Dados das Estatísticas do Registro
Civil, divulgados em dezembro de 2013, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), apontaram que o tempo médio transcorrido
entre o casamento e o divórcio caiu de 17 anos, em 2007, para 15 anos,
em 2012.
Essa queda no tempo de união matrimonial
tem sua explicação aparentemente simples, conforme explica o bispo de
Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal para Vida e a Família
da CNBB, Dom João Carlos Petrini.
Segundo o bispo, existe um sentimento de
felicidade plena dentro de cada pessoa e, por vezes, busca-se essa
plenitude no outro, no esposo ou na esposa. No entanto, nenhum homem e
nenhuma mulher tem a capacidade de responder a esse desejo que é
despertado no coração humano.
"... ou seja, desperta-se o desejo de um
bem infinito, mas o outro cônjuge não tem a capacidade de responder a
esse desejo. É necessário alguma outra coisa; nós necessitamos de algo
maior que apenas um marido ou uma esposa", completou.
A proposta do bispo é que cada cônjuge
busque em Deus a felicidade que deseja e procura. Segundo ele, a família
que encontra seu fundamento em Jesus Cristo terá a possibilidade de
viver de uma maneira mais equilibrada e sensata.
"Isso porque poderá encontrar em Cristo –
vencedor da morte e que pode nos amar infinitamente mais que nosso pai,
nossa mãe ou qualquer outra pessoa que possa nos amar humanamente – a
plenitude desejada", concluiu.
O que fazer, então, com os casais que não foram felizes na primeira união?
A realidade da segunda união é presente e
crescente em todo o mundo. O Sínodo sobre as Famílias, que acontece em
Roma até este domingo, 19, têm discutido o assunto e buscado caminhos
para inserir ainda mais esses casais na vida eclesial.
Dom Petrini disse que esses casais devem
ser acolhidos na Igreja como filhos de Deus, "não excomungados por
causa dessa segunda união, de modo que participem da vida eclesial,
educando os filhos na fé católica".
Com isso, não são suprimidas – segundo o
bispo – as normas da Igreja que impedem que esses casais tenham acesso à
Eucaristia. "Podem participar da vida da Igreja, frequentar a Santa
Missa, ouvir a Palavra de Deus, estudar o Catecismo da Igreja,
participar de um curso bíblico, de atividades caritativas etc, mas se
abstendo dos sacramentos da comunhão e da reconciliação. Isso, porque,
efetivamente, a situação em que vivem é irregular"
Dom Petrini explica que o vínculo do
primeiro matrimônio é indissolúvel, porque o próprio Jesus assim ensinou
no Evangelho. Logo, a Palavra de Cristo foi acolhida pela Igreja como
uma de suas normas mais importantes.
Ainda sobre a participação dos casais de
segunda união, na Missa, Dom Petrini observa que "o desconforto que,
inevitavelmente, poderão sentir no momento da Eucaristia, da qual eles
não podem se aproximar, terá como significado recordar que, de fato, não
vivem numa situação plenamente regular. Será como um desconforto
'saudável'", comentou.
Pensando nessa parcela do povo de Deus,
composta por casais separados e que estão em uma segunda união, vários
grupos pastorais se reúnem nas paróquias e dioceses para auxiliá-los.
Com algumas sistemáticas próprias, essas
organizações, segundo Dom Petrini, têm a missão de acompanhá-los e
ajudá-los a entender como são amados por Deus e podem ter uma vida de fé
na Igreja Católica, mesmo que se abstenham de receber a Eucaristia.
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