Peña é professora de direito canônico e
trabalhou no tema da família como defensora do vínculo e promotora de
justiça do Tribunal Metropolitano de Madri há vários anos. Esta
trajetória a favor da família lhe fez chegar ao Vaticano para participar
como perita no Sínodo Extraordinário para a Família que se realiza até o
dia 19 de outubro.
Em entrevista ao Grupo ACI em Roma, a
canonista espanhola expressou que a Igreja Católica se esforça para
ajudar aqueles casais separados cujas núpcias nunca aconteceram aos
olhos de Deus a entenderem a sua situação em relação ao matrimônio.
"Nem todos os primeiros casamentos
fracassados são nulos, mas muitos podem realmente sê-lo. O
reconhecimento da nulidade não é tão difícil como às vezes as pessoas
pensam; há muitas causas de nulidade e muitos motivos que a provocam. Às
vezes há um desconhecimento sobre isso, e se poderia fazer muito neste
sentido", disse.
"Uma forma de resolver muitas situações
de divorciados recasados que querem estar em plena comunhão eclesial e
querem voltar para uma vida plena dentro da Igreja passa pelo estudo que
a Igreja faz através dos seus tribunais para avaliar se o primeiro
matrimônio foi válido ou não", acrescentou.
Em relação àqueles casais divorciados
cujo matrimônio foi válido de acordo com as normas do direito canônico,
Peña afirmou que a Igreja está em caminho para dar-lhes um
acompanhamento.
"De alguma forma trata-se de ver, não
obstante, como acompanhar essas pessoas, como apoia-las, como reconhecer
que apesar dessa situação são membros de direito pleno na Igreja. Como
diz o Papa: 'a Igreja tem que acolher todas as pessoas e todos os Filhos
como uma Mãe amorosa, ainda mais os débeis ou feridos'. O que quer
dizer é que devemos acolher cada pessoa com a sua vida nas costas,
porque a vida de cada um deve ser levada em consideração", expressou.
Por outro lado destacou que "se o
primeiro matrimônio é válido, pelo princípio da indissolubilidade, a
Igreja parte de que não se pode reconhecer um segundo matrimônio, porque
a mensagem do Evangelho é clara".
Peña participa do Sínodo como perita em
direito canônico e seu trabalho fundamental é resolver as dúvidas em
situações matrimoniais onde é necessário estudar de forma mais profunda a
nível de direito canônico.
"Os canonistas, teólogos, moralistas, de
ciências sociais e humanas, contribuímos com o nosso conhecimento
nessas questões, e em geral, ajudamos na revisão dos documentos e na
preparação e elaboração dos documentos que vão sendo entregues na
assembleia e que depois darão lugar à relação final", indicou.
Por último a especialista lamentou que
em relação ao Sínodo e do ponto de vista dos meios de comunicação,
criou-se uma impressão de que a Doutrina da Igreja vai mudar de um dia
para o outro. "Isso é uma bola que o mesmo papa tentou furar várias
vezes, por isso o foco não pode estar nisso; o Sínodo da Família é muito
mais amplo. O Sínodo busca linhas pastorais, não mudar a doutrina",
concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário