Ainda
no clima das celebrações da Semana Nacional da Família vivenciada nas
dioceses do Brasil e,em preparação a Semana Nacional da Vida, de 1º a 7
de outubro, vale recordar a reflexão do arcebispo do Rio de Janeiro
(RJ), cardeal Orani João Tempesta. De acordo com o cardeal, este é um
momento oportuno para a sociedade "refletir sobre a beleza e a
importância dos filhos e a busca de educá-los".
Dom Orani também recorda o Dia do
Nascituro, em 8 de outubro, que segundo ele, "lembra que os filhos são
dons preciosos de Deus e que a geração de filhos é uma das finalidades
do Matrimônio".
Filhos: o futuro
Nesta Semana Nacional da Família, em que
a espiritualidade se coloca como imperativo para que se possa ser sinal
de tempos novos neste mundo, e a família cristã seja uma proposta feliz
para a sociedade é bom refletir sobre a beleza e a importância dos
filhos e a busca de educá-los.
A vida humana tem três grandes estágios.
O primeiro estágio é no útero da mãe, o segundo estágio é a vida humana
neste mundo e o terceiro estágio é a vida eterna. Os três estágios
estão intrinsecamente ligados entre si. A Biologia esclarece que o
embrião humano já dispõe de um sistema imunológico e patrimônio genético
próprio. Este ser humano possui o direito de ser respeitado na sua
integridade e dignidade como a de qualquer pessoa já nascida. O dia do
nascituro nos lembra que os filhos são dons preciosos de Deus e que a
geração de filhos é uma das finalidades do Matrimônio. O filho é reflexo
vivo do amor e sinal permanente da unidade conjugal. Na verdade, os
filhos são testemunhas vivas do encontro amoroso do casal e profetas de
um mundo que se renova na continuidade da vida e As crianças são sinais
de que Deus não perdeu a esperança na humanidade.
As crianças, além de serem os artífices
do futuro, são continuidades da vida dos Pais e de toda a humanidade.
Portanto, elas são as grandes motivações das famílias. A Igreja louva e
glorifica a Deus, e se encanta com os avanços e as maravilhas das
conquistas científicas. Entretanto, o que a Igreja espera é que todas as
buscas do homem, no campo científico, sejam feitas à luz da ética da
vida, do respeito pela sacralidade e inviolabilidade da vida humana.
A bioética, uma ciência relativamente
nova, desencadeou no mundo, sobretudo na comunidade cientifica, um
processo de reflexão sobre os limites e balizamentos éticos. A bioética,
de cunho personalista, que é a corrente adotada pela Igreja, tem como
objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem
sobre a vida humana. É uma nova disciplina, que combina o conhecimento
biológico (científico) com o conhecimento dos valores humanos. Podemos
afirmar: uma "ponte" entre duas culturas: a científica e a humanística. E
o princípio fundamental da bioética personalista é o princípio da
defesa da vida física como valor fundamental, o qual ressalta a
sacralidade e a inviolabilidade da vida humana.
O respeito pela vida, a sua defesa e a
sua promoção representam o primeiro imperativo ético do homem diante de
si mesmo e dos outros. É muito oportuno ouvir as palavras do Apóstolo
Paulo: "Não vos conformeis com este mundo" (Rom.12,2). A Igreja não deve
concordar com tudo o que hoje se sustenta em nome do cientificismo.
Somos a Igreja do "Sim". Sim ao direito de nascer e viver com dignidade!
Sim ao direito de ser original e irrepetível! Sim à vida de todos, em
todas as suas formas e manifestações! Sim às pesquisas levadas adiante
com seriedade e serenidade, sem sensacionalismo e vãs promessas! Sim à
pesquisa com células adultas (não embriões!) visando à terapia e
respeitando as normas éticas! Sim aos empenhos da ciência por minorar os
sofrimentos, inclusive de doenças de cunho genético, mas sem esconder o
mistério do sofrimento e da cruz como caminhos de crescimento humano!
Sim às infinitas manifestações dos milagres da vida! Sim para que os
pais não se fechem a gerarem filhos para que a humanidade tenha
continuidade!
Recordo também das palavras de Madre
Tereza de Calcutá: "Se aceitamos que uma mãe pode matar sua criança,
como podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros?".
Pensei muito nisso quando vimos nos noticiários quantas crianças mortas
nos combates violentos. E, outro pensamento de Santa Gianna Beretta
Molla (Itália): "Entre a minha vida e a do meu filho, salvem a criança".
Por isso, amemos a vida e digamos "Não ao aborto!" A humanidade já está
pagando muito caro pela opção de não respeitar a vida! Além do
envelhecimento do Ocidente, a falta de respeito à vida em todas as
demais circunstâncias, longe e perto de nós. E para que a vida seja
protegida, necessitamos da família, que é a base e protetora da vida
humana, e, também, fonte de paz, alegria, felicidade e serenidade
pessoal.
Disse ainda o Papa São João Paulo II: "A
tarefa fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, na
história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina
pela geração de homem a homem. Fecundidade é o fruto e o sinal do amor
conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos"
(Familiaris Consortio, 28).
Todos esses ensinamentos nos levam ao
que a Igreja afirma constantemente: "O amor conjugal deve ser plenamente
humano, exclusivo e aberto à nova vida" (GS,50; HV,11; FC,29). A
situação social e cultural dos nossos tempos dificulta a compreensão
dessa verdade. A comunicação contrária à vida procura enganar e seduzir,
a cada momento, o povo, que continua firme em valorizar a vida. Vale a
pena reler o que disse o Papa.
"Alguns se perguntam se viver é bom ou
se não teria sido melhor nem sequer ter nascido. Outros pensam que são
os únicos destinatários da técnica e excluem os demais, impondo-lhes
meios contraceptivos ou técnicas ainda piores. Nasceu, assim, uma
mentalidade contra a vida ("anti-life mentality"), como emerge de muitas
questões atuais. Pense- se, por exemplo, num certo pânico derivado dos
estudos dos ecólogos e dos futurólogos sobre a demografia, que exageram,
às vezes, o perigo do incremento demográfico para a qualidade da vida.
Mas a Igreja crê, firmemente, que a vida humana, mesmo se débil e com
sofrimento, é sempre um esplêndido dom do Deus da bondade. Contra o
pessimismo e o egoísmo que obscurecem o mundo, a Igreja está do lado da
vida".
Infelizmente, os pais de hoje se recusam
a ter filhos. Eu pergunto: sem filhos, como caminhará a humanidade?
Muitos têm medo de não educar bem os filhos, pois eu lhes digo que com
Deus é possível educá-los; basta que o casal se ame, crie um lar
saudável e viva para os filhos com todas as suas forças e com toda
dedicação. Muitas vezes eu me pergunto como meus pais conseguiram nos
educar a todos, e hoje as coisas aparentam tão difíceis? Serão situações
criadas para dificultar ou mentalidade que nos são impostas? E, na
criação dos filhos, a educação católica deve ser dada primeiramente pelo
testemunho pastoral dos pais e avós. O resto, Deus e eles farão. Faça
do seu filho um homem de bem e eduque-o na fé para a santidade, depois
ele saberá enfrentar o futuro.
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