No
próximo dia 27 de novembro acontece o lançamento do primeiro filme
sobre a vida e missão da religiosa, Irmã Dulce. Na quinta-feira, 13, o
longa já entrou em cartaz nas regiões Norte e Nordeste do país. Confira trechos do filme.
O arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do
Brasil, dom Murilo Kriger, destaca que o filme retrata com fidelidade e
verdade o testumunho cristão da freira beatificada em 10 de dezembro de
2010, pelo papa Bento XVI, em Salvador. A beata recebeu o título de
Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo o dia 13 de agosto como data
oficial de celebração de sua festa litúrgica.
"A verdade se impõe; a verdade ilumina; a
verdade liberta. Um filme sobre Irmã Dulce só teria sentido se fosse
expressão da verdade de sua vida. Não fosse verdadeiro, os primeiros a
criticá-lo seriam os que a conheceram", explica dom Murilo.
Sobre a obra
Com direção de Vicente Amorim, roteiro
de Anna Muylaert e L.G. Bayão, além da produção assinada por Iafa Britz,
o longa-metragem, filmado em Salvador, mostra momentos marcantes da
trajetória da beata.
O longa destaca o cuidado e o
relacionamento de "mãe e filho" entre a freira e João, um menino pobre
que a pede abrigo após a família ser retirada de casa. Na infância e na
vida adulta dele, Irmã Dulce o salva duas vezes da morte: retirando-o do
ônibus após acidente em frente ao convento e quando criminosos o
ameaçam de morte por conta de uma dívida.
Com informações do G1 BA
Irmã Dulce: o filme
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil
Um filme sobre Irmã Dulce? Quando a
questão foi colocada, pensei logo nas vantagens e nos riscos. Vantagens:
Jesus disse que a luz precisa ser colocada no alto, para que ilumine o
ambiente em que está. Ora, a vida de Irmã Dulce é rica de ensinamentos.
Pequena e frágil, sensível à miséria humana, não procurou desculpas para
ficar recolhida a seu convento. Pelo contrário, foi à luta, dedicou-se
aos pobres e doentes e multiplicou-se em pessoas que podiam ajudá-la.
Riscos: o valor da vida de Irmã Dulce se baseia especialmente na sua
simplicidade. Um filme não iria idealizar essa vida, romanceá-la ou,
mesmo, esvaziá-la? Lembrei-me logo de outra religiosa, também pequena,
frágil e doente: Bernadete de Soubirous, vidente de Lourdes (1858).
Pouco antes de seu falecimento, alguém lhe perguntou: "Quando se
escrever sobre os acontecimentos da Gruta de Lourdes, o que você
gostaria que fosse escrito?" Ela respondeu: "A verdade. Somente a
verdade".
A verdade se impõe; a verdade ilumina; a
verdade liberta. Um filme sobre Irmã Dulce só teria sentido se fosse
expressão da verdade de sua vida. Não fosse verdadeiro, os primeiros a
criticá-lo seriam os que a conheceram. É comum encontrarmos pessoas que
fazem um comentário sobre um encontro que tiveram com Irmã Dulce; com a
descrição da reação que ela teve diante de um problema; com a recordação
de uma resposta sua, quando diante de um desafio. Vê-se, pois, que um
filme sobre ela não poderia ser uma exaltação gratuita nem, muito menos,
uma caricatura de sua vida. Por isso, as Obras Sociais de Irmã Dulce
colocaram como exigência, para a concessão da licença para a produção de
um filme sobre a vida de Irmã Dulce, que o roteiro fosse previamente
aprovado por seus responsáveis. Afinal, não poderia prevalecer a chamada
"lógica do mercado", que prioriza o que agrada mais, o que vende
melhor, o que causa maior sucesso.
É verdade que, com isso, os problemas
não estavam resolvidos. Outras questões nasciam: como traduzir na
linguagem do cinema a riqueza dos detalhes da vida de Irmã Dulce? Se a
intenção fosse fazer um documentário, tudo seria mais fácil. Mas como
apresentar o olhar de Deus sobre sua vida? Tarefa difícil, mas que não
podia ser ignorada, especialmente desde que a Igreja, reconhecendo a
heroicidade das virtudes dessa religiosa, a beatificou. Como esquecer a
tarde memorável do dia 22 de maio de 2011, quando se tornou oficial uma
certeza que já estava arraigada no coração dos baianos: a de que o
testemunho do "Anjo Bom da Bahia" poderia ser levado em consideração por
quem quisesse seguir Jesus Cristo, particularmente em sua dedicação por
aqueles que a sociedade costuma ignorar?
Os desafios e as preocupações diante da
perspectiva do filme "Irmã Dulce" não paravam por aí. Mas era preciso
avançar. Assim, algumas convicções se impuseram: o que fosse retratado
deveria ser verdadeiro; aceitar-se que nenhum filme sobre Irmã Dulce
seria completo e lembrar que uma obra artística é a expressão de um
ponto de vista. Tomadas as decisões, as filmagens começaram.
Agora, a obra está pronta. Mais alguns
dias e o filme "Irmã Dulce" estará nas telas de cinema de todo o Brasil.
O que dizer dele? Estou feliz com o resultado. Sinto-me livre para
dizer mais: o filme superou minhas expectativas. "Irmã Dulce" é um filme
que eu gostaria de ter feito, se fosse cineasta.
Cumprimento aqui todos os que
trabalharam em função desse filme. Não destaco nomes, para não cometer
injustiças. Numa obra como essa, de muitas mãos, os aplausos devem ser
para todos. Não sei o que a própria Irmã Dulce diria, se visse esse
filme sobre a sua vida. É possível, até, que ela saísse na metade da
exibição: vendo determinada cena, possivelmente se lembraria de algum
pedido que um pobre lhe fez no dia anterior, de um rosto que ela viu no
corredor de seu hospital ("Será que aquela senhora já foi atendida?...")
ou de um médico com quem ela precisava falar com urgência. Que o filme
esperasse; quem precisa de alguma ajuda, não pode esperar...
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