Família em debate
Por diversas razões, inúmeros casais
optam pela união consensual, legitimada pela Constituição, na esfera
civil. A realidade apresenta incontáveis uniões de fato. Além de
divorciados e recasados, pessoas do mesmo sexo convivem e eventualmente
adotam uma criança. Diante de múltiplos cenários envolvendo realidades
complexas, a Igreja é questionada em seu posicionamento doutrinal e sua
prática tradicional. O Papa Francisco pensou num Sínodo, realizado em
Roma, recentemente (5-19 pp), solicitando misericórdia e acolhimento às
pessoas que vivem situações especiais, não obstante não vivam conforme o
ensino tradicional da Igreja.
Os maiores responsáveis prepostos ao
governo pastoral da Igreja entendem que os princípios éticos e os
valores morais são universais, válidos, legítimos. Na realidade, é
inevitável que os valores defrontem-se com condicionamentos, obstáculos e
limitações, presentes no comportamento de cada um de nós, na esfera
pessoal, familiar e social. A missão da Igreja é de orientar e
acompanhar as pessoas em relação aos valores da fé e do compromisso
cristão.
O pensamento cristão há tempo não é o
centro dos valores vividos pelas pessoas, na modernidade. Muitos
cristãos foram batizados, porém, não foram evangelizados e, portanto,
desconhecem ou prescindem dos princípios nos quais se baseia o
matrimônio cristão, monogâmico indissolúvel, alicerçado no amor e na
fidelidade. Com efeito, esses e outros valores sustentados pela fé são,
no mínimo, discutíveis ou colocados à margem do pensamento e do estilo
de vida moderna, não raro subjetivista. As novas gerações têm grande
dificuldade de aceitar viver um compromisso estável, fiel, duradouro.
Uniões de fato têm prazo de validade. A busca do prazer vivido de forma
consumista empobrece os relacionamentos pessoais, familiares e sociais.
A ausência de quadros referenciais de
valores explica facilidade substitutiva aos relacionamentos
fragilizados, cercados por incertezas. O matrimônio exige dos cônjuges
uma permanente educação para o amor, comportando na abertura e confiança
recíproca, regada por sacrifícios em atitude de integração mútua.
Questiona-se a Igreja negar a comunhão eucarística às pessoas
divorciadas, recasadas, aos que divergem da moral cristã. A Igreja
recomenda a comunhão espiritual com Cristo em sua Palavra. Não se nega a
compreensão, o acolhimento, a misericórdia junto às pessoas que vivem
em realidades delicadas e complexas. Cabe-nos testemunhar os valores do
Evangelho, criar vínculos e possibilitar as condições para que as
pessoas aceitem a fé e a salvação em Cristo Jesus.
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