiritualidade do espelho’
Isso é precisamente o que acontece na Primeira Leitura com a viúva de
Sarepta, que confia no Profeta Elias e, por isso, sua farinha e o óleo
não acabam nunca. O Papa, então, dirigiu um pensamento à vida presente
do cristão.
“Ilumina com a sua luz, mas defenda-se da tentação de iluminar a si
mesmo. Isso é uma coisa feia, é um pouco como a espiritualidade do
espelho: ilumino a mim mesmo. Defenda-se da tentação de cuidar de si
mesmo. Seja luz para iluminar, seja sal para dar sabor e conservar.”
O sal e a luz não são para si mesmos, observou Francisco, mas para
dar aos outros “boas obras”. E, assim, ele concluiu a homilia e convidou
os fiéis a resplandecerem a luz diante dos homens. “Para que vejam as
suas boas obras e glorifiquem o seu Pai, que está nos céus. Ou seja:
retornar Àquele que lhe deu a luz e lhe deu o sal. Que o Senhor nos
ajude nisso, a cuidar sempre da luz, a não a esconder, mas a colocar em
prática. E o sal… dar o justo, o necessário, mas doá-lo, porque assim
não acaba. Essas são as boas obras do cristão”.
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