Com os recentes casos de atentados
terroristas em diferentes partes do mundo, o Arcebispo de São Paulo,
Cardeal Odilo Pedro Scherer, observa que a Jornada Mundial da Juventude
(JMJ) acontece em tempos de intolerância e ódio. Isso, porém, não foi
motivo para impedir a presença de centenas de milhares de jovens neste
grande evento, do qual participam pedindo paz.
"A Jornada Mundial da Juventude
acontece, justamente, em tempos de atentados e tragédias, causados pela
discriminação, intolerância e ódio, assinala o Purpurado em recente
artigo publicado no site da Arquidiocese de São Paulo.
Mas, Dom Odilo sublinha que "tantos
jovens aderiram à Jornada, deixando o medo em casa, pondo-se em marcha
para encontrar outros jovens, para ouvir o Papa Francisco, a Igreja". "O
que dizem esses jovens ao mundo?", questiona o Arcebispo.
O próprio Cardeal responde que esses
jovens "querem um mundo sem violência e acreditam que isso é possível".
"Eles são o rosto esperançoso de uma humanidade, de uma grande família
de irmãos, unida pela busca comum do rosto de Deus e guiada por valores
genuínos e construtivos".
No artigo intitulado 'Jornada da
Juventude: os jovens querem a paz', Dom Odilo contrasta os dois momentos
vividos pelo mundo nesses dias. Por um lado, jovens de diferentes
partes chegam a Cracóvia, na Polônia, para a 31ª JMJ. "Os jovens vieram
para cá como peregrinos em busca do Deus da misericórdia", indica.
Esses jovens expressam a sua alegria,
cantam, dançam "e se abraçam nas praças, com quem nunca tinham visto
antes, vindo sabe-se lá de qual país, sem falar a mesma língua...
Crachá, boné da JMJ, mochila às costas, sorriso largo e brilho no olhar
os identificam como parte de uma mesma multidão de peregrinos, que
caminham na mesma direção... Não são caminheiros anônimos pela vida, mas
irmãos de tantos que, como eles, 'procuram a face de Deus'".
Por outro lado, o mundo vivenciou nos últimos dias diversos atentados, entre os quais o Cardeal cita o tiroteio em Munique,
o ataque a machado em um trem, o caminhão que atropelou uma multidão em
Nice, entre outros. Isso, além dos atentados quase diários no Oriente
Médio e na África, muitos dos quais não chegam a se tornar notícia, ou a
preocupação com a segurança durante os Jogos Olímpicos do Rio de
Janeiro.
Essa realidade com "fatos assustadores",
segundo o Arcebispo, levam uma séria reflexão: "O que está acontecendo?
O que faz as pessoas se organizarem para realizar atos de violência
contra pessoas inocentes e desprevenidas, de maneira dificilmente
previsível? É a vontade de espalhar a anarquia e o terror pelo mundo? A
vingança contra supostos inimigos? É a busca do poder? O desejo de
mostrar força?", pergunta, lembrando que o próprio Papa Francisco chegou
a falar em uma "'3ª guerra mundial, em andamento', com características
de 'guerra global'".
Para Dom Odilo, essa onda de terrorismo e
violência parece ser "sintoma de uma época em profunda crise de
identidade e de valores: movimentos fundamentalistas rejeitam a
modernidade, que permeia tudo e todos os espaços do convívio humano;
tentam mudar o rumo da história, expurgando pela violência os valores
não compartilhados e atacando pessoas e símbolos desses valores".
"Estamos também diante de um vazio
existencial, onde são muitas vezes rejeitados os valores básicos do
convívio, como o respeito, a tolerância, a solidariedade, a justiça,
tidos por alguns como superados", aponta.
É neste cenário que a Jornada Mundial da
Juventude acontece com o clamor dos jovens pela paz, uma juventude que,
de acordo com o Cardeal, quer viver e vive "em paz uns com os outros".
"Eles fazem a experiência de uma 'nova humanidade', que eles querem
construir, desde agora", assinala.
Dom Odilo considera que essas jovens
"acreditam no Deus da misericórdia, em cujas mãos confiam sua própria
fragilidade e a de seus irmãos; e acreditam que a prática das obras
misericórdia é remédio contra a violência, enche a vida de sentido e
torna o coração sensível e bom diante do próximo".
"Um coração assim jamais irá se entregar
à violência. Os jovens em Cracóvia são a imagem da humanidade
reconciliada no amor", conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário