“Viver
o acolhimento em nossas comunidades, respeitando cada filho e filha de
Deus; ajudando das famílias e superarem os desafios deste tempo”, disse o
arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, durante
entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira, 23, na sede da
Conferência, em Brasília (DF). Também atenderam os jornalistas o
arcebispo de São Luís (MA) e vice-presidente, dom José Belisário da
Silva, e do bispo auxiliar de Brasília e secretário geral, dom Leonardo
Steiner.
A fala de dom Damasceno referia-se aos
resultados da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a
Família, realizado de 5 a 19 de outubro, no Vaticano. O evento discutiu o
tema "Os desafios da família no contexto da evangelização". O
Brasil esteve representado na Assembleia Sinodal por cardeais e bispos,
além de um casal brasileiro, membros da Equipe de Nossa Senhora.
O cardeal Damasceno foi um dos três
presidentes delegados da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo. Ele
explicou que, pela primeira vez, o Sínodo está sendo realizado em duas
etapas, por decisão do papa Francisco, o que facilita no amadurecimento
dos temas de trabalhos. Em outubro de 2015, acontecerá a 14ª Assembleia
Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema “A vocação e a missão da
família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
“O resultado deste Sínodo, ou seja, a
síntese, aprovada pelos padres sinodais como primeiro texto, será
enviado às Conferências Episcopais e dioceses para ser trabalhado e
refletido. A partir desse primeiro estudo, as contribuições serão
devolvidas à Secretaria Geral do Sínodo para a elaboração de um novo
instrumento de trabalho para o Sínodo de 2015. E então, ao final do
Sínodo, teremos a Exortação Apostólica pós-sinodal”, explicou dom
Damasceno.
De acordo com o cardeal, a CNBB, assim
como outras Conferências, poderá eleger quatro padres sinodais e também
dois suplentes para o Sínodo do próximo ano.
Visita ao papa Francisco
Dom Damasceno recordou aos jornalistas,
que antes do Sínodo, a Presidência da CNBB realizou uma visita ao papa
Francisco, no final do mês de setembro. Segundo o arcebispo de
Aparecida, o encontro foi um momento fraterno e agradável. Na
oportunidade, a Presidência entregou ao papa Francisco os últimos
documentos produzidos pelos bispos do Brasil. “Nós voltamos desse
encontro muito encorajados e animados, muito fortalecidos por essa
comunhão com o papa”, disse o cardeal.
Assembleia Geral
O cardeal falou, ainda, na entrevista
coletiva, sobre os preparativos para a 53ª Assembleia Geral da CNBB, que
será realizada de 14 a 25 de abril, em Aparecida (SP). O Conselho
Permanente da CNBB, reunido em Brasília, de 21 a 23 de outubro, avaliou
os trabalhos da última Assembleia e definiu a programação da próxima
edição do evento.
A Assembleia Geral de 2015 será eletiva,
ou seja, haverá a escolha da nova Presidência da entidade para o
próximo quadriênio (2015-2019). Haverá também a revisão das Diretrizes
Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). Sobre as
Diretrizes, dom Damasceno explicou que não haverá um novo texto, mas a
atualização das atuais ações pastorais.
“As Diretrizes Gerais serão atualizadas,
com base no discurso do papa aos bispos do Rio de Janeiro e aos Bispos
do Celam, durante visita ao Brasil. Também buscaremos inspiração na
Exortação do papa, “Alegria do Evangelho”.
Pelos direitos indígenas
O vice-presidente, dom José Belisário da
Silva, apresentou a nota aprovada pela Conselho Permanente sobre “Os
direitos dos povos indígenas”. No texto, os bispos manifestam
preocupação com a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, que
anula o reconhecimento da Terra Indígena Guyraroká, do Povo
Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, como de ocupação tradicional
indígena, e a Portaria que declara a Terra Indígena Porquinhos, no Maranhão, como de posse permanente do grupo indígena Canela-Apãniekra.
Para o secretário geral da CNBB, dom
Leonardo Steiner, as decisões são indícios de retrocesso que podem
ameaçar os direitos já conquistados pelos povos indígenas. “Temos a
impressão de que vamos para um retrocesso já quanto às terras
demarcadas”, afirmou.
Segundo a nota da CNBB, “concluir o
processo de demarcação das terras indígenas é saldar uma dívida
histórica com os primeiros habitantes do país e decretar a paz onde há
graves conflitos que vitimam inúmeras pessoas”.
Para dom José Belisário, a questão vai
além da demarcação das terras indígenas. É preciso que a sociedade se
livre de uma visão preconceituosa sobre os índios. “Na nossa sociedade, a
opinião pública vê o indígena de maneira negativa. Nós temos de mudar a
nossa visão e a de nosso povo sobre a comunidade e os povos indígenas”,
acrescenta.
Dom Leonardo ressalta que a Conferência
estará atenta aos direitos dos povos indígenas. “Vamos procurar os
membros do Supremo para entregar a nota, pois acreditamos que os
pequenos merecem nosso cuidado”, concluiu.
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