São
João Paulo II teve a coragem de tratar do assunto com esperança e
acolhida às mulheres que recorreram a essa prática. Na Carta Encíclica
Evangelium Vitae, escrita pelo santo, são apontados caminhos para o
arrependimento e conversão
1 – A verdade do que aconteceu, o consolo e a esperança
"A Igreja está a par dos numerosos
condicionalismos que poderiam ter influído sobre a vossa decisão, e não
duvida que, em muitos casos, se tratou de uma decisão difícil, talvez
dramática. Provavelmente a ferida no vosso espírito ainda não está
sarada. Na realidade, aquilo que aconteceu, foi e permanece
profundamente injusto. Mas não vos deixeis cair no desânimo, nem percais
a esperança. Sabei, antes, compreender o que se verificou e
interpretai-o em toda a sua verdade" (n.99).
2 – As razões e justificativas inaceitáveis
"É verdade que, muitas vezes, a opção de
abortar reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão
de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente
egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns
bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os
outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições
de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não
nascer. Mas estas e outras razões semelhantes, por mais graves e
dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de
um ser humano inocente" (n.58).
3 – Os culpados
"A decidirem a morte da criança ainda
não nascida, a par da mãe, aparecem, com frequência, outras pessoas.
Antes de mais, culpado pode ser o pai da criança, não apenas quando
claramente constringe a mulher ao aborto, mas também quando favorece
indiretamente tal decisão ao deixá-la sozinha com os problemas de uma
gravidez: 55 desse modo, a família fica mortalmente ferida e profanada
na sua natureza de comunidade de amor e na sua vocação para ser
'santuário da vida'. Nem se podem calar as solicitações que, às vezes,
provêm do âmbito familiar mais alargado e dos amigos. A mulher, não
raro, é sujeita a pressões tão fortes que se sente psicologicamente
constrangida a ceder ao aborto: não há dúvida que, neste caso, a
responsabilidade moral pesa particularmente sobre aqueles que direta ou
indirectamente a forçaram a abortar. Responsáveis são também os médicos e
restantes profissionais da saúde, sempre que põem ao serviço da morte a
competência adquirida para promover a vida" (n. 59).
4 – O arrependimento, o perdão, a paz e o testemunho
"Se não o fizestes ainda, abri-vos com
humildade e confiança ao arrependimento: o Pai de toda a misericórdia
espera-vos para vos oferecer o seu perdão e a sua paz no sacramento da
Reconciliação. A este mesmo Pai e à sua misericórdia, podeis com
esperança confiar o vosso menino. Ajudadas pelo conselho e pela
solidariedade de pessoas amigas e competentes, podereis contar-vos, com o
vosso doloroso testemunho, entre os mais eloquentes defensores do
direito de todos à vida. Através do vosso compromisso a favor da vida,
coroado eventualmente com o nascimento de novos filhos e exercido
através do acolhimento e atenção a quem está mais carecido de
solidariedade, sereis artífices de um novo modo de olhar a vida do
homem" (n. 99).
5 – Confiar na ajuda de Deus
Neste grande esforço por uma nova
cultura da vida, somos sustentados e fortalecidos pela confiança de quem
sabe que o Evangelho da vida, como o Reino de Deus, cresce e dá frutos
abundantes (cf. Mc 4, 26-29). Certamente é enorme a desproporção
existente entre os meios numerosos e potentes, de que estão dotadas as
forças propulsoras da 'cultura da morte', e os meios de que dispõem os
promotores de uma 'cultura da vida e do amor'. Mas nós sabemos que
podemos confiar na ajuda de Deus, para Quem nada é impossível (n.100).
Colaboração de Paulo Humberto
Moreira Nunes, da Comissão Arquidiocesana de Defesa e Promoção da Vida
(CADPV), da arquidiocese de Teresina (PI).
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