Os métodos de planejamento familiar
natural são métodos de regulação da fertilidade, que fazem parte de um
estilo de vida cristão. Não são métodos contraceptivos, não são pílulas
anti-bebês e não provocam abortos.
O primeiro desafio para utilização dos
métodos naturais é a mentalidade contraceptiva. Falta aos cristãos a
compreensão do valor, da beleza e da dignidade da vida humana, criada
por Deus à sua imagem e semelhança. A pessoa é digna e boa, e o filho
desta pessoa é digno e bom?
Muitos casais têm medo de ter um filho,
ou têm medo de ter mais um filho, porque não veem este filho como um
presente do amor de Deus, mas como um mal. A mentalidade contraceptiva
os faz considerar o filho não concebido como uma "coisa indesejada", e
desta maneira, mesmo inconscientemente, desprezam o ser humano,
desvalorizam a vida.
Deus cria a mulher com períodos de
fertilidade, e causar uma disfunção nesta mulher, a infertilidade, ainda
que temporária, é reduzir a sexualidade a um simples objeto de prazer,
por isto, a mentalidade e os métodos contraceptivos são intrinsicamente
ruins.
O segundo grande desafio é o conceito
errôneo de paternidade responsável. Casais usam os métodos
contraceptivos acreditando que eles são necessários para exercer a
paternidade responsável, mas a paternidade responsável pressupõe uma
abertura aos filhos, e os contraceptivos têm como finalidade excluir os
filhos do relacionamento conjugal.
O ato matrimonial, ao unir intimamente
os esposos, conserva o amor mútuo e recíproco, e os tornam aptos a
gerarem uma nova vida, aptos a paternidade. Os esposos realizam a
vocação matrimonial quando respeitam em cada ato conjugal esses dois
aspectos essenciais: o unitivo e o procriativo . Realizam a missão a que
foram chamados e exercem a paternidade de maneira responsável, mesmo
quando com prudência e generosidade aceitam gerar e educar uma prole
numerosa .
Na vida do casal podem existir
circunstâncias sérias, tanto físicas quanto psicológicas, ou ainda
circunstâncias externas, as quais impossibilitam a geração de um novo
filho. Então, neste caso para exercer a paternidade responsável é lícito
utilizar dos métodos de regulação da natalidade, mantendo as relações
conjugais nos períodos de infecundidade da mulher.
O terceiro desafio é a falta de
conhecimento dos métodos naturais. Os métodos de regulação da natalidade
são métodos científicos muitos eficazes. Eles podem ser utilizados por
mulheres em todas as fases da vida reprodutiva, da adolescência à
menopausa. Podem ser utilizados por mulheres com ciclos regulares e
irregulares.
Quando pensamos nos desafios podemos nos
tornar pessimistas em relação à utilização dos métodos naturais. No
entanto, já existe uma mudança de comportamento por parte dos cristãos,
que compreendem a importância de estarem abertos à vida.
Podemos constatar esta nova realidade
com a multiplicação de pedido de cursos sobre os métodos naturais e a
quantidade de pessoas dispostas a serem instrutoras deles.
Também pessoas sem referência religiosa,
mas em busca de uma vida saudável, procuram os métodos naturais para
não ficarem expostas as doenças causadas pelo uso dos hormônios sexuais
femininos.
O testemunho de jovens casais que
viveram a castidade no namoro, e que por isso mesmo não encontram
dificuldade em viver a castidade no matrimonio. Eles utilizam os
períodos infecundos para o ato matrimonial, e os períodos de fecundidade
para aprofundar o diálogo, o companheirismo, o amor fraterno, mostram a
beleza da vida, de quem faz a experiência de um amor pleno.
Casais maduros, ao abandonarem os
contraceptivos para serem fieis ao projeto de amor de Deus, descobrem o
dom recíproco, e viverem o amor conjugal sem drogas e sem pecado.
A ciência tem mostrado a importância
destes métodos, estudando em profundidade os ciclos femininos e
colocando novos métodos a serviço dos casais.
O método Billings é o mais difundido e
consiste na observação do muco cervical. O método da temperatura
corporal basal é muito utilizado em associação ao método de Billings
principalmente nos extremos da vida reprodutiva. O método sintotérmico
Sensiplan, além da observação do muco e da temperatura, também orienta o
toque do colo uterino como uma ajuda adicional.
Alternativa atraente para os apaixonados
por tecnologia são os monitores de fertilidade. Dispositivos
eletrônicos capazes de usar vários métodos para diagnostico de
fertilidade podem analisar mudanças de níveis de hormônios, a
temperatura corporal basal, a resistência elétrica de saliva e secreções
vaginais, ou faz uma combinação desses métodos. Entre eles destacamos:
Baby Comp que utiliza a temperatura corporal, Ovulens que mostra a
cristalização da saliva, Persona que faz o teste do LH, e Ovacue que
analisa a mudança dos eletrólitos na saliva e na secreção vaginal.
Os desafios para utilização dos métodos
naturais são grandes, e as perspectivas são muito boas, mas é a
liberdade de cada casal a grande responsável pela utilização ou não
destes métodos.
*Médica Ginecologista e Obstetra, membro da Comissão de Bioética da CNBB.
Conf. Encíclica Humanae Vitae
Conf Gaudium et Spes, 50.
Conf. Encíclica Humanae Vitae 16
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